Saturday, July 30, 2016

Um erro chamado de hidrelétrica

Apesar de inúmeros problemas sociais, ambientais e econômicos, governo insiste na construção de hidrelétricas na Amazônia 

Construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (© Carol Quintanilha/Greenpeace)

A hidrelétrica de Belo Monte resultou em uma pilha de problemas sociais, ambientais e econômicos, estampados periodicamente nos principais meios de comunicação do país. A lista de fatos negativos vai desde o processo de licenciamento, passando pelo desrespeito aos direitos humanos, condicionantes ignoradas, famílias desalojadas, denúncias de corrupção e a promoção de um verdadeiro caos social na região da obra, entre outros.
Belo Monte também nunca foi muito boa com suas contas. Inicialmente, a obra era estimada em R$ 16 bilhões, valor que pulou para R$ 19 bilhões no momento do leilão e que hoje já soma cerca de R$ 30 bilhões. Tudo financiado com dinheiro público. Para piorar, estudos do próprio governo revelam que os efeitos das mudanças climáticas nas próximas décadas podem levar a reduções nas vazões dos rios amazônicos da ordem de 20% a 30%, mostrando que são grandes as chances da usina não conseguir entregar a energia prometida. A conta não fecha.
No entanto, mesmo antes do fim das obras desta usina-desastre, o governo eleito em 2014 já acelerava os planos para insistir no erro e erguer mais uma grande barragem no coração da Amazônia: a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Este novo projeto não apenas prevê a repetição dos problemas de Belo Monte, como adiciona na conta um conjunto de impactos ambientais incalculáveis, além de ferir a Constituição.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da nova usina apresenta graves problemas metodológicos e omissão de informações, falhando em medir adequadamente os impactos da obra. Se realizado de forma correta, o estudo mostraria a inviabilidade da hidrelétrica. A obra também alagaria 376 km² de floresta. Parte desta área encontra-se dentro dos limites da Terra Indígena Sawré Muybu, do povo Munduruku, o que causaria a remoção de seus habitantes, fato que é proibido pela Constituição. Além disso, São Luiz do Tapajós tem potencial de induzir o desmatamento em uma área de pelo menos 2.000 km² de floresta, num cenário repleto de terras indígenas e unidades de conservação.
E os problemas não param por aí. Como já visto nos exemplos recentes de hidrelétricas construídas na Amazônia, como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, os valores finais deste tipo de obra podem ser muito diferentes do inicialmente projetado. Em Belo Monte, a obra terminou custando quase o dobro do originalmente previsto. Em 2014, Tapajós foi estimada em R$ 28 bilhões. Nada garante que este projeto não seguirá o mau exemplo financeiro de Belo Monte. E, no caso de Tapajós, considerando todas as incertezas jurídicas e impactos não medidos, o resultado final pode ser ainda pior. Vale lembrar ainda que os mesmos estudos indicando a redução na capacidade de geração de energia para Belo Monte também valem para Tapajós.
Com tantas incertezas, a usina torna-se um investimento de altíssimo risco econômico. Já do ponto de vista social, ambiental e estratégico, ela  simplesmente não faz sentido. O Brasil tem plenas condições de gerar o mesmo montante de energia de forma mais limpa e com o uso de novas tecnologias, evitando surpresas de custo e entrega, gerando empregos e sem os riscos da insegurança jurídica e impactos negativos que uma barragem no coração da floresta Amazônica oferece.
Tapajós prevê uma potência instalada de 8.040 MW e a entrega de 4.012 MW médios de energia ao sistema. Com os incentivos corretos, fontes de energia como eólica, solar e biomassa poderiam, de forma combinada, suprir a energia projetada pela hidrelétrica, no mesmo período de tempo e em patamar similar de investimento. Adicionalmente, estas novas fontes de energia encontram-se em pleno desenvolvimento tecnológico e de mercado, o que barateia seus custos a cada ano. Entre 2009 e 2012, o preço médio da fonte eólica caiu cerca de 40%. Atualmente há no país quase 3 GW em usinas eólicas em construção nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul, além de outros 6 GW cuja construção deve ser iniciada em breve. Somado ao que já existe em usinas eólicas em funcionamento hoje, isso é mais do que duas vezes a usina de São Luiz do Tapajós.
Recentemente, a empresa franco-belga Engie, uma das gigantes mundiais do setor de energia, anunciou sua disposição de investir R$ 8 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. O foco é a energia solar distribuída. Hidrelétricas estão fora dos planos. Em 2015 a China alcançou dois novos recordes mundiais de energia limpa, por instalar 30,5 gigawatts (GW) de energia eólica e 16,5GW de energia solar.  
Diante de todos os problemas que apresenta, e frente ao avanço de novas tecnologias na área de energia, a hidrelétrica de Tapajós soa, no mínimo,  irracional. Estamos agora no momento certo para corrigirmos o curso dessa história. A retração econômica e da demanda de eletricidade – que caiu 8% em 2014 e 2% em 2015 – retira o senso de urgência do projeto de Tapajós, representando uma oportunidade para planejar a energia que o país realmente necessita e quer gerar. É hora de se preparar para a retomada futura da economia e, consequentemente, da demanda energética, investindo em fontes verdadeiramente limpas, e que façam sentido do ponto de vista social, econômico e ambiental.

Thursday, July 28, 2016

#WorldOnFire: Forest-fire smog has no borders

Blogpost by Khalimat Tekeeva

The vast, lush, green of Siberia’s forests is black and smoldering.

The fires rage on, already scorching an area the size of Belgium, Luxemburg and The Netherlands combined - seven million hectares. I can see the haze 4500km away in Moscow. You can see the smoke from space. It seems unimaginable and unmanageable, but there is something you can do about it.

Wildfires in Irkutskaya region, July, 2016. Photo: © Greenpeace/Max Grigoryev

The smoke from these wildfires covers 12 regions in Siberia; from the banks of the great Volga river and reaching far to the West. It isn’t dangerous for Moscovities yet – but millions of people are suffering from toxic smoke in Yekaterinburg, Krasnoyarsk, Kazan and other Russian cities.
These fires are destroying one of the largest forested regions in the world – the Russian Boreal. The forests here are one of the most 'biologically outstanding' places on our planet. It is home to a range of species – from wolves and brown bears to golden eagles and Siberian accentors.
Fire Fighting in Baikal Region in Russia. Photo:  © Greenpeace / Maria Vasileva
On the front of this firefight
The determination to protect our forests and health is bringing people together to find solutions. The Greenpeace Russia Wildland Fire Program (WFP) works with volunteers on the ground to find those solutions all over Russia. Our experts lobby on behalf of our forests. And we have had victories.
Fighting wildfires is part of what we do. Our mission is to protect valuable natural reserves and parks and teach volunteers to do the same. Drawing on years of experience, local groups have become more effective than the official forest management bodies. This July, near lake Lagoda, experienced volunteers trained with Greenpeace Russia to strengthen their expertise to lead groups of volunteers in their own regions. People from Irkutskaya, Buryatia, Astrakhan – areas suffering from fires – worked from morning to evening to become better volunteers, firefighters and leaders.

Training camp on Ladoga lake. Photo:  © Greenpeace / Maria Vasileva
Russian experts also shared their experience with colleagues in East Asia, to help organise local firefighting groups, because forest fires are a huge problem there too. They were happy to learn how to suppress peat fires – one of the most difficult fires to fight.

Wildfires have no borders
Forest fires release massive amounts of carbon. This fuels climate change, which makes the fires worse and threatens communities around the world. That’s why it’s important for all of us to help fight wildfires. Responsibility to protect the planet's forests belongs to all of us, not just because of their innate beauty, but also for their vital role in stabilising the climate.
So, how can you help? Become a part of our team.


Khalimat Tekeeva is a press officer with Greenpeace Russia.

Tuesday, July 26, 2016

The Soy Moratorium, 10 years on: How one commitment is stopping Amazon destruction

Blogpost by Paulo Adario


A decade ago, the expansion of soybeans posed an enormous risk to the Amazon rainforest. Today, this commitment proves zero deforestation is possible.

Soya beans in the hands of a Greenpeace Amazon Campaigner, in a soya plantation.28 Jul, 2005  © Greenpeace / Daniel Beltrá
When civil society, private enterprise and governments come together to develop environmental solutions, the results can be remarkable. Practical proof of this is the Soy Moratorium, which was adopted ten years ago this week in Brazil.
This industry agreement is the result of one of Greenpeace's most successful campaigns in Brazil and marked a turning point in the protection of the Amazon – showing that an end to deforestation is not only possible, but also extremely beneficial to the market.

Before 2006, soy was replacing Amazon rainforest at an astonishing speed. 

Ten years ago, the rapid expansion of the soybean crop in the Amazon posed a serious threat to the world’s largest tropical forest and its inhabitants.
Although this grain has been cultivated in Asia for over 2000 years, commercial scale harvesting of soybeans began only in the West – first in the United States – at the turn of the twentieth century. Soybeans were first commercially grown in Brazil in the state of Rio Grande do Sul in 1914. Well adapted to the acid soils of the Cerrado, soybeans expanded in the 1980s and invaded the Amazon through the state of Mato Grosso at the start of the 1990s. Soy continued to push the agricultural frontier toward the heart of the Amazon forest while leaving a trail of destruction in its wake.
A lone tree stops the endless pattern of lines formed by soybean sprouts in Nova Mutum, in Mato Grosso. 28 Nov, 2015  © Bruno Kelly / Greenpeace
Between 70 percent and 90 percent of world soybean production is used to feed animals. The growing global demand for soybeans – which has led to enormous growth in Brazilian agriculture – had become the nemesis of the forest, its peoples and global climate stability.
At the turn of the millennium, the construction of a soybean terminal by the multinational Cargill in Santarém – where the Tapajós and Amazonas Rivers meet – resulted in a run on land in the region. Farmers from the south and Mato Grosso purchased cheap land from small farmers. Entire communities were displaced as a result of the land-buying "fever" and, in some cases, corruption and violence were used to remove those who did not want to sell their land. These carpetbaggers brought with them more deforestation.
In 2004 and 2005, the situation in the Brazilian Amazon was cause for great concern, with the second highest rate of annual deforestation on record. Although the greatest enemy of the forest is cattle ranching (which today occupies 65 percent of the deforested areas), soybeans – grown for export and much more profitable than beef – leapt to the forefront of destruction. This crop needed to be contained before it was too late. To do so, it was important to identify who was responsible, who benefitted and who had the power to stop the destruction of the forest.

Taking action to stop deforestation from soy 

In April 2006, Greenpeace released Eating up the Amazon, a report detailing the extent to which the soybean supply chain from the Amazon was contaminated by deforestation. Greenpeace also exposed consumer companies like McDonald's; the chicken that McDonald's and many fast food companies served was fed soybeans grown to the detriment of the Amazon rainforest.
Greenpeace’s proposal to address this problem was as simple as drawing a line in the sand: a moratorium on the purchase of soy that came from deforested areas, was associated with slave labour or encroached on Indigenous Lands – as of the date the moratorium was signed. This commitment would cut off market access for soy farmers who were linked to forest destruction or other abuses.
Greenpeace activists dressed as seven-foot tall chickens invade a McDonald's outlet in Birmingham after a new report revealed the role played by the fast food giant in the destruction of the Amazon rainforest. McDonald's chicken products are produced from chickens that are fed on soya that comes from the Amazon rainforest. 6 Apr, 2006  © Richard Stanton / Greenpeace
As McDonald's – the largest buyer of soybeans from Cargill in Brazil at the time – became the focus of protests by activists around the world, the campaign gathered strength. After analyzing the evidence and demands presented by Greenpeace, McDonald’s preferred to move out of the line of fire and become part of the solution.
Led by McDonald’s, other large European companies that imported soybeans from Brazil established the European Soy Consumers Group and began to pressure their suppliers in Brazil. They did not want to purchase soybeans tainted by deforestation, encroachment on Indigenous Lands or slave labour.
A few months later, on 24 July, 2006, the Soy Moratorium was signed by members of ABIOVE (Brazilian Vegetable Oil Industry Association) and ANEC (National Association of Cereal Exporters), which control 92 percent of soybean production in Brazil. Around the same time, civil society organisations joined the initiative and formed the Soy Working Group (SWG).  The moratorium, a voluntary agreement designed to ensure that traders do not buy soy grown in the Amazon on land deforested after 2006 was initially proposed to last two years. (NOTE: In 2013 the cutoff date was changed to 2008 in line with the new Brazilian Forest Code.)
The commitment was renewed in 2008 with the participation of the Brazilian government, and since then has been renewed annually. In May of this year, the agreement was renewed indefinitely or “until it is no longer necessary,” according to the terms of the renewal.

Rainforest and Amazon River. 18 Feb, 2008.  © Greenpeace / Rodrigo Baléia

A game changer for the Amazon

What was originally seen as an affront to the industry has been converted into a major commercial triumph. In the end, producing deforestation-free soybeans opened the doors to more markets for the Brazilian product. From the Soy Moratorium’s inception in 2006 until today, deforestation has fallen 86 percent in the 76 municipalities covered by the moratorium, and these municipalities produce 98 percent of the soybeans in the Amazon biome.
In 2004, up to 30 percent of the soybeans planted in the Amazon came from recent deforestation. Today, this figure is no higher than 1.25 percent.
A study published in 2015 in the journal Science by Dr. Holly Gibbs, from the Department of Environmental Studies at the University of Wisconsin shows that the Soy Moratorium was five times more effective in reducing deforestation than the Brazilian Forest Code. The success of the Moratorium is a business case that captured the attention of the world.
Ending deforestation is one of the UN Sustainable Development Goals, signed by many countries, including Brazil and also the will of over 1.4 million Brazilians who signed the Zero Deforestation Bill – submitted to Brazil’s Congress last year. The Soy Moratorium is one of the best examples of how zero deforestation can be put into practice and proof that ending the destruction of the Amazon is beneficial for everyone, including industry.
Brazil does not need more deforestation. On the contrary, for the security of producers and the public, the country needs to protect its forests and rivers for the long road ahead. Initiatives like the Soy Moratorium need to be replicated for other crops and regions. We need to learn from our successes.
Paulo Adario is Senior Forests Strategy Advisor at Greenpeace International and a coordinator of the Soy Working Group. 
A version of this blog was originally posted by Greenpeace Brazil (Portuguese).

Vaquita success! New protections could save this endangered porpoise

Blogpost by Phil Kline 
With only 60 animals remaining, the vaquita porpoise is on the brink of extinction. That's why 150,000 Greenpeace supporters have stood up to save this shy, beautiful animal. And the Mexican government just announced new protections for the vaquita. But will it be enough?
With only 60 remaining, the elusive vaquita is the most endangered porpoise in the world. 19 October 2008 © NOAA/Wikimedia Commons. 
With only 60 remaining, the elusive vaquita is the most endangered porpoise in the world. © NOAA/Wikimedia Commons.
The Mexican government has just announced new vaquita protections in the upper Gulf of California, the only place in the world where the vaquita lives.
More than 150,000 Greenpeace supporters have demanded greater protections for the vaquita, the world’s most endangered porpoise. And I want to thank all of you vaquita lovers for your help in pushing the government of Mexico to make this happen.

Only two weeks ago, John Hocevar, the Greenpeace USA oceans team leader, met with the Ambassador of Mexico in Washington, D.C. At that meeting John repeated your call for a permanent gillnet ban in vaquita habitat, and now it’s a reality.
Greenpeace USA Oceans Director John Hocevar met with the Mexican Ambassador on July 7 while vaquita lovers rallied outside the Mexican Embassy in Washington D.CGreenpeace USA Oceans Director John Hocevar met with the Mexican Ambassador on July 7 while vaquita lovers rallied outside the Mexican Embassy in Washington D.C. 7 Jul, 2016, ©Livia Hyams / Greenpeace

Banning gillnets and night fishing to save the vaquita

Just last week, Mexico’s National Aquaculture and Fisheries Commissioner, Mario Aguilar Sánchez, told reporters that the use of all gillnets in vaquita habitat would be permanently prohibited beginning this September. Night fishing will also be banned before the end of the year. These new regulations will increase the effectiveness of the enforcement of vaquita protections as the government of Mexico works to recover the vaquita population and bring them back from the edge of extinction.

The most recent population estimate indicate there are only about 60 vaquitas remaining. The vaquitas are innocent victims, most often killed as bycatch, in an illegal gillnet fishery for totoaba fish (also endangered) swim bladders that fetch astronomical prices in the Chinese traditional medicine trade.

To save the vaquita, we must also stand up for local communities

It is important to underline that these prohibitive measures should also consider the livelihood and social opportunities that communities along the upper Gulf of California need for their development. Only by assuring that there are economic alternatives for these local communities that enable them to substitute other viable practices for totoaba fishing can the vaquita’s survival be ensured.

It’s time for some celebration over these new measures, but stay tuned as there’s still plenty of work to be done before the vaquitas are out of the woods.
Phil Kline is a Senior Oceans Campaigner at Greenpeace USA.
The blog was originally posted by Greenpeace USA.

Moratória da Soja completa dez anos

Na década passada a expansão da soja representava um enorme risco para a Amazônia. Hoje, mostra na prática que Desmatamento Zero é possível
Por Paulo Adario, da campanha de Florestas do Greenpeace


Antes da Moratória, a soja vinha se consolidando como um grande vetor de desmatamento na Amazônia. Na imagem, ativistas do Greenpeace protestam em área desmatada, em Santarém, e são recebidos com violência. (© Greenpeace / Daniel Beltrá)

Quando a sociedade civil, a iniciativa privada e governos se unem para buscar soluções ambientais, os resultados podem ser surpreendentes e a prova prática disso é a Moratória da Soja, que acaba de completar dez anos de existência.
Este acordo de mercado é resultado de uma das mais bem sucedidas campanhas do Greenpeace no Brasil e foi um divisor de águas na proteção da Amazônia, mostrando que o fim do desmatamento não é apenas possível, como também extremamente vantajoso para o mercado.
Há dez anos a rápida expansão da cultura de soja  na Amazônia representava uma séria ameaça para a maior floresta tropical do planeta e seus habitantes. Veja em detalhes a história e funcionamento da Moratória da Soja.
Apesar de ser um grão conhecido na Ásia há mais de 2 mil anos, a soja só passou a ser cultivada em escala comercial no Ocidente – a começar pelos Estados Unidos – em fins do Século 19 e início do Século 20. O primeiro plantio comercial de soja no Brasil, no Rio Grande do Sul, data de 1914.  Adaptada aos solos ácidos do Cerrado, a soja avança rumo norte nos anos 80, invadindo a Amazônia por Mato Grosso no início dos 90. E segue em frente, empurrando a fronteira agrícola, rumo ao coração da floresta Amazônica e deixando um rastro de desmatamento por onde passa.  Entre 70% e 90% da produção mundial de soja destina-se à alimentação de animais; a crescente demanda global pela soja, que provocou um crescimento enorme no setor agrícola brasileiro, virou algoz da floresta, de seus povos e da estabilidade climática global.

Porto da Cargill, em Santarém (PA), em 2006. (© Markus Mauthe/Greenpeace)

Com a implantação do terminal de soja da multinacional Cargill em Santarém, na confluência dos rios Tapajós e Amazonas (PA), no início dos anos 2000, agricultores do sul do país e de Mato Grosso promoveram uma corrida à região, comprando terras baratas de pequenos agricultores. Comunidades inteiras foram deslocadas graças a "febre" de compra de terrenos e, em alguns casos, corrupção e violência foram usadas para remover aqueles que não quiseram vender suas terras. Os recém-chegados trouxeram na bagagem novos desmatamentos.
Em 2004/2005, a situação na Amazônia brasileira era alarmante, com a segunda taxa mais alta de desmatamento anual já registrada. Embora a principal inimiga da floresta fosse a pecuária (que hoje ocupa 65% das áreas desmatadas), a soja, destinada à exportação e  muito mais rentável que o boi, se tornou a vanguarda da destruição. Precisava ser contida antes que fosse tarde demais. Para isso, era importante identificar quem era responsável, quem se beneficiava e quem tinha poder para parar a destruição da floresta.
Em abril de 2006, o Greenpeace lançou o relatório "Eating up the Amazon" (Comendo a Amazônia), que mostrava o quanto a cadeia da soja amazônica estava contaminada pelo desmatamento. Empresas consumidoras como o McDonald's foram expostas: a carne de frango que eles e outras empresas de fast-food serviam era alimentada com a soja cultivada a partir da destruição da Amazônia. A proposta do Greenpeace era simples como traçar uma linha no solo: uma moratória na compra de soja, que fechasse o mercado para o grão vindo de desmatamentos ocorridos a partir da data de assinatura do compromisso, que estivessem envolvidos com trabalho escravo e invasão de terras indígenas.

Ativistas do Greenpeace UK protestam em frente à loja do McDonald's em Londres, em 2006. (© Jiri Rezac / Greenpeace)
Com protestos de ativistas mundo afora, focados no McDonald's - maior comprador de soja da Cargill no Brasil naquela época, a campanha ganhou força. Depois de analisar as evidências e demandas apresentadas pelo Greenpeace, a McDonald’s preferiu deixar de ser alvo para ser parte da solução. Lideradas por ela, grandes empresas europeias que importavam soja do Brasil criaram o Grupo Europeu de Consumidores de Soja, passaram a pressionar seus fornecedores no Brasil: não queriam mais comprar soja contaminada com desmatamento, invasão de terras indígenas e escravidão.
Poucos meses depois, em 24 de julho de 2006, a Moratória da Soja foi assinada por membros da ABIOVE (Associação Brasileira Indústrias Óleos Vegetais) e ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), que controlavam 92% da produção de soja no Brasil. Na mesma época, organizações da sociedade civil se juntaram à iniciativa e formou-se o Grupo de Trabalho da Soja – GTS.  A moratória foi inicialmente proposta por dois anos, esse acordo voluntário garantiu que comerciantes não comprassem soja cultivada na Amazônia em terras desmatadas depois de 2006* . O compromisso foi mantido em 2008, já com a participação do governo brasileiro e desde então vinha sendo renovado anualmente. Em maio deste ano, o acordo foi renovado por tempo indeterminado ou “até que ela não seja mais necessária”, como diz o termo de renovação.
E o que era visto como uma “afronta” para o mercado acabou convertido em um grande trunfo comercial. Afinal, produzir soja livre de desmatamento abriu as portas de mais mercados para o produto brasileiro. Desde de sua criação, em 2006, até hoje o desmatamento caiu 86% nos 76 municípios alcançados pela Moratória , que produzem 98% da soja no Bioma Amazônia, enquanto a área plantada aumentou em 170% no mesmo período. Em 2004, até 30% da soja plantada na Amazônia vinha de desmatamento recentes. Hoje, esse número não passa de 1,25%.


Um estudo publicado em 2015 na revista Science pela professora Holly Gibbs, do Departamento de Estudos Ambientais da Universidade de Wisconsin (USA), mostra que a Moratória da Soja foi cinco vezes mais eficiente em reduzir o desmatamento em comparação com o Código Florestal brasileiro. O sucesso da Moratória virou um “business-case” de repercussão mundial.
Acabar com o desmatamento está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, assinado por diversos países, incluindo o Brasil, e é o desejo de mais de 1,4 milhão de brasileiros que assinaram pelo projeto de lei do Desmatamento Zero, entregue no Congresso no ano passado. A Moratória da Soja é um dos melhores exemplos de como o Desmatamento Zero pode ser colocado em prática e a prova de que acabar com a destruição da Amazônia é vantajoso para todos, inclusive para os negócios.
O Brasil não precisa de mais desmatamento, pelo contrário, para a segurança de produtores e populações, precisamos proteger nossas florestas e rios, há um longo caminho adiante. Experiências como a Moratória da Soja deveriam ser replicadas em outras culturas e regiões, como o Cerrado. Precisamos aprender com nossos acertos.

* Em 2013 a linha de corte foi alterada para 2008, em alinhamento ao Novo Código Florestal brasileiro.

Friday, July 22, 2016

Siemens ignora apelo de mais de 1 milhão de pessoas para não destruir a Amazônia

Protestos do Greenpeace aconteceram ao redor do mundo 

Protesto na Siemens realizado na Bélgica (© Philip Wilson/Greenpeace)

Ativistas do Greenpeace de 19 países ao redor do mundo protestaram esta semana para pedir que a Siemens não se envolva com a construção de uma mega hidrelétrica no rio Tapajós, no coração da Amazônia
Se construída, São Luiz do Tapajós poderá alagar cerca de 400 km² de floresta e provocar mais de 2.200 km² de desmatamento. A barragem poderá impactar também o povo Munduruku, que vive no rio Tapajós há gerações.
Essa não é uma demanda só do Greenpeace. Mais de 1 milhão de pessoas se juntaram à campanha online e milhares mandaram mensagens ao CEO da Siemens, Joe Kaeser, postando mensagens nas redes sociais da empresa.
“Kaeser anunciou anteriormente que a Siemens se posicionaria com relação ao envolvimento na construção de São Luiz do Tapajós, mas até agora não foi feito nenhum anúncio”, diz Jannes Stoppel, da campanha de florestas do Greenpeace. “A empresa deveria aprender com seu passado de envolvimento em hidrelétricas destrutivas na Amazônia e ouvir mais de 1 milhão de pessoas que querem ver o rio Tapajós correndo livre. Em vez disso, perde a oportunidade de mostrar responsabilidade e se comprometer com as pessoas, a biodiversidade e o clima”.
A Siemens se envolveu nas últimas quatro grandes hidrelétricas construídas na Amazônia (Teles Pires, Jirau, Santo Antonio e Belo Monte), todas elas acusadas de terem violado direitos humanos. “A Siemens deve agir de acordo com as suas políticas e promessas de ser uma empresa verde e recusar-se publicamente a participar da destruição de uma das últimas grandes áreas de floresta tropical no mundo”.
Consequências irreversíveis
Se construída, a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós terá enorme impacto social e ambiental. Irá alagar grandes áreas de terras pertencentes a mais de 12 mil indígenas Munduruku e comunidades ribeirinhas que vivem na área desde o século 19. Além disso, a saúde dessas populações seria severamente impactada.
A morte em massa de peixes e problemas de saúde aparentemente ligados à contaminação da água já foram relatados em outras barragens na bacia do Tapajós, bem como na parcialmente concluída hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, a última grande construção de barragem na Amazônia, com envolvimento Siemens. "Nós vimos toda a destruição em Belo Monte e nós não queremos o mesmo acontecendo aqui", disse Arnaldo Kaba Munduruku, cacique-geral do povo.
Além dos enormes impactos socioambientais, Belo Monte é também um dos projetos sendo investigado pelas autoridades brasileiras por suspeitas de corrupção, colocando em risco a reputação das empresas envolvidas.
Um relatório recente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Empresas e os Direitos Humanos sobre sua visita oficial ao Brasil, em Dezembro de 2015, recomenda que as empresas respeitem os direitos humanos internacionais e garantam a consulta às comunidades e indivíduos potencialmente afetados.
Atualmente, o licenciamento para o projeto no Tapajós está suspenso pelo Ibama. Isso aconteceu depois que a Funai publicou relatório reconhecendo que parte da área que seria inundada pela barragem está dentro de território tradicional Munduruku, o que resultaria na remoção forçada do povo para que o projeto seja viabilizado, indo contra a Constituição brasileira.
Uma análise produzida pelo Greenpeace Brasil mostra que uma combinação de energias renováveis - solar e eólica - poderia substituir o projeto de São Luiz do Tapajós. Em vez de destruir a Amazônia, a Siemens poderia investir em outras alternativas de energia no Brasil.
A empresa francesa de energia Engie anunciou publicamente seu distanciamento de mega-projetos hidrelétricos na Amazônia e acrescentou que o futuro energético do Brasil está no desenvolvimento de energia solar e eólica.

Thursday, July 21, 2016

From L'Oréal to Revlon, which brands are polluting the ocean with microbeads?

Blogpost by Taehyun Park

After discovering that 170 types of seafood contained traces of microplastics, Greenpeace East Asia decided to put 30 of the world’s biggest cosmetic and personal care brands to the test.
Product pictures of microbeads/micro plastics which were found in cosmetical products from Germany and filtered out.
Microbeads might be best known to you as the coloured beads in your shower gel and facial scrubs, but more recently they’ve gained notoriety for wreaking havoc on our ecosystems and marine life.
The tiny pieces of plastic are added to everyday cosmetic products as an exfoliating agent, or for colour and texture. They’re tiny enough to travel down your plughole and right through water filtration systems and into our rivers, lakes and oceans.
A single tube of face wash can contain up to 360,000 of these tiny plastic spheres. That means that once we have finished washing our faces or brushing our teeth, we unwittingly release thousands of pieces of plastic into our environment, where they go on to ‘gently exfoliate’ the digestive tracts of seabirds and even enter the food chain.
They can also act as agents to absorb and release toxic chemicals around the sea and into the marine life that ingests them.



How do the companies stack up?

Greenpeace East Asia decided to put 30 of the world’s top companies to the test and rank them according to the strength of their commitment to getting rid of microbeads once and for all.
While most of the brands claim to have their plastic pollution problem under control, not one of them succeeded in meeting Greenpeace’s environmental standards, meaning that they still have the potential to allow this contamination into our waterways.
Even the top scoring brands in the rank, like Beiersdorf, which has allegedly fulfilled all its commitments to its microbead ban pledge, have only taken action to remove one type of plastic-polythene- from its products, which gives a free rein to other polluting plastics.
The harmful effects of microbeads are now well known and we’re gathering more and more evidence that they’re bad news. Many of the world’s biggest brands have made pledges to rein in these toxic terrors, but they’re still not that simple for consumers to avoid.
Firstly, while some companies proudly tout the presence of ‘skin-polishing’ microbeads in their product descriptions, others contain microbeads that can be barely seen with the naked eye and only appear in the ingredients list as polyethylene, polypropylene or polystyrene.
Secondly, many brands have made promises to do the right thing and ban the beads, but each brand has its own, narrow or confusing definition of what constitutes a microbead. These definitions can vary from function of the product, role of the microbead and can even the shape of the microbead, creating loopholes that could allow the inclusion of microbeads that don’t fit into these limited definitions.

What’s the solution?

So how to get these pesky microbeads out of our products and out of our oceans? The solution is simple. Our governments need to step in and enforce a total ban on the sale and production of all solid microplastic ingredients in all personal care products.
The good news is, it’s already happening. The US announced a ban on microbeads in January of this year, while campaigns to do the same are building momentum all around the world.
In the meantime, you can vote with your wallet and choose brands that don’t add to this pointless pollution. Check out Flora and Fauna International’s Good Scrub Guide or download the Beat the Microbead app and send a clear message to manufacturers that microbeads are unwanted and unnecessary.
Taehyun Park is an Oceans Campaigner at Greenpeace East Asia
*Greenpeace East Asia consulted Fauna & Flora International on expected good practice with respect to corporate commitments to ending microplastic ingredient use.

Wednesday, July 20, 2016

Siemens: deixe o Tapajós livre

Ativistas do Greenpeace estiveram na sede da empresa, esta manhã, para pedir que ela não se envolva na construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na Amazônia 

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Ativistas de Greenpeace estão na sede da Siemens no Brasil para perguntar se a empresa ficará do lado da destruição ou da proteção da Amazônia (© Julia Moraes/Greenpeace)
Cerca de 30 ativistas do Greenpeace estiveram na sede da Siemens, em São Paulo, na manhã desta terça-feira, exibindo imagens do Rio Tapajós e de pessoas do povo indígena Munduruku. O objetivo do protesto era informar sobre os impactos da construção da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, no coração da Amazônia, e exigir à Siemens que não se envolva com o projeto. A empresa é uma das principais fornecedoras de equipamentos para usinas hidrelétricas no mundo.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Governamentais da empresa no Brasil, Henrique Paiva, desceu para uma conversa informal com os ativistas na frente da empresa. Ele informou que a Siemens já vem conversando sobre o assunto internamente, depois de o Greenpeace ter iniciado uma série de protestos dirigidos à empresa, em diversos países. Ele se comprometeu a endereçar as demandas aos diretores da companhia no Brasil e em sua sede, na Alemanha, e articular uma reunião formal sobre o assunto “o mais rápido possível”. “O Greenpeace, porém, não vai parar a pressão enquanto a Siemens não declarar publicamente que vai se afastar definitivamente do projeto”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Henrique Paiva recebeu duas fotos que faziam parte do protesto, para levar ao CEO da Siemens Brasil, Paulo Ricardo Stark. Uma das imagens trazia sementes de urucum, espécie usada pelos Munduruku quando vão guerrear. A outra era um retrato de um guerreiro Munduruku. “Para este olhar te acompanhar e iluminar a decisão da Siemens”, disse Nilo D’ávila, coordenador de Campanhas do Greenpeace Brasil, ao entregar a foto para Paiva. “Não é só o aspecto energético que tem que ser levado em conta neste projeto, mas sobretudo as pessoas e a biodiversidade que serão afetadas por ele”, disse.


Se a obra for adiante, 376 km2 de floresta serão inundados pelo reservatório e o desmatamento indireto estimado é de 2,235 km2 (© Rogério Assis/Greenpeace)

Tudo isso, porém, é absolutamente desnecessário: um relatório do Greenpeace divulgado em abril já demonstrou que uma combinação de energias verdadeiramente limpas – como solar, eólica e biomassa – pode substituir o projeto de São Luiz do Tapajós. E com impactos extremamente reduzidos.
Mais de um milhão de pessoas no mundo todo já assinaram uma petição contra a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Nos últimos meses, ativistas do Greenpeace em vários países tentaram entrar em contato com a Siemens por email, pelas redes sociais e pessoalmente, nos escritórios da empresa. Em junho, após um protesto na Alemanha, o CEO global da marca, Joe Kaeser, chegou a conversar rapidamente com representantes do Greenpeace. A companhia, porém, ainda não assumiu um compromisso claro e público de que vai se manter distante do empreendimento planejado para o Tapajós. Nos últimos quatro dias, ativistas foram à sede da Siemens na Austrália, Áustria, Japão, Romênia, EUA e Inglaterra para reforçar a exigência.
Em abril, o Ibama suspendeu o licenciamento de São Luiz do Tapajós ao reconhecer os impactos irreversíveis que a obra causaria ao povo Munduruku. O processo, porém, não chegou ao fim: “Ainda é preciso garantir a demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu e o cancelamento definitivo do projeto por parte do governo”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “O Greenpeace está mundialmente mobilizado contra este projeto. Não vamos descansar”.

Saturday, July 16, 2016

Energia solar brilha para o povo Munduruku

Enquanto o governo quer construir uma hidrelétrica que irá inundar a terra dos Munduruku, o Greenpeace levou até ela uma forma limpa e renovável de gerar energia elétrica
Acélio Augusta com o desenho que fez, retratando a aldeia Dace Watpu, que agora tem placas solares para gerar energia. (©Otávio Almeida/Greenpeace)
É forte e poderoso o sol que brilha na Terra Indígena Sawré Muybu, na região do rio Tapajós, Pará. Poucas horas depois da alvorada, ele já ilumina do alto a floresta amazônica, permitindo que plantas cresçam, frutos se desenvolvam e que o povo Munduruku mantenha o seu dia a dia, em harmonia com a natureza. Esse sol intenso agora também brilha na TI para gerar energia elétrica. Graças a uma parceria entre o Greenpeace e a Fundação Empowered By Light, duas aldeias Munduruku receberam placas fotovoltaicas. Os sistemas foram instalados por ativistas e voluntários do Greenpeace e estão conectados a baterias, garantindo que a energia produzida durante o dia seja aproveitada também à noite.
O povo Munduruku luta bravamente contra os planos do governo de construir a usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na região onde vivem. Se a usina sair do papel, 376 quilômetros quadrados de floresta serão alagados, em uma região de rica biodiversidade e importância para esses índios.
Portanto, a instalação das placas possibilita uma maior autonomia aos Munduruku em relação à demanda por eletricidade e é um símbolo que mostra que é possível garantir a energia que o Brasil precisa sem depender de novas hidrelétricas. “Por que o governo quer destruir a casa dos nossos povos tradicionais e nossas florestas se temos sol, vento e tecnologia o suficiente para explorar as fontes renováveis verdadeiramente sustentáveis, como a solar e a eólica?”, diz Thiago Almeida, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Na aldeia Dace Watpu, o sistema está produzindo energia para iluminar algumas lâmpadas em áreas usadas de forma comunitária pelos indígenas. E para manter ligado o dia todo um freezer, também de uso coletivo. Até a instalação das placas, o aparelho só ficava ligado entre as 4 horas da tarde e as 10 da noite. “Quando pescamos muitos peixes e queremos comer nos dias seguintes, nós temos que salgá-los. Mas não dura muitos dias. Com o freezer ligado o tempo todo, vai ser mais fácil. E vamos ter água gelada. Estamos muito felizes”, disse Valto Datie Munduruku, cacique da aldeia.
Antes da instalação, Valto não conhecia a energia solar. Mas agora, espera que outros povos indígenas de outras aldeias também possam ser beneficiados pela fonte. “Não precisamos da barragem aqui. O governo vai ver que existe outra solução e que não carece destruir o nosso rio para ter energia no país”, afirmou.

Já na aldeia Sawré Muybu, as placas solares alimentam lâmpadas da escola e um freezer coletivo. A casa do cacique Juarez Saw Munduruku também recebeu uma placa que abastece o sistema de transmissão de rádio. Esse rádio é crucial para a comunicação com outras aldeias, acessíveis apenas de barco. 
Para Bárbara Rubim, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, tanto o Governo quanto as grandes empresas também devem direcionar seus investimentos para as novas fontes renováveis. “O Brasil tem luz do sol de sobra e todo brasileiro já pode, há quatro anos, gerar sua própria energia a partir dela. O que faltam mesmo são incentivos para que essa fonte ganhe escala em todo o país”, diz.
Multiplicando o conhecimento
Durante as instalações dos sistemas fotovoltaicos nas aldeias Munduruku, o Greenpeace levou dois Multiplicadores Solares – jovens treinados pela organização para levar informação e conhecimento sobre energia solar Brasil afora. Adultos, jovens e crianças participaram de oficinas de construção de fogão solar, lanternas solares e brinquedos feitos a partir de materiais recicláveis. Leia no Tumblr Vida na Aldeia um relato sobre as oficinas dos Multiplicadores Solares.

Friday, July 15, 2016

They murdered my mother for defending the environment — help me seek justice

Blogpost by Salvador Edgardo Zuniga Cáceres

It has been four months since the murder of environmental and Indigenous rights activist Berta Cáceres, and her killers have still not been brought to justice. Instead, the violence continues – on 7 July, another activist from Berta Cáceres' organisation was abducted and killed.
Please read this powerful message from Berta's son, Salvador Edgardo Zuniga Cáceres, and take action to seek justice on Berta's behalf.

Berta Cáceres in 2015. © Tim Russo / Goldman Environmental Prize. 
Berta Cáceres in 2015. Photo by Goldman Environmental Prize. Photo Credit: Tim Russo
In March, my mother Berta Cáceres was murdered in her own home. Her death pains me in a way I cannot describe with words.
She was killed for defending life, for safeguarding our common goods and those of nature, which are sacred. She was killed for defending the rivers that are sources of our people’s life, ancestral strength and spirituality.
My mother became a woman of resistance, of struggle, so that our deep connection with nature is not destroyed; so that the life of our peoples – the Lenca Indigenous People of Honduras – is respected. Her killers tried to silence her with bullets, but she is a seed, a seed that is reborn in all men and women. She is a seed that will be reborn in the people that follow her path of resistance.
To achieve justice for her death, I need your help.
Please join me in asking the Honduran President Juan Orlando Hernández to launch an independent investigation into my mother’s murder.
Berta with her four children. 
Berta with her four children.
Honduras is one of the most dangerous countries in the world for environmental activists – more than 100 were murdered between 2010 and 2014.
These figures make me shiver. These activists lost their lives defending what belongs to us all, and my mother was no exception. She had been threatened and persecuted many times for safeguarding our people’s territory.
Even before my mother’s murder, two of my sisters had to leave the country. But our mother did not stop fighting against the Agua Zarca mega-dam project. If built, the Agua Zarca would lead to the displacement of our people and the privatization and destruction of our territories. It has already led to the murder of those who have the determination and the clarity to understand that life is not a commodity.
But the dam builders could not stop my mother. With her people beside her, she became invincible. So murderers broke into her house and opened fire against her chest. We are outraged not only because of the bullets that murdered her, but because her killers have walked away with impunity.
Please support an independent investigation into my mother’s death.
Berta Cáceres in the Rio Blanco region of Honduras. © Tim Russo / Goldman Environmental Prize. 
Berta Cáceres in the Rio Blanco region of Honduras. Photo by Tim Russo / Goldman Environmental Prize.
Berta used to say: “Defending human rights is a crime in Honduras.”
She knew that what she put her and her loved ones at risk, but she didn’t care. Along with the Civic Council of Popular and Indigenous Organizations of Honduras (COPINH) – an organization my mother co-founded – she defended Indigenous communities and gave her life. Today, our family, the Lenca people, and thousands of Hondurans are demanding justice.
We will only succeed if we press my country’s president into accepting that the Inter American Commission on Human Rights investigates the murder. We cannot trust the Honduran justice system.
“You have the bullet … I have the word. The bullet dies when detonated, the word lives when spread.” - Berta Cáceres
Today, we must be that word. My mother gave her life defending humanity and the planet. Now it’s up to us to seek justice on her behalf.

Salvador Edgardo Zuniga Cáceres is the son of award-winning Honduran activist Berta Cáceres, who was murdered in her home in March 2016.

PF realiza ação de combate à madeira ilegal no Maranhão

Grupos criminosos retiravam madeira ilegalmente da Terra Indígena Caru, dos índios Awa-Guaja, e da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi. Devido a denúncia do Greenpeace, ação deve estender-se a TI Alto Turiaçu 
A Polícia Federal do Maranhão realizou hoje uma grande ação contra o crime organizado que controla a exploração ilegal de madeira em florestas e áreas protegidas do estado. A polícia estima que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 60 milhões, por meio de fraudes aos sistemas de controle de madeira e crimes ambientais.
De acordo com a investigação, os criminosos extraíam madeira da Terra Indígena Caru, dos índios Awa-Guaja, e da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi. O produto, de origem ilegal, era então “esquentado”, com o uso de informações de empresas laranjas, que possuíam planos de manejo aprovados no interior do Rio Grande do Norte.
Esta manhã, mais de 300 policiais federais, com apoio de servidores do Ibama e policiais do Bope de Brasília e Rio de Janeiro, cumpriram 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária e 56 mandados de busca e apreensão. Segundo informações da PF, foram bloqueados R$ 12 milhões, de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no caso, 44 empresas tiveram suas certificações suspensas e mais de 20 serrarias ilegais foram destruídas.
O mosaico de terras indígenas e unidades de conservação em questão está localizado na região central do Maranhão, no último remanescente florestal de Amazônia que resistiu ao desmatamento no estado. O local sofre com a pressão exercida principalmente pela extração ilegal de madeira, mas também pela grilagem de terra, para conversão em pasto ou plantações.
A área, que reúne TIs e uma UC, é um dos últimos remanescentes de Amazônia do Maranhão
A operação, batizada de “Hymenaea”, em referência avuma das espécies de árvore exploradas, o Jatobá, acontece próxima a Terra Indígena Alto Turiaçu, onde nas últimas semanas madeireiros  aumentaram as ameaças e voltaram entrar no território, segundo relatos de fontes locais e organizações que trabalham junto ao povo Ka’apor. Em abril do ano passado, a liderança indígena Eusébio Ka’apor foi morto no local e uma adolescente permanece desaparecida desde fevereiro.
Os Ka'apor realizam ações de monitoramento e proteção do território desde 2010. No ano passado, o Greenpeace desenvolveu um trabalho junto às lideranças Ka’apor para a adoção de novas tecnologia nestas ações, com uso de mapas mais precisos, armadilhas fotográficas e rastreadores via satélite. Desde então, o Greenpeace vem reiteradamente denunciando às autoridades brasileiras a grave situação de conflito na região.
Ações como a promovida hoje, pela Polícia Federal e IBAMA, são fundamentais no combate ao crime de extração ilegal de madeira, que promove a violência e a destruição na Amazônia maranhense. Os culpados devem ser penalizados.
No entanto, ações como essa conseguem frear e diminuir a pressão apenas localmente, enquanto o problema da madeira illegal continua no Brasil. É necessário que os governos federal e estaduais encarem o problema de frente, realizando revisão em todos os planos de manejos florestais aprovados desde 2006, nas licenças de operação das serrarias, além de implementar um sistema de controle florestal eficaz, que seja capaz de inibir as fraudes demonstradas desde 2014 nos relatórios “Chega de Madeira Ilegal”, publicados pelo Greenpeace Brasil.

Wednesday, July 13, 2016

'The river is our blood.' Standing with the Munduruku in the heart of the Amazon

Blogpost by Bunny McDiarmid 

Greenpeace International Executive Director Bunny McDiarmid and Greenpeace Brasil Amazon Campaign Coordinator Tica Minami meet with several Munduruku Caciques in the Amazon rainforest along the Tapajós River. 8 Jul, 2016  © Lunae Parracho / Greenpeace
There is nothing quite like flying over the Brazilian Amazon. The forest spreads out like an endless green carpet, crisscrossed by ribbons of water, and goes on for as far as the eye can see. Banks of clouds break up the vast sky. As the green of the mighty Tapajós River comes into view, I know we’ve entered the territory of the Munduruku Indigenous People – my hosts for the coming days.
Greenpeace is working alongside the Munduruku to push for formal recognition of their land and to halt the massive São Luiz do Tapajós (SLT) hydrodam planned for the Tapajós River, in the very heart of the Amazon. I have come to meet with the Munduruku chiefs and show our global support for the protection of the Tapajós and the rights of the Munduruku who have lived here for generations.
The Munduruku are the protectors of this remarkable part of the Amazon – home to rare species like the pink river dolphin and the jaguar. There appears a seamless connection between their river, their forest and them. They are a living part of each other. I asked one of the first women caciques (chiefs) of a Munduruku village about the Tapajós, and her words stuck with me: “The river is our blood. Not only mine but ours. The river wants to stay alive... The river is crying... The animals... don’t know what’s coming to kill them.”
Together with caciques from across the Munduruku territory, I had a chance to see first-hand the damage that damming the Tapajós would cause to their land. We flew over two Amazon dams, one currently under construction, and the difference between the green Amazon forest of the Munduruku territory and these places was stark. What once was jungle, now is a maze of dirt roads and an enormous construction site. Where there were rivers, now are flooded areas – grey forests, drowned and dying, leaking climate-warming methane into the atmosphere. With the construction comes serious social problems as well. The lives of the communities around these dams has been fundamentally changed, and the heart of the Amazon rainforest is made more vulnerable as another way into the forest has been constructed by the dams’ development.
This is why the Munduruku are pushing for their traditional land to be formally recognised by the Brazilian government. If the Munduruku land is officially recognised, it makes the construction of the dam illegal. But the path to formal recognition has pitfalls. A recent report published by the Brazilian Indigenous Rights Department (FUNAI) recognised this land as traditionally Munduruku, and the Environmental Agency (IBAMA) even put the SLT dam on hold in response, but nothing is final. Given the volatility in the Brazilian political system at the moment, this tentative recognition could be shelved at any time.
So the Munduruku are seizing the moment and undertaking an unofficial, community-led demarcation of their land. They are marking their land with signs to indicate it is Munduruku territory – a process normally executed by the federal government – to pressure the government to grant formal and permanent recognition of their territory and stop the dam.
While the Munduruku are working to get official recognition and the rights that come with it, the rest of us also have a role to play: making this local fight a global one. We must be vocal in our support of Munduruku land rights. They are the best guardians of this river and the forest. We must also ensure that global companies considering becoming involved in this project stay away. That means calling on multinational corporations like Siemens to confirm they will not participate in the dam project if it moves forward. Siemens, which likes to brand itself as a green company, was already involved in the controversial Belo Monte dam – the most recent destructive dam to be built in the Amazon. The dam is mired in lawsuits and corruption scandals, and so far it has failed to deliver on its energy promise.
Our best chance to protect this incredible part of the Amazon is to stand with the people who have lived in and protected it for centuries. So, hammer in hand, I will help affix signs marking this land as Munduruku territory while I am here. And after I leave this place, I will continue to call on people like Joe Kaeser, CEO of Siemens, to recognise that the Tapajós is too precious to destroy – and it is in all of our interests that it is the Munduruku, not corporations, who have the final say.
This is a story of what is right and wrong in the world. Join me in asking Siemens to distance itself from this project, and stand with the Munduruku people.
Greenpeace International Executive Director Bunny McDiarmid and Greenpeace Brasil Executive Director Asensio Rodriguez join several Munduruku caciques (chiefs) in the unofficial demarcation of their territory along the Tapajós River. 6 Jul, 2016  © Lunae Parracho / Greenpeace
Bunny McDiarmid is the Executive Director for Greenpeace International.
This blog was originally posted by the Huffington Post.

Moving the mountain

Blogpost by Mirjam Kopp

The hardest part of any journey is getting started, taking that first step. It’s so much easier when you have your friends with you.
The same is true of the Detox outdoor campaign. It started when we found that some brands making our outdoor gear are also contributing to the contamination of our planet. Samples we collected from fishes and rivers to pristine mountaintops, all contained manmade PFCs. We knew as soon as the lab reports came back positive that we need to stop companies using these hazardous chemicals.
PFC testing, Kaçkar Mountains in Turkey, 16 Jun, 2015. © Umut Vedat / GreenpeaceCollecting water samples, Kaçkar Mountains, Turkey
But would the brands listen to us? We were just a handful of concerned, passionate nature lovers lacking in numbers. So we searched for other nature lovers who want to keep the world free of hazardous chemicals and ensure that the gear they buy doesn't pollute their most cherished environments.
And we found you. We found you on wooded trails, dangling from cliff faces, standing on mountain tops, swimming in clear blue lakes, and packing up your tents after a night under the stars.
Detox expedition to Altai Mountains in Russia, 8 Jun, 2015. © Roman Zaykovskiy / GreenpeaceDetox expedition to Altai Mountains in Russia
We’ve tapped into a thriving, supportive community and it's awe-inspiring to see outdoor lovers around the world joining us. We invited you to create the campaign with us, and before long you were telling us which products you want us to test in the lab, coming up with creative ideas for activities and organising adventurous PFC-free expeditions. Thousands of you participated in actions demanding your favourite brands to go PFC-free and Detox.
Detox action in Stockholm, 22 Feb 2016. © GreenpeaceDetox action in Stockholm, Sweden
Such a promising start has had its effects. You delivered early on, encouraging the UK-based brand Paramo, to make a bold move and be the first outdoor brand to Detox! This was an early victory and you kept the pressure on. We can now announce that, in just under a year of campaigning, your voice has been heard by two more brands, Vaude and Rotauf. Both have committed to clean up their production chains. Rotauf is already PFC-free and Vaude pledges to eliminate all PFCs from their products by 2018.
The momentum is building but there is more work to be done. In the past months, we tested the air in stores around the world run by the largest outdoor brands. The results will take your breath away!

Detox Action at The North Face Store in Milan, Italy, 18 Feb 2016. © Alessandro Vona / GreenpeaceDetox Action at The North Face Store in Milan, Italy
We also found out that many brands need your encouragement to completely drop PFCs from their gear. There are alternatives that keep outdoor lovers dry and warm and these brands need to know that you want them to switch now.
PFC-free Expedition in China, 21 Jan, 2016. © Vincent Chan / GreenpeacePFC-free Expedition in China
There are also brands that need you to get LOUD. They have not yet announced any timelines to eliminate PFCs, even though more than 200 scientists from around the world discourage their use in consumer goods due to their hazardous properties.
Some PFCs have been associated with adverse health effects in humans, including kidney and testicular cancers, while others may block the positive effects of children’s vaccinations. So we need you to step up again. Let these brands know that you’re not going away… and that you’re bringing your friends!
There are more victories ahead. Can we count on you to speak up again?
Mirjam Kopp is the Detox Outdoor Project Leader for Greenpeace Switzerland.

Mais um passo para o Acordo de Paris

Postado por therrero


No fim de 2015, milhares de brasileiros foram às ruas exigir metas ambiciosas contra as mudanças climáticas. Foto: Zé Gabriel / Greenpeace
Já eram mais de 22h quando uma boa notícia saiu da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (12/07): por unanimidade, os parlamentares aprovaram em plenário o projeto de decreto legislativo no qual o Brasil adere ao Acordo de Paris. Agora, faltam poucos passos para que o país ratifique o documento que regulamenta uma série de medidas de combate às mudanças climáticas. A proposição ainda precisa ser aprovada por comissões no Senado e, em seguida, receber a sanção presidencial para ser depositado formalmente na Convenção do Clima das Nações Unidas.
Para que entre em vigor internacionalmente, o Acordo de Paris precisa ter pelo menos 55 ratificações, de países que somem 55% das emissões de gases de efeito estufa do mundo. Até agora, 19 países já o ratificaram, mas eles somam apenas 0,18% das emissões globais.
Fruto da Conferência do Clima que aconteceu em dezembro do ano passado na França, o documento traz alguns pontos importantes para a luta contra as mudanças no clima. Ele estabelece como meta, por exemplo, não ultrapassarmos um aquecimento superior a 1,5 graus Celsius, além de propor que entre 2050 e 2100 sejam neutralizadas as emissões dos gases que provocam o efeito estufa.
“O Acordo de Paris é um passo fundamental para superarmos o desafio das mudanças climáticas. O Brasil ainda ostenta o título de sexto maior emissor do planeta. É ótimo ver a ratificação do acordo avançando. Suas promessas precisam se tornar realidade logo, com outros passos importantes sendo a aprovação do projeto de lei pelo Desmatamento Zero e fortes incentivos à energia solar”, diz Pedro Telles, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.


Friday, July 8, 2016

7 ways fishing trawlers are bad news for the seabed

Blogpost by Carl Safina


Conservationist and writer Carl Safina in Svalbard, 2 Jul, 2016 © Christian Åslund / Greenpeace
I’m writing this in the high Arctic at 78º North Latitude in early July, aboard the Greenpeace ship Arctic Sunrise where I’m a guest for a few days, with 24-hour daylight and gleaming glaciers in the valleys of snow-capped coastal mountains. We’re here because shrinking sea ice and warming ocean water is moving fish farther north, and fishing vessels are coming with them.
These are big trawling ships, and in other regions trawl-fishing has harmed—in some cases ruined—vast areas of seafloor. Here there’s still a chance to get it right by letting trawlers work in some areas and designating other areas as trawl-free zones. We’re here to document the trawling and help advance the discussion.
Russian bottom trawler in Svalbard, 1 July 2016. © Christian Åslund / GreenpeaceBottom trawler in Svalbard
Trawling at its most basic it’s a boat pulling a net through the water. Sometimes that net is midway between surface and seafloor. Sometimes—most of the time, actually—it’s dragged across the seafloor. Trawls have been called “bulldozers of the ocean.”
Recently some big retailers like McDonald’s and the major fishing companies of Norway and Russia have entered into an agreement with Greenpeace to not expand further until an agreement can be reached to put some big areas here aside, safe from trawling.
Trawling is one of the most basic and most effective ways of catching sea life. If you’ve eaten fish, most were probably caught by trawling. Here are some major issues:
1. Overfishing. Millions of tons of sea life find themselves engulfed in trawl nets each year. Trawling has been done so intensively that it’s depleted many kinds of fish in many parts of the world. Catches must be strictly managed or in a few years there’ll be little left.
German trawler in the English Channel, 14 Dec 2014 © Christian Åslund / GreenpeaceGerman trawler in the English Channel
2. Untargeted, unwanted catch, or “bycatch.” Regardless of different variations in method, the one thing all trawlers have in common is that they basically core a hole through the ocean, so they catch a lot of things they’re not trying to catch—unmarketable fish, marine mammals, even seabirds. In some fisheries the catch is pretty “clean.” But in many, more than half of what trawls catch is unwanted. Virtually all of a trawl’s catch comes up dead or fatally injured, and if it’s unwanted it’s just shoveled back. Shrimp fishing can be some of the worst, because small mesh also catches small fish. And large fish. At times, they can catch 10 fish for each single shrimp. Many are babies of large species, and have no market. Out come the shovels. I’ve seen it many times.
Trawler discarding 60 tonnes of sardines off the coast of Africa. 7 Jul, 2013  © Western Sahara Resource WatchTrawler discarding 60 tonnes of bycatch, West Africa.
3.  Destabilization of the seafloor. If the net is dragged, it is weighted. It plows heavily along the seafloor. Most of the deeper ocean seafloor has extremely stable natural conditions. Stable currents, stable temperature (it’s cold; things grow slowly). Not much happens to disturb the peace. Enter: disturbance-trawlers.
Bottom TrawlingBottom Trawling
4. Coral damage. Corals aren’t just for tropical reefs. Many coral species have specialized to grow in deep, cold water. Those corals often continue growing for centuries (I’ve read that they can be thousands of years old)—until the moment a trawl snaps and crushes them. Off Florida and New Zealand, deep corals have been 97-99 percent destroyed by trawling (Allsopp et al. State of the World’s Oceans, 2009, Springer). This is where fish live and hide; it’s their habitat. These deep reefs and coral groves are among the oldest old-growth on Earth. And there are many kinds of soft corals too. That word “soft” can help you guess what happens when a heavy trawl net comes plowing through.
Soft coral on Arctic Ocean seabed, 30 Jun, 2010. © Gavin Newman / GreenpeaceSoft coral on Arctic Ocean seabed
5. Destroying anemones, sponges, sea pens, urchins, and other fine, fragile-bodied animals. A lot of the seafloor harbors delicate upstanding creatures. Woe unto them; they shall be felled.
6. Crushing life within the seabed. Trillions of shelled or soft-bodied animals like worms, amphipods, clams, crabs, lobsters, and many others live in the seafloor in their quiet burrows, minding their own business and hiding. Quite crushable. This fauna is also food for fish and crabs. So even if you don’t care, even if you just want to catch or eat fish—if your method of catching fish kills the food of fish and ruins the places where fish live and hide, there won’t be as many fish to catch. In that sense, trawling can be like sawing off the tree-limb you’re standing on. So where trawlers trawl and what trawlers do makes a big difference to our ocean and our food supply. That’s why we need trawling-free areas.
Flabellina Polaris, Arctic Ocean, 14 Jun, 2014. © Alexander SemenovFlabellina Polaris, Arctic Ocean
7. Justice for all. Shocking perhaps, but the world wasn’t made just for those of us who happen to be here right now. The world was here and doing just fine for millions of years before we showed up. These trawling ships have been around for just a few decades. There are many people alive who were alive when the first big trawlers went to sea. And there will be many people alive in the future who will get what we leave and won’t get what we ruin. We can take care of the place, or we can wreck it. It’s really a deeply moral consideration. But there’s nothing that says the world owes us all the fish in the sea. Leaving some space in the sea is the smart—and the decent—thing to do.


 Add your voice to the call to end destructive fishing, and #ProtectWhatYouLove
Carl Safina is a writer and conservationist, and founder of The Safina Center. He is currently a guest on board the Arctic Sunrise off the coast of Svalbard, Norway.
A version of this article was first published by National Geographic, 4th July 2016.

Um milhão pelo Tapajós!

Campanha global pela proteção do Rio Tapajós e do povo Munduruku alcança o apoio de um milhão de pessoas durante visita da Diretora Executiva Internacional do Greenpeace 
Bunny McDiarmid, Diretora Executiva Internacional do Greenpeace, navega no Rio Tapajós com lideranças Munduruku (© Lunaé Parracho / Greenpeace)

Bunny McDiarmid está no coração da Amazônia trabalhando lado a lado com o povo Munduruku na luta contra a contrução da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós em seu território. A chegada da Diretora Executiva Internacional do Greenpeace à comunidade indígena se dá no mesmo momento em que a campanha global alcança um milhão de assinaturas pedindo que o Rio Tapajós continue vivo, assim como toda a vida a sua volta.
A hidrelétrica do Tapajós, se construída, destruirá a vida dos índios Munduruku ao criar uma reservatório com quase o tamanho da cidade de Nova York (729 km²) em plena Amazônia.
“Não existe melhores guardiões para o Rio Tapajós do que o povo Munduruku, que aqui viveu em equilíbrio com essa parte da Amazônia por séculos. A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós é uma ameaça ao modo de vida dos Munduruku, ao Rio Tapajós e à maior floresta tropical do mundo, a Amazônia”, disse McDiarmid. “Há apenas uns meses, poucas pessoas no mundo conheciam a luta dos Munduruku. Hoje, já são mais de um milhão resistindo ao lado deles. Isso mostra o enorme apoio global que os Munduruku têm para continuar em sua luta contra as hidrelétricas e pela proteção da floresta”.
A Diretora do Greenpeace se reuniu com uma das primeiras caciques mulher do povo Munduruku. Para Maria Niceia Akay Munduruku, o rio é o sangue de seu povo. “A hidrelétrica ameaça tudo, não apenas os índios. Os animais – os pássaros, peixes, jabutis – também serão afetados. Eles não sabem o que está vindo para matá-los. A represa vai matar tudo, os rios, os peixes e a floresta. É por isso que os Munduruku são contra esse projeto”.
McDiarmid também se juntou a outros caciques para um sobrevoo sobre a selva com o objetivo de testemunhar de perto a destruição causada pelas hidrelétricas já construídas na região. Em seguida, ela integrou um grupo de indígenas para ajudar na autodermação de seu território sagrado chamado de Sawré Muybu.

De camiseta roxa, Bunny ajuda índios Munduruku na fixação de uma placa demarcatória (© Lunaé Parracho / Greenpeace)

A autodemarcação de sua terra é uma das colaborações entre o povo Munduruku e o Greenpeace, como os workshops que ensinam a montar uma lâmpada e um forno a partir de energia solar. Também foi realizada a instalação de paineis solares nos centros comunitários de duas aldeias Munduruku para demonstrar como as fontes renováveis podem ser a solução energética para o país.
Parte importante desse trabalho de resistência contra a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós é a pressão internacional que os apoiadores do Greenpeace no mundo inteiro estão fazendo sobre as empresas multinacionais que fornecem a tecnologia para a obra. Empresas como a Siemens, envolvida na destrutiva hidrelétrica de Belo Monte, precisam reconhecer os impactos socioambientais da usina de Tapajós e deixar essa parceria. Por isso o Greenpeace criou uma plataforma online em 13 línguas onde as pessoas podem mandar suas mensagens aos Munduruku e a essas empresas.
Na próxima semana, McDiarmid vai à Brasília para um encontro com o Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que se posicionou contra a construção da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós.
Alice Braga
A atriz brasileira de fama internacional Alice Braga também visitou a Terra Indígena Sawré Muybu dos Munduruku e gravou um vídeo agradecendo pelas mais de um milhão de assinaturas: