Monday, June 30, 2014

Madeireiros ameaçam índios na Amazônia


Extração de madeira no Pará (© Greenpeace/Marizilda Cruppe)

Os Ka’por, da Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, denunciam a agressão e a invasão de seu território por madeireiros e alertam para um conflito iminente entre eles. A situação se agravou na semana passada, depois que um grupo de cerca de 90 indígenas realizou uma operação de monitoramento na floresta e apreendeu armas, motosserras, motocicletas, caminhões e tratores.
Desde o ano passado, os Ka’por têm realizado de forma autônoma atividades de monitoramento territorial e ambiental de sua área. Porém, essas ações estão resultando em represálias, ameaças e perseguições por parte dos madeireiros.
“Em função dessa mobilização do povo de garantir o mínimo de controle do seu território, tem havido um processo de retaliação por parte dos madeireiros e políticos da região que querem continuar no território”, disse Cléber Buzatto, secretário-executivo do Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Cléber explica que foram feitas denúncias frequentes para que os órgãos competentes tomem iniciativas que coloquem um fim nesse problema. Porém, segundo ele, ações esporádicas e pontuais não resolvem a questão. “Os órgãos fazem a operação e vão embora. Quando eles saem, os agressores retornam com mais violência”, disse ele.
Atualmente, os indígenas afirmam que têm controle apenas sobre 70% de seu território, enquanto os outros 30% seguem invadidos pelos madeireiros. Várias lideranças estão perseguidas e não podem sair de suas aldeias. Uma determinação judicial que vence no fim do mês afirma que a Funai deveria criar postos de fiscalização e vigilância com a anuência e participação dos indígenas, porém, nada foi feito ainda.
Essa semana, índios Assurinis também denunciaram à Funai a extração ilegal de madeira em sua aldeia próxima a Tucuruí, no Pará. Troncos de madeira de lei abandonados na estrada foram encontrados. A representação da Funai na região protocolou a denúncia no Ministério Público Federal e aguarda um posicionamento do órgão.
“Além da impunidade, o que alimenta invasões como essas é a certeza de que a madeira roubada pode ser lavada muito facilmente e vendida livremente no mercado. Como o Greenpeace tem denunciado, a indústria madeireira está fora de controle e papéis oficiais são utilizados para acobertar crimes como estes. Além de destruir a floresta, a extração predatória e ilegal de madeira ainda pode contribuir para graves conflitos sociais como os citados acima” disse Marina Lacôrte, da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Os Ka’por afirmam que a maioria das licenças ou planos de manejo concedidos aos madeireiros são falsos, já que, na região, somente as terras indígenas possuem florestas. De fato, uma das principais fraudes apontadas pelo Greenpeace é a aprovação de planos de manejo em áreas que já foram desmatadas. O objetivo é utilizar os créditos gerados para esses planos de manejo para lavar madeira retirada de áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas.
Crimes ambientais ajudam a financiar conflitos, afirma ONU
Um estudo da ONU divulgado na semana passada mostrou que o crime ambiental global movimenta cerca de 213 bilhões de dólares por ano e, além de ajudar a financiar conflitos armados, prejudica o crescimento econômico.
O relatório, divulgado durante uma reunião da ONU com ministros de Meio Ambiente em Nairóbi, pediu ações mais severas para prevenir crimes e atividades ilegais de desmatamento, pesca, mineração, despejo de lixo tóxico e comércio de animais e plantas raros.
De acordo o estudo, a retirada ilegal de madeira pode chegar a 30% do mercado global. Em alguns países, até 90% da madeira produzida tem origem suspeita. No Brasil, por exemplo, só no estado do Pará, segundo dados do Imazon, entre agosto de 2011 e julho de 2012, 78% das áreas com atividades madeireiras não tinham autorização de exploração.

Cidades melhores: quem não quer?

Tinha gente de bike, gente sentada no chão, uns de cabelos brancos, outros de alargador na orelha, gente de gravata e gente de bermuda. Todo mundo ali, junto, querendo uma coisa só: cidades melhores, feitas para pessoas. Para todas elas. O clima foi mais ou menos assim no seminário de mobilidade urbana promovido pelo Greenpeace na última sexta-feira, 27 de junho, em São Paulo.
Porque é isso mesmo: melhorar a mobilidade significa melhorar diretamente a qualidade de vida das pessoas. Dar a elas o direito de acessar tudo o que as cidades têm de bom a oferecer. Significa garantir que a gente tenha escolhas democráticas e eficientes de deslocamento para o trabalho, para a faculdade, para o cinema, para onde for.
Mas para ter esse sonho de pé, não basta só reunir gente. É preciso botar na mesa conhecimento, experiência, vivências. E teve muito disso também no seminário. Uma parte, a mais teórica, você encontra aqui neste link, com as apresentações que os especialistas convidados fizeram sobre o assunto. E abaixo, algumas impressões de quem participou do evento. Vamos em frente!

Vivian RagaziJornalistaQuando vi a programação do evento achei muito legal, porque trouxe especialistas bem renomados. Foi muito interessante. Trouxe muitas questões que ajudam a gente a avaliar melhor o que pode ser feito. Discussões sobre como podemos ter mais qualidade de vida, como você transforma uma cidade para pessoas, e não para carros. Pensar a partir dessa ótica é o que mais me interessa. Foi muito bom.
Heloisa MottaEngenheira Ambiental
Tem dia que eu quero me deslocar de bike, mas tem dia que eu quero pegar um ônibus e ir lendo um livro. E tem dia que eu quero ir a pé. Você tem que ter liberdade de escolhas. Quais as ferramentas políticas para realmente termos uma democracia quando falamos em mobilidade? Tudo isso aconteceu aqui hoje, foi falado, discutido. Quando você pensa em aproveitar a cidade, se deslocar de melhor maneira e se apropriar dos espaços coletivos, não é uma questão de mudar o mundo. É uma questão de melhorar totalmente sua qualidade de vida.
Luiz RochaArquiteto e urbanistaMobilidade urbana é um tema que me interessa porque afeta diretamente quase 100% das pessoas. É de suma importância. Vim aqui para aprofundar, pegar dados, ter base para entender a situação e usar no meu cotidiano, na minha vida. O debate foi muito proveitoso. Os debatedores tinham boa formação, conteúdo muito aprofundado. Aprendi bastante para estar mais inteirado e, quando conversar sobre isso, ter base de dados para argumentar e defender melhorias na mobilidade. Valeu muito a pena.
Hélio de CamargoMembro do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito de São PauloO evento discutiu a mobilidade e mostrou a importância desse tema numa cidade principalmente como São Paulo, com todas suas dificuldades. Os convidados apresentaram não só os problemas, mas também soluções para o tema. Essas discussões são importantes para trazer qualidade de vida para as pessoas, para não perderem tanto tempo com mobilidade e para poderem usufruir da cidade.

Friday, June 27, 2014

Ativistas culpam UE por negligenciar segurança energética

Encontro de representantes da União Europeia é oportunidade para governos retomarem o controle do futuro energético europeu


Numa ousada ação durante encontro dos líderes da União Europeia (UE), realizado hoje em Bruxelas, na Bélgica, ativistas culparam as maiores empresas europeias de energia a manterem o bloco dependente de importações. O rascunho do plano de segurança energética apresentado pela UE favorece essas empresas ao prolongarem o uso de fontes de energia caras, poluentes e não confiáveis vindo de fornecedores como a Rússia.

Ativistas estendem banner em prédio próximo à conferência da União Europeia na Bélgica. (© Eric De Mildt / Greenpeace)

Com forte esquema de segurança na sede da UE, 35 ativistas de seis países escalaram um prédio, um guindaste e uma passarela em volta do local onde os líderes do bloco econômico mais rico do mundo discutiam o futuro de sua energia. Três grandes banners mostrando um carro da UE – patrocinado pelas empresas de petróleo – caindo de um penhasco foram estendidos para pressionar os participantes que iam chegando. Os ativistas tentam agora entregar uma carta aos líderes da UE pedindo a independência energética da Europa de fontes poluentes e perigosas.
“A Europa ruma ao desastre, e os políticos estão só olhando. Grandes empresas de energia, com claro interesse em manter a Europa sob influência do óleo, gás e carvão, são as reais tomadoras de decisão”, defende Frederic Thoma, coordenador da campanha de Energias Renováveis do
Greenpeace. Para ele, o bloco europeu é capaz de se sustentar com fontes de energia limpa, garantindo reais benefícios às pessoas, ao ambiente e à economia.


Representantes da UE observam banner estendido por ativistas do Greenpeace em Bruxelas, na Bélgica. (© Eric De Mildt / Greenpeace)

 Essas influentes empresas, como Shell, BDF, E-on e RWE, mantêm pesados investimentos em combustíveis fósseis, por isso forçam o fornecimento para o bloco europeu, podando o desenvolvimento de um sistema de energia limpa, auto-suficiente e eficiente – o que representa uma ameaça para o monopólio do mercado energético em detrimento de maiores benefícios ambientais e econômicos.
Insegurança energética
A União Europeia importa mais da metade de seu óleo, gás e carvão, sendo um terço disso proveniente da Rússia, que desligou recentemente dutos de transporte que chegavam à Europa através da Ucrânia.
Um novo relatório do Greenpeace mostra que as metas para renováveis e eficiência energética que garantiriam a independência da Europa de importação de energia e combateriam as mudanças climáticas serão minguadas. A Comissão Europeia propôs uma redução das metas de emissão de carbono, de 55% em 2005 para 40%, e de investimento em energia renovável, que foi para 27% frente a 45% proposto em 2005. O documento pode ser lido aqui, em inglês.
Tags

Wednesday, June 25, 2014

Seminário de Mobilidade Urbana

Greenpeace reúne prefeitura, sociedade civil e academia em seminário nesta sexta, em São Paulo. Evento é aberto à participação do público e terá transmissão ao vivo.



Na próxima sexta-feira, 27/06, alguns nomes importantes na discussão de mobilidade urbana no Brasil vão se reunir em São Paulo para debater o assunto. Organizado pelo Greenpeace, o seminário acontece de 9h às 16h no Centro Cultural b_arco, em Pinheiros. O evento é aberto ao público – não há necessidade de inscrição – e será transmitido ao vivo por este link.
Com uma palestra e duas mesas de debate, a abertura das conversas está a cargo de Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace. Na sequência, o professor da Coppe/UFRJ e presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET), Marcio D’Agosto, dá um panorama dos impactos do setor de transporte no Brasil e deixa claro que o assunto não dá para ser adiado.
“O setor de transporte já virou um problema – social, ambiental, de saúde – há muito tempo. Todo mundo sabe apontar os problemas, mas precisamos sair desse engarrafamento de ideias e chegar às soluções”, diz Sérgio Leitão. “É nesse sentido que o Greenpeace resolveu facilitar o caminho e reunir atores importantes, de diferentes áreas, nesse debate. O momento eleitoral é propício para discutir um assunto tão urgente”.
Nas mesas de debate, além do secretário municipal de Transporte de São Paulo, Jilmar Tatto, estarão presentes representantes da academia e da sociedade civil organizada. Entre eles, Raquel Rolnik, professora da USP e ex-secretária de Programas Urbanos do Ministério das Cidades; Daniel Guth, do Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo); e Carlos Henrique de Carvalho, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A mudança do paradigma de priorização histórica do automóvel individual pelos governos, que até hoje impacta as grandes cidades brasileiras, vai ser destaque nas discussões. “Hoje, em São Paulo, ainda temos 80% do espaço viário público voltado para o carro, e eles só representam 1/3 dos deslocamentos”, critica Daniel Guth, do Ciclocidade. “A redistribuição do espaço e uma melhor equidade é o que mais se discute hoje”.
“À medida que os países aumentam seu PIB e sua distribuição de renda, naturalmente aumentam os deslocamentos pela cidade: antes as pessoas iam de casa para o trabalho. Hoje, elas também saem para o lazer. Se mantermos a tendência de usar modos motorizados, individuais e derivados de petróleo, certamente isso causará impactos irreversíveis no mundo inteiro. A gente tem que tentar mudar isso, tem que saber quais são as alternativas”, diz D’Agosto, da Coppe/UFRJ.
As mesas de debate serão moderadas pelos jornalistas Julio Lamas, colunista do portal Planeta Sustentável, e Natália Garcia, responsável pelo projeto Cidade para Pessoas. O público está convidado a participar com comentários e perguntas após a apresentação dos debatedores. Quem estiver acompanhando pela internet também poderá colaborar pelo chat.

SERVIÇO
Seminário Transporte e Mobilidade no Brasil: desafios e oportunidades
Data: 27 de junho, sexta-feira
Horário: 9h às 16h
Local: Centro Cultural b_arco (R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros)

AGENDA

09h00 às 09h15
Apresentação
Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace

09h15 às 10h00
Palestra - Os impactos ambientais do setor de transporte: por que precisamos de melhorias na mobilidade urbana e de carros mais limpos?
Márcio D’Agosto, especialista em Transporte, Professor da COPPE/UFRJ e Presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET)
10h00 às 10h15
Cofffee-break
10h15 às 12h15
Mesa de Debate - Desafios da mobilidade urbana em São Paulo
Laura Valente - Presidente do Conselho do Greenpeace Brasil
Jilmar Tatto - Secretário Municipal de Transporte de São Paulo
Daniel Guth - Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo)
Eduardo Vasconcellos - ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos)
Moderação: Natália Garcia, jornalista responsável pelo projeto Cidades para Pessoas
12h15 às 14h00
Intervalo para almoço
14h00 às 16h00
Mesa de Debate - Oportunidades para melhorias na mobilidade urbana
Bárbara Rubim – Greenpeace Brasil
André Ferreira – IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente)
Clarisse Linke – ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento)
Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho – IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
Moderação: Julio Lamas – Colunista do Planeta Sustentável

Tuesday, June 24, 2014

Unidos por um Brasil mais sustentável

Organizações da sociedade civil criam Movimento para cobrar dos candidatos a inserção de temas socioambientais nas eleições de 2014


Um dos sete temas prioritários do Movimento é a reforma política e o fortalecimento da democracia (© Alexandre Cappi / Greenpeace).

Com a aproximação das eleições de outubro de 2014, a sociedade civil tem se organizado para cobrar dos candidatos a garantia de inserção das pautas socioambientais em suas campanhas eleitorais.
Desde março deste ano, um grupo de instituições, dentre elas o Greenpeace, Abong, Agenda Pública, Escola de Governo, Instituto Ethos, Fundação Avina e Rede Nossa São Paulo, vem conduzindo um processo de incidência nas eleições, que culminou na criação do Movimento Agenda Brasil Sustentável.
O lançamento da iniciativa acontece nesta quarta-feira (25), das 10h às 12h, em São Paulo. O objetivo é comprometer os candidatos aos governos dos Estados e à Presidência da República com um conjunto de princípios e diretrizes paúblicas que façam o Brasil avançar no caminho do desenvolvimento sustentável.
A Agenda busca articular as políticas públicas brasileiras com aquelas que definirão os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Sete temas considerados estratégicos pelas organizações estão sendo detalhados em Grupos de Trabalho. São eles: Respeito aos limites do planeta; Garantia de direitos com redução das desigualdades; Integridade e transparência; Economia para a sustentabilidade; Reforma política e fortalecimento da democracia; Valorização do trabalho; e Gestão pública. As estratégias de ação e o cronograma de trabalho serão apresentados durante o evento.
Serviço:
O que: Lançamento da Agenda Brasil Sustentável
Quando: 25 de junho, quarta-feira, às 10h
Onde: Auditório da Ação Educativa, na Rua General Jardim, 660, Vila Buarque, SP

Varejista de madeira na Inglaterra retira produtos de origem amazônica das lojas

Após denúncia do Greenpeace, a britânica Jewson congelou vendas de madeira amazônica e prometeu investigar origem de seus produtos


Extração madeireira no estado do Pará (©Greenpeace/Marizilda Cruppe)

A megaempresa britânica Jewson, especializada em vendas de madeira e materiais de construção, anunciou que vai retirar temporariamente toda a madeira de origem amazônica de suas mais de 600 lojas na Inglaterra, sobretudo os deques feitos à base de Ipê. O anúncio se deu após denúncia do Greenpeace sobre a contaminação do mercado de madeira da Amazônia, região que sofre com altos índices de ilegalidade nas áreas de extração madeireira.
Segundo nota da própria Jewson, emitida em conjunto com sua fornecedora, International Timber, são exigidos das empresas brasileiras somente os documentos oficiais de movimentação de madeira (DOF-GF3), apontados pelo Greenpeace como insuficientes para garantir origem legal da madeira. Após as denúncias, a empresa britânica prometeu auditar sua cadeia para conhecer a origem de seus produtos independentemente da documentação oficial, e contratou especialistas no Brasil.
A Jewson compra madeira da International Timber (ambas pertencentes ao grupo Saint Gobain) que, segundo a própria Jewson, tem como fornecedores no Brasil as empresas Solimad Madeiras e Condor Florestas. Estas últimas são exportadoras de madeira baseadas no Estado de Rondônia, e já receberam multas do IBAMA de mais de R$ 5 milhões por desmatamento, extração ilegal de madeira, lavagem de dinheiro e falsificação de documentação oficial.
“O mercado internacional está preocupado, e começa a tomar medidas contra a madeira ilegal. Enquanto isso, no Brasil, mesmo após as denúncias do Greenpeace sobre o descontrole do setor madeireiro, nada foi feito. Não dá para os governos estaduais e federal fingirem que está tudo bem. Já passou da hora de agir, começando pela revisão dos planos de manejo na Amazônia”, defendeu Marina Lacôrte, da campanha da Amazônia do Greenpeace.
Em maio, o Greenpeace lançou um relatório sobre a atual situação da ilegalidade no mercado madeireiro na Amazônia, usando como exemplo casos de planos de manejo com indícios de fraude no Estado do Pará. A denúncia foi feita no Brasil e em oito países que compram madeira amazônica.
Mais de 80 mil apoiadores da campanha na Inglaterra pediram que a Jewson suspendesse o comércio de madeira amazônica até que pudesse garantir a origem legal dos produtos. A empresa negou ilegalidades com nota divulgada no dia 16 de maio, mas assumiu que deve buscar saber a origem de seus produtos.
O governo britânico também iniciou uma investigação sobre a Jewson,  segundo informou o National Masurament Office – NMO, responsável por implementar a EUTR, a lei que regulamenta o mercado madeireiro na União Europeia (European Union Timber Regulation). Editada em março de 2013, a EUTR afirma que os importadores devem ser prudentes e tomar medidas necessárias para evitar a contaminação do mercado da União Europeia com madeira ilegal. Porém, cada país deve implementá-la individualmente.
A campanha pelo mundo
Na França, um carregamento de maçaranduba com madeira suspeita de ser ilegal chegou ao porto de Le Havre, na França, no último dia 10 de junho. Adquirido da empresa Rancho da Cabocla pelo grupo Belga Saelens, ele é proveniente do porto de Belém, no Pará, estado em que 78% das áreas de exploração madeireira são consideradas ilegais.
A madeireira Rancho da Cabocla apresenta um histórico de ilegalidades no setor madeireiro e acumulou uma série de multas por extração ilegal de madeira e seu comércio, e também por falsificação de informações. A Saelens deveria saber que a compra de madeira nessas condições merece mais atenção do que somente a apresentação de papéis oficiais.
O Greenpeace pediu às autoridades belgas para efetuar os controles previstos na EUTR e, se necessário, aplicar as devidas sanções. Já na França, a EUTR ainda não foi votada, o que significa que, até que a França aprove e publique seu regulamento, muita floresta ainda poderá ser destruída.
Autoridades competentes e empresas importadoras de outros países europeus também estão demonstrando preocupação com a situação da madeira amazônica brasileira. A Espanha classificou a madeira da Amazônia como de alto risco, enquanto na Itália o ministro italiano de Agricultura e Florestas, Maurizio Martina, anunciou a aprovação de decreto que regulamenta a aplicação da legislação europeia de combate à madeira ilegal.
O único que parece não se preocupar de fato é o governo brasileiro, cúmplice dessa situação, e que até agora não se pronunciou sobre as denúncias do Greenpeace. Enquanto o governo segue calado, a floresta amazônica continua sendo predatória e ilegalmente destruída e vendida aos pedaços, com papel oficial e tudo.

Friday, June 20, 2014

Gado: exigência de punho forte do governo


Sem posicionamento forte do governo, setor do gado continua sendo um dos grandes vilões do desmatamento e das mudanças climáticas no país (© Rodrigo Baléia / Greenpeace).

A pecuária ainda é hoje o setor produtivo que mais contribui para as mudanças climáticas no país. Por esse e outros motivos, em consideração com o consumidor e a população brasileira em geral, já passou da hora de o governo federal se posicionar de forma enérgica em favor de sistemas de rastreabilidade individual do gado, para limpar de vez toda a sua cadeia de produção.
Em abril de 2014, pela primeira vez, as gigantes do setor tornaram públicos os seus esforços para eliminar o desmatamento, o trabalho escravo e demais crimes socioambientais de suas cadeias de fornecimento de carne bovina. Em iniciativa inédita, os três maiores frigoríficos do país - JBS, Marfrig e Minerva - divulgaram os resultados das auditorias de seus sistemas de controle para compra de gado proveniente da Amazônia.
Apesar de ações como essa, que revelam o esforço da sociedade civil e de algumas alas do setor produtivo, é mais do que sabido que iniciativas privadas de controle do desmatamento terão efeito limitado enquanto o governo brasileiro não fizer a sua parte de forma mais ostensiva para controlar os fornecedores indiretos, apoiando a correta implementação do Cadastro Ambiental Rrural (CAR).
“Aqueles que insistem em se valer de brechas na lei e que lucram com a destruição da floresta continuarão atuando até que o governo não se posicione de forma mais contundente sobre as medidas de comando e controle articuladas na esfera federal, estadual e municipal”, defende Adriana Charoux, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
Para se ter um exemplo de medidas que poderiam colaborar para avanço do controle da cadeia produtiva da pecuária, em fevereiro de 2013, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) promoveu uma audiência pública sobre a Instrução Normativa 01/2002, que visava compatibilizar o Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos Bubalinos, mais conhecido como Sisbov.
Tal sistema é o único que viabiliza a identificação individual do bovino e, portanto, permite saber, da hora em que nasce até a hora em que é abatido, por onde esse boi andou e se, em alguma etapa dessa produção, passou por alguma fazenda vinculada a problemas sociais ou ambientais. Atualmente, o Sisbov só é obrigatório para o boi que é exportado para a União Europeia.
Na época, o Greenpeace fez suas contribuições à audiência pública, reforçando a importância do Sisbov voltar a ser obrigatório para toda a produção, e não apenas para exportação, conforme sua formulação original de acordo com a IN.
Destacamos também, nos três documentos sob consulta, a ausência de transparência quanto ao acesso público ao sistema de informações desse “novo” Sisbov. Afinal, o consumidor brasileiro deve ter o mesmo direito à informação e acesso a um produto que não custe a destruição da floresta do que um europeu.
O Greenpeace nunca recebeu qualquer retorno do MAPA sobre essa contribuição. Assim como não vem obtendo respostas do Estado, em suas esferas federal, estadual e local, que respondam de forma condizente à necessidade urgente em punir aqueles que insistem em burlar os compromissos e pactos no que diz respeito à cadeia produtiva do gado.

Um minuto de silêncio


O Novo Rainbow Warrior é o maior exemplo de profissionalismo e dedicação de Uli

Ulrich von Eitzen, diretor de operação do Greenpeace internacional de 2004 a 2013 e conselheiro sênior do diretor executivo do Greenpeace internacional , infelizmente  perdeu sua longa batalha contra o câncer no dia 12 de junho.
A maneira com que Uli reagiu ao câncer foi única.  Se não o tivessem questionado, ninguém saberia que ele enfrentava uma doença letal. Uli nunca reclamou, não falava de sua saúde com seus colegas, não demonstrava sua tristeza ou desespero. O brilho em seus olhos demonstrava o modo com que ele se dedicava ao trabalho, sempre com uma energia contagiante.
Era um homem que tinha um enorme comprometimento com seu trabalho e sua família. Decidiu que não deveria sobrecarregar os outros com suas dificuldades, e sim doar toda sua energia àquilo que realmente amava. Amor para ele não era uma palavra, era algo que ele expressava por meio de suas atitudes.  Grace O´ Sullivan, um ex- colega de faculdade e ativista de longa data definiu Uli em uma única frase: “Ele era um bom homem”.
Quando Uli se juntou ao Greenpeace pela segunda vez, após uma breve pausa na década de noventa, enfrentou uma tarefa muito difícil: consolidar a grande tradição de um ativismo corajoso com as demandas crescentes do profissionalismo. O Greenpeace precisava de veleiros que atendessem as exigências da organização e ao mesmo tempo se adaptassem às novas tecnologias. Uli tinha vasta experiência profissional com construções de navios e forte comprometimento com o Greenpeace. Afinal, era umas das únicas pessoas que tinha a capacidade de enfrentar uma tarefa tão difícil. E não foi fácil, nem para ele, nem para seus colegas de trabalho.
Uli juntou todo seu conhecimento para construir a estrutura marítima que o Greenpeace precisava.  Seu trabalho e dedicação resultaram em uma frota de alto padrão, que não era apenas apta para realizar as demandas exigidas, mas atendia todas as necessidades de um projeto moderno que não poderia ser criticado por órgãos contrários ao Greenpeace.
A maior contribuição de Uli para a organização foi sem dúvida nenhuma  a construção do novo Rainbow Warrior. Durante a execução do projeto, suas habilidades e paixões trabalharam juntas. Ele organizou e supervisionou um processo minucioso para suprir todas as exigências dos escritórios ao redor do globo no novo veleiro. Projetou todo o processo de design e se tornou uma referência para os arquitetos navais responsáveis pela trama. Uma vez que a decisão de construir o navio foi tomada, Uli assumiu toda a responsabilidade e entregou o veleiro dentro da data estipulada no orçamento. Se não fosse por sua capacidade de organização, sua supervisão financeira e técnica, o novo Rainbow Warrior não teria se tornado o carro chefe do Greenpeace.
Uli trouxe todo seu profissionalismo para construção do Rainbow Warrior, porém sua maior ambição não era construir um novo navio, ele queria construir um “Navio Verde”.
Cada detalhe foi pensado para o navio ser energeticamente eficiente, sustentável e com a menor pegada de carbono possível, desde o tamanho de suas velas até o sistema de tratamento de água e resíduos. O mecanismo do navio aproveita ao máximo a energia dos ventos para se mover. Seu motor de propulsão diesel-elétrica é acionado apenas sob condições climáticas desfavoráveis ou em ações que exijam velocidade máxima. O design inovador do casco permite que menos combustível seja gasto, com menos emissão de gases poluentes.
O Novo Rainbow Warrior é o maior exemplo de profissionalismo e dedicação desse grande homem.

Wednesday, June 18, 2014

Mobilidade urbana em debate



No dia 27/06, sexta-feira, um time da pesada vai se reunir em São Paulo para discutir os problemas e as soluções para a mobilidade urbana no Brasil. E o melhor: o evento é aberto ao público, que está convidado não só a assistir os debates, mas entrar na roda com perguntas e comentários.
Organizado pelo Greenpeace, o seminário vai colocar na mesa ciclistas, pesquisadores e gestores públicos para engrossar as discussões sobre um assunto que, há muito, transbordou da política institucional e ganhou as ruas. Afinal, o direito a uma mobilidade democrática e eficiente é uma das formas de garantir, sobretudo, o nosso direito à cidade.
A arquiteta e urbanista da USP, Raquel Rolnik, o secretário municipal de Transporte de São Paulo, Jilmar Tatto, e um dos diretores do Ciclocidade (a Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo), Daniel Guth, são alguns dos nomes que estarão presentes. Colunista do Planeta Sustentável, o jornalista Julio Lamas vai dividir a mediação das mesas com Natália Garcia, do projeto Cidade para Pessoas.
Quem não estiver em São Paulo, vai poder acompanhar as discussões pela internet, num link ao vivo que iremos disponibilizar no dia. Fique atento. Enquanto isso, dá uma olhada na programação aqui embaixo.

OBS: Quem chegar de bicicleta no dia do evento poderá estacioná-la em uma sala dentro do próprio centro cultural.
Serviço
Data: 27/06, sexta-feira
Horário: 9h às 17h
Local: b_arco Centro Cutural – Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros

Programação

09h00 às 09h15ApresentaçãoSérgio Leitão, diretor de políticas públicas do Greenpeace

09h15 às 10h00
Palestra - Os impactos ambientais do setor de transporte: por que precisamos de melhorias na mobilidade urbana e de carros mais limpos?Márcio D’Agosto, especialista em Transporte, Professor da COPPE/UFRJ e Presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET)
10h00 às 10h15
Cofffee-break
10h15 às 12h15
Mesa de Debate - Desafios da mobilidade urbana em São PauloRaquel Rolnik - USP
Jilmar Tatto - Secretário Municipal de Transporte de São Paulo
Daniel Guth - Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo)
Eduardo Vasconcellos - ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos)
Moderação: Natália Garcia, jornalista responsável pelo projeto Cidades para Pessoas
12h15 às 14h00
Intervalo para almoço
14h00 às 16h00
Mesa de Debate - Oportunidades para melhorias na mobilidade urbanaBárbara Rubim – Greenpeace Brasil
André Ferreira – IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente)
Clarisse Linke – ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento)
Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho – IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
Moderação: Julio Lamas – Colunista do Planeta Sustentável

Monday, June 16, 2014

1 milhão pelas florestas


Vista aérea do rio Araguari no Amapá. (© Greenpeace/Rogério Reis/Tyba)

 Hoje a sociedade civil alcançou uma marca muito importante: 1 milhão de assinaturas pedindo o fim do desmatamento no Brasil. Esse marco é um sinal de que o povo quer mudanças, inclusive no que diz respeito às políticas ambientais.
A proteção da Amazônia é uma das frentes mais caras do Greenpeace. Acreditamos que a devastação dessa floresta tão rica é incabível num país com plena capacidade de operar um modelo sustentável de crescimento. Hoje, com o que já temos de terras abertas, podemos duplicar nossa produção de alimentos sem precisar derrubar mais nenhum hectare de floresta.
A petição pelo Desmatamento Zero ganha cada vez mais força! O objetivo é encaminhar o projeto de lei ao Congresso Nacional. Estamos muito perto desse objetivo, por isso é importante que todos continuem ajudando a divulgar a petição.
Se você ainda não assinou, faça parte desse movimento. Clique aqui e mostre aos governantes que sem floresta não há vida.
Para você que já assinou, espalhe a petição do Desmatamento Zero para os seus amigos e familiares e compartilhe nas redes sociais. A Amazônia depende de você!
Faça parte da mudança, juntos somos mais fortes!
Cobre do seu candidato a presidência uma posição sobre o projeto de lei pelo Desmatamento Zero:
1 MILHÃO de brasileiros assinaram pelo #DesmatamentoZero. E você, @aecioneves, já assinou? http://bit.ly/1xcVheR

1 MILHÃO de brasileiros assinaram pelo #DesmatamentoZero. E você, @dilmabr, já assinou? http://bit.ly/1xcVheR

1 MILHÃO de brasileiros assinaram pelo #DesmatamentoZero. E você, @eduardocampos40, já assinou? http://bit.ly/1xcVheR

1 MILHÃO de brasileiros assinaram pelo #DesmatamentoZero. E você, @EduardoJorgeBR, já assinou? http://bit.ly/1xcVheR
 

Sunday, June 15, 2014

Adeus, fósseis. Bem-vindas, renováveis

Países apoiam energias renováveis em reuniões do clima da ONU. No entanto, planos ambiciosos para combater mudanças climáticas ainda precisam ser detalhados.


Ativistas protestam em Bonn e pedem comprometimento de ministros de Meio Ambiente com energias renováveis e redução de gases do efeito estufa (©Bern Arnold/Greenpeace)

Durante duas semanas de reuniões sobre mudanças climáticas, mais de 60 países apoiaram a necessidade de diminuir o uso de combustíveis fósseis – como carvão, óleo e gás – que agravam as mudanças climáticas e falaram sobre a importância de ter matrizes 100% renováveis até 2050.
Apoiar a transformação e a limpeza das matrizes energéticas é o primeiro sinal de que os governos, finalmente, estão preparados para agir diante das evidências científicas apresentadas pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) em abril, que apontam para o aquecimento do planeta e para eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
“É um grande avanço que quase um terço dos governos do mundo reconhece que temos que deixar os combustíveis fósseis de lado e investir em energias limpas”, afirmou Martin Kaiser, coordenador do time internacional de política para o clima do Greenpeace.
Com as reuniões e negociações do SBI (Órgão Subsidiário das Nações Unidas) chegando ao fim, o que se espera agora dos negociadores é que eles ajam em nível nacional, resolvendo os detalhes necessários para que um novo acordo climático internacional seja possível na COP (Conferência do Clima da ONU) em dezembro, em Lima, no Peru.
Apesar do crescente entusiasmo internacional por energia renovável e do anúncio dos Estados Unidos de que a queima de carvão e as consequentes emissões de gases do efeito estufa serão diminuídas, as conversas em Bonn se encerraram sem que fosse elaborado um plano detalhado para o futuro. No caso da China, por exemplo, espera-se que em breve o país endureça suas restrições para o uso de carvão.
Cabe agora aos chefes de Estado que foram convidados pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para a Cúpula do Clima que acontecerá em setembro, em Nova Iorque, entregar medidas concretas contra os combustíveis fósseis. Em Nova Iorque, os chefes de Estado terão que se comprometer com o objetivo de investir em energias renováveis e sinalizar como irão agir.
Também é importante que os grandes poluidores do mundo – entre eles Estados Unidos, China, Índia e Brasil – já estejam pensando nas metas para diminuir as emissões de gases do efeito estufa que terão que entregar em março de 2015.
“Chegou a hora de acabar com os subsídios para as empresas de carvão, petróleo e gás, e de começar a investir em renováveis, opção que trará novos empregos e um futuro sustentável”, concluiu Kaiser. 

Friday, June 13, 2014

Os satélites e a degradação na Amazônia


Estrada aberta para extração de madeira. Foto: Greenpeace/Marizilda Cruppe

A campanha Chega de madeira ilegal mostrou como os sistemas de controle e fiscalização da exploração madeireira adotados na Amazônia brasileira são falhos e permitem fraudes que resultam na contaminação do mercado com madeira de origem desconhecida e ilegal.
Identificar na floresta quais são os locais de exploração ilegal é fundamental para frear a contaminação da produção sustentável de madeira e impedir o desmatamento na sua origem. Porém, a exploração ilegal que busca os melhores exemplares de cada espécie, semelhante a um garimpo, é mais difícil de ser detectada, já que ela mantém algumas árvores que têm valor comercial baixo, e não provoca aquela destruição generalizada que é conhecida como corte raso.
Durante a pesquisa sobre madeira ilegal, o Greenpeace analisou imagens do satélite Radarsat-2, fornecidas pela MacDonald Dettwiler and Associates Ltd (MDA), com o objetivo de detectar e mapear mudanças na cobertura florestal relacionadas à exploração de madeira.
As expedições terrestres e sobrevoos  realizados nas aéreas apontadas pelo Radarsat-2 confirmaram os alertas gerados e mostraram que a utilização de imagens desse satélite para o monitoramento da exploração madeireira pode contribuir com a fiscalização dos Planos de Manejo Florestais e como sistema de alerta para identificar locais de exploração ilegal.
O Radarsat-2 se diferencia dos demais por estar equipado com um sensor de radar em que não existem interferências significativas de condições atmosféricas, ou seja, que mesmo com nuvens consegue gerar imagens de alta qualidade.
As imagens de satélite utilizadas pelo Deter – o sistema oficial de detecção em tempo real do desmatamento do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) –, por exemplo,  não conseguem identificar os desmatamentos em áreas cobertas por nuvens.
Para se ter uma idéia, no estado do Pará, que na medição mais recente do Deter apresentou um alerta expressivo no desmatamento, 86% da área do estado estava impossibilitada de qualquer análise por conta da cobertura de nuvens. Já no Amazonas, a cobertura de nuvens atingia 89% do estado.
Além disso, os satélites comuns também não conseguem identificar desmatamentos menores do que 26 hectares, o que é um problema, pois houve uma mudança na dinâmica do desmatamento: no lugar de grandes áreas, como acontecia antigamente, hoje ele costuma ocorrer em áreas pequenas e em faixas intercaladas de florestas, buscando justamente burlar a detecção pelos satélites.
O Deter continua sendo importante para que os órgãos federais de fiscalização saibam onde o desmatamento está ocorrendo e assim consigam agir mais rapidamente. No entanto, essas limitações acabam sendo um impeditivo para uma maior efetividade das ações de combate à degradação causada para exploração ilegal de madeira, que é o primeiro passo para a destruição total da floresta.
Desde 2010 que o Ministério do Meio Ambiente parou de monitorar a degradação. Apesar da existência de tecnologia, até agora as imagens de satélites equipados com radar não têm sido utilizadas pelos órgãos de fiscalização. É hora de dar um salto para enfrentar o forte ressurgimento do “garimpo” florestal, que cada vez mais vai longe dentro da floresta em busca de espécies raras, como o Ipê, comprometendo a floresta.

Adeus à garantia Hermes

Alemanha põe fim às garantias de crédito para energia nuclear devido aos riscos relacionados à fonte e dá sinais de que preza por segurança nacional e internacional


Ativistas do Greenpeace estendem banners na frente da rampa do Palácio do Planalto, para pedir à presidenta Dilma Rousseff que suspenda os investimentos em energia nuclear. (©Felipe Barra/Greenpeace)

A Alemanha decidiu parar de emitir garantias de crédito – conhecidas como garantia Hermes - para as exportações de equipamentos utilizados na geração de energia nuclear. A declaração veio do ministro da Economia, Sigmar Gabriel, que afirmou ontem que “a Alemanha abandonou a energia nuclear devido aos riscos significativos e incontroláveis que apresenta. Estes riscos existem em outros países e, portanto, é lógico pararmos de promover usinas nucleares em outros países.”
Basicamente, as garantias ofereciam segurança para os exportadores e os bancos que negociavam nos mercados emergentes, como o Brasil, onde havia risco de não pagamento. “O governo alemão dá provas de que preza pela segurança nacional e internacional ao por fim definitivo à garantia Hermes”, disse Barbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e Energia.
Parceiros atômicos desde a década de 1970, Brasil e Alemanha acordaram um valor equivalente a 41,4% do custo da usina de Angra 3, cujo financiamento viria de uma associação de bancos europeus justamente com garantia de empréstimo dada pela Hermes, agência estatal de crédito alemã.
No entanto, em 2012, o governo alemão prorrogou a decisão sobre o empréstimo alegando que o estudo de segurança da usina era insuficiente e incompleto. E quando desistiu do acordo, em 2013, a Eletrobras assinou um contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal no valor de R$3,8 bilhões, investindo em energia perigosa quando poderia utilizá-lo para a construção de casas próprias e programas de saneamento básico da Caixa. A tecnologia utilizada em Angra 3 não apenas não é segura, como também defasada uma vez que projeto da usina foi concluído há quatro décadas e não passou por atualização.
Após essa clara sinalização de que a energia nuclear traz riscos imprevisíveis e incontroláveis, torna-se óbvio que os planos brasileiros de expandir ainda mais a participação nuclear em sua matriz, como alardeado em recentes declarações do governo brasileiro, são levianos e incompatíveis com a tendência internacional de abandonar essa fonte e investir em novas renováveis.
Segundo Rubim, “em um país com potenciais extraordinários para energia solar, e no qual a energia eólica já possui preços absolutamente competitivos - chegando a ter contratação recorde em 2013, não há justificativa para um planejamento que insista na expansão de térmicas e nucleares.”

Brasil entra em campo


Ativistas protestam em Bonn e pedem comprometimento de ministros de Meio Ambiente com energias renováveis e redução de gases do efeito estufa (©Bern Arnold/Greenpeace)

O evento mais esperado do ano – obviamente, depois das reuniões dos Órgãos Subsidiários de Implementação da Conferência do Clima da ONU em Bonn, na Alemanha – finalmente chegou. Ontem tivemos a abertura da Copa do Mundo e a primeira vitória do Brasil em campo.
É inegável que este é um momento em que grande parte dos olhos do mundo se voltam para o Brasil e para uma das mais conhecidas seleções. No entanto, não é apenas o que rola em campo que interessa. Em Bonn, os negociadores que vem discutindo o tema das mudanças climáticas desde a semana passada desejam saber o que o país tem feito para controlar suas emissões de gases do efeito estufa.
Historicamente, o desmatamento foi a principal fonte de emissões, mas o cenário brasileiro mudou. Setores como energia e agropecuária estão aumentando sua participação no total de emissões, demonstrando que não basta se comprometer com apenas uma das fontes, mas, sim, que o Brasil precisa de metas ambiciosas para diminuir as emissões em todos os setores.
Voltando ao futebol: assim como apenas um jogador excepcional não fará o Brasil ganhar a Copa do Mundo, não basta diminuir o desmatamento na última década para se tornar um ‘campeão do clima’. Entre 1990 e 2012, as emissões do setor de energia além de terem mais do que dobrado também foram as que mais cresceram. E enquanto isso, o país continua privilegiando fontes fósseis e sujas de energia que recebem a maior parte dos investimentos no setor ao invés de direcionar seus esforços para um futuro limpo e renovável.
O trabalho para combater o desmatamento precisa continuar sendo feito, mas ao mesmo tempo em que outras medidas são tomadas em todos os setores. Como a sétima maior economia do mundo, o Brasil pode e deve assumir um compromisso ambicioso e liderar as discussões sobre as mudanças climáticas.

Thursday, June 12, 2014

Começa a Copa das Tropas

A Copa do Mundo no Brasil começou com a repressão de uma manifestação pacífica na Zona Leste de São Paulo com o uso desproporcional de força pela Polícia Militar de São Paulo. Diversos manifestantes e jornalistas, incluindo uma repórter da CNN, ficaram feridos e pessoas foram detidas. O Brasil nem entrou em campo contra a Croácia e o brasileiro que vai a rua reivindicar direitos de forma pacífica já ganhou bala de borracha, bomba de gás lacrimogêneo, tapa na orelha e demissões massivas de grevistas. Ao que tudo indica, esta não será a Copa das Copas, e sim a Copa das Tropas.
Manifestantes foram dispersados antes mesmo do início do ato marcado para ocorrer no metrô Carrão, em São Paulo. Na sequência, a mesma força policial encurralou manifestantes e trabalhadores dentro do Sindicato dos Metroviários, perto dali, no Tatuapé. A polícia lançou bombas de efeito moral no interior do prédio. Segundo os socorristas do GAPP (Grupo de Apoio a Protestos Populares), vinte e oito pessoas foram atendidas com ferimentos causados em decorrência do confronto, incluindo três socorristas.
No Rio de Janeiro, manifestantes foram fortemente reprimidos na região central da cidade. Metroviários e professores que entraram em greve nos últimos dias, além de serem reprimidos fisicamente pela polícia, foram também demitidos por decisão judicial.
Desde junho de 2013, e principalmente desde o início deste ano, temos vivenciado um recrudescimento da violência estatal contra as manifestações – sejam elas feitas por trabalhadores, estudantes ou indivíduos que decidiram exercer seu direito constitucional de livre expressão.
É inaceitável que o Estado continue usando seu aparato repressivo e meios judiciais para silenciar as vozes dissonantes. É lamentável que o governo insista em fechar os olhos e não estabeleça um canal de diálogo efetivo com os manifestantes que estão nas ruas buscando construir uma sociedade mais justa e democrática.
O Greenpeace repudia toda e qualquer forma de violência e repressão contra manifestantes. O direito de se manifestar é garantido pela Constituição, e o medo da truculência estatal não pode ser o motivo pelo qual brasileiras e brasileiros deixam de ocupar as ruas para demandar direitos básicos que lhes vem sendo negados: direito a transporte, moradia, educação, saúde, saneamento e um meio ambiente cuidado e equilibrado.

Copa solar na Croácia

Ativistas do Greenpeace instalam paineis solares em região afetada por enchentes, para que população local possa assistir jogo da Copa.


A instalação de paineis solares na Croácia, por voluntários do Greenpeace. Foto: Greenpeace/Nathalie Bertrams

O vilarejo de Drenovci está encravado numa das regiões mais afetadas pelas enchentes e deslizamentos que tomaram parte da Croácia no último mês. Por ali, caíram as chuvas mais fortes dos últimos 120 anos, e os estragos – que continuam se arrastando em alguns locais como Drenovci – se espalharam pelo leste do país e por regiões da Sérvia e Bósnia.
Apesar da tragédia, a seleção da Croácia já está no Brasil para abrir a Copa do Mundo nesta quinta-feira, num jogo contra a equipe brasileira. E os croatas da vila de Drenovci vão poder acompanhar a partida pela TV: nos últimos dias, um time de voluntários do Greenpeace instalou paineis solares no telhado de uma escola local para geração de energia elétrica.
A transmissão do jogo em um telão movido a energia solar faz parte da campanha do Greenpeace para que o país adote as fontes renováveis e a eficiência energética na reconstrução das regiões afetadas pelos temporais. A ideia é que essas medidas ajudem a população local a não só economizar nos gastos com consumo de energia como também ganhar independência em relação ao sistema central de geração elétrica do país.
A iniciativa tem um forte simbolismo: as fortes chuvas que caíram sobre o país são consideradas eventos climáticos extremos, que devem ser cada vez mais comuns no cenário de mudanças climáticas que estamos atravessando. E, como se sabe, o uso indiscriminado de combustíveis fósseis para geração de energia mundo afora é um dos fatores que mais têm alimentado essa crise no clima.
A reconstrução das áreas afetadas é uma oportunidade para mudar a infraestrutura energética da Croácia e adotar as fontes renováveis como resposta aos impactos das mudanças climáticas que já estão em andamento. De acordo com uma pesquisa feita pelo Greenpeace, mais de 90% dos croatas acham que o governo do país deve focar sua política energética em cima das opções renováveis. É hora de mudar.

Ativistas do Greenpeace México são inocentados

Cem mil pessoas apoiaram a campanha para exigir que a Pemex retirasse as acusações absurdas de dano ao patrimônio; ambientalistas seguirão pedindo por energias renováveis


Ativistas do Greenpeace estendem bandeirão de 125 m² no prédio da Pemex, em porto Veracruz, México. 01/03/2014 (© Ivan Castaneira / Greenpeace)

Rosina González e mais cinco ativistas do Greenpeace México ficaram livres das penas por dano ao patrimônio que a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) havia apresentado à justiça. Os seis voluntários participaram de uma manifestação pacífica no porto de Veracruz, dia primeiro de março, onde foi exigido energias renováveis nas leis de Reforma Energética do país.
Os ativistas se manifestaram no prédio da Pemex, de onde estenderam um bandeirão de 125 metros quadrados. A princípio, a estatal acusou Rosina de ter quebrado uma lâmpada acidentalmente durante o protesto. Pela lei, isso poderia deixá-la presa por dez anos.
“É um absurdo que ativistas comprometidos com o planeta e com um futuro melhor para o planeta sejam criminalizados por manifestarem-se pacificamente numa reivindicação por mais energias renováveis e um país digno para nossos filhos e futuras gerações”, defendeu Rosina. “Protestar pacificamente é um direito, não um delito”, completou.
Duro na queda
Durante três meses o Greenpeace insistiu que a Pemex reconhecesse que protestar pacificamente não é crime e que o suposto dano a uma lâmpada – acidental, de toda maneira – não é motivo para condenação. Nesse contexto, lançou-se a campanha “Pemex não nos cala”, dirigida ao CEO da empresa Emilio Lozoya pedindo que as queixas contra Rosina fossem retiradas. Mais de cem mil pessoas se juntaram à causa e ajudaram a pressionar Lozoya.
Finalmente, a estatal desitiu de levar as acusações adiante, já que o Greenpeace havia pago os danos causados. Além disso, é importante ressaltar que o próprio Ministério Público mexicano comprovou infundada a alegação de dano ao patrimônio público.

Adidas promete limpar a casa



A alemã Adidas anunciou um plano para a eliminação de produtos químicos perigosos de seus artigos esportivos. Em colaboração com a campanha Detox, do Greenpeace, o patrocinador oficial da Copa do Mundo Fifa 2014 apresentou um plano concreto que visa erradicar os PFCs (compostos perfluorados e polifluorados) e estabelece metas para total transparência de sua linha de produção.

 Como parte do acordo, a empresa assegurou que 99% dos seus produtos serão livres de PFC até 2017, sendo a meta para 2020 a total eliminação desses compostos. Os perfluorados são usados em roupas e sapatos para deixá-los resistentes a terra e água. No entanto, uma vez liberados, esses químicos se acumulam no ambiente e podem impactar a nossa saúde e de outros organismos vivos, afetando os sistemas imunológico e reprodutivo e levando à tireoide.


Protesto contra Adidas no México, em amistoso da seleção mexicana com Israel, em maio de 2014. (© Alonso Crespo / Greenpeace)


A Adidas também propôs metas ambiciosas para a total limpeza de sua linha de produção: ela pretende publicar os dados de 99% dos seus fornecedores chineses até 2014 e globalmente de 80% dos fornecedores até o meio de 2016. A indústria têxtil chinesa é um dos setores mais poluentes do país. Estima-se que metade da população rural não tenha acesso a àgua potável dentro dos padrões internacionais de saúde.
“Essa é uma vitória para os clientes da Adidas, para as comunidades locais forçadas a viver com água intoxicada e para as futuras gerações. Multinacionais como a Adidas têm a responsabilidade – e o poder – de eliminar compostos tóxicos de seus produtos”, defende Manfred Santen, coordenador da campanha de Detox do Greenpeace.
Segunda chance
Após se comprometer em 2011 a desitoxicar sua linha de produção, a Adidas não mostrou esforços para alcançar as metas de 2020. Nas últimas três semanas milhares de fans de esporte se uniram ao Greenpeace pedindo que a empresa focasse seriamente na erradicação de produtos químicos nocivos à saúde e ao meio ambiente. Foram pessoas de mais de 30 cidades enviando cartas a Herbert Hainer, presidente da Adidas.
“Mais uma vez vimos a força que a população exerce sobre grandes empresas e o próprio governo. Esperamos que a Adidas se torne um exemplo de linha de produção limpa e transparente para outras empresas como a Nike e Puma, que também precisam acompanhar essas mudanças”, completa Santen.

Monday, June 9, 2014

Papo Greenpeace sobre a Copa do Mundo


quarta-feira, 23 de abril de 2014

O que o Greenpeace tem a ver com a Copa do Mundo? O que a mobilidade urbana tem a ver com Greenpeace que tem a ver com a Copa? Tire todas essas dúvidas e muitas outras.
Terça-feira, dia 10, acontece o #PapoGreenpeace com a Barbara Rubim, da campanha de Clima & Energia e com a Gabriela Vuolo, ativista do Greenpeace Brasil, elas vão bater um papo com os internautas sobre as questões das manifestações e da mobilidade urbana. Participe e tire suas dúvidas.
Facebook Twitter
Envie sua pergunta no mural do evento do Facebook ou pelo Twitter com a hashtag #PapoGreenpeace

Saturday, June 7, 2014

Arte e denúncia: chega de madeira ilegal!


A copa da árvore é pintada pelos pedestres enquanto cruzam rua da capital paulista. (©Otávio Almeida / Greenpeace)

Antes: “Mas o que é isso? Pode pisar?”. Depois: “Que legal! Pode ir de novo?”. Esse foi o clima da intervenção artística Pegada verde contra a madeira ilegal, proposta pelo Greenpeace para denunciar a retirada de madeira ilegal da Amazônia. A ideia era fazer com que a própria sociedade civil transformasse um tronco numa árvore ao pintar, enquanto caminha, uma esverdeada copa de árvore.

 “Com o espaço da copa sobre a faixa de pedestre, ficava quase impossível para o pedestre que atravessava não interagir com a pintura” falou Stecy de Almeida, de 22 anos e voluntária do Greenpeace em São Paulo, onde a intervenção foi realizada no cruzamento da Av. Paulista com a R. Padre João Manuel.
Debora Ota, de 29 anos, acredita que é difícil uma pessoa morando numa grande metrópole como São Paulo entender a importância da Amazônia. “Fazer essa denúncia aqui, ainda mais sendo tão visual e interativa, é uma ótima maneira de espalhar essa mensagem”, completa ela.


A atividade atraiu pessoas de todas as idades. (©Otávio Almeida / Greenpeace)


As pegadas verdes se espalharam por oito capitais do Brasil: Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. No Rio de Janeiro, o voluntário Rafael Gomes aproveitava o semáforo para conversar com as pessoas: “Não tinha como não ver a árvore estendida ali no asfalto, então elas mesmo perguntavam. Esse foi o momento de discutir a campanha e ouvir o cidadão”.
Já são quase um milhão de assinaturas pelo Desmatamento Zero no Brasil. Entre no site e assine também. Já assinou? Então que tal compartilhar com os amigos, a família e nas redes sociais? É isso que queremos: assim como foi na atividade desse sábado, precisamos de um gesto de toda a sociedade contra os abusos do governo e das empresas sobre a Amazônia.


Árvore colocada nas ruas do Rio de Janeiro pelos voluntários do Greenpeace (©Greenpeace)

Denúncia
Uma investigação de dois anos do Greenpeace no estado do Pará revelou que o atual sistema de controle ambiental brasileiro não é apenas falho, mas alimenta a degradação florestal e o desmatamento.
Frequentemente, em vez de conter o crime, esse sistema é usado para ‘lavar’ madeira produzida de forma predatória e ilegal. Mais tarde, ela será vendida a consumidores do Brasil e do mundo como produto fiscalizado e legalizado.
Entre agosto de 2011 e julho de 2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará, maior produtor e exportador de madeira da Amazônia, não tinham autorização de exploração. No Mato Grosso, segundo maior produtor, esse índice é de 54%.
Para ver a denúncia completa, clique aqui e veja o site animado.


Friday, June 6, 2014

Falando sério sobre mudanças climáticas

Ativistas protestam em Bonn e pedem comprometimento de ministros de Meio Ambiente com energias renováveis e redução de gases do efeito estufa (©Greenpeace)

Mais de 100 pessoas se manifestaram hoje em Bonn, na Alemanha, em frente ao hotel onde os Ministros do Meio Ambiente dos governos que participam das reuniões dos SBI (Órgão Subsidiário de Implementação) da Conferência do Clima da ONU.
Com a mensagem “Nós escolhemos: energias renováveis. Poder popular agora!”, organizações de todos os continentes - incluindo sindicatos, movimentos sociais, grupos ambientais, de gênero e grupos de jovens, grupos indígenas e ONG’s – exigiram ação dos 198 países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Uma declaração foi entregue ao ministro do Ambiente do Peru, Manual Pulgar-Vidal, para o ministro das Relações Exteriores da França, Laurence Tubiana, e para a vice-ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Claudia Caldera, com demandas urgentes de redução de emissões de gases do efeito estufa e o comprometimento de fato com mudanças globais.
A manifestação em Bonn mostrou o crescente apoio público para que atitudes sejam tomadas para evitar as mudanças climáticas e por uma transformação justa das matrizes energéticas. Para Martin Kaiser, chefe da delegação do Greenpeace nas negociações, “ao não se mover para eliminar progressivamente o carvão e o petróleo, os ministros aqui reunidos deixam claro que não estão falando sério sobre limitar o aquecimento global.”
O Brasil também precisa fazer sua parte quando a discussão é mudança climática. Se o país quiser ser um bom exemplo dentro do contexto do novo acordo global de mudanças climáticas – que será firmado em 2015, na COP (Conferência das Nações unidas sobre Mudanças do Clima) de Paris – também terá que cumprir sua parte apresentando metas apresentar metas concretas e ambiciosas de redução de emissões para o período pós-2020 ainda neste ano.

Brasil na luta internacional pelo Ártico

Em busca de apoio pela proteção da região, Greenpeace Brasil apresenta a Declaração Internacional pelo Futuro do Ártico a políticos, empresários e acadêmicos e angaria signatários importantes para a causa

Na linha de cima, da esquerda para direita: Ricardo Abramovay, Oded Grajew, José Eli da Veiga e João Paulo Capobianco. Abaixo, no mesmo sentido: Alfredo Syrkis, Marina Silva e Sergio Xavier. (©Greenpeace)

“O Ártico está mudando diante dos nossos olhos”, alerta a Declaração criada pelo Greenpeace com o objetivo de recolher assinaturas de personagens políticos importantes. A fim de influenciar os países da região a vetarem a exploração de petróleo offshore, a Declaração Internacional pelo Futuro do Ártico chega às mãos de importantes figuras do cenário político nacional.
Políticos, acadêmicos e empresários de prestígio aderiram à causa e somaram o coro pela proteção desse ambiente tão importante para o equilíbrio ambiental do mundo inteiro. O Ártico é ameaçado por empresas de petróleo como Gazprom, Statoil e Shell, que planejam operar no território sem ao menos apresentar um plano de contingência adequado.
São signatários Marina Silva (PSB), Alfredo Syrkis (PSB-RJ), Sergio Xavier (ex-ministro do meio ambiente), Ricardo Abramovay (Instituto de Relações Inernacionais - USP e FEA-USP), Oded Grajew (fundador da Grow Jogos e Brinquedos), José Eli da Veiga (Instituto de Energia e Ambiente - USP), Ana Paula Maciel (ativista do Greenpeace presa ano passado na Rússia), Ana Toni (conselho internacional do Greenpeace) e João Paulo Capobianco (Conama, ICMbio, SOS Mata Atlântica, ISA e ex-diretor executivo do Ministério do Meio Ambiente).
A Declaração pode ser lida na íntegra no site arcticdeclaration.org. Outras importantes lideranças políticas do mundo todo também assinaram, como Yeb Saño (ONU) e o arcebispo Desmond Tutu (Nobel da Paz). A lista completa de signatários pode ser vista aqui.
É preciso, no entanto, mobilizar ainda mais figuras públicas para pressionar efetivamente o cenário internacional. E todos podem ajudar: clique aqui e mobilize pelo Ártico. São três passos simples que podem fazer toda a diferença nessa campanha. O trabalho pelo futuro da região ártica está só começando!

Um elogio, muito a ser feito


Vista aérea da floresta amazônica (© Greenpeace/Marizilda Cruppe)

Ontem, a ONG americana UCS (Union of Concerned Scientists) divulgou um relatório classificando o Brasil como exemplo mundial no combate ao desmatamento e, portanto, de diminuição de emissão de gases que causam o aquecimento do planeta, uma vez que o desmatamento é nossa maior fonte de emissões desses gases.  
O elogio feito ao Brasil é bom e bem-vindo, afinal diminuir a perda florestal é um dos maiores objetivos de nossa atuação ao redor do mundo. Experiências bem sucedidas como a moratória da soja e o compromisso da pecuária, que nasceram e se concretizaram a partir da atuação da sociedade civil, foram absolutamente fundamentais para essa conquista, e demonstram que nem só de governos e governantes dependem as soluções climáticas.
Porém,  o momento atual não pode ser encarado como um sinal de que está tudo bem. Apesar da diminuição nas taxas do desmate, a quantidade de floresta perdida anualmente ainda é vergonhosa e não pode acobertar os gravíssimos problemas que ocorrem no país e que hoje colocam em risco as conquistas alcançadas.  
Um exemplo disso é o Código Florestal, aprovado em 2012, que afrouxou as regras de proteção às nossas florestas e deu anistia a criminosos ambientais. Não à toa, tivemos 28% de aumento do desmatamento na Amazônia após sua aprovação. Não contentes, os setores mais atrasados do agronegócio tentam, no Congresso Nacional, suprimir direitos indígenas e diminuir as áreas protegidas do país, territórios que são, comprovadamente, as maneiras mais eficazes de se combater a derrubada de florestas.  Outra grave situação ocorre no setor madeireiro, um grande vetor de destruição florestal que está fora de controle e dominado pela ilegalidade.
As metas de redução de gases estufa assumidas pelo governo brasileiro e seus resultados foram fruto de uma grande mobilização da sociedade civil. O feito foi e continua sendo extremamente importante para pressionar outros países a fazerem o mesmo. Seus avanços, porém, não podem funcionar com uma cortina de fumaça para esconder os graves e urgentes problemas ambientais e sociais que ainda temos que enfrentar no país.  


Rússia finalmente libera Arctic Sunrise


Arctic Sunrise é levado sob custódia ao porto de Murmansk, na Rússia. 28/09/2013 (© Dmitri Sharomov / Greenpeace)

O Comitê Russo de Investigação informou esta manhã ao Greenpeace que irá suspender a prisão do navio Arctic Sunrise, que permanece sob custódia em Murmansk, na Rússia, desde setembro do ano passado. Na ocasião, ativistas do Greenpeace protestavam contra a exploração de petróleo no Ártico quando tiveram o barco tomado e foram presos pela Guarda Costeira russa.
Segundo Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace Internacional, “milhões de pessoas se posicionaram pela libertação dos 30 do Ártico, e hoje finalmente o último membro do nosso grupo pode voltar para casa”. Para ele, o navio foi preso ilegalmente durante protesto pacífico contra a estatal russa Gazprom, primeira empresa a explorar nas águas do Ártico, e não houve justificativa para mantê-lo sob ivestigação por oito meses.


Arctic Sunrise permaneceu sob investigação no porto de Murmansk por oito meses. (©Dmitri Sharomov / Greenpeace)
 
O navio, que está sem reparos desde o ano passado, passará por uma revisão completa para voltar a atuar com ainda mais força. Além da Gazprom, Statoil e Shell também avançam seus planos de explorar a região.
O Comitê estendeu recentemente por mais dois meses a investigação sobre o protesto contra a Gazprom, até 24 de julho. No entanto, os advogados do Greenpeace foram informados inesperadamente sobre a soltura do Arctic Sunrise em reunião essa manhã, em Murmansk. O navio deverá deixar a Rússia nos próximos dias.

Thursday, June 5, 2014

Pegada verde


A ideia é promover a interação dinâmica entre as pessoas e uma obra de arte estendida na rua. ©Greenpeace/Daniel Beltra

Que tal pintar uma árvore com os pés? Melhor ainda: que tal pintar uma árvore enquanto você caminha e denunciar um sistema ilegal que ajuda a derrubar o que resta de floresta Amazônica de pé no Brasil? Pois bem, a ideia é promover a interação dinâmica entre as pessoas e uma obra de arte estendida na rua, ao mesmo tempo produzindo uma crítica mais do que necessária em oito capitais do Brasil, contra a exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia e o descontrole que impera no setor madeireiro.
 Confira mais informações no site da campanha Chega de Madeira Ilegal.
A atividade “Pegada verde contra a madeira ilegal” será feita por voluntários do Greenpeace espalhados pelas cidades de Manaus, Salvador,  Rio de Janeiro, Recife, Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. O pedestre, ao cruzar a rua, vai colaborar com uma obra de arte pintando com suas pegadas a copa de uma árvore. Agora imagine isso numa grande via, com várias pessoas atravessando para lá e para cá.
Pois é, procuramos exatamente isso: um gesto que mostre toda a sociedade trabalhando junto contra o desmatamento e a degradação na Amazônia. Uma prova concreta disso é a petição pelo Desmatamento Zero, um projeto de lei popular encabeçado pelo Greenpeace que já conta com o apoio de quase 1 milhão de pessoas.
Venha para rua junto com a gente! Veja a seguir os locais das atividades:
Atenção: em caso de chuva, a atividade será cancelada.
SERVIÇO
Recife
Data: 07/06 Sábado
Av. Conde da Boa Vista, próximo ao Cinema São Luís na Ponte Duarte Coelho
10h às 12h
Rio de Janeiro
Data: 07/06 Sábado
Rua Sá Ferreira, esquina com a Av. Nossa Senhora de Copacabana
10h às 12h
Manaus
Data: 07/06 Sábado
Cruzamento da Av. 7 de Setembro com Av. Eduardo Ribeiro
16h30 às 18h30
São Paulo
Data: 07/06 Sábado
Cruzamento da Rua Padre João Manuel com a Av. Paulista
10h às 13h
Brasília
Data: 07/06 Sábado
Praça do Relógio
10h às 12h
Porto Alegre
Data: 07/06 Sábado
Cruzamento da Rua dos Andradas com a Av. Borges de Medeiros
9h30 às 12h
Belo Horizonte
Data: 08/06 Sábado
Parque Municipal
11h às 13h
Salvador
Data: 07/06 Sábado
Largo do Campo Grande. Sinaleira em frente ao TCA
15h às 18h

Greenpeace entrega demandas ao PSB

Em vias de definir o programa de governo, Campos e Marina ouvem propostas do Greenpeace pelo incentivo à mobilidade urbana e eficiência energética no Brasil

Sérgio Leitão, de Políticas Públicas do Greenpeace, entrega as propostas a Eduardo Campos e Marina Silva. (©Greenpeace)

Em evento organizado pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) em São Paulo, Eduardo Campos e Marina Silva apresentaram suas propostas de governo voltadas ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável. O Greenpeace aproveitou a oportunidade para entregar nas mãos do futuro candidato à Presidente do Brasil duas propostas que visam incentivar a mobilidade urbana e a eficiência energética veicular no Brasil.
À mesa, os possíveis presidenciáveis pela aliança PSB e Rede Sustentabilidade ouviram colocações importantes de acadêmicos, políticos e especialistas sobre energia e sua descentralização, manejo de recursos, mudanças climáticas, urbanização e desmatamento, pontuando diretrizes básicas para o crescimento sustentável.
Para o Greenpeace, a indústria automotiva nacional não está alinhada com os padrões internacionais de eficiência energética. A Europa, por exemplo, está instalando novas metas de eficiência energética. "Por isso consideramos necessário que o Brasil pegue essa carona e se comprometa com a mitigação da emissão de gases nocivos e poluentes", defendeu Sérgio Leitão, de Políticas Públicas do Greenpeace.
Grande cidade, muito trânsito
Mobilidade urbana também é assunto quente para a nova plataforma eleitoral. Não à toa, o evento começou com atraso de uma hora por causa do caótico trânsito paulistano em dia de greve dos metroviários. Nesse intuito, apresentamos também uma segunda proposta, que sugere o uso de 2,1% do PIB para mobilidade urbana – ao invés da taxa atual de 0,45%.
“Crescimento sustentável é o planejamento ambiental transversal: é preciso que as propostas sejam avaliadas em todos os setores do governo para garantir total acordo na implementação de políticas ambientais”, disse Marina Silva. Eduardo Campos admitiu que sua militância nunca foi pelo meio-ambiente, mas que as causas sociais na qual trabalhou o aproximaram indiretamente da questão ambiental.

Ministro da Justiça: "PEC 215 é inconstitucional"


Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma novamente em audiência na Câmara que PEC 215 é inconstitucional (Viola Jr. / Câmara dos Deputados).

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi confrontado pela bancada ruralista em uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (04). Convocado para "prestar esclarecimentos" sobre a morte de dois produtores agrícolas em Faxinalzinho (RS), ele defendeu o uso da mediação como forma de resolver conflitos envolvendo proprietários rurais e povos indígenas no país, e aproveitou a ocasião para afirmar, mais uma vez, que considera inconstitucional a PEC 215, uma vez que ela fere cláusulas pétreas.
Após sinalizar às lideranças indígenas, na semana passada, que vai manter a suspensão dos processos demarcatórios, ele defendeu, hoje, que “a mediação é a única saída viável para evitar que a solução dos conflitos venha por via judicial, o que poderia resultar em anos de espera até a decisão final.” O ministro pediu o apoio dos parlamentares para as mediações, evitando mais conflitos.
Ele afirmou que, dos dois lados, há quem não esteja disposto a negociar. “Há pessoas, seja por questões ideológicas ou eleitorais, insistindo em incitar a violência. Há pessoas, dos dois lados que, por vezez, buscam mais o confronto do que o entendimento. buscam mais a guerra do que a pacificação. Que por vezes parecem tentar apagar incêndio com querosene”, destacou, afirmando que “nenhum tipo de crime será tolerado”.
O deputado Luís Carlos Heinze (PP-RS), protagonista de vídeo em que claramente incita a violência e o preconceito contra povos indígenas, quilombolas e homossexuais, foi quem pediu a convocação de Cardozo e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. O parlamentar acusou o governo de ser lento na resolução dos conflitos. "Se o governo não consegue resolver a questão, então que essa decisão fique com o Congresso", disse Heinze, defendendo a aprovação da PEC 215, que tira do Executivo e transfere ao Legislativo a competência sobre a demarcação de terras indígenas.
Quanto à Proposta de Emenda à Constituição, Cardozo citou o filósofo francês Montesquieu para dizer que um poder não pode realizar as mesmas funções típicas de outro poder, salvo em casos previamente autorizados pela Constituição, nos chamados atos atípicos. “Logo, não pode uma PEC tirar uma competência típica do Executivo e repassá-la ao Legislativo”, sustentou o ministro, acrescentando que a PEC não resolveria o problema.
Já o ministro Gilberto Carvalho rejeitou as críticas dos ruralistas de que a demarcação de terras prejudique ou ameace a agricultura, afirmando que não se trata de grandes extensões de terra. "No Mato Grosso do Sul, o total de terra indígena demarcada é de 2,28% de todo o estado. no Rio Grande do Sul, esse total é de 0,39% e, no máximo, chegará a 1,5% com futuras demarcações", exemplificou.
Movimento indígena se recusa a participar de Comissão Especial
Enquanto isso, a Comissão Especial formada para analisar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 215) – que pretende transferir ao Congresso Nacional a decisão de formalizar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas – vem promovendo audiências públicas em várias regiões do país, mesmo sem convidar formalmente as organizações indígenas e indigenistas.
Nesta quinta-feira (05), está convocada uma nova reunião na Câmara dos Deputados. Em resposta a isso, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou uma nota pública para explicar porque as organizações não estão participando das audiências.
De acordo com o documento, o movimento indígena e indigenista já deixou clara sua oposição à proposta e considera que as audiências têm um único objetivo: eleitoral. “Os parlamentares ruralistas tentam transformar a luta de um grupo minoritário de latifundiários contra demarcação das terras indígenas em plataforma política”, denuncia o texto. Junto com outras entidades, o Greenpeace também é signatário da carta.
Veja aqui a íntegra da nota

Wednesday, June 4, 2014

Bikes no Plano Diretor de São Paulo


© Steve Morgan / Greenpeace

“Ficamos felizes com os resultados”. Membro da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo), Daniel Guth saiu animado da Câmara dos Vereadores na última terça-feira. Foi ali, numa reunião da Frente Parlamentar de Mobilidade Urbana, que o vereador Nabil Bonduki (PT) apresentou seus últimos retoques no texto do Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo. E as bicicletas estavam presentes em várias linhas. “Incluíram pratciamente tudo o que pedimos”, comemorou Daniel.
Segundo o ciclista, o PDE planeja medidas como implantar infraestrutura cicloviária em locais onde hoje são vagas de estacionamento para carros e adaptar viadutos para a circulação de pedestres e ciclistas. Um outro artigo polêmico do texto, que antes previa restringir o trânsito de bicicletas apenas às vias de menor movimento, também foi derrubado. “Batemos o pé, porque isso era inclusive contra o Código de Trânsito Brasileiro. A circulação das bikes tem que ser garantida em todas as vias, independentemente de sua característica”, defendeu.
Durante a reunião, os cicloativistas também entregaram uma carta-manifesto assinada por várias organizações e coletivos, entre elas o Greenpeace. O documento pedia que o Plano Diretor estabeleça a destinação obrigatória de 10% dos recursos da Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) em obras do sistema cicloviário. Atualmente, os recursos do Fundurb são aplicados em habitações de interesse social, no transporte coletivo e em melhoramentos em vias estruturais. Caso a proposição dos 10% seja acolhida, R$ 50 milhões estariam garantidos para obras de infraestrutura voltadas às bikes.
O vereador Nabil Bonduki levou a ideia à prefeitura, que propôs dividir 30% dos recursos do Fundurb entre transportes coletivos e não-motorizados. As organizações de ciclistas, porém, acharam injusto: os transportes públicos demandam um imenso volume de recursos e, por isso, as opções não-motorizadas sempre sairiam perdendo nessa balança. O vereador, então, prometeu retomar essa conversa com o prefeito Fernando Haddad e com os demais vereadores. A previsão é que o PDE seja finalizado nas próximas semanas.