Tuesday, August 30, 2011

Baleias nadam em óleo na porta de petroleira


Fantasiados de baleias, ativistas do Greenpeace ocuparam entrada da sede da petroleira Perenco, no Rio de Janeiro, pelo fim da exploração de gás e óleo em Abrolhos. Baleias no saguão do prédio onde fica a petroleira Perenco pedem fim da exploração de petróleo em Abrolhos. Foto: Greenpeace / MariziNa ausência de resposta da multinacional franco-britânica Perenco, cobrada pelo Greenpeace a aderir a uma moratória de exploração de petróleo na região de Abrolhos, mais importante bancos de corais do Atlântico Sul, baleias foram pessoalmente ao edifício que sedia os escritórios da empresa, no Rio de Janeiro, para relembrá-los da proposta.

As baleias, na verdade ativistas do Greenpeace fantasiados foram recebidas por outros membros da organização, estes vestidos de empregados da Perenco, sob jatos de um líquido preto, não tóxico, que imitava petróleo. A manifestação tomou ares de teatro, em um embate entre os animais, representantes da rica biodiversidade de Abrolhos, e as petroleiras. Instigada a se pronunciar sobre o protesto, a Perenco manteve-se em silêncio.

Participe você também. Assine a petição contra o petróleo em Abrolhos.

Participe você também. Assine a petição contra o petróleo em Abrolhos.

Veja fotos:



As baleias são protagonistas de uma campanha lançada pelo Greenpeace para chamar a atenção para os perigos que a atividade petrolífera representa para a flora e a fauna marinha de Abrolhos. A baleia jubarte, mamífero ameaçado de extinção, é uma das espécies que podem ser gravemente afetadas em caso de acidentes ou vazamentos de óleo.

“Dado o histórico de acidentes com exploração de petróleo em alto-mar no mundo, está claro que não existe segurança total. A Perenco sabe disto, mas se omite diante da responsabilidade de abrir mão de suas atividades em uma região de alta prioridade para a biodiversidade brasileira”, diz Leandra Gonçalves, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Quem é a Perenco?

Famosa por extrair petróleo em lugares de difícil acesso, como áreas de mata nativa e de reservas indígenas da Amazônia peruana, a multinacional franco-britânica Perenco é ainda uma desconhecida no Brasil.

Fundada em 1975 como empresa de serviços logísticos para o setor de petróleo, a Perenco logo se especializou em perfuração. Seus primeiros campos foram comprados em 1986, nos EUA, e em 1992, no Gabão. Atualmente, a empresa produz 275.000 barris de petróleo por dia nos 16 países em que atua.

No Brasil, a Perenco atualmente é proprietária de cinco blocos de exploração de petróleo em águas profundas. Destes, dois estão localizados dentro da área de moratória de Abrolhos.

O petróleo de Abrolhos

A proposta do Greenpeace é o estabelecimento de uma moratória da exploração de gás e petróleo por 20 anos em uma zona de 93 mil quilômetros quadrados na região de Abrolhos. Segundo recentes estudos científicos, esta área é o limite mínimo para evitar que acidentes de qualquer tipo contaminem a biodiversidade da região.

A área de moratória afeta treze blocos de exploração de petróleo atualmente concedidas a dez empresas nacionais e estrangeiras: Perenco, Petrobras, Shell, Vale, OGX, Cowan, Sonangol, Vipetro, HRT e Repsol.

A proposta é uma tentativa de barrar o avanço da exploração petrolífera no entorno de Abrolhos. Ano passado, o governo derrubou uma liminar do Ministério Público Federal, de 2003, que impedia a ANP (Agência Nacional de Petróleo) de licitar blocos num raio de 50 km do Parque Nacional.

Lar de mais de 1.300 espécies de aves, tartarugas, peixes e mamíferos marinhos — dentre as quais, 45 em risco de extinção — Abrolhos é a região de maior biodiversidade da região sul do Atlântico. Seus recifes de corais, os maiores e mais exuberantes do Brasil, e seus extensos manguezais contribuem para fazer desta a zona mais importante de pesca no Estado da Bahia.

Saiba mais sobre a campanha:

Veja o site da campanha e assine a petição: www.greenpeace.org.br/abrolhos

Petição online: www.deixeasbaleiasnamorarem.com.br

As baleias são protagonistas de uma campanha lançada pelo Greenpeace para chamar a atenção para os perigos que a atividade petrolífera representa para a flora e a fauna marinha de Abrolhos. A baleia jubarte, mamífero ameaçado de extinção, é uma das espécies que podem ser gravemente afetadas em caso de acidentes ou vazamentos de óleo.

“Dado o histórico de acidentes com exploração de petróleo em alto-mar no mundo, está claro que não existe segurança total. A Perenco sabe disto, mas se omite diante da responsabilidade de abrir mão de suas atividades em uma região de alta prioridade para a biodiversidade brasileira”, diz Leandra Gonçalves, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

Quem é a Perenco?

Famosa por extrair petróleo em lugares de difícil acesso, como áreas de mata nativa e de reservas indígenas da Amazônia peruana, a multinacional franco-britânica Perenco é ainda uma desconhecida no Brasil.

Fundada em 1975 como empresa de serviços logísticos para o setor de petróleo, a Perenco logo se especializou em perfuração. Seus primeiros campos foram comprados em 1986, nos EUA, e em 1992, no Gabão. Atualmente, a empresa produz 275.000 barris de petróleo por dia nos 16 países em que atua.

No Brasil, a Perenco atualmente é proprietária de cinco blocos de exploração de petróleo em águas profundas. Destes, dois estão localizados dentro da área de moratória de Abrolhos.

O petróleo de Abrolhos

A proposta do Greenpeace é o estabelecimento de uma moratória da exploração de gás e petróleo por 20 anos em uma zona de 93 mil quilômetros quadrados na região de Abrolhos. Segundo recentes estudos científicos, esta área é o limite mínimo para evitar que acidentes de qualquer tipo contaminem a biodiversidade da região.

A área de moratória afeta treze blocos de exploração de petróleo atualmente concedidas a dez empresas nacionais e estrangeiras: Perenco, Petrobras, Shell, Vale, OGX, Cowan, Sonangol, Vipetro, HRT e Repsol.

A proposta é uma tentativa de barrar o avanço da exploração petrolífera no entorno de Abrolhos. Ano passado, o governo derrubou uma liminar do Ministério Público Federal, de 2003, que impedia a ANP (Agência Nacional de Petróleo) de licitar blocos num raio de 50 km do Parque Nacional.

Lar de mais de 1.300 espécies de aves, tartarugas, peixes e mamíferos marinhos — dentre as quais, 45 em risco de extinção — Abrolhos é a região de maior biodiversidade da região sul do Atlântico. Seus recifes de corais, os maiores e mais exuberantes do Brasil, e seus extensos manguezais contribuem para fazer desta a zona mais importante de pesca no Estado da Bahia.

Tuesday, August 23, 2011

Onze ativistas e uma sentença


Justiça absolve ativistas que fizeram história ao invadir o jantar da rainha da Dinamarca durante a Conferência de Clima de 2009. Protesto pacífico pedia ação política contra mudança climática. Ativistas são levados para a prisão após protesto no palácio. © Scanpix / Jens Norgaard Larsen
Terminou em absolvição o julgamento de 11 membros do Greenpeace acusados após protesto pacífico em Copenhague, durante a 15a Conferência de Clima da ONU (COP15), em 2009. Quatro ativistas chegaram a passar vinte dias atrás das grades pelo "crime" de chamar a atenção do mundo para a inércia política frente às mudanças climáticas.

O protesto aconteceu na noite do dia 17 de dezembro, em uma mirabolante invasão do Palácio de Christiansborg, onde a rainha Margarida 2ª recebia mais de cem chefes de Estado para o maior jantar oficial da história do país. Infiltrados no evento em um carro de placa 007, com um adesivo em que se lia “Delegação Planetária Greenpeace”, os ativistas atingiram o salão principal e, sob olhares da imprensa mundial, abriram um cartaz que dizia: “Líderes agem, políticos falam”.

Conheça os bastidores do protesto aqui.

Sob acusação de crime contra a rainha, Juan A. Lopez de Uralde, da Espanha, Nora Christiansen , da Noruega, Christian Schmutz, da Suíça, e Joris Thijssen, da Holanda, conhecidos como os “quatro do tapete vermelho”, chegaram a passar o Natal de 2009 presos. Junto a eles, os outros colegas envolvidos na preparação do prostesto aguardaram quase dois anos pelo julgamento, que terminou nesta segunda-feira, 22 de agosto. A sentença estabeleceu o pagamento de uma multa, mas absolveu os manifestantes das acusações de invasão e falsificação de documentos. Neste caso, o tribunal entendeu que tudo não passou de um protesto pacífico.

“As acusações que enfrentamos foram desproporcionais ao caráter pacífico de nossa manifestação, realizada em um momento histórico, de extrema importância política”, disse Nora Christiansen. “Este tipo de ameaça pode impedir outros que queiram realizar protestos pacíficos, um elemento essencial à democracia”, lembrou Nora, e acrescentou: “Com a proximidade da 17a Conferência de Clima, em Durban (África do Sul), nossa manifestação está mais atual do que nunca”.

Joris Thijssen fez um discurso ao juiz, falando do valor da insubordinação civil como forma de cobrar atitudes políticas daqueles que nos representam.

Leia, abaixo, trecho de sua fala:

“Em 2009, a Dinamarca recebeu uma importante conferência para o combate às mudanças climáticas. O Primeiro-Ministro dinamarquês disse, à época, que “o mundo está olhando para esta conferência como um marco para a segurança da humanidade”, o que indicava a gravidade e a urgência da situação.

Apesar de serem as palavras de um chefe de estado, foram apenas palavras. Nós tínhamos que agir. Acredito que há espaço na lei para atitudes como a nossa. Como cidadãos preocupados, vimos nossos políticos falharem em serem líderes. Vimos como o maior problema de todos os tempos não iria ser resolvido. Precisamos usar o espaço que a democracia nos concede para exigir mais de nossos representantes.

A este respeito, certa vez disse Gandhi: “Desobediência civil vira um direito sagrado quando o Estado torna-se corrupto demais”. Podemos discutir a definição de ‘corrupto’, mas sinto que quando nossos governantes não agem pelos interesses da humanidade, existe uma razão para levantarmos nossa voz”.
Fonte;Greenpeace

Isso é que é energia limpa – parte II


O rastro das obras de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.
Foto: © Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE
Não faz muito tempo, publicamos aqui no blog uma galeria de fotos do canteiro de obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia. As imagens, feitas num sobrevoo, eram impactantes: uma área interminável de árvores derrubadas lembrava um imenso dominó com as peças caídas. Naquela época, os sistemas de monitoramento indicavam que o desmatamento ali aumentara em quase 1000%. Tudo por conta das hidrelétricas.

Alguns meses e derrubadas mais tarde, esta semana a presidente Dilma Rousseff editou uma Medida Provisória dando continuidade à política de devastação. Numa canetada, três parques nacionais – Mapinguari, Campos Amazônicos e Parque Nacional da Amazônia – tiveram seus limites reduzidos. Tudo por conta das hidrelétricas, que vão alagar essas áreas e terão seus canteiros de obras esparramados à vontade.

Além dos impactos já sentidos, outros ainda estão por vir: o texto publicado no Diário Oficial ainda autoriza a exploração mineral no entorno das unidades. E, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, os limites de duas outras áreas protegidas também devem passar pela tesoura oficial. Tudo por conta de outras hidrelétricas previstas para o complexo do Rio Tapajós. Isso é que é energia limpa.
Fonte;Greenpeace

Friday, August 19, 2011

O importante é não competir

Greenpeace / James Perez
Leilões de energia do governo consolidam eólicas como fontes baratas, mas o sistema, que coloca as renováveis em competição entre si, desfavorece outras fontes limpas. Terminados os dois dias de leilões de energias do governo, o páreo foi duro para as renováveis, que pelo sistema são obrigadas a competir entre si pelo menor preço. Eólica saiu vitoriosa, com 78 usinas vendidas nos dois dias, seguida de biomassa, com 11. As pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), opções ambientalmente menos agressivas do que as grandes usinas hidrelétricas, foram grandes derrotadas: ficaram no zero a zero. O resultado comprova que falta uma política adequada para incentivar as renováveis no país.

Os leilões são o momento onde é vendida a energia que o brasileiro irá consumir nos anos seguintes. Neste, entraram na disputa, além das fontes renováveis, térmicas a gás e ampliação da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. A eólica seguiu em sua progressão de competitividade. Caiu de R$ 133 por MegaWatt-hora, valor negociado em 2010, para R$101,65 MWh, fechando em um valor menor do que o da energia elétrica gerada por termelétricas movidas a gás natural. Biomassa teve o maior salto de competitividade, com projetos comercializados abaixo de R$100/MWh.

“Se as usinas a gás tivessem sido ofertadas separadamente, haveria mais espaço para biomassa e pequenas centrais hidrelétricas”, avalia Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace. “Estas fontes renováveis ainda dependem de incentivos para se tornarem completamente competitivas. Por isso defendemos um projeto de lei para as renováveis, o PL 630/03, que estabelece diretrizes para incentivar energias renováveis. Entre elas, leilões separados para as fontes”, concluiu Baitelo.

O segundo dia do leilão foi dedicado à energia chamada de reserva, que entra em cena somente quando há necessidade. Neste, o preço médio da energia ficou em R$99,61 por MWh, com 41 empreendimentos contratados. O do dia anterior, chamado A-3, terminou com preço médio de R$102,7 por MWh. “Os resultados dos últimos anos têm sido positivos para eólica. Teremos o equivalente à meia usina hidrelétrica de Itaipu de energia dos ventos daqui a 3 anos”, calcula Baitelo.

No total, os leilões garantiram a venda de 3.962,6 MW de energia para o Brasil, que estarão disponíveis até 2014, dos quais 48,7% provenientes dos ventos, 26% de termelétricas a gás natural, 11,5% de térmicas a biomassa e 11,4% da hidrelétrica de Jirau.

O PL 630/03 está paralisado desde o final de 2009 na Câmara Federal. Mais conhecido como Lei de Renováveis, ele é considerado a semente de uma revolução energética capaz de garantir o futuro de nosso país. A lei aloca subsídios para fontes de geração limpa e assegura a elas prioridade na ligação com a rede de distribuição de energia nacional.

Também amplia a quantidade de energia limpa comercializada no país e abre o caminho para a geração descentralizada, prevendo, inclusive, que brasileiros individualmente possam gerar energia em suas próprias casas e jogar o excedente na rede elétrica.
Fonte;Greenpeace

O retorno da motosserra




Fechado o período de monitoramento 2010/2011, os alertas indicam que o Brasil pegou a contramão: o desmatamento esse ano voltou a subir. Nesta quarta-feira, o Inpe divulgou que o desmatamento da Amazônia no mês de julho, medido pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) foi de 224,94 quilômetros quadrados. Esse número eleva para 2.654 km2 o total do desmatamento apurado pelo Deter nos últimos 12 meses. Isso representa um aumento de 15% em relação aos 12 meses anteriores.

Embora o Deter seja um sistema de alerta e não de medição precisa do desmatamento (o INPE usa outro sistema para isso, o Prodes), já é possível afirmar sem sombra de dúvida que a taxa anual de desmatamento da Amazônia voltou a crescer, depois de alguns anos de celebrada queda.

Essa taxa é apurada pelo Prodes, com base no estudo de imagens de satélite muito mais precisas do que as utilizadas pelo Deter (e por isso, de análise mais demorada), e obtidas entre agosto de um ano e julho do ano seguinte. Ela é, em geral, divulgada no final do ano como estimativa e, completada a análise, confirmada no ano seguinte como número oficial.

Para o Greenpeace, que também monitora o desmatamento na Amazônia usando imagens de satélite, sobrevoos e investigações em campo, não há mais dúvida: a taxa oficial do desmatamento anual deverá ultrapassar bastante os 6.451 km2 do ano passado. “Comparando as variações anuais entre Deter e Prodes nos últimos anos com os dados do SAD, sistema da ONG Imazon, dá para estimar que a taxa anual será por volta de 7.500 quilômetros”, diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.

Quem está no campo, não tem dúvida: o motor para a devastação inesperada esse ano veio do Congresso. “Com o projeto que derruba o Código Florestal aprovado na Câmara, os ruralistas passaram o recado de que desmatar vale a pena, que o crime será recompensado e que a destruição será incentivada”, diz Paulo Adario. “O resultado disso, como a gente pode ver, foi imediato no campo. Isso é um desastre para a Amazônia, para a imagem do governo brasileiro e da presidente Dilma, que se comprometeu a reduzir o desmatamento da Amazônia.”

O texto dos ruralistas está no Senado para ser votado, o que deve acontecer nos próximos meses. Para evitar que o desastre se agrave, o governo terá de fazer o que não fez na Câmara: impedir que os ruralistas consigam aprovar um código florestal que provoca desmatamento. Para isso, será preciso separar o que são demandas justas da agricultura familiar – e atendê-las – ganhando tempo para uma análise profunda, à luz da ciência, do projeto ruralista aprovado pela Câmara.

A virada nos números acontece às vésperas da Rio+20, o mais importante evento climático da ONU que será sediado aqui mesmo, em terras brasileiras. Após se comprometer mundialmente com a redução de nossas emissões de gases estufa, a presidente Dilma terá que explicar como, em seu primeiro ano de gestão, o fantasma do desmatamento voltou. E com ele, toneladas a mais desses gases na atmosfera.

Fonte;Greenpeace

Thursday, August 18, 2011

Lei com endereço certo

Em workshop para jornalistas, especialistas vão além do projeto que quer transformar o Código Florestal em uma lei para o agronegócio: a discussão tem a ver com o futuro do Brasil
“O projeto de lei foi feito na medida para os que nunca cumpriram a legislação.” As palavras, sobre a proposta que pretende derrubar o Código Florestal, são do advogado Gustavo Trindade, que chefiou a consultoria jurídica do Ministério do Meio Ambiente. Trindade falou nesta segunda-feira, na Universidade de Brasília, para cerca de 25 jornalistas que acompanham o assunto. Com palestrantes dos mundos acadêmico, jurista e de ONGs, o encontro foi organizado pelo Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF e Fundação Boticário.

O evento aconteceu enquanto o Congresso recomeça a corrida por um Brasil com ou sem florestas. Hoje o deputado Aldo Rebelo (PCdoB–SP), relator do texto aprovado pela Câmara que desfigura a lei, participa de audiência pública com as comissões do Senado que vão avaliar o texto. Em discussão, muito mais do que um emaranhado de regras, está o futuro que o Brasil quer seguir.

“O Brasil é o país com mais condições para liderar um novo modelo econômico, do século 21. Poderíamos ser o país líder na economia verde. Mas, com esse Código Florestal que estão querendo aprovar, nunca vamos chegar lá”, previu o superintendente de conservação da WWF, Cláudio Maretti, que fechou o ciclo de debates com os jornalistas.

Ao lado da coordenadora da Iniciativa de Mudanças Climáticas da The Nature Conservancy (TNC), Fernanda Carvalho, Maretti falou da oportunidade e da vantagem que o Brasil tem para se firmar como potência mundial. Dono de uma das maiores biodiversidades do mundo, o país pintou sua imagem de verde ao reduzir o desmatamento nos últimos anos, e se firmou como uma das lideranças nas negociações internacionais do clima. Com a retomada da devastação na Amazônia nos últimos meses e com perspectivas de derrubar sua legislação ambiental, tudo isso pode ser jogado para o alto. “Esse papel o Brasil passa a perder se o novo Código Florestal for aprovado.”

Não são palavras ao vento. De dentro das universidades e institutos de pesquisa, sobram dados que mostram como o Brasil sai perdendo se não cuidar de suas florestas. Citando um estudo do Observatório do Clima, Fernanda comparou as metas de redução de emissões que o país assumiu mundialmente e o tanto de carbono que vai jogar na atmosfera se o novo Código virar lei. Botando na ponta do lápis somente o que seria perdido de vegetação nas Áreas de Preservação Permanente (APP), os números já chegariam a 570 milhões de toneladas de carbono. “O novo Código Florestal põe em xeque a capacidade política do Brasil de atingir suas metas internacionais”, garantiu Fernanda.

Nas entrelinhas

À primeira vista, o alerta dado por Fernanda e Maretti pode parecer exagero. Mas basta deter um pouco mais o olhar sobre o texto defendido pelos ruralistas para ver que o perigo mora nos detalhes. Foi o que fez o advogado Gustavo Trindade, da UFRGS. Após fazer uma análise meticulosa do projeto, não lhe restou dúvidas: “Ele foi definido para isentar aqueles que desmataram toda sua propriedade”.

A anistia surge por todos os cantos. Assim como abertura para que a produção continue avançando sobre as matas. Esses dois aspectos aparecem, por exemplo, quando o texto diz que pequenos lagos e lagoas naturais deixam de ser APP; quando afirma que o poder público não precisa mais autorizar intervenções nessas áreas; ou quando define que a Reserva Legal de propriedades de até quatro módulos passa a ser só o que restou de floresta até 2008: se não sobrou uma árvore em pé, tudo bem, é a vida.

O caminho da produção, porém, poderia – e deveria – ser outro, mais moderno e alinhado com um mundo que enfrenta uma anunciada crise climática. Foi o que apontaram os estudos de Gerd Sparovek, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e Britaldo Soares Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais. No lugar de um agronegócio que se espalha para os lados, com uma expansão que custa largas áreas de floresta, a saída é intensificar a produção.

Usando modelos que integram diferentes bases de dados, os pesquisadores chegaram a números que ilustram essa premissa. Mesmo com o Código Florestal vigorando desde 1965, as APPs e Reserva Legal das propriedades nunca foram respeitadas. Nos cálculos de Sparovek, 43 milhões de hectares de APPs foram destruídas ilegalmente, enquanto para Reserva Legal o número é de 42 milhões. Segundo Britaldo, esse passivo ambiental das propriedades privadas jogou na atmosfera em torno de 5,9 gigatoneladas de carbono.

A hora, dizem os dados, é de modernizar a produção. Os caminhos estão dados: segundo pesquisa do professor da USP, pelo menos 60 milhões de hectares de áreas de pastagem têm alta aptidão para dar lugar à agricultura. Ou seja, as lavouras não precisam mais expandir para cima de floresta. A pecuária, por sua vez, também tem muito o que melhorar. Hoje, a proporção é de cerca de 1,1 cabeça de gado por hectare, quando daria para ser pelo menos 1,5, numa hipótese conservadora.

Os números ganham eco num estudo lançado há alguns meses pela Sociedade Brasileira Para Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC): por conta, principalmente, do uso inadequado da terra, o Brasil tem hoje 61 milhões de hectares de terras degradadas que poderiam ser recuperadas e usadas na produção de alimentos.

Sem abrir mão do poder

Nada disso, no entanto, tem sido levado a sério pelo grupo ruralista que tenta desfigurar o Código Florestal. Para o procurador geral do Paraná, Carlos Marés, que também participou do encontro com jornalistas, o motivo é histórico: no Brasil, terra sempre foi sinônimo de dinheiro e poder. Ao exigir que uma parcela das propriedades seja preservada para o bem comum da sociedade, o Código Florestal intervém nessa estrutura e incomoda muita gente. “O que está em disputa é a regulação, ou seja, se mexe ou não mexe nessa mercadoria chamada terra”, disse.

Para colocar a mão nesse vespeiro, não é fácil. Afinal, como lembrou Marés, não é de hoje que os ruralistas gostam de dar as cartas na política brasileira. Muito mais influente há algumas décadas, o setor, porém, continua com força, tendo, por exemplo, a maior bancada no Congresso Nacional, onde tem passado o trator por cima de leis que defendem o meio ambiente. O objetivo, como sempre, é beneficiar seu grupo. Mas como observou Claudio Maretti, o Brasil não é terra de uma coisa só. Tampouco sua legislação. “O Código Florestal não mira só no sucesso da agropecuária. Ele tem que mirar é no sucesso do país”.


Fonte;Greenpeace

A nova missão do velho guerreiro

Capitão Mike Fincken e tripulação se preparam para revelar novo nome do Rainbow Warrior. © Athit Perawongmetha / Greenpeace

ONG Friendship, de Bangladesh, transformará navio em hospital

Na manhã de hoje, durante cerimônia em Singapura, o Rainbow Warrior II, embarcação conhecida por protagonizar inúmeros protestos, foi transferido para Friendship, ONG baseada em Bangladesh que reformará o navio para usá-lo como hospital.

Após 22 anos cruzando os oceanos em defesa do meio ambiente, o navio será rebatizado como Rongdhonu, que em bengali significa arco-íris. O navio atenderá a zona costeira de Bangladesh e a baía de Bengal fornecendo assistência médica para algumas das mais vulneráveis comunidades do mundo, comunidades que têm pouco ou nenhum acesso à assistência médica básica. Rongdhonu também servirá como um navio de atendimento medico emergencial na região, permitindo que Friendship leve assistência médica para aquelas áreas que já estão vivendo os efeitos das mudanças climáticas.

Greenpeace, entretanto, não ficará muito tempo sem um Rainbow Warrior, já que a construção de um novo Warrior, o terceiro a levar o nome, está quase finalizada. A embarcação se juntará à frota do Greenpeace em outubro, quando a organização celebrará o aniversário de 40 anos.

O Rainbow Warrior II velejou pela primeira vez para o Greenpeace em 1989 e substituiu o Rainbow Warrior original, depois que ele foi destruído pela explosão de uma bomba e naufragado após sofrer ataque de agentes a serviço do governo francês em 1985. Ao longo de duas décadas, o navio desafiou o sistema legal, confrontou crimes ambientais, bloqueou embarques de madeira ilegal das florestas tropicais de todo o mundo, se opôs a testes com armas nucleares e navegou contra a pesca, a caça de baleias, contra a guerra e o aquecimento global, além de outros crimes ambientais nos oceanos. Recentemente, o Rainbow Warrior viajou para águas próximas à costa de Fukushima e foi usado para carregar amostras de radiação.

Veja galeria de fotos da cerimônia:



Friendship trabalhou ao longo de uma década em Bangladesh, se especializando em tratamentos médicos e emergências. Atualmente a ONG possui dois navios que operam como hospitais. E cooperação com Friendship Luxemburgo e Friendship Holanda, Rongdhonu será o terceiro: sua longa história de campanha pelo meio ambiente será voltada para a saúde e a dignidade humana.

Em discurso durante a cerimônia, Mike Fincken, capitão do Rainbow Warrior II, citou a profecia dos índios Cree que inspirou o nome do navio: “Haverá um tempo que a Terra crescerá doente e quando isso acontecer, uma tribo se reunirá com todas as culturas do mundo que acreditam em ações e não palavras. Eles trabalharão para curar a Terra. Eles serão conhecidos como os guerreiros do arco-íris”. E acrescentou. “Este navio tem carregado pessoas de todo o mundo e se consolidou como um ícone de esperança sobre o pessimismo e como um emblema de ação sobre complacência, é tempo de passar essa tarefa adiante”.

Runa Khan, da ONG Friendship, disse: “O primeiro objetivo do Rongdhonu será assumir o bastão e ‘se curar’. Depois de décadas de trabalho trazendo a conscientização global para a consciência da humanidade, o Rainbow Warrior como o Rongdhonu de Bangladesh trará alívio durante desastres naturais e ajuda para amenizar o sofrimento físico e a dor entre comunidades que não têm acesso à saúde digna. Friendship acredita profundamente que “nenhuma intervenção para o desenvolvimento é possível quando alguém está sofrendo” e que é para amenizar esse sofrimento que o Warrior se esforçará para trabalhar, para sua nova vida como Rongdhonu”.

Após a inauguração do Rongdhonu, o navio zarpará de Bangladesh para Singapura e a previsão é que alcance o porto de Chittagong em setembro.
Fonte;Greepeace

Nike aceita o desafio DETOX


Passaram-se cinco semanas desde que o Greenpeace Internacional publicou o relatório Dirty Laundry. Neste estudo, foi revelado que fornecedores chineses de grandes marcas de produtos esportivos, como para Adidas, Nike e Puma, vem intoxicando os rios do país com rejeitos químicos.

Foi então que o Greenpeace lançou o desafio DETOX (do inglês, desintoxique), em que pedia a estas empresas que se comprometessem a trabalhar, com seus fornecedores, para retirar de suas cadeias produtivas substâncias que contaminam a água.

A Nike concordou em tornar pública uma lista de substâncias químicas que estão sendo lançadas ao meio ambiente pelas fábricas de seus fornecedores chineses. Além disso, a empresa prometeu lançar mão de sua influência, conhecimento e experiência para eliminar totalmente as substâncias tóxicas de sua linha de produção até 2020. Em oito semanas, segundo a empresa, será divulgado um plano de ação para atingir este objetivo.

A Puma foi a primeira empresa a assumir o compromisso de eliminar substâncias tóxicas de toda sua cadeia de fornecedores. Agora, Nike e Puma estão à frente do jogo. Isso não significa que a batalha está ganha. O Greenpeace acompanhará os trabalhos das empresas e fiscalizará seus resultados.

A lanterninha deste campeonato, até agora, é a Adidas, que ainda não mostrou disposição de reverter o placar e comprometer-se com um futuro livre de substâncias tóxicas. Perde a Adidas, mas o grande derrotado é o meio ambiente.

O desafio continua
A campanha nasceu a partir da publicação do relatório Dirty Laundry (Lavagem Suja). Um ano de pesquisa revelou que a indústria têxtil na China é a principal responsável pela alta concentração de poluentes extremamente perigosos nas águas de importantes rios do país. As substâncias, para além das fronteiras chinesas, vêm viajando mares afora e já foram encontradas até no organismo de ursos polares. Na ponta desta cadeia, nomes como Nike, Adidas e Puma.

Em julho, misteriosos manequins apareceram em diferentes cidades do mundo com o símbolo DETOX. Desde que a missão destes manequins foi revelada, manifestações favoráveis surgiram em todo o mundo e colocaram pressão sobre os principais produtores de equipamentos esportivos, como Nike, Adidas e Puma, identificados como grandes responsáveis pelo descarte de substâncias tóxicas no país.

Até agora, mais de 50.000 pessoas já assinaram a petição, direcionado aos executivos destas empresas. Para participar, você também pode assinar a petição e dizer à Adidas que ela não pode ignorar o desafio DETOX.

Para saber mais sobre a campanha, acesse a página oficial da campanha.
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/detox/;Fonte;Greenpeace

Wednesday, August 17, 2011

Lei com endereço certo

Em workshop para jornalistas, especialistas vão além do projeto que quer transformar o Código Florestal em uma lei para o agronegócio: a discussão tem a ver com o futuro do Brasil
“O projeto de lei foi feito na medida para os que nunca cumpriram a legislação.” As palavras, sobre a proposta que pretende derrubar o Código Florestal, são do advogado Gustavo Trindade, que chefiou a consultoria jurídica do Ministério do Meio Ambiente. Trindade falou nesta segunda-feira, na Universidade de Brasília, para cerca de 25 jornalistas que acompanham o assunto. Com palestrantes dos mundos acadêmico, jurista e de ONGs, o encontro foi organizado pelo Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF e Fundação Boticário.

O evento aconteceu enquanto o Congresso recomeça a corrida por um Brasil com ou sem florestas. Hoje o deputado Aldo Rebelo (PCdoB–SP), relator do texto aprovado pela Câmara que desfigura a lei, participa de audiência pública com as comissões do Senado que vão avaliar o texto. Em discussão, muito mais do que um emaranhado de regras, está o futuro que o Brasil quer seguir.

“O Brasil é o país com mais condições para liderar um novo modelo econômico, do século 21. Poderíamos ser o país líder na economia verde. Mas, com esse Código Florestal que estão querendo aprovar, nunca vamos chegar lá”, previu o superintendente de conservação da WWF, Cláudio Maretti, que fechou o ciclo de debates com os jornalistas.

Ao lado da coordenadora da Iniciativa de Mudanças Climáticas da The Nature Conservancy (TNC), Fernanda Carvalho, Maretti falou da oportunidade e da vantagem que o Brasil tem para se firmar como potência mundial. Dono de uma das maiores biodiversidades do mundo, o país pintou sua imagem de verde ao reduzir o desmatamento nos últimos anos, e se firmou como uma das lideranças nas negociações internacionais do clima. Com a retomada da devastação na Amazônia nos últimos meses e com perspectivas de derrubar sua legislação ambiental, tudo isso pode ser jogado para o alto. “Esse papel o Brasil passa a perder se o novo Código Florestal for aprovado.”

Não são palavras ao vento. De dentro das universidades e institutos de pesquisa, sobram dados que mostram como o Brasil sai perdendo se não cuidar de suas florestas. Citando um estudo do Observatório do Clima, Fernanda comparou as metas de redução de emissões que o país assumiu mundialmente e o tanto de carbono que vai jogar na atmosfera se o novo Código virar lei. Botando na ponta do lápis somente o que seria perdido de vegetação nas Áreas de Preservação Permanente (APP), os números já chegariam a 570 milhões de toneladas de carbono. “O novo Código Florestal põe em xeque a capacidade política do Brasil de atingir suas metas internacionais”, garantiu Fernanda.

Nas entrelinhas

À primeira vista, o alerta dado por Fernanda e Maretti pode parecer exagero. Mas basta deter um pouco mais o olhar sobre o texto defendido pelos ruralistas para ver que o perigo mora nos detalhes. Foi o que fez o advogado Gustavo Trindade, da UFRGS. Após fazer uma análise meticulosa do projeto, não lhe restou dúvidas: “Ele foi definido para isentar aqueles que desmataram toda sua propriedade”.

A anistia surge por todos os cantos. Assim como abertura para que a produção continue avançando sobre as matas. Esses dois aspectos aparecem, por exemplo, quando o texto diz que pequenos lagos e lagoas naturais deixam de ser APP; quando afirma que o poder público não precisa mais autorizar intervenções nessas áreas; ou quando define que a Reserva Legal de propriedades de até quatro módulos passa a ser só o que restou de floresta até 2008: se não sobrou uma árvore em pé, tudo bem, é a vida.

O caminho da produção, porém, poderia – e deveria – ser outro, mais moderno e alinhado com um mundo que enfrenta uma anunciada crise climática. Foi o que apontaram os estudos de Gerd Sparovek, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e Britaldo Soares Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais. No lugar de um agronegócio que se espalha para os lados, com uma expansão que custa largas áreas de floresta, a saída é intensificar a produção.

Usando modelos que integram diferentes bases de dados, os pesquisadores chegaram a números que ilustram essa premissa. Mesmo com o Código Florestal vigorando desde 1965, as APPs e Reserva Legal das propriedades nunca foram respeitadas. Nos cálculos de Sparovek, 43 milhões de hectares de APPs foram destruídas ilegalmente, enquanto para Reserva Legal o número é de 42 milhões. Segundo Britaldo, esse passivo ambiental das propriedades privadas jogou na atmosfera em torno de 5,9 gigatoneladas de carbono.

A hora, dizem os dados, é de modernizar a produção. Os caminhos estão dados: segundo pesquisa do professor da USP, pelo menos 60 milhões de hectares de áreas de pastagem têm alta aptidão para dar lugar à agricultura. Ou seja, as lavouras não precisam mais expandir para cima de floresta. A pecuária, por sua vez, também tem muito o que melhorar. Hoje, a proporção é de cerca de 1,1 cabeça de gado por hectare, quando daria para ser pelo menos 1,5, numa hipótese conservadora.

Os números ganham eco num estudo lançado há alguns meses pela Sociedade Brasileira Para Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC): por conta, principalmente, do uso inadequado da terra, o Brasil tem hoje 61 milhões de hectares de terras degradadas que poderiam ser recuperadas e usadas na produção de alimentos.

Sem abrir mão do poder

Nada disso, no entanto, tem sido levado a sério pelo grupo ruralista que tenta desfigurar o Código Florestal. Para o procurador geral do Paraná, Carlos Marés, que também participou do encontro com jornalistas, o motivo é histórico: no Brasil, terra sempre foi sinônimo de dinheiro e poder. Ao exigir que uma parcela das propriedades seja preservada para o bem comum da sociedade, o Código Florestal intervém nessa estrutura e incomoda muita gente. “O que está em disputa é a regulação, ou seja, se mexe ou não mexe nessa mercadoria chamada terra”, disse.

Para colocar a mão nesse vespeiro, não é fácil. Afinal, como lembrou Marés, não é de hoje que os ruralistas gostam de dar as cartas na política brasileira. Muito mais influente há algumas décadas, o setor, porém, continua com força, tendo, por exemplo, a maior bancada no Congresso Nacional, onde tem passado o trator por cima de leis que defendem o meio ambiente. O objetivo, como sempre, é beneficiar seu grupo. Mas como observou Claudio Maretti, o Brasil não é terra de uma coisa só. Tampouco sua legislação. “O Código Florestal não mira só no sucesso da agropecuária. Ele tem que mirar é no sucesso do país”.


Fonte;Greenpeace

Wednesday, August 3, 2011

Deputado incendeia 153 hectares de mata da Amazônia

No dia em que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou a volta do desmatamento na Amazônia, o deputado federal Raimundo Coimbra Júnior (PMDB-TO) foi flagrado colocando fogo em 153 hectares de mata nativa para aumentar a área de pastagens de sua fazenda, no Estado do Pará, revelou o jornal O Globo.

Coimbra Júnior é dono da fazenda Vale da Cachoeira, em São Félix do Xingu, junto à Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu. Nesta propriedade, avaliada em R$ 2 milhões, o deputado mantém 800 cabeças de gado.

O desmatamento ilegal foi descoberto por fiscais do Ibama por meio de imagens de satélite e rendeu ao deputado uma multa de R$ 3 milhões. Além de ser autuado, o deputado teve cinco motosserras apreendidas em sua propriedade, além de ter embargadas as atividades que impedem a regeneração das florestas, como a pecuária.

Esta não é a primeira vez que o deputado Coimbra Júnior foi autuado por crimes ambientais. Em 2005, ele levou duas multas: uma no valor de R$ 436,9 mil e outra de R$ 291,3 mil.

Atualmente, São Félix do Xingu é o município líder em desmatamentos ilegais no Pará.

Legislando em causa própria

O deputado Raimundo Coimbra Júnior fez parte da bancada da Câmara que votou a favor das mudanças no Código Florestal. O novo texto prevê a anistia aos desmatadores e atende aos interesses da ala ruralista do Congresso Nacional.

O texto, agora, está em tramitação no Senado. Mas, aparentemente, a primeira vitória na Câmara dos Deputados elevou os ânimos dos ruralistas e dos desmatadores. Os dados do Inpe divulgados ontem revelaram que a Amazônia perdeu 312 km2 de florestas em junho deste ano, 28% a mais que no mesmo período de 2010.
Fonte;Greenpeace

O desmatamento voltou


Dados do Inpe mostram que a Amazônia perdeu 312 km2 de florestas em junho deste ano, 28% a mais que no mesmo período de 2010

zoom © Greenpeace / Rodrigo Baleia

Pelo quarto mês consecutivo, o desmatamento registrado na Amazônia cresceu em relação ao ano passado. Em junho de 2011 a região perdeu 312 km2 de floresta, um aumento de 28% em relação à área medida em junho do ano passado, que foi de 243 km2, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Ainda que o sistema usado, o Deter, não seja o oficial na medição de área, fica clara a tendência de aumento. “Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o impacto da reforma do Código Florestal no campo, eis o resultado”, afirma Marcio Astrini, da campanha da Amazônia do Greenpeace.

O PLC 30/2011, aprovado em maio na Câmara dos Deputados, foi escrito pela bancada ruralista para afrouxar as regras ambientais. Mais do que isso: o texto estimula o desmatamento ao reduzir as áreas de proteção às florestas e anistiar criminosos ambientais, e ainda diminui o poder de intervenção e fiscalização do governo federal.

Além da promessa de perdão, outro conhecido estímulo à destruição florestal anda dando as caras: o aumento de preço das commodities. Os dois fatores unidos alimentam as motosserras, como o Greenpeace tem visto acontecer em seus sobrevoos.

O desmatamento é um ataque ao patrimônio ambiental brasileiro, ao reduzir a biodiversidade e afetar os serviços ambientais que a Amazônia oferece, como regulador climático e água - inclusive para a produção agrícola em outras regiões do Brasil. A retomada, por sua vez, coloca em risco compromissos internacionais assumidos pelo país para o controle do aquecimento global e a manutenção da biodiversidade.

Para tentar conter o aumento do desmatamento que o próprio governo classificou como atípico, foi criado, em maio, um gabinete de crise para lidar com o assunto. Porém, mesmo com o aumento do efetivo de fiscalização na Amazônia, a floresta continua a ser derrubada “Os números mostram que as atitudes para parar o desmatamento ainda não foram suficientes, nem no campo, muito menos no Congresso”, diz Astrini. “A cada hectare de floresta derrubada, acumulamos um prejuízo imenso para o país, seja na agricultura ou nas cidades. Resta saber se a bancada ruralista vai pagar a conta ou se seremos nós, cidadãos brasileiros, a arcar com os custos.”
Fonte;Greenpeace

Monday, August 1, 2011

Cinco coisas que você não sabe sobre a Volkswagen


Semana passada o Greenpeace mostrou evidências de que a Volkswagen estaria fazendo lobbying nos Estados Unidos contra as leis que precisamos para proteger nosso planeta.

Aqui estão mais alguns fatos sobre a Volkswagen que a companhia não coloca em seus outdoors.

1. Apenas 6% das vendas da Volkswagen em 2010 se referem aos modelos eficientes comercializados pela companhia.

Chocante mas verdadeiro. Por isso, da próxima vez que você vir uma dessas propagandas de carro, onde eles se vangloriam de suas credenciais ambientais (essa você não pode perder: a companhia gasta mais com publicidade no Reino Unido do que qualquer outro fabricante de carro), lembre-se que, apesar do objetivo deles “ser a mais ecologicamente correta das fabricantes de carro no mundo”, a Volkswagen não utiliza sua tecnologia mais eficiente na maioria de seus veículos.

2. Volkswagen gasta milhões de libras a cada ano com grupos de lobbyng contra as leis ambientais.

O mais influente desses grupos – ACEA (a associação de fabricantes de carros) onde a Volkswagen tem um importante papel – está liderando uma acusação contra padrões de eficiência energética na Europa. Estas são as leis que precisamos para reduzir nosso uso de petróleo. Ao usar menos petróleo, isso custará menos para encher nossos tanques de gasolina e assim não mais enviaremos temerários perfuradores a lugares como o Ártico, onde eles arriscam vazamentos catastróficos.

3. Volkswagen também está promovendo campanhas contra o novo alvo europeu de reduzir em 30% as emissões de CO2 até 2020.

Embora mais de 100 líderes de negócios incluindo o Google e a Unilever apóiem o alvo de 30%, que podem encorajar a economia européia, estimular investimentos em novas tecnologias e ajudar o combate à mudança climática, Volkswagen está abertamente contra o alvo. Eles têm dito que isso pode “conduzir para a desindustrialização da Europa”. Estudos da Comissão Européia mostram que 30% até 2020 não é apenas possível e acessível, é também necessário para criar novos empregos verdes e para garantir a segurança energética do continente europeu.

4. Como a maior companhia de carro na Europa, Volkswagen tem a maior pegada climática entre todas as fabricantes de carro da Europa.

Um em cada cinco carros vendidos na Europa é um Volkswagen. Em 2009, novos carros vendidos pela companhia na Europa emitiram mais de cinco milhões de toneladas de CO2 por ano, representando cerca de um quarto do total de uso de óleo e emissões dos novos carros da Europa. O tamanho da Volkswagen significa que qualquer mudança que eles façam terá um grande impacto nas emissões de veículos. Ano passado, a Volkswagen fez apenas o mínimo necessário para seguir com as leis de eficiência – reduzindo suas emissões em 5% - e está atualmente em atraso em relação a companhias como a Toyota e a BMW em relação aos indicativos de eficiência.

5. Volkswagen penaliza consumidores que querem veículos limpos e inteligentes quando inflam artificialmente seus preços e fazem deles apenas um produto marginal em sua carteira de carros.

Embora a Volkswagen tem desenvolvido sua tecnologia Blue Motion, que pode ser construído em seus carros, fazendo deles mais limpos e eficientes, a tecnologia só está disponível como um caro opcional. A companhia cobra de seus consumidores um adicional de mais de mil libras para adicionar o Blue Motion a um carro novo, apesar de a tecnologia custar apenas 260 libras para ser feita. Fazer do Blue Motion um padrão em sua frota economizaria o dinheiro do consumidor em petróleo e reduziria a demanda por óleo.


Fonte;Greenpeace