Tuesday, July 30, 2013

Tailândia manchada de óleo

O Golfo da Tailândia foi atingido por um vazamento de 50 mil litros de petróleo na semana passada. A empresa estatal tailandesa PTT Public é a responsável pelo acidente que afetou a principal região de pesca e turismo do país. Apesar das operações para limpeza da área já terem começado, ainda há muito a ser feito, uma vez que a empresa petrolífera não possui sequer um plano para lidar com eventos como este.
O acidente aconteceu na sexta-feira, 27 de julho, quando o petróleo era transferido de um navio-tanque para o oleoduto de uma das refinarias da PTT. Em 30 anos, as águas tailandesas sofreram mais de 200 derramamentos de petróleo, sem contar que a PTT já teve uma de suas subsidiárias envolvidas em um dos maiores acidentes da história da Austrália, em 2009.
A dependência mundial de óleo para gerar energia obriga empresas e governos a procurarem mais fontes não convencionais de petróleo, em locais distantes e que exigem tecnologias cada vez mais avançadas. Essa combinação explica porque temos visto tantos acidentes, como o do Golfo do México, em 2010, e o que envolveu a Chevron no Campo do Frade, no Brasil, em 2012. Se queremos evitar vazamentos e ainda diminuir as emissões de gases efeito estufa, precisamos investir em fontes limpas e renováveis de energia.
Os planos de exploração no Ártico liderados pela gigante anglo-holandesa Shell e o próximo leilão do pré-sal marcado para outubro no Brasil servem como alertas de que mais acidentes ainda vão acontecer se continuarmos inertes. É o momento de o mundo investir na revolução energética ao invés de insistir em práticas ultrapassadas e sujas que prejudicam o meio ambiente.*Fabiana Alves é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

Papo Greenpeace com Fernando Rossetti

Nesta quinta-feira (01/08), às 20 horas, acontecerá o Papo Greenpeace com o antropólogo e jornalista Fernando Rossetti, novo diretor-executivo do Greenpeace Brasil. Ele contará a vocês sobre esse novo desafio que é dirigir o Greenpeace e sobre responderá às dúvidas dos internautas.

Fernando Rossetti, 51, decidiu encarar o movimento ambiental e se candidatar ao cargo de diretor-executivo do Greenpeace Brasil – tudo com o apoio e torcida de suas duas filhas. Agora, a frente de uma das mais influentes ONGs ambientais do país, seu desafio será repensar a representatividade do Greenpeace diante dos novos movimentos que vem surgindo das ruas e ampliar o diálogo com a sociedade.

Martírio público

Fim de julho, fim das férias. Com milhões de estudantes voltando às ruas, o martírio do deslocamento pelas grandes cidades volta ao seu ápice. E um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) dá o tom do drama. Segundo divulgou o jornalista Alexandre Garcia, do Bom Dia Brasil, o documento classifica como “desoladora” a situação do transporte urbano no país.
O crescimento desordenado das cidades, o uso cada vez maior de automóveis e a desarticulação entre planejamento e demanda real de transportes formam os ingredientes para o caos na mobilidade, aponta o relatório. “Isso causa congestionamentos cada vez maiores, baixa adesão do público ao transporte coletivo pela falta de conforto, de pontualidade, de segurança, falta de capilaridade e pela baixa qualidade das vias urbanas”, comentou o jornalista.
Longe de serem exceção, esses problemas são vividos diariamente por milhões de brasileiros. A assistente social Lucia Helena é uma delas: às 5h já está saindo de casa, para chegar ao trabalho às 7h. O retorno ao lar só vem mais de 12 horas depois: às nove da noite. “As mais de três horas que gasto indo e vindo são estressantes, que tiram minha qualidade de vida”, diz, e afirma que o deslocamento acaba sendo mais desgastante que a jornada de trabalho.A história de Lucia está no novo capítulo da websérie Cadê, que o Greenpeace vem produzindo nos últimos meses. A ideia é levantar o debate sobre a necessidade dos Planos de Mobilidade Urbana das grandes cidades, que deve garantir a todos os cidadãos acesso a um sistema de transporte coletivo de qualidade, eficiente e que atenda às suas necessidades.

Juventude mobilizada

Durante JMJ, Pastoral da Juventude (PJ) fez passeata para pedir por direitos sociais dos jovens. Bandeira do desmatamento zero também estava la. Foto: Greenpeace/Rafael Daguerre

Foi apenas uma semana. Mas tempo suficiente para que milhares de católicos conhecessem – e apoiassem – o movimento pelo Desmatamento Zero. A presença do Greenpeace na Jornada Mundial da Juventude rendeu muita conversa, debates e mostrou como uma grande quantidade de religiosos carrega na veia a causa socioambiental.
Um deles chama-se Thiesco Crisóstomo. Militando há anos na Pastoral da Juventude, da qual hoje é secretário nacional, Thiesco é natural do Piauí, mas tem suas raízes na Amazônia. Na década de 80, quando os tratores começavam a avançar sobre a região, ele mudou-se, ainda pequeno, para Marabá, no Pará, cidade encravada numa das regiões mais afetadas pelo desmatamento e por conflitos de terra.
“Vivo na Amazônia, mas você não consegue visualizar a floresta ali: ela foi extremamente reduzida. É uma região que já foi riquíssima em recursos naturais, e hoje é muito pobre em termos sociais”, diz ele. “O desmatamento zero é muito relevante, para preservar os pequenos espaços de floresta que restaram, e para que o agronegócio não continue avançando sobre esses locais”.
Militante de berço, Thiesco ajudou a introduzir pautas socioambientais na programação da JMJ, e foi um dos organizadores da Marcha Mundial das Juventudes, que na última sexta-feira arrastou centenas de jovens pelas ruas de Copacabana. Com o tema "Chega de violência e extermínio de jovens", eles pediram justiça social e respeito à juventude, principalmente a das periferias.
“É muito importante que os jovens se engajem nessas lutas. O dinamismo da juventude pode gerar uma força de mudanças estruturantes”, aposta ele. “Somos um potencial enorme se conseguirmos nos organizar e pensar pautas coletivas. Na medida em que a gente vai ‘se ajuntando’, como se diz lá no norte, vamos formando uma grande força para uma nova sociedade”.

Friday, July 26, 2013

Ela nos processou - e perdeu

Senadora Kátia Abreu perde processo movido contra o Greenpeace Brasil por danos morais. Decisão dos desembargadores foi unânime e assegura liberdade de expressão.

Em 2009, três ativistas do Greenpeace foram detidos no Senado após tentarem entregar à senadora Kátia Abreu (DEM-TO) uma faixa de Miss Desmatamento. 

A Justiça deu razão ao Greenpeace em uma ação movida pela senadora ruralista Katia Abreu pedindo indenização por danos morais, após a organização realizar um protesto no Senado em 2009 referindo-se a ela como "miss desmatamento". Na época, Kátia era relatora da MP 458, conhecida como "MP da Grilagem" por permitir a legalização da invasão de terras na Amazônia.
A decisão unânime dos desembargadores Waldir Leônio Lopes Júnior, J.J. Costa Carvalho e Sérgio Rocha indica que "não houve (...) exercício abusivo da liberdade de manifestação do pensamento e da expressão" e que "a liberdade de pensamento não pode ser tolhida nesse caso, já que atende plenamente ao interesse da sociedade".
Em tempos em que o Brasil de Brasília, onde abundam os interesses obscuros, se contrapõe ao Brasil das ruas, em que a população clama pelo melhor uso de seus recursos, uma decisão como essa lembra a todos que a liberdade de expressão é uma das ferramentas mais poderosas dos cidadãos para questionarem o que está errado.
“Essa decisão não é só favorável ao Greenpeace e à sua atuação. Ela representa um avanço democrático para o todo o país”, diz Fernando Rossetti, diretor-executivo do Greenpeace Brasil. “Nunca iremos nos calar diante das ameaças que o meio ambiente sofre”, conclui.
“A decisão da Justiça é marcante e versa sobre algo muito mais amplo do que liberdade de manifestação. O que os desembargadores entenderam é que, como senadora, Kátia Abreu necessita dar satisfação de sua atuação pública e pode ser questionada por isso”, diz Fernando Furriela, advogado do Greenpeace Brasil.
O Greenpeace é uma organização ambientalista independente. Não recebe dinheiro de políticos, governos nem empresas - nosso trabalho é financiado apenas por indivíduos e aplicado na busca por um mundo mais equilibrado. É essa independência que nos permite cumprir nossa missão: expor os crimes ambientais e desafiar os tomadores de decisão a reverem seus conceitos.
A natureza precisa de ajuda. Junte-se a nós na busca de um país grandioso sim, que sabe conciliar crescimento com preservação.

Doação na JMJ

Família Carrara, que doou R$ 130 em moedinhas (© Greenpeace) 

Hoje a equipe do Greenpeace que está na Jornada Mundial da Juventude foi surpreendida por uma doação inusitada. Centenas de moedinhas somando cerca de R$ 130 foram entregues na nossa tenda montada no Riocentro. Elas foram arrecadadas em um velário eletrônico – aquela caixa de velas que recebe moedas em troca do acendimento das velas enquanto os fiéis fazem pequenas orações.
A caixa pertencia a uma família que produz e vende artigos religiosos e está com um espaço de exposição no Riocentro. “A gente não tinha objetivo comercial com as velas, por isso sentimos que o dinheiro não era nosso”, conta Eduardo Carrara, dono da fábrica.
“A princípio pensamos em gastar tudo em cerveja, mas, como já tínhamos conhecido a tenda no Greenpeace aqui na JMJ, achamos melhor doar para ajudar”, brincou Pedro Carrara, sobrinho de Eduardo.
O Greenpeace não aceita dinheiro de empresas, governos e partidos políticos. Você também pode nos ajudar com doações ou participando das nossas campanhas. Junte-se a nós!

Thursday, July 25, 2013

Hoje mesa de debate ao vivo na JMJ

Hoje, às 19h30 ao vivo no nosso blog, acontecerá o primeiro debate de uma agenda de debates para os próximos dias de JMJ. A mesa de debate será sobre os desafios socioambientais da humanidade e juventude e terá a participação do Marcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace.
Venha participar conosco. A mesa acontecerá na Paróquia Santa Bernardete na Avenida dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro - RJ. A Paróquia fica próxima a estação Maria da Graça. E caso você não possa comparecer, acompanhe a transmissão ao vivo aqui abaixo.

Carvão suja leilão

Ativistas foram às ruas de Florianópolis para alertar a população sobre os problemas ambientais e de saúde provocados pelo uso de carvão em termelétricas. Durante protesto, os ativistas fingiram estar doentes. (©Greenpeace/Rodrigo Petterson) 

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou ontem os editais das licitações para os dois leilões de energia marcados para agosto. No dia 23, o leilão de energia de reserva será voltado para parques eólicos uma vez que a necessidade de linhas de transmissão para escoar a atual produção brasileira é urgente. Tanto é que consumidores tiveram que remunerar usinas eólicas construídas dentro do prazo, mas que não entregaram a energia ao mercado justamente por atrasos nas obras de transmissão.
Já o leilão do dia 29 será misto para hidrelétricas, termelétricas a carvão, gás e biomassa. As térmicas movidas a carvão não podiam participar dos leilões desde 2009 e preocupam o setor das energias renováveis uma vez que o governo dá cada vez mais sinais de que vai deslocar a matriz brasileira das renováveis para as fontes sujas.
Sérgio Abranches, analista político, afirmou hoje em comentário para a Rádio CBN que “as termelétricas a carvão além de representarem poluição e emissão de gases estufa, são caras”. O governo passou por um aperto no começo do ano já que com a seca dos reservatórios permaneceu muito tempo com as térmicas ligadas. Algumas das térmicas alcançaram o preço de R$800/MWh, valor que ao final pesou no bolso dos consumidores.

“É importante termos uma parcela de termelétricas na matriz energética brasileira, mas não a carvão. Em um país que possui um potencial enorme de renováveis não precisamos de fontes sujas e poluentes, e se for para investir em térmelelétricas que sejam a gás natural que apresentam emissões até 70% menores do que o carvão”, afirmou Renata Nitta, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Direitos indígenas violados

Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace 

Lucia Rangel, doutora em antropologia pela PUC-SP, fará parte da mesa de debate “Desafios Socioambientais atuais – Um panorama dos conflitos na Amazônia”, amanhã, dia 25, que será uma das atividades promovidas pelo Greenpeace na Jornada Mundial da Juventude.
A antropóloga foi coordenadora do relatório “Violência Contra os Povos Indígenas”, publicado em 2012, pelo CIMI (Conselho Indigenista Missionário). Abaixo, leia a entrevista sobre os desafios que os povos indígenas enfrentam atualmente.

Como o atual modelo de desenvolvimento afeta os povos indígenas?
O desenvolvimento brasileiro é resultado da violação dos direitos indígenas. Há uma imposição de um padrão desenvolvimentista, de um modelo de sociedade mais valorizado. Os direitos indígenas vão sendo solapados e, se eles resistem, são vistos como atrasados.
Quais foram os principais problemas identificados no relatório do CIMI sobre os povos indígenas?A violência causada pelo desmatamento, garimpo e a pesca ilegais tem aumentado muito e é muito preocupante. Esses episódios não são realizados apenas contra os povos indígenas, mas contra todas as comunidades ditas tradicionais ou que têm atividades que dependem dos recursos da floresta. Todos eles estão sendo atingidos por essas ações irresponsáveis e extremamente destruidoras.
Quais fatores têm agravado essa situação?Nos últimos dois, três anos, desde que começou a discussão do novo Código Florestal, o desmatamento tomou uma proporção absurda. Os grandes projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também são obras que têm afetado as áreas indígenas de uma maneira muito desrespeitosa.
Como a senhora vê a aproximação do público da Jornada Mundial da Juventude com as questões da Amazônia?A Igreja Católica desenvolve trabalhos sociais muito relevantes junto às comunidades carentes, tanto na cidade, como no campo. Eles são muito presentes nas questões sociais. Além disso, é interessante também que seja um público jovem, pois é uma oportunidade de conscientização a respeito dos problemas do Brasil. É muito relevante discutir as questões da nossa sociedade para que as pessoas não saiam por aí espalhando ideias preconceituosas e racistas sobre quem vive no campo.
O que a senhora acha da campanha do Greenpeace pelo Desmatamento Zero?Eu apoio e já assinei a petição. O fim do desmatamento é muito importante para a questão indígena. Ele é importante por nos fazer pensar um novo modelo, refletir e optar por ações que sejam compatíveis com um modo de vida mais justo e equilibrado.

Tuesday, July 23, 2013

O último dia

Equipe expedicionária do Greenpeace, formada por 15 pessoas incluindo Alejandro Sanz (©Greenpeace/Pedro Armestre)


O quinto dia da expedição Salve o Ártico foi marcado pela superação. A equipe do Greenpeace conseguiu alcançar a plataforma polar ártica, uma região de difícil acesso. O grupo teve a plataforma como paisagem ao longo de quase toda a viagem, mas alcançar a segunda maior massa de gelo do planeta foi muito impactante para todos os integrantes.
Após sair de Kulusuk em pequenos botes e navegar duas horas por entre icebergs, o primeiro acesso à plataforma ártica foi alcançado. Ao desembarcar, uma surpresa até para os Inuits: o que era gelo no verão passado, neste ano virou praia. Lars, um dos guias Inuits, explicou que há 11 meses o gelo se espalhava por pelo menos mais um quilômetro. “Mais uma vez testemunhamos evidências dos efeitos causados pelas mudanças climáticas no Ártico, presentes ao longo de toda a expedição” comentou Laura Perez, diretora de comunicação do Greenpeace Espanha.
No verão, o degelo afeta 95% de sua superfície, o que faz a plataforma perder um volume de gelo equivalente a um estádio de futebol a cada três minutos. Para piorar, essa área está ameaçada pela exploração de petróleo, uma vez que as empresas enxergam no degelo uma oportunidade de descobrir novas zonas de perfuração.
Já sobre a plataforma de gelo, os quinze membros da expedição, entre os quais se encontra Alejandro Sanz, embaixador da campanha Salve o Ártico, se amarraram com uma corda e empunharam seus machados de gelo para continuar a exploração. O grupo percorreu a plataforma polar por horas, desviando de rachaduras de até 800 metros com verdadeiros rios subterrâneos. Na volta, percorreu-se a massa de gelo por mais algumas horas, às vezes sendo necessário voltar para encontrar caminhos alternativos.
“A beleza deste lugar é extrema. Ao subir nos botes para partirmos, vimos uma enorme lua vermelha, em plena luz do dia, já que no verão aqui não anoitece”, disse Laura Perez. Uma enorme baleia veio marcar a despedida do grupo da plataforma polar ártica, o que deixa mais difícil ainda de compreender, segundo Laura, porque as empresas petrolíferas elegeram essa região para perfurar e extrair petróleo, com o risco de que um vazamento tinja para sempre de preto a vida deste lugar.
“Bom, finalmente chegamos ao fim da expedição. Alcançamos a plataforma polar ártica, estamos no polo Norte. Mas nosso trabalho não termina aqui, nossa luta é continuar até que a campanha Salve o Ártico seja uma relaidade” concluiu Alejandro Sanz.
Se você já assinou a petição Salve o Ártico, compartilhe com seus amigos. Ainda há tempo de deter a Shell, Gazprom e outras companhias de perfurarem o Ártico. E para quem ainda não assinou, não perca essa chance de fazer a diferença. Vamos transformar o Ártico num “santuário protegido”, isolado das intervenções humanas e das atividades predatórias.

Sunday, July 21, 2013

Uma jornada ambiental

Uma enorme tenda verde chamava atenção, neste sábado, no Centro de Convenções Rio Centro, no Rio de Janeiro. Era o Greenpeace, marcando presença na inauguração da Cidade da Fé, um dos espaços da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) – um encontro que reúne milhões de jovens católicos do mundo inteiro a cada dois anos.
Convidado a participar do evento, para discutir a pauta socioambiental com o público católico, o Greenpeace aceitou o desafio. E os visitantes não fizeram feio: em poucas horas, mais de 150 pessoas assinaram pela campanha do desmatamento zero – um projeto de lei de iniciativa popular que já conta com o apoio de milhares de brasileiros.
“Proteger nossas florestas é, antes de tudo, proteger a vida. Milhões de espécies – incluindo nós, humanos – dependem dela direta e indiretamente para viver”, observa Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Por isso, faz todo sentido dialogarmos com o público da JMJ, que tem o respeito à vida como valor fundamental. Ter esses jovens engajados em nossas campanhas é um enorme ganho”.
E para fortalecer e aprofundar ainda mais essa mobilização, o Greenpeace reservou uma agenda de debates para os próximos dias de JMJ. Abaixo, você fica sabendo os detalhes. Compartilhe com seus amigos e compareça.

MESAS DE DEBATES 
dia 25/7, 14h
Desafios Socioambientais atuais - Um panorama dos conflitos na Amazônia
-Lucia Rangel – doutora em antropologia pela PUC-SP e assessora do Cimi  (Conselho Indigenista Missionário).
-Irmã Henriqueta Cavalcante - coordenadora da Comissão de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no Pará e Amapá.
-Francisco Crisóstomo (Thiesco)  - Secretário Nacional da Pastoral da Juventude
-Danicley de Aguiar – campanha Amazônia do Greenpeace
-Paulina Chamorro – apresentadora e editora da rádio Estadão
Local: Centro de Convenções Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555, Barra da Tijuca, Auditório do Pavilhão 2
dia 26/7, 11h
Desmatamento Zero – Um novo modelo de desenvolvimento é possível
-Chico Whitaker – ativista político, um dos articuladores da Lei da Ficha Limpa
-Marlon Roza - coordenador nacional da Juventude Palotina do Brasil
-Mary Cohen - Comissão de Justiça e Paz da CNBB, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB no Pará
-Dom Enemésio Lazzaris – presidente da Comissão Pastoral da Terra.
-Marcio Astrini - coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace
Local: Centro de Convenções Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555, Barra da Tijuca, Auditório do Pavilhão 2
Visite também nossas tendas e saiba mais sobre as nossas campanhas. (Traga uma camiseta clara para participar da oficina de camisetas da campanha do Desmatamento Zero).
-Riocentro – Av. Salvador Allende, 6555 - Barra da Tijuca, Pavilhão 2, stand 117
20 a 26/7, 11h às 20h
-Paróquia Santa Bernadete - Av. dos Democráticos, 896, Higienópolis
22/7 15h às 19h, 23/7 9h às 18h e 24 a 26/7 13h às 18h.

Saturday, July 20, 2013

O labirinto de icebergs

Foi necessário usar um arpão quebra-gelo para poder abrir passagem entre os icebergs (©Greenpeace / Pedro Armestre) 

Nove horas de navegação entre icebergs, zero grau e uma paisagem maravilhosa. Esse poderia ser o resumo do 4º dia de expedição de Alejandro Sanz e o grupo de jornalistas, cientistas e exploradores do Greenpeace no Ártico. Se no dia anterior os termômetros bateram 20°C, hoje a sensação de 0° a 2° graus negativos foi determinante para o cansaço físico e psicológico do grupo.
Os guias Inuits que acompanham os viajantes comentaram que de uns anos para cá o “clima ficou imprevisível” e que inclusive para eles, nativos da região, ficou difícil de prever as temperaturas. Mais uma vez foi possível ver os efeitos das mudanças climáticas no Ártico.
Com essa sensação térmica, entre placas de gelo e mar aberto, é difícil manter a temperatura corporal. E embora o grupo tenha reagido com risadas quando uma das três lanchas deixou de funcionar, as várias horas de navegação e o resfriamento do corpo mostraram que a aventura não seria tão fácil. Somado ao espaço reduzido, aos efeitos das correntes marítimas e aos grandes icebergs que fechavam o caminho, formando um labirinto, a viagem começou a ficar perigosa.
Felizmente essas embarcações são as ferramentas de trabalho dos Inuits, o que possibilitou encontrar desde linhas e anzois até arpões quebra-gelo, que ajudaram a equipe em casos de encalhamento entre os icebergs, como pode ser visto no vídeo.
No final, graças à maestria dos Inuits, os viajantes conseguiram sair do labirinto de icebergs. O povoado de Kulusuk, destino final do dia, foi alcançado com um sentimento de superação, embora o maior desafio ainda está por vir: alcançar a plataforma polar ártica, a segunda maior massa de gelo do planeta.

A campanha Salve o Ártico pede a proteção desta última fronteira natural, tão ameçada pela exploração petrolífera de empresas como Shell e Gazprom e pela pesca em escala industrial. Alejandro Sanz assumiu esse compromisso com o Greenpeace, e tem como objetivo difundir a campanha e conseguir o maior número possível de assinaturas. Com isso, podemos pedir à ONU que reconheça a região como um “santuário protegido”. Até agora mais de 3,5 milhões de pessoas de todo o mundo já assinaram a petição.
Faça a sua parte, assine a petição você também e ajude a salvar o Ártico!

De camiseta no Ártico

Pesquisadora do Greenpeace de camiseta no Ártico (©Greenpeace/Pedro Armestre)  

Ontem, no terceiro dia de expedição no Ártico, o grupo de viajantes do Greenpeace, do qual o o cantor espanhol Alejandro Sanz faz parte, subiu o monte Tiniteqilâq, na Groenlândia. Com  417 metros de altura, foi necessário muito tempo de escalada porque a cada passo era necessário remover grandes rochas, antes congeladas.



Escalando o monte Tiniteqilâq, na Groenlândia (©Greenpeace/Pedro Armestre) 


Num lindo cenário de gelo e mar, os viajantes acabaram retirando suas malas, camisetas térmicas, luvas e gorros porque os termômetros marcavam espantosos 20°C.
Os cientistas estimam que dentro de 10 a 20 anos o Ártico não terá mais gelo no verão. “Hoje, para nossa tristeza, sentimos na pele as mudanças climátias no Ártico” disse Laura Perez, diretora de comunicação do Greenpeace Espanha. “Temos que salvar o Ártico. É urgente”, completou Perez.

Vista do monte Tiniteqilâq, na Groenlândia (©Greenpeace/Pedro Armestre)

A campanha Salve o Ártico pede a proteção desta última fronteira natural, tão ameçada pela exploração petrolífera de empresas como Shell e Gazprom e pela pesca em escala industrial. Junto de Alejandro Sanz, embaixador da campanha, o Greenpeace pede o reconhecimento da região como um santuário protegido, isolado das intervenções humanas.

Greenpeace na JMJ

© Rodrigo Paiva / Greenpeace 

O Greenpeace vai participar da Jornada Mundial da Juventude para discutir com os jovens católicos os desafios socioambientais do momento e o modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil.
Teremos duas tendas onde o público poderá ficar por dentro das ações do Greenpeace. Uma será montada no Centro de Convenções Riocentro, na Barra da Tijuca, e a outra na Paróquia Santa Bernadete, em Higienópolis. Quem passar por elas vai conhecer a campanha pelo Desmatamento Zero, que visa a reunir o apoio de milhões de brasileiros para a aprovação de uma lei de iniciativa popular pelo fim do desmatamento.
Vamos também promover duas mesas de debates para discutir temas relacionados ao desmatamento e aos conflitos da Amazônia. Se você estiver no evento, não perca a nossa programação e aproveite a oportunidade de se engajar para ajudar a construir um mundo mais justo e solidário.
MESAS DE DEBATES 
dia 25/7, 14h
Desafios Socioambientais atuais - Um panorama dos conflitos na Amazônia
-Lucia Rangel – doutora em antropologia pela PUC-SP e assessora do Cimi  (Conselho Indigenista Missionário).
-Irmã Henriqueta Cavalcante - coordenadora da Comissão de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no Pará e Amapá.
-Francisco Crisóstomo (Thiesco)  - Secretário Nacional da Pastoral da Juventude
-Danicley de Aguiar – campanha Amazônia do Greenpeace
-Paulina Chamorro – apresentadora e editora da rádio Estadão
Local: Centro de Convenções Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555, Barra da Tijuca, Auditório do Pavilhão 2
dia 26/7, 11h
Desmatamento Zero – Um novo modelo de desenvolvimento é possível
-Chico Whitaker – ativista político, um dos articuladores da Lei da Ficha Limpa
-Marlon Roza - coordenador nacional da Juventude Palotina do Brasil
-Mary Cohen - Comissão de Justiça e Paz da CNBB, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB no Pará
-Dom Enemésio Lazzaris – presidente da Comissão Pastoral da Terra.
-Marcio Astrini - coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace
Local: Centro de Convenções Riocentro - Av. Salvador Allende, 6555, Barra da Tijuca, Auditório do Pavilhão 2
Visite também nossas tendas e saiba mais sobre as nossas campanhas. (Traga uma camiseta clara para participar da oficina de camisetas da campanha do Desmatamento Zero).
-Riocentro – Av. Salvador Allende, 6555 - Barra da Tijuca, Pavilhão 2, stand 117
20 a 26/7, 11h às 20h
-Paróquia Santa Bernadete - Av. dos Democráticos, 896, Higienópolis
22/7 15h às 19h, 23/7 9h às 18h e 24 a 26/7 13h às 18h.

Metas para São Paulo: quando, onde e como?

Atividade em São Paulo cobrindo o Plano de Mobilidade Urbana. ©Greenpeace/Otávio Almeida 

Todo governo deve planejar as ações e intervenções que fará na estrutura física e administrativa da cidade, do Estado ou até mesmo do País.
Na cidade de São Paulo, parte desse planejamento foi apresentada à população em março, quando o Prefeito Haddad publicou seu Programa de Metas, contendo ações estratégicas e 100 metas que pretende cumprir até 2016, das quais cerca de 10 dizem respeito à mobilidade urbana.
Tão importante quanto planejar o quê é responder outras perguntas da equação: como, quanto, quando e onde. Algumas dessas respostas saíram a fórceps durante os protestos contra o aumento da tarifa, ocasião em que Haddad disse que a instalação de corredores e faixas de ônibus seria acelerada.
Hoje, com a publicação da Lei 15.841/2013, que estabelece as Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano que vem, e traz como anexo o mencionado Programa de Metas, outras respostas, referentes ao quando, são elucidadas.
De acordo com a previsão feita na LDO, dos 400 km de vias cicláveis previstos até 2016, 340 serão implantados no ano que vem. Todos os 150 km de corredores de ônibus terão suas obras (ao menos) iniciadas também em 2014. Também em 2014 serão implantados o projeto piloto de transporte público 24h e 240.000m² de passeios públicos acessíveis, pouco mais de ¼ do que deve ser feito até 2016.
Apesar dos esclarecimentos, ainda é preciso que se diga o que a Prefeitura entende por vias cicláveis (que podem ser ciclovias, ciclofaixas, ciclorrotas) quais locais serão beneficiados com as intervenções planejadas e qual o calendário detalhado das obras.
Acima disso, é preciso explicar em que momento essas ações vão se encontrar e integrar um planejamento mais completo, que abranja todos os modais e dê os contornos da cidade que queremos ter no futuro: com uma melhor mobilidade e, consequentemente, mais qualidade de vida. Esse planejamento já tem nome e, apesar de não ter sido contemplado nas metas de SP, precisa ser feito, de forma participativa, o quanto antes. Se isso não ocorrer, a cidade que nunca dorme, e que tem o 6º pior trânsito do mundo, corre o risco de parar.
O Greenpeace acompanha a elaboração dos Planos de Mobilidade Urbana da capitais brasileiras. Quer saber mais? Acesse o site da campanha.

Perigo no ar

© Ulet Ifansati / Greenpeace 

Em junho uma grande névoa de poluição invadiu o céu da Malásia e da Cingapura, no Sudeste Asiático. O fenômeno, segundo  Yuyun Indradi, da campanha de florestas do Greenpeace do Sudeste Asiático, resulta de décadas de desmatamento e drenagem desmedida de terras turfosas (um tipo de solo que acumula muita matéria orgânica e, por consequência, concentra alto teor de carbono que, quando liberado, contribui para formar as resistentes nuvens que atravessam fronteiras e invadem diferentes cidades da região).
As indústrias produtoras de óleo de palma, muito utilizado na fórmula de alimentos como chocolates, massas e margarinas, representam a maior fatia dos que demandam por novas áreas de plantio, principalmente na Indonésia e Malásia. E insistem na perigosa fórmula de destruição das florestas e terras turfosas, o que vem provocando a multiplicação de queimadas e o aumento da poluição no campo e nos centro urbanos.
Ontem, dia 17, enquanto a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático se reunia para discutir soluções para combater o problema que afeta suas populações e reduz drasticamente a qualidade de vida nas grandes metrópoles, o Greenpeace divulgou uma declaração oficial sobre o tema e expôs histórias de vidas afetadas pelo crescente número de incêndios.
“Demandamos que as empresas e os governos se comprometam com o fim da destruição das florestas e das terras turfosas e endureçam as leis para protegê-las”, disse Yuyun Indradi, que também pediu a revisão das concessões existentes para exploração de terras turfosas e florestas, além do aumento da transparência nas novas concessões. “A Associação das Nações do Sudeste Asiático precisa ir além das palavras no sentido de fortalecer as ações preventivas”, completou, ressaltando a necessidade de implementação de um sistema de avaliação de impacto ambiental transfronteiriço no tratado já existente entre os países membros.
Leia a petição do Greenpeace do Sudeste Asiático (em inglês).

Ares de velório no Dia de Proteção às Florestas

No dia que supostamente se comemora a preservação das florestas, o que a Amazônia ganha na realidade são mais alertas de desmatamento (© Greenpeace / Daniel Beltrá). 

No plano lúdico das ideias, hoje é comemorado o Dia de Proteção às Florestas. Mas, no mundo real, o dia é de velar a morte provável de mais 184 quilômetros quadrados de floresta na Amazônia Legal. A área foi detectada pelo SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), do Imazon, referente ao mês de junho. Isso representa um aumento do desmatamento da ordem de significativos 437% com relação a junho de 2012, quando o alerta de desmate somou 34 quilômetros quadrados.
Com isso, o desmatamento acumulado no período de agosto de 2012 a junho de 2013 totalizou 1.838 quilômetros quadrados, o que significa um aumento de 103% em relação ao período anterior (agosto de 2011 a junho de 2012), quando foram detectados 907 quilômetros quadrados de desmate. Os números confirmam os alertas oficiais do governo, medidos pelo Deter, de que a tendência é de novo crescimento da destruição florestal.
O estado onde foi detectada a maior quantidade de alertas em junho foi o Pará, com 42%, seguido pelo Amazonas (32%), Mato Grosso (18%) e Rondônia (5%). Devido à baixa cobertura de nuvens no período, foi possível monitorar 88% do território.
Os alertas de desmatamento somados em junho pelo SAD comprometem a emissão de um total de 3,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente. No acumulado do período (agosto 2012 a junho de 2013), as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram 97 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 90% em relação ao período anterior (agosto de 2011 a junho de 2012).


Aberta caça aos índios no Congresso Nacional


A temporada de caça aos indígenas veio com força neste ano – e dá sinais de que está apenas começando. Dando sequência a outros projetos legislativos já em curso, a banda atrasada do Congresso Nacional resolveu dar um tiro certeiro nos direitos adquiridos pelos povos tradicionais do Brasil, onde eles são devidamente assegurados. O Projeto de Lei Complementar 227/2012, de autoria do deputado Homero Pereira (PSD-MT), tem por meta limar os índios do mapa legal do país, transfigurando integralmente o artigo 231 – “Dos Índios” – da Constituição Federal.
No último dia 10, mesma data em que a presidente Dilma Rousseff recebeu as lideranças indígenas para a primeira reunião oficial desde que assumiu seu mandato, os líderes partidários da Câmara dos Deputados acordaram um regime de urgência, ou seja, sem mais delongas ou discussões, da proposta que abre caminho para abertura de estradas, exploração mineral, monocultura e execução de projetos hidrelétricos dentro de Terras Indígenas.
O PLP 227, de relatoria do deputado ruralista Moreira Mendes (PSD-RO), pretende legalizar e consumar a violação contra os direitos e territórios indígenas em benefício dos grandes latifundiários, representantes da parcela mais atrasada do agronegócio. O projeto de lei busca usar o próprio artigo 231, em seu parágrafo 6º, para impor exceções ao direito de uso exclusivo das terras tradicionais em caso de “relevante interesse público da União”.
O regime de urgência reduz a possibilidade de ampla discussão e argumentação contrária dos principais afetados, os próprios povos indígenas, contrariando e violando mais uma vez o direito de consulta prévia garantido pela Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
“O PLP 227 é mais uma arma da estratégia ruralista que objetiva fazer das florestas brasileiras o quintal do agronegócio, atacando as últimas barreiras que ainda conseguem frear o avanço predatório do desmatamento. Assiste-se agora a uma ofensiva sem precedentes contra esses povos tradicionais, e os atores dessa investida estão dispostos a atacar por todos os lados. No pacote vem junto a PEC 215, a Portaria 303 e outros, que não só querem avançar sobre os direitos indígenas, como os fazem reféns do poder da bancada ruralista no Congresso e junto ao governo”, defendeu Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace.
A sociedade brasileira reconhece o papel dos índios como os principais guardiões e promotores da preservação e manutenção das florestas e, consequentemente, da vida. Se você também não aceita que o Congresso Nacional promova a extinção dos povos indígenas do Brasil, participe do twitaço desta terça-feira, use a hashtag #GolpePLP227Não.

“Agora a neve nunca chega até ali”

Alejandro Sanz levanta bandeira na geleira de Apusiaajik, em apoio à campanha Salve o Ártico (©Greenpeace / Pedro Armestre) 

A expedição no Ártico começou. O grupo do Greenpeace composto por jornalistas, cientistas, exploradores e pelo cantor espanhol Alejandro Sanz partiu ontem de manhã da cidade de Reijkiavik, na Islândia, rumo ao povoado Kulusuk, na região de Ammasalik, leste da Groenlândia, onde foram recepcionados pelos Inuits.

 
Kulusuk é um dos povoados mais isolados do mundo. Nos mais de 20 mil quilômetros de costa da Groenlândia, existem apenas dois povos e cinco assentamentos, somando pouco mais de 3,5 mil pessoas.
No primeiro dia de viagem já foi possível ver evidências concretas das mudanças climáticas. Guiado por dois Inuits, o grupo de 15 membros calçou botas especiais para gelo e se uniram por cordas para percorrer a geleira de Apusiaajik – “pequena geleira” no dialeto kalaallisut, a língua Inuit –, que de “pequena não tem nada”, brinca Laura Perez, diretora de comunicação do Greenpeace Espanha.

“Vocês veem as marcas das rochas? Há cinco anos não se podia vê-las, estavam sempre cobertas de neve. Agora a neve nunca chega até ali”, explica Bendt, um dos guias Inuits. Foram os primeiros sinais de aquecimento vistos pelo grupo no coração do Ártico, alvo também da pesca industrial e da exploração de petróleo.

Alejandro Sanz acompanha a expedição para difundir a campanha #SalvaElArtico numa escala global. Do alto da geleira de Apusiaajik, o embaixador da campanha do Ártico estendeu uma bandeira do Greenpeace de dois metros com o lema “Salve o Ártico”.

Em contato com os Inuits, é possível dar outras vozes a esta história. George, o segundo guia Inuit, diz “estar muito contente” pelo fato do Greenpeace documentar as condições atuais da sua região e levar esse problema para o mundo inteiro, já que o degelo avança cada vez mais rápido. Os dados confirmam o que George diz: a geleira de Apusiaajik derretou 1,5 km nos últimos dez anos.

Entretanto, ao contrário de medidas de proteção, somam-se apenas mais ameaças. Pilar Marcos, responsável da campanha do Ártico, explica: “enquanto constatamos este desastre climático, nestas mesmas águas foram concedidos um total de 50 mil quilômetros quadrados para prospecções petrolíferas”.

A única maneira de inverter essa situação é exigir o fim das pesquisas e perfurações de petrolíferas que insistem explorar a região do Ártico, como a Shell, Gazprom, Statoil etc. E claro, seguir lutando para que a ONU declare o Ártico um santuário protegido.
Assine a petição

Monday, July 15, 2013

Tricastin e Hollande:catástrofe anunciada

Na madrugada desta segunda-feira, 29 ativistas dividos em três grupos alcançaram os muros de dois reatores da Usina Nuclear de Tricastin, uma das mais antigas da França. Vestidos de vermelho, os ativistas estenderam um banner e projetaram duas grandes mensagens de protesto contra o presidente francês François Hollande, que prometeu em campanha eleitoral a redução de nucleares em despeito ao incentivo às fontes renováveis.
O objetivo da ação foi denunciar o perigo que a Usina de Tricastin – classificada pelo Greenpeace como uma das cinco usinas com mais risco de acidentes da França – representa ao complexo químico e industrial que fica num raio de 10km, sem contar a população que será afetada. Segundo o Greenpeace França, há pelo menos vinte fissuras no tanque do reator nº 1. A usina, inclusive, já ultrapassou sua vida útil, inicialmente estimada em 30 anos.
Outro ponto importante que vale destacar é que a central de Tricastin foi criada para alimentar a usina vizinha George Besse I, de enriquecimento de urânio. Essa usina foi fechada em maio de 2012, e em abril de 2013 sua substituta, George Besse II, foi criada. Entretanto a sucessora consome 50 vezes menos eletricidade, ou seja, ao saber que a usina George Besse II não necessita mais da energia gerada pelos quatro reatores de Tricastin, o fechamento desta se torna apenas uma questão de bom senso.
Os ativistas projetaram duas mensagens nos muros da usina junto de um grande banner, que diziam: “Tricastin – Acidente Nuclear” e “François Hollande, presidente da catástrofe?”. Segundo o presidente francês, é prioridade de seu governo reduzir de 75% para 50% a participação de energia nuclear na composição da matriz energética francesa. Para honrar sua promessa, Hollande teria que fechar pelo menos dez reatores até 2017 e vinte até 2020, sendo que Tricastin seria uma delas.
“Com essa ação, o Greenpeace está pedindo ao presidente François Hollande para fechar a Usina de Tricastin, que está entre as cinco mais perigosas da França”, disse Yannick Rousselet do Greenpeace França. E ele completa: “se nós conseguimos tocar fisicamente os reatores, qualquer outro também consegue. Pessoas com más intenções poderiam gerar uma ameaça à segurança do reator.”
Todos os 29 ativistas foram presos pela polícia francesa, e seguem retidos.

Friday, July 12, 2013

Greenpeace conectado à rede elétrica

Eletropaulo compareceu ao escritório do Greenpeace para conectar as placas solares à rede elétrica (®Greenpeace) 

A Eletropaulo compareceu ao Greenpeace, hoje, para conectar as placas solares do escritório de São Paulo à rede elétrica. As placas foram instaladas em 2007, mas foi a partir da resolução 481/2012 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), aprovada em dezembro, que a microgeração por meio de painéis solares, pequenas turbinas eólicas, geradores a biocombustíveis ou mesmo minicentrais hidrelétricas tornou-se possível.

 
Em fevereiro, o Greenpeace foi até uma das lojas da Eletropaulo e entregou os documentos necessários para a elaboração da Nota Técnica que seria feita pelos próprios engenheiros da concessionária. De lá pra cá, 141 dias se passaram e o Greenpeace teve que instalar um novo medidor que foi vistoriado, esperou pelo tão aguardado Parecer de Acesso e, voilà, finalmente conectou as placas solares à rede elétrica.
“Este é o primeiro estabelecimento em São Paulo a estar gerando energia e conectado à rede elétrica. Ainda temos [Eletropaulo] muito para melhorar e aprimorar, mas já aprendemos muito com este novo processo, esperamos que ainda mais residências e estabelecimentos passem a gerar energia, não apenas consumi-la”, disse Elio Vicentini, Engenheiro especialista da Eletropaulo.
Além de economia no bolso do consumidor, a geração de energia distribuída, com mini e microgeração, é uma importante passo para a consolidação das energias renováveis no Brasil, com especial benefício à solar. Segundo Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, “é muito positivo ver que nosso sistema finalmente está ligado à rede elétrica. A organização defende o uso e a promoção das energias renováveis no país e mostra, com este exemplo, que estas são opções cada vez mais viáveis.”

Thursday, July 11, 2013

Mulheres ameaçadas

Laísa Santos Sampaio, ameaçada de morte (Antonio Cicero/Diário do Pará/Agência Pública) 

A CPT (Comissão Pastoral da Terra) divulgou no início do ano uma lista com 38 pessoas ameaçadas de morte no sul e sudeste do Pará por conta de conflitos envolvendo a luta pela terra. A Pública, agência de jornalismo investigativo, fez uma série de reportagens em parceria com o jornal Diário do Pará para contar a história das dez mulheres da lista que estão marcadas para morrer.
Uma delas é Laísa Santos Sampaio, irmã de Maria do Espírito Santo da Silva, que foi assassinada no assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, ao lado do marido José Claudio Ribeiro da Silva, em 2011. Laísa deu continuidade à luta do casal contra madeireiros, donos de carvoarias e grileiros. Só que agora é ela quem recebe as ameaças, provavelmente do mesmo grupo que encomendou a morte de seus parentes. Apenas o autor dos disparos e seu ajudante foram condenados no julgamento do crime de 2011. O principal acusado de ter sido o mandante, José Rodrigues Moreira, foi absolvido.
Segundo dados da CPT, entre 1964 e 2010 ocorreram 914 assassinatos no Pará envolvendo a questão da terra, sendo que 654 foram concentrados no sul e sudeste do estado. Essa área é conhecida por ter altos índices de conflitos agrários, desmatamento e trabalho escravo.
Maria Joel Dias da Costa, a Joelma, também teve sua história contada na Pública. Ela é viúva de José Dutra da Costa, o Dezinho, assassinado em Rondon do Pará, em 2000, por lutar pela regularização de terras. Depois da morte do marido, Joelma assumiu a causa, mas, como no caso de Laísa, o mesmo grupo que teria articulado o assassinato passou a fazer ameaças contra ela também.
O pistoleiro de Dezinho foi condenado e depois fugiu da prisão, após receber progressão de pena para regime semiaberto. Já o acusado de ser o mandante, o fazendeiro José Décio Barroso Nunes, responde em liberdade e não tem julgamento marcado. O mesmo também ocorreu recentemente no caso da missionária Dorothy Stang, quando o acusado de ser mandante do crime teve o julgamento anulado, enquanto o assassino confesso cumpre a sentença em prisão domiciliar.
As histórias de Joelma e Laísa têm detalhes diferentes, mas as motivações, as lutas e as dores são as mesmas. Não basta terem visto seus familiares assassinados, agora são elas que estão na mira, principalmente depois que os julgamentos dos crimes relacionados aos seus parentes não condenaram os mandantes, apenas os executores. Ficou o recado de que a impunidade tende a prevalecer nos crimes do campo. Enquanto isso ocorrer, pessoas como essas duas mulheres continuarão em perigo e a Amazônia seguirá sofrendo com desmatamento, violência e exploração de trabalhadores.

Devaneios megalômanos de Kátia

CNA adverte: para o bem do progresso brasileiro, o país precisa retroceder nos direitos que conquistou ao longo dos anos (Foto: Valter Campanato/ABr). 

O circo estava montado. Imprensa convidada, números decorados na ponta da língua, representação ensaiada. Nesta quarta-feira (10), na sede da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a ilustre presidente, senadora Kátia Abreu (PSD-TO), apresentou à plateia seu mais novo estudo. O pacotão sugere que as Unidades de Conservação, as Terras Indígenas e os assentamentos da reforma agrária são prejudiciais ao suposto “progresso” brasileiro.
A pesquisa ressalta que, se mantidas as taxas médias de criação de UCs e TIs das “eras FHC e Lula”, de 2011 a 2018 seriam colocados sob proteção do Estado mais 48,81 milhões de hectares, o que supostamente corresponderia a uma perda de R$ 204,6 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do país em oito anos. O que não se leva em consideração é que esse processo não é cumulativo. O atual governo Dilma, por exemplo, criou apenas três UCs, totalizando pouco mais de 44 mil hectares, o número mais baixo em cerca de 20 anos. Situação similar ocorre com relação à expansão da reforma agrária e à homologação de Terras Indígenas.
O estudo tampouco analisa que a criação dessas áreas ajudou a estancar os desmatamentos ilegais em suas respectivas regiões. Com isso, o que o setor do agronegócio evidencia é a sua tendência a favorecer o reaparecimento do desmatamento como este era no passado. Outro ponto esquecido foi que a criação de áreas protegidas no período abordado não impediu o crescimento do setor agropecuário. Ao contrário, foi exatamente nessa época que os produtores rurais atingiram todo o seu esplendor.
O problema no Brasil hoje, portanto, não é o volume de áreas destinadas à produção – 330 milhões de hectares, segundo o próprio estudo – ou protegidas por lei – 231 milhões de hectares –, mas sim as áreas de terras abandonadas de forma inconsequente pela pecuária extensiva ou pelo plantio de soja. O que se vê, então, é que no Brasil não falta área, mas consciência do uso responsável da terra.
Era uma vez, outra vez
Apesar da nova roupagem, a história não é nenhuma novidade. Há cerca de três anos, Kátia Abreu, juntamente com a bancada ruralista do Congresso Nacional, alardeava ao Brasil que, caso o Código Florestal não mudasse radicalmente, a agricultura do país iria falir. Conseguiram o que queriam e o resultado foi a desfiguração do que restava da legislação ambiental brasileira. Uma imensa anistia a criminosos ambientais e o aumento do desmatamento foram os frutos colhidos pela nova lei que rege as florestas do país.
Hoje, os novos alvos da máfia do agronegócio são os direitos indígenas e as Unidades de Conservação, últimas barreiras que ainda fazem frente à expansão desenfreada da fronteira agrícola no Brasil. Seguindo o mesmo roteiro, eles dizem que os processos de criação de áreas protegidas precisam ser revistos, caso contrário a economia brasileira e a agricultura irão à bancarrota.
Há um constante clima de chantagem e pressão ruralista a rodear o governo. Apoiados em falácias e números tendenciosos, os representantes do setor mais atrasado da economia pedem a revisão de direitos conquistados pela sociedade brasileira. Ou seja, o que eles querem é mais retrocesso.
Na esteira do ataque aos povos indígenas já estão programados ataques aos direitos trabalhistas, ao controle dos agrotóxicos e às regras para compra de terras por estrangeiros. Nos seus sonhos megalômanos, Kátia Abreu quer colocar o país de joelhos à sua agenda. E tudo sob a benção do governo Dilma. Cabe à presidente do país, então, tomar as rédeas da situação e trazer a senadora de volta ao chão que ela tanto preza.

Ativista chega ao topo do edifício Shard

quinta-feira, 11 de julho de 2013 Grupo de seis ativistas que escalaram o edifício Shard em protesto contra a Shell (David Sandison / ©Greenpeace)
 
Após 15 horas de árdua escalada no Shard, o maior edifício da Europa ocidental localizado em Londres, a ativista do Greenpeace, Wiola Smul, de 23 anos, alcançou o topo a mais de 310 metros do chão. As escaladoras foram saudadas pela multidão que acompanhava tudo do solo, e por dez mil pessoas que assitiam via streaming pela internet. A ativista balançou uma grande bandeira que mostrava a mensagem “Salve o Ártico” do topo do edifício.
O edifício foi escolhido porque ele está entre os três principais escritórios da Shell em Londres, incluindo sua gigantesca sede na margem sul do rio Tâmisa. O time de escaladoras iniciou a ação às 4 horas desta manhã, após driblar o sistema de segurança na base do arranha-céu, e durante todo o dia elas se empenharam para alcançar o topo. As escaladoras mais experientes praticaram o “free climbing” - escalada sem auxílio de equipamento - , mas instalaram cordas de segurança durante o percurso. Durante o percurso, carregaram mochilas com uma obra de arte de dimensões enormes, que seria instalada no topo do Shard.
A audaciosa escalada de hoje faz parte de uma campanha do Greenpeace inaugurada há um ano, durante a Rio+20, para tentar impedir o avanço de empresas como a Shell e outras gigantes exploradoras de petróleo sobre o Ártico. Após sua desastrosa e frustada tentativa de extrair petróleo na costa do Alasca, nos Estados Unidos, a Shell une forças com a Gazprom, uma gigante estatal do petróleo russo, responsável por grande parte dos desastres ambientais.
O diretor-executivo do Greenpeace Reino Unido, John Sauven, comentou a ação afirmando que “é uma honra estar aqui nos pés de um dos maiores prédios da Europa e testemunhar essa marcante conquista realizada por essas mulheres. Assiti-las exibir a bandeira a favor do Ártico do topo do Shard foi uma experiência única. E eu não sou o único vendo isso hoje: executivos da Shell, cujos escritórios ficam em volta deste grande arranha-céu, não podem simplesmente ignorar o nosso pedido. Como resultado da nossa ação, mais cinquenta mil pessoas aderiram à campanha do Ártico.”
“Se a Shell continuar a ignorar esse grande movimento que se levanta contra ela, um dano irreversível pode ser causado à sua reputação”, completou Sauven.
Tendo balançado sua bandeira para toda Londres ver, as escaladoras avaliaram as condições de instalação da grande obra de arte que ilustraria a beleza do Ártico, já que em quatro horas – tempo estimado de instalação – já teria anoitecido e os céus estariam escuros. Agora elas descerão de volta ao solo, com a certeza de que inspiraram muitas pessoas ao redor do mundo e que agiram para proteger o Ártico.
E você? Quer defender esse frágil ecossistema da exploração predatória? Assine a petição que defende a criação de um santuário internacional no Ártico e compartilhe com seus amigos.
 

Ativistas escalam prédio em protesto pelo Ártico

Em Londres, seis escaladoras sobem no maior prédio da Europa ocidental em ação contra a Shell
quinta-feira, 11 de julho de 2013 Ativista escala o maior prédio de Londres em protesto contra a Shell (David Sandison / ©Greenpeace)
 
Um grupo de artistas e ativistas do Greenpeace driblou a segurança do maior edifício da europa ocidental, o Shard, e agora escalam as paredes do arranha-céu. Se as seis mulheres que formam o grupo alcançarem o topo, uma grande obra de arte mostrando as belezas do Ártico será exposta a 310 metros acima do solo.
O edifício Shard foi escolhido porque ele está entre os três principais escritórios da Shell em Londres, incluindo sua gigante sede na margem sul do rio Tâmisa. A Shell lidera o grupo de petrolíferas que se dirigem ao Ártico, investindo bilhões nos programas de perfuração propostos pela Rússia e Alasca. Um movimento de escala global de milhões de pessoas se levanta para impedi-los, mas a Shell se recusa a abandonar seus planos.
As voluntárias do Greenpeace começaram o protesto às 4 horas da manhã, e se houver sucesso – o que está longe de ser certeza – estima-se que a escalada tome a maior parte do dia. As escaladoras líderes praticam o “free climbing” (escalada sem auxílio de equipamento), mas instalam cordas de segurança durante o percurso. São elas que carregam as mochilas com uma obra de arte de dimensões enormes, que será instalada no topo do Shard no final desta tarde caso o topo seja alcançado.
A Shell realiza seu trabalho para além da sua sede nas margens do Tâmisa: as duas outras bases da empresa em Londres são a Shell Mex House, no edifício Strand e um escritório de dez andares no prédio Canary Wharf. O arranha-céu Shard fica localizado exatamento no meio destes três escritórios e foi planejado pelo arquiteto Renzo Piano como uma lasca de gelo fincada no chão, fazendo dele um cenário perfeito para uma instalação artística sobre o Ártico.
As escaladoras estão transmitindo em tempo real imagens feitas por câmeras em seus capacetes, com lentes de olho de pássaro. Se o objetivo for alcançado, será a instalação artística de maior altura desde o projeto de Philippe Petit, equilibrista que atravessou em 1974 as torres do World Trade Center, antigo prédio de Nova York, caminhando apenas sobre uma corda que ligava as duas torres gêmeas.
Uma das escaladoras chama-se Victoria Henry, 32 anos, uma canadense que mora em Hackney, Londres. Antes da escalada, ela disse: “Nós tentaremos instalar uma grande obra de arte a 310 metros de altura, o que fará a Shell pensar duas vezes antes de enviar plataformas ao Ártico. Será um trabalho pesado, um verdadeiro desafio para todos nós, no qual talvez não tenhamos sucesso, mas estamos dispostos a fazer de tudo para chegar ao topo. Milhões de pessoas alertaram a Shell para que ela se retire do Ártico, mas eles continuam a tentar perfurar de qualquer maneira. Chegando ao topo, será possível ver os três escritórios da Shell abaixo de nós, o que significa que eles também poderão nos ver. Talvez aí eles parem de ignorar esse movimento que se levanta contra eles.”
A Shell investiu US$ 5 bi no programa de exploração do Ártico, mas após uma série de vergonhosas falhas, como uma plataforma naufragada e um incêndio num navio de perfuração, foi forçada a abandonar seus planos de exploração de petróleo na costa do Alasca. Ainda assim a empresa acaba de assinar um acordo direto com Vladimir Putin, presidente da Rússia, e a gigante petrolífera estatal Gazprom para perfurar o Ártico russo, região onde as regulamentações são ineficientes e os acidentes, comuns.
“Não é possível perfurar o Ártico com segurança, um vazamento poderia arruinar a região. Sem contar que as plataformas de petróleo estão se deslocando para áreas antes naturalmente congeladas. É por isso que escalo esse arranha-céu entre os três grandes escritórios da Shell, porque eles querem perfurar para conseguir combustíveis que colaboram diretamente com o degelo do polo Norte. É loucura. Estamos demarcando uma linha para dizer às companhias de petróleo: ‘daqui vocês não passam!’”, afirmou a escaladora sueca Sandra Lamborn, de 29 anos.
As mulheres que formam o grupo de escaladores vêm do Reino Unido, Canadá, Suécia, Polônia, Holanda e Bélgica. O Greenpeace trabalha para transformar o Ártico em um santuário global, isolado principalmente do avanço da indústria. Mais de três milhões de pessoas se juntaram à causa.
 

Ao vivo: escalada em protesto pelo Ártico

Um grupo de artistas e de ativistas do Greenpeace driblou a segurança do maior edifício da Europa ocidental, o Shard, de Londres, e agora escalam as paredes do arranha-céu. Se as seis mulheres que formam o grupo alcançarem o topo, uma grande obra de arte mostrando as belezas do Ártico será exposta a 310 metros acima do solo.
Se você ainda não assinou, assine e salve o Ártico: http://bit.ly/12IhtxrParece que a insanidade na exploração petrolífera não tem fim: mesmo depois de precisar interromper seu programa de perfuração no Alasca, Estados Unidos, por questões de segurança, a Shell  - uma das maiores e mais poderosas empresas do mundo - voltou a insistir nessa empreitada arriscada, suja e insustentável, que é a exploração no Ártico.

Wednesday, July 10, 2013

Estradas e Parques, uma relação de conflitos

Construída no início do século XX, a Estrada do Colono corta o Parque Nacional do Iguaçu. Já quase coberta pela vegetação nativa, ela corre o risco de ser reaberta (Foto: Cristian Rizzi). 


Reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e uma das Novas Sete Maravilhas Naturais do Mundo, o Parque Nacional do Iguaçu, no oeste do Paraná, sofre uma forte e silenciosa ameaça no Congresso Nacional. Mas não só a sua proteção como a efetividade de todo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estão em risco.
A investida parte do deputado federal Assis do Couto (PT-PR). Sob sua liderança, tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 7.123/2010, que prevê a reabertura da Estrada do Colono. O projeto tramita em caráter conclusivo e já espera para ser encaminhado ao Senado. O projeto foi aprovado no dia 3 de abril, na Comissão Especial formada para analisar o caso. O único voto contrário foi dado pela deputada Rosane Ferreira (PV-PR).
A rodovia foi aberta no início do século XX para ligar as cidades de Serranópolis do Iguaçu e Capanema, no sudoeste do Paraná. Com quase 18 quilômetros, ela cortava o parque ao meio, abrindo caminho para o desmatamento e hostilizando a flora e a fauna locais.
Em 2003, ela foi fechada por ordem da Justiça Federal, por ameaçar a integridade do parque e a segurança nacional, pela proximidade da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai). Hoje ela está praticamente tomada novamente pela vegetação nativa. Segundo as entidades, entre 1999 e 2001, o Parque Nacional do Iguaçu esteve na lista dos Patrimônios Mundiais em Perigo, justamente por outra tentativa de abertura da Estrada do Colono.
A aprovação do PL, associada a outros projetos em tramitação no Congresso, abriria um perigoso precedente para enfraquecimento do SNUC e da proteção da biodiversidade e dos serviços ambientais no país. Essa ameaça foi o que motivou um grupo de cerca de mil organizações da sociedade civil brasileira a enviarem nesta semana um alerta à Unesco e à União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). A carta foi recebida pela Unesco, que agradeceu a iniciativa e confirmou que o processo será analisado.
“O autor do projeto e seus defensores apontam que a estrada promoverá preservação, educação ambiental e o desenvolvimento sustentável regional, enquanto estão amplamente registrados e compreendidos os impactos de estradas sobre áreas protegidas. Ao analisar os dados históricos, não se encontram quaisquer efeitos positivos da Estrada do Colono sobre a economia local e regional, e muito menos em escala estadual ou nacional”, diz a carta.

Alejandro Sanz se une ao Greenpeace em viagem para o Ártico

Cantor espanhol integrará equipe do Greenpeace que parte rumo ao extremo norte para documentar os efeitos das mudanças climáticas e da exploração petrolífera na região
Alejandro Sanz, embaixador da campanha Salve o Ártico (©Greenpeace) 

O cantor espanhol Alejandro Sanz se unirá à expedição para o Ártico que o Greenpeace realizará neste mês de julho com o objetivo de alertar a população sobre a necessidade de proteger esse frágil e único ecossistema.
A expedição tem como meta estudar o impacto das mudanças climáticas sobre a camada de gelo da Groelândia, evidenciar os perigos que exploração de petróleo representa para a região e documentar como os habitantes locais têm suas vidas e territórios ameaçados.
“Temos que ser conscientes de que se salvarmos o Ártico salvaremos muito mais. É a batalha ambiental mais importante do momento, porque está em jogo um dos poucos lugares do planeta onde ainda existe equilíbrio natural. O que atingir a região afetará a todos nós”, disse Alejandro Sanz.
O cantor viajará junto da organização ao sul do Círculo Polar Ártico para ser testemunha da beleza desta região e da forma de vida dos Inuits – o povo originário que habita este território. O grupo também deve presenciar a maneira como as mudanças climáticas e as intervenções humanas ameaçam sua forma de vida e a relação da comunidade com a natureza.
Sanz realizará um pedido global para que pessoas de todo o mundo se unam ao Greenpeace por meio do site www.salveoartico.org.br para declarar esta zona um Santuário Ecológico Internacional. Isso significa criar uma região protegida no polo Norte, onde as extrações petrolíferas e a pesca industrial serão terminantemente proibidas. Mais de três milhões de pessoas já se uniram a essa campanha e assinaram a petição.
“Temos que conseguir que os políticos e as companhias petrolíferas nos escutem para proteger as águas internacionais do Ártico das empresas que estão causando mudanças climáticas e o degelo. As petrolíferas veem como uma oportunidade econômica o que seria uma perda enorme para a humanidade: a destruição do Ártico”, comentou Pilar Marcos, responsável pela campanha do Ártico do Greenpeace Espanha.
Como embaixador da campanha do Greenpeace, Sanz interromperá sua turnê mundial para realizar a expedição no Ártico.
Assine a petição

Monday, July 8, 2013

Impunidade e desmatamento

Cerimônia para lembrar um ano do assassinato de Dorothy Stang (© Greenpeace/Daniel Beltrá) 

Rayfran das Neves Sales, assassino confesso da missionária norte-americana Dorothy Stang, deixou a cadeia nesta terça-feira, 2, para cumprir o restante da sentença em prisão domiciliar. No total, ele foi condenado pela Justiça do Pará a 27 anos, mas ficou apenas oito na prisão, parte deles em regime semiaberto. 
Rayfran assumiu ter disparado os seis tiros que atingiram Dorothy em fevereiro de 2005 no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, em Anapu, no oeste do Pará. Enquanto esteve preso, crimes bárbaros como o que ele cometeu continuaram ocorrendo na Amazônia.
Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), de 2005 a 2012, 179 pessoas foram assassinadas na Amazônia Legal, entre eles, José Claudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, mortos em maio de 2011 em Nova Ipixuna, no Pará, no assentamento Praia Alta Piranheira. “Esses dois casos demonstram que a origem da violência reside no ataque à floresta e contra qualquer tentativa de construir um modelo sustentável de desenvolvimento na Amazônia”, afirma Kenzo Jucá, da campanha Amazônia do Greenpeace.
O governo federal opta por um modelo de desenvolvimento que não respeita os direitos de populações tradicionais, indígenas e extrativistas, ao mesmo tempo em que flexibiliza as leis ambientais. O enfraquecimento do código florestal é um exemplo disso. E, não por acaso, enquanto as pessoas que defendem a floresta são assassinadas, ela continua sendo desmatada. Desde a morte de Dorothy até 2012, a Amazônia perdeu mais de 83 mil quilômetros quadrados de floresta, equivalente ao tamanho da Áustria, segundo dados do Prodes, o sistema de monitoramento anual do Inpe.
“O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem o privilégio de poder aliar conservação com produção agrícola eficiente. Mas, para isso, precisa investir em tecnologia e em políticas públicas que incluam os pequenos produtores e os povos da floresta. Não podemos continuar seguindo um modelo atrasado, baseado no desmatamento” explica Kenzo Jucá.
Um outro levantamento da CPT mostrou a dificuldade do país para punir os crimes no campo. De 1985 a 2012, foram 679 casos de assassinatos na Amazônia Legal, com 961 vítimas no total. Desses casos, apenas 34 foram julgados, condenando 19 mandantes e 26 executores. Como resultado, a impunidade prevalece e a segurança dos defensores da floresta fica ainda mais fragilizada.
Rayfran irá cumprir a pena em casa, e Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, considerado o mandante do crime, aguarda novo julgamento, marcado para 19 de setembro. Em maio, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou o júri que o condenou a 30 anos de prisão por entender que ele não teve seu direito de defesa plenamente respeitado.
“O Brasil e a Amazônia precisam de outro rumo. A população não aceita mais tanta violência e desmatamento. É passada a hora de construirmos outro caminho, com respeito aos povos da floresta, aos pequenos agricultores e com desmatamento zero”, complementa Kenzo Jucá.

Índios bloqueiam Estrada de Ferro Carajás

Cerca de 150 indígenas ocupam a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão, em protesto contra as condições precárias de saúde indígena. (Foto: Cimi).
Desde a última quinta-feira (4), cerca de 150 representantes de sete povos indígenas do Maranhão bloqueiam a Estrada de Ferro Carajás, que liga as jazidas de minério de ferro da empresa Vale ao porto de São Luís, na capital do estado. Eles pedem melhorias no serviço de saúde indígena, e dizem que só sairão de lá quando tiverem uma sinalização do governo de que irá atender às suas demandas. O trecho que foi bloqueado da ferrovia passa pela aldeia Maçaranduba, da Terra Indígena Caru, dos Awá-Guajá e Guajajara.
Segundo lideranças do movimento, a ferrovia foi bloqueada porque os povos ocupavam há dez dias a sede do DSEI-Maranhão, órgão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculado ao Ministério da Saúde, e até agora não tiveram suas reivindicações atendidas. Desde o dia 24, um grupo formado por 300 indígenas também ocupou o prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em São Luís, protestando contra as péssimas condições de atendimento à saúde.
Os indígenas pedem as exonerações do gestor do DSEI, Licínio Carmona, e de Antonio Izildo, chefe da equipe técnica. “Eles desrespeitam o controle social da saúde indígena e a gestão é péssima. Precisamos de pessoas que priorizem o diálogo com o movimento indígena e as comunidades”, afirma Lourenço, integrante do Conselho Nacional de Saúde Indígena.
Além disso, os povos pedem melhores condições de atendimento. Desde o último dia 24, foram contabilizadas seis mortes em decorrência da falta de estrutura para o atendimento da saúde. “Faltam medicamentos, transporte para os doentes. A desassistência faz com que os casos fiquem graves e caminhem para o óbito”, diz Lourenço.
Os povos presentes nas mobilizações são os Krenjê, Tenetehara (Guajajara), Awá-Guajá, Canela Apãniekra, Canela Ramkokramekra, Gavião e Krikati. “Queremos dialogar, mas não mais com esses dirigentes”, encerra Lourenço.

Friday, July 5, 2013

Dilma, põe mais essa na conta

Desmatamento na Amazônia volta a crescer: país perdeu 46,5 mil ha de floresta em maio de 2013 – mais de 400% em comparação com o mesmo período do ano passado
Desmatamento causado por fogo na Amazônia. (©Greenpeace/Rodrigo Baleia) 

“Aqui se faz, aqui se paga.” A parceria com a bancada ruralista começa a passar uma amarga fatura para o governo Dilma: o desmatamento da floresta amazônica, que demorou tanto para começar a ser controlado, mostra sinais tão evidentes de subida que nem o governo consegue mais esconder.
Em coletiva de imprensa na manhã de hoje, o Ibama anunciou uma tendência de aumento de desmatamento que não se via mais no Brasil. Segundo dados do Deter, em maio de 2013 a Amazônia perdeu 46,5 mil hectares de floresta – quase a área da cidade de Porto Alegre. Isso representa um aumento de mais de 400% em comparação com o mesmo período de 2012.
Isso tudo com uma cobertura de nuvens de 42% sobre a Amazônia Legal, o que prejudica a detecção de focos de desmatamento pelos satélites. E mais: o Deter só identifica corte raso em áreas médias e grandes - as pequenas e fragmentadas, que se tornaram frequentes para justamente sumirem aos olhos do satélite, não entram nessa conta.
Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama, disse recentemente estar confiante em zerar a tendência de desmatamento ainda neste ano. Mas as informações divulgadas hoje mostram que o país segue o caminho contrário.
“Os números são preocupantes, mas lamentavelmente previsíveis”, diz Kenzo Jucá, da campanha Amazônia do Greenpeace. “O governo Dilma tem sido conivente com o desmatamento. Cedeu aos ruralistas e, em nome de um modelo atrasado e predador de desenvolvimento, avança sobre unidades de conservação e territórios indígenas. Agora chegou a fatura.”
É de notar que, na coletiva de hoje, apenas o Ibama estava presente, enquanto nas anteriores, quando havia queda ou leve aumento, um circo com ministros de Estado era montado - hoje nem Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, deu as caras. Era o momento para o governo mostrar que tem, em suas prioridades, atacar o problema e acabar com essa chaga ambiental.
Mas, pelo visto, em vez de zerar o desmatamento na Amazônia, e mostrar para o mundo pelo menos um feito positivo de seu governo, Dilma prefere entregar o futuro da floresta e dos brasileiros para quem tem motosserra no lugar de mãos. No acumulado de agosto de 2012 a maio de 2013, o país perdeu 233,8 mil hectaresde floresta – um aumento de 35% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Só cresce
A pressão não poupa nem unidades de conservação (UCs) e terras indígenas (TIs), que são alvo atual dos ruralistas. Em maio, o Deter viu 5,4 mil hectares de florestas desmatadas em UCs e 8,9 mil hectares em TIs. A Flona Jamaxim, no Pará, foi a unidade de conservação mais desmatada no mês (perdeu 2,84 mil hectares), enquanto que a TI Maraiwatsede, no Mato Grsso, teve 8,8 mil hectares de florestas derrubadas.
Os Estados campeões do desmatamento em maio foram Mato Grosso, com 27,7 mil hectares, seguido de Pará (13,4 mil), Amazonas (3,3 mil), Tocantins (900), Rondônia (770) e Maranhão (440).
O Ibama aplicou R$ 1,7 bilhão em multas no período de agosto a maio deste ano e embargou 236 mil hectares da áreas com desmatamento ilegal.
Acompanhe a campanha pelo Desmatamento Zero em www.ligadasflorestas.org.br