Wednesday, May 29, 2013

Onde há fumaça...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013 A gente já vinha alertando para o recente aumento do desmatamento na Amazônia. É um sopro que ouvimos aqui, é um alerta do SAD acolá, é uma coletiva mal explicada do governo para dizer que vai tudo bem, obrigado, mesmo que os números digam o contrário. Nesta semana, o comentarista da CBN Sergio Abranches fez o mesmo alerta. Falou como o desmatamento está crescendo sim na Amazônia - não a índices estratosféricos como antes, mas recriando uma curva de ascensão que não se via há alguns anos. E ainda colocou o dedo no peito do governo, afirmando que aqueles que vestem saias e paletós em Brasília não estão prestando a devida atenção ao perigo que se avizinha. Os motivos, continua Abranches, são os de sempre: o novo Código Florestal, que foi tão benéfico aos antes foras da lei que a expectativa de novas anistia alimenta novas grilagens; as obras de infraestrutura conduzidas distantes de questões ambientais; e o redesenho (em maior parte para reduzir) unidades de conservação.Colocando tudo no mesmo balaio, os sinais de que há uma retomada do desmatamento se avolumam, assim como fica a cada dia mais claro que o Brasil joga para o ar avanços feitos nos últimos anos para controlar a destruição. Vamos lembrar que mudar o Código Florestal virou questão de honra para os ruralistas apenas quando ele deixou de ser letra morta e passou a ser aplicado, infligindo penalidades aos criminosos. E a volta de planos militares de ocupação da Amazônia, exposto em projetos desenvolvimentistas em curso para a região, deixa um gosto amargo na boca. Em 2009, o ex-presidente Lula, disse para todo o mundo como o país vencera sua maior chaga ambiental, o desmatamento na Amazônia, e com isso fazia uma importante contribuição no controle do aquecimento global. Um aumento de desmatamento, se confirmado, não chega a colocar em risco a meta voluntária criada na Política Nacional de Mudanças do Clima (até porque ela foi calculada para ser cumprida mesmo que tudo dê errado). Mas é suficiente para arrepiar quem pensa na quantidade de gases estufa que vai para a atmosfera com essa derrubada, especialmente após atingirmos o patamar de 400 ppm de gás carbônico neste ano. Dá duplo arrepio pensar na biodiversidade perdida. Sergio Abranches é apenas um colunista na rádio. O Imazon, que gera o SAD, é apenas uma organização não governamental que produz dados científicos. O Greenpeace é apenas outra organização não governamental que luta pela Amazônia há mais de uma década. O governo pode desdenhar de nossos alertas e não dar atenção aos sinais. Esperamos que não seja essa a decisão. Existe algo mais errado na Amazônia do que os informes oficiais dizem, e esperar para ver o que acontece com o ambiente que vivemos é uma aposta que país nenhum pode se dar ao luxo no século 21. Qualquer aumento no desmatamento é motivo sim para alarme.

Quem vai a pé?

O Greenpeace lançou nessa semana uma websérie que vai mostrar histórias de pessoas que se deslocam pela cidade, cada uma à sua maneira. Em cada vídeo elas explicam um pouco mais sobre a necessidade de um plano de mobilidade urbana de qualidade. O próximo vídeo vai ao ar no dia 03 de junho.Andar é a forma mais antiga, barata e saudável de se deslocar, além de permitir uma maior conexão e vivência da pessoa com a cidade. Não é à toa que 36,8% dos deslocamentos realizados nos municípios brasileiros são feitos a pé. No entanto, nem tudo são flores: basta olhar ao redor para perceber que as cidades não são feitas para quem escolhe andar a pé. Por causa disso, ser pedestre não é fácil e essa falta de planejamento fica mais clara a cada esquina, indo desde a precariedade das calçadas, muitas completamente inacessíveis, até a sinalização da cidade, totalmente voltada para os carros. Um estudo feito pelo Mobilize mostra que a nota média das calçadas brasileiras, de 0 a 10, é de 3,47. A pontuação extremamente baixa revela a deficiência de nossas calçadas nos aspectos avaliados: regularidade, ausência de degraus, largura adequada, presença de rampas para cadeirantes, iluminação, sinalização para pedestres, etc.. Andar a pé é uma das várias maneiras de se deslocar na cidade. Existem outras, como a bicicleta, ônibus, metrô e até mesmo o carro. Melhorar a forma como esses deslocamentos são feitos é o para casa da maioria dos municípios brasileiros, que têm até 2015 para elaborarem seu plano de mobilidade urbana. *Barbara Rubim é da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

Nós precisamos de você

O mundo sofre com muitas atitudes e decisões que prejudicam o meio ambiente. Nós, do Greenpeace, queremos mudar essa situação e para isso precisamos do seu apoio: venha ser um ciberativista. Uma das maneiras de ajudar o planeta é divulgando nossas campanhas que defendem um mundo mais verde e limpo. Atualmente, um de nossos maiores desafios é levar o projeto de lei pelo Desmatamento Zero ao Congresso e aí que entra a sua ajuda. Como? É simples! Ajude a coletar assinaturas diretamente de seu blog através do widget da petição. Além de ajudar o meio ambiente, seus leitores não precisam sair de seu blog para assinar a petição pelo Desmatamento Zero, tudo acontece dentro do blog. Há uma outra maneira, você pode colocar o banner da campanha em seu blog. Logo abaixo você encontra os códigos HTML para implantar, basta escolher um para ajudar a fazer a diferença no nosso futuro. “Seja a mudança que você quer ver no mundo” - Mahatma Gandhi

Monday, May 27, 2013

Aprendizado verde

Durante sexto encontro do Juventude Solar, os jovens de Vila Isabel aprenderam sobre empregos verdes (©Greenpeace) Esse sábado foi o sexto encontro do Juventude Solar no Centro Comunitário Lídia dos Santos, no Morro dos Macacos. O tema desta vez foi empregos verdes e tivemos um sábado com muito aprendizado. Aprendemos que emprego verde é todo posto de trabalho que ajuda a reduzir os impactos ambientais nas atividades econômicas, seja diminuindo as emissões de carbono ou conservando a biodiversidade. Esse é um mercado limpo que está crescendo cada vez mais no Brasil e que hoje já é bastante significativo, são cerca de 3 milhões de empregos verdes. Um país como o nosso ainda tem um potencial imenso para multiplicar esse número e fazê-lo aumentar. Descobri durante o encontro do Juventude Solar que serviços de telecomunicação são trabalhos verdes. Por não precisarem de deslocamento de pessoas e de cargas são considerados empregos com baixa emissões de gases estufa. Achei muito interessante! Como tudo que é bom dura pouco, hoje foi nosso último encontro antes da instalação das placas solares. Passou rápido, mas foi um tempo de muito aprendizado. Na próxima vez em que nos encontrarmos, ainda vamos aprender na prática colocando as mãos nas placas que irão para o telhado do Centro Comunitário. E é claro que além do trabalho duro, nós vamos nos divertir muito. *Caio Nascimento é um dos jovens que participa do Juventude Solar

Sunday, May 26, 2013

Novo Código Florestal: um ano, nada de novo

Desmatamento, que estava em queda, tem nova tendência de alta. Uma das razões: o novo Código Florestal, que completa um ano hoje (©Greenpeace/Daniel Beltrá). Neste sábado, o texto que desconfigurou o Código Florestal completa seu primeiro aniversário desde que foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff. Antes de ser aprovado, o novo texto passou os últimos dois anos sendo alvo de intensa disputa no Congresso Nacional. De um lado, a bancada ruralista tinha pressa em tratorar a legislação que zelava pelas florestas brasileiras. De outro, cientistas, representantes da academia, juristas e organizações civis que prezam pela preservação do meio ambiente, além de mais de 80% da população, clamavam por serem ouvidos. Hoje, passado um ano, o que vemos são os mesmos problemas do passado. À época das acaloradas negociações, a gana ruralista e a anuência do governo eram tais que impediram um diálogo equilibrado com setores fundamentais da sociedade. De lá para cá, a pressa deu lugar à delonga e, fora isso, nada mudou. O processo de implementação da legislação estagnou-se e os conflitos no campo seguem a todo vapor. Com a concessão da anistia a quem desmatou ilegalmente e novas brechas para mais desmatamentos, os grandes proprietários de terra se sentem no direito de descumprir também a nova lei, já suficientemente permissiva. “A aprovação do novo Código Florestal foi uma derrota para as florestas. A nova lei abre um precedente para que ilegalidades sejam repetidas, pois traz o entendimento de que elas podem ser facilmente perdoadas”, afirmou Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Mas para um país que se preocupa com sua população e as futuras gerações, e que quer ocupar um lugar de destaque no cenário internacional, o desmatamento e a destruição florestal não são aceitáveis. E esse tipo de demora na implementação não ajuda a solucionar o problema no campo.” Enquanto o governo não se movimenta para fazer de fato valer a nova lei, aqueles que defendem o agronegócio nunca param de se articular. E o discurso permanece o mesmo: o de que os proprietários rurais não consegirão cumprir as exigências que, a duras penas, conseguiram ser mantidas. A sociedade civil, que foi praticamente excluída do debate para aprovação do texto, continua com pouco espaço para participação. Somente nesta última semana a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, criou uma comissao para acompanhar o processo. “Depois da árdua batalha que foi travada, esperávamos que essa pauta fosse tratada de forma prioritária, mas não. O Cadastro Ambiental Rural, que é base para uma série de políticas, como a fiscalização do cumprimento dos limites da Reserva Legal, não possui sequer um roteiro de como será implementado. Enquanto isso, as únicas coisas que mudaram foram as taxas de desmatamento, que estão em nova tendência de crescimento, e a anistia – essa, sim, já em funcionamento. No momento em que se pedia mais tempo para discutir melhor, o goveno agiu de forma atropelada. Agora que é preciso urgência, a sociedade se pergunta onde foi parar toda aquela pressa”, questiona Astrini.

Friday, May 24, 2013

Música, exposições e preservação ambiental

Exposição dentro do pavilhão "Ambiente Urbano" mostra os problemas e as possíveis soluções para o meio ambiente nas cidades (©Greenpeace) A marquise do Parque do Ibirapuera normalmente é cheia de skatistas, patinadores e ciclistas, profissionais ou não. Nesta sexta-feira, 24 de maio, os tradicionais esportistas dividiram o espaço com crianças, adolescentes e adultos preocupados com o meio ambiente. A nona edição do encontro “Viva a Mata”, promovido pela Fundação SOS Mata Atlântica, está instalada no espaço da marquise com diversos pavilhões onde vários temas sensíveis à preservação do meio ambiente são discutidos de maneira lúdica e educativa, mas sem perder a dimensão de sua importância. Água, Ambiente Urbano, Mudanças Climáticas, Floresta, Mar e Propriedades Sustentáveis são as seis instalações principais do evento. Nelas, o visitante pode conferir a situação da água de algumas das bacias hidrográficas brasileira, ou então conhecer algumas soluções para reduzir o impacto no meio ambiente com poucas mudanças de hábitos. Quem estiver no encontro pode conferir também apresentações de música e teatro realizadas em um palco montado na própria marquise. Não esqueça de levar sua camiseta (©Greenpeace) O Greenpeace está junto ao Pavilhão de Mudanças Climáticas. Além de divulgar a campanha pela a criação da lei de iniciativa popular do Desmatamento Zero, estamos estampando camisetas dos visitantes que querem mostrar o quanto se importam com preservação das florestas brasileiras, e oferecendo um espaço para as crianças colorir. Neste sábado, 25, às 14h, o Greenpeace conduzirá um debate aberto ao público no espaço “Bolha Imobiliária” e transmitido ao vivo. Você pode acompanhá-lo ao vivo no link da Pós Tv. Junto às atividades na Marquise, no auditório do Museu de Arte Moderna (MAM) aconteceu o lançamento do Grupo de Trabalho responsável pelo acompanhamento do cumprimento do Código Florestal. O grupo foi lançado pela Frente Parlamentar Ambientalista.

Energia jovem

Kuno Roth, diretor do Youth Support Center, em capacitação na Suíça (©Greenpeace) “O mundo é jovem, particularmente no hemisfério Sul. Este é o momento de mudar de “lutando contra” para “lutando com” a geração mais jovem. Integrar jovens é a nossa missão e é fundamental para a sobrevivência do planeta. Quem, se não a juventude, irá continuar nosso trabalho?” Este é um trecho da apresentação do Youth Support Center (YSC), centro do Greenpeace que trabalha exclusivamente com programas e projetos para jovens. Conversamos com Kuno Roth, diretor do YSC, sobre o projeto Juventude Solar no Brasil. Greenpeace: A palavra Juventude (Youth) faz parte do nome de um projeto sobre energia, no caso, o Juventude Solar. Qual a importância de termos jovens envolvidos nesta campanha? KR: A juventude representa as gerações futuras, os jovens serão protagonistas das mudanças simplesmente porque já sofrem com as consequências das mesmas, assim como as próximas gerações sofrerão, com a má gestão dos nossos governos. Um dos objetivos do projeto Juventude Solar é alcançar 50% da produção mundial de energia por fontes renováveis. É uma meta para os jovens, porque vai demorar alguns anos para se tornar realidade. GP: O que você enxerga como características da juventude brasileira? KR: É uma juventude cheia de energia que pode combinar ações práticas com aspectos culturais únicos do Brasil, como o samba e o futebol.* É muito importante para nós que tenhamos jovens alegres que trabalham com um objetivo tão importante quanto este. * Kuno refere-se à instalação de painéis solares em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, durante a Copa das Confederações GP: Você acha que os resultados da campanha podem mudar de acordo com as diferenças culturais dos jovens de cada país? KR: No momento em que se está elaborando um projeto e pensando em seus objetivos, é fundamental considerar as diferenças culturais. Cada país, cidade ou região tem seus valores e uma forma de agir, então, é muito importante que isso seja considerado. GP: Algumas pessoas dizem que a juventude não tem voz e que os políticos não a escuta. O que você acha disso? Como os jovens podem solucionar essa questão? KR: Esse é um problema global. Mas com o apoio do Greenpeace esses jovens poderão dar voz à suas demandas e serão escutados. Este é um dos objetivos do nosso trabalho com a juventude: não se trata apenas do que o Greenpeace está pedindo e quer atingir, mas que isso venha e parta dos jovens, que eles peçam uma nova e mais limpa matriz energética. Outro ponto importante é o aspecto emocional envolvido no trabalho com os jovens. Os políticos trabalham com tantas informações e dados que esquecem do lado emocional dos problemas e lembrá-los desse “detalhe” importante é algo que cabe aos jovens. GP: Quais são suas expectativas com o projeto no Brasil? KR: A solução perfeita seria conseguirmos chamar a atenção do governo para o nosso projeto para que, em 2014, eles queiram empregar parte dos lucros da Copa do Mundo na proteção da Amazônia e em energia limpa.

Ambientalismo e diversão no Ibirapuera

Entre a programação, o evento contará com um passeio ciclístico promovido pela Escola Bike Anjo (EBA) (©SOS Mata Atlântica) Neste final de semana, que tal passear pelo parque e aproveitar para fazer algo pelo meio ambiente? Isso é o que nona edição do “Viva a Mata – Encontro Nacional pela Mata Atlântica” promete para quem visitar a marquise do parque do Ibirapuera, em São Paulo, de hoje a domingo. Este ano, o tema “Direitos e Deveres Ambientais” vai ser discutido em debates, palestras, apresentações e outras atividades para adultos e crianças de todas as idades. O evento também marcará o lançamento do grupo de trabalho que terá como objetivo de acompanhar a implementação do Código Florestal, realizado pela Frente Parlamentar Ambientalista de São Paulo. O Greenpeace Brasil apresentará o projeto da lei de iniciativa popular do Desmatamento Zero, além de promover uma oficina de pintura de camisetas (não se esqueça de levar a sua) e um espaço de artes para as crianças. Estaremos presente durante os três dias no Pavilhão de Mudanças Climáticas, um dos seis pavilhões temáticos montados para a visitação. Este ano, o “Viva a Mata” acontece às vésperas do Dia Nacional da Mata Atlântica, 27 de maio. A programação completa está disponível no site da organizadora do evento, a Fundação SOS Mata Atlântica.

Wednesday, May 22, 2013

Dia Internacional da Biodiversidade

Olá a todos. Saudemos o dia Internacional da Biodiversidade conscientes de nossa importância para a preservação de toda essa biodiversidade. Contribuamos da melhor forma possível sabedores de nossa responsabilidade. Abraços a todos.

Novas aves colorem ainda mais a Amazônia

O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo e também o segundo maior número de espécies conhecidas de aves, só perdendo para a Colômbia (©Greenpeace/Rogério Reis/Tyba). Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade – mais especificamente nesta quarta-feira, dia 22 –, um grupo de pesquisadores anunciou a descoberta de 15 novas espécies de aves na Amazônia brasileira. Em termos estatísticos, as novas espécies representam um acréscimo de quase 1% na biodiversidade nacional de aves. Por esse motivo, a novidade está sendo considerada o maior feito da ornitologia brasileira em 140 anos, trazendo uma grande contribuição para aumentar o conhecimento sobre a maior e mais biodiversa floresta tropical do mundo. Onze das novas espécies são endêmicas do Brasil e quatro podem ser encontradas também no Peru e na Bolívia. A presença das aves ocorre sempre perto de rios como o Madeira, na Amazônia ocidental, e o Tapajós, no Pará, na porção oriental. Isso mostra que os numerosos cursos d’água que serpenteiam pela floresta são uma caudalosa fonte de biodiversidade não só dentro, mas também fora de suas águas. As descobertas foram realizadas por três instituições nacionais de pesquisa – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém – e pelo Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), nos Estados Unidos. As novas espécies serão formalmente descritas pela primeira vez numa série de artigos científicos a serem publicados em julho num volume especial do Handbook of the birds of the world. Habitat em perigo, espécies em risco Das aves descobertas, a maior é uma espécie de gralha, com cerca de 35 centímetros de comprimento, que vive em meio à floresta existente entre os rios Madeira e Purus, no Amazonas. “Essa gralha está ameaçada de extinção”, diz Mario Cohn-Haft, curador da seção de ornitologia do Inpa. “Seu habitat está em perigo e podemos perder a espécie antes de ter tido tempo de estudá-la a fundo.” Sua principal região de ocorrência é uma área próxima à rodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e uma das principais causas do desmatamento na região. Nova espécie de arapaçu-de-bico-torto, descoberta na Floresta Nacional de Altamira, no Pará (Foto: divulgação). Na Floresta Nacional de Altamira, outra região onde uma das espécies foi localizada, os cientistas precisaram inclusive do apoio de proteção armada. Habitat do arapaçu-de-bico-torto, a Flona se localiza próxima à rodovia BR-163, no sul do Pará, região de conflitos fundiários e de intensa degradação florestal. “A tensão num lugar assim é grande. Havia um garimpo ilegal em funcionamento na unidade. Para podermos trabalhar com segurança na reserva, tivemos de ser escoltados por soldados do Exército”, conta Aleixo, da seção de ornitologia do MPEG. Além de abrigar a maior biodiversidade do mundo, o Brasil é o segundo país com maior número de espécies conhecidas de aves, cerca de 1.840. Segundo Luís Fábio Silveira, curador do setor de ornitologia do Museu de Zoologia da USP, apenas a Colômbia tem mais espécies, com aproximadamente 1.900. “Ainda falta muito para a Amazônia ser considerada suficientemente bem conhecida e, assim, permitir o planejamento e a sustentabilidade das reservas de biodiversidade já existentes e também das futuras”, afirma o ornitólogo Bret Whitney, pesquisador do Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania. Mas, enquanto isso, a sociedade pode contribuir com os pesquisadores ajudando a preservar a floresta tropical mais biodiversa do planeta. Assine a petição pela lei do Desmatamento Zero.

Participe do Dia Internacional da Biodiversidade

Nesta quarta-feira, dia 22 de maio, comemoramos o Dia Internacional da Biodiversidade. E convidamos você para participar junto com a gente da mobilização online que faremos amanhã. Assim, você pode contribuir com a proteção da Amazônia, floresta tropical que possui a maior diversidade de espécies do planeta.Quer saber como participar? 1. Assine a petição pela lei do Desmatamento Zero: www.ligadasflorestas.org.br 2. Compartilhe esse link no Facebook e convide seus amigos para assinarem também 3. Mande uma mensagem no Twitter com a hashtag #DiadaBiodiversidade e o link http://bit.ly/10JMi11 4. Imprima a petição pelo Desmatamento Zero e colete assinaturas no seu trabalho, escola, família e depois nos envie. Para baixar, acesse aqui: http://bit.ly/10MmVjt 5. Seguindo esses 4 passos você se tornará um herói do #DiadaBiodiversidade. E veja quem tem um obrigado especial a você. Quer saber porque é importante sua participação? Em nenhum outro lugar do globo existem mais espécies de animais e plantas do que na floresta amazônica, que tem 60% do seu total localizado dentro do território nacional. Mas nós, brasileiros, só temos uma pequena ideia dessa exuberância viva – apenas 10% de todas as formas de vida que a Amazônia abriga já foram estudadas e catalogadas. No Brasil, já perdemos 18% de toda essa biodiversidade. Temos hoje 627 espécies animais ameaçadas de extinção, como o Mico-leão-de-cara-preta, o Peixe-boi-da-Amazônia e a Arara-azul-de-lear. Não podemos deixar que a floresta morra. É nosso dever, como cidadãos e herdeiros dessa riqueza, cuidar dela com carinho e respeito. Junte-se a nós e colabore para continuarmos com a campanha pelo Desmatamento Zero.

Tendência de desmatamento cresce, diz Imazon

Desmatamento para plantio de soja ao longo da rodovia BR-163, no Pará, um dos estados que mais degradam a floresta (© Daniel Beltrá / Greenpeace). É sabido que a presença de nuvens compromete a detecção do desmatamento e da degradação florestal pelos satélites de monitoramento, tanto do governo quanto não governamentais. Mas neste último mês de abril, mesmo com metade (55%) da área da Amazônia Legal cobert por nuvensa, o SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), do Imazon, detectou tendência de aumento do desmatamento de 84% em relação a abril de 2012, e um aumento de 88% no acumulado entre agosto de 2012 e abril de 2013 com relação ao mesmo período do ano anterior. Os Estados que mais tiveram cobertura de nuvem em abril foram Roraima (90%), Amapá (77%) e Pará (75%), sendo este último um dos mais desmatadores. Mesmo assim, o SAD conseguiu detectar 140 quilômetros quadrados de desmatamento na região da Amazônia Legal, contra 76 quilômetros quadrados detectados no mês de abril do ano passado. Já a degradação florestal acumulada entre agosto de 2012 e abril de 2013 totalizou 1.570 quilômetros quadrados, contra os 836 quilômetros quadrados do período anterior (agosto de 2011 a abril de 2012). Em abril de 2013, a maioria (73%) do desmatamento ocorreu no Mato Grosso, seguido por Rondônia (19%), Amazonas (6%), Pará (1%) e Roraima (1%). Em termos de emissões de gases do efeito estufa, os números de abril de 2013 significam um total de 2,5 milhões de toneladas de CO² equivalente lançadas na atmosfera. No acumulado do período, as emissões comprometidas com o desmatamento chegam a 88 milhões de toneladas de CO², o que representa um aumento de 55% em relação ao período anterior.

"Los cocineros" solares

Durante quinto encontro neste sábado, dia 18, o Juventude Solar teve workshop de fogões solares (©Mariana Stolze/Greenpeace) Neste sábado, tivemos o quinto encontro do Juventude Solar no Centro Comunitário Lídia dos Santos, no Morro dos Macacos. Foi um dia muito divertido e de muito aprendizado. Depois de termos construído lanternas solares, estávamos ansiosos para saber qual seria o conteúdo deste encontro. O que mais poderíamos construir para aproveitar a energia do sol? Logo descobrimos que seriam fogões solares. Iniciamos a manhã com uma dinâmica muito interativa. A ideia era nos aquecermos para começarmos empolgados a confecção dos fogões. Fomos divididos em três grupos, cortamos, colamos, tiramos medidas, tudo isso sem deixar de brincar. O espírito competitivo aflorou e inventamos nomes e músicas para os nossos times, um deles se chamava “Los cocineros”. A única timidez que se fez presente no sábado foi do astro-rei maior. Pois é, o único que não quis aparecer foi o sol e não conseguimos testar os fogões solares na prática. Mas o encontro não terminou desanimado, a satisfação de participar do Juventude Solar e de ver o resultado de um processo é enorme e basta para que a gente saia contente do Centro Comunitário. Com certeza, foi mais um dia de enorme aprendizado. Esse foi mais um encontro no qual conseguimos colocar a mão na massa e ver os benefícios da energia solar na prática. Agora é esperar o próximo final de semana com ansiedade para aprender ainda mais sobre energia solar. Espero que vocês também estejam ansiosos! *Gabriele Fernandes da Costa é uma das jovens que participa do Juventude Solar

Nossos jovens, nosso futuro

Anna Marcondes Faria, presidente do Centro Comunitário Lídia dos Santos, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro (©Otávio Almeida/Greenpeace) Tem quem acredite no trabalho de formiga, que de pouco em pouco consegue grandes transformações. Seguindo esta filosofia, Anna Marcondes Faria, de 76 anos, desenvolveu projetos sociais ao longo de anos para melhorar a qualidade de vida dos moradores da comunidade de Vila Isabel, no Morro dos Macacos, Rio de Janeiro. A história de Anna com a comunidade começou em 1958, ano em que se instalou em Vila Isabel com sua família. Ao perceber a situação precária do local, como a falta de luz e água, básicos para a vida, Anna se mobilizou integralmente em prol da comunidade e, a partir de um trabalho da Assossiação de Moradores do bairro, ela planejou e instalou o Centro Comunitário Lídia dos Santos Com o propósito de dar apoio à deficiência educacional aos jovens da comunidade, o Centro Comunitário começou acolhendo as crianças que saíam das creches. Posteriormente, outros jovens e adolescentes se integraram às atividades do local. Diversos projetos são responsáveis pela popularização do Centro Comunitário, como um programa que oferece às crianças de 4 a 10 anos educação, música, biblioteca, brinquedoteca e oficinas de arte. São 200 crianças em dois turnos. Outro sucesso foi o projeto de apoio a usuários de droga, que conseguiu recuperar muitos jovens dependentes. Segundo Anna, alguns já estão na faculdade ou até formados. Os jovens da comunidade tanto se interessam pelos projetos sociais promovidos pela organização que estima-se que pelo menos 16 mil jovens já passaram pelo Centro Comunitário. “O Centro se mantém, primeiro, com um grande esforço da diretoria, que tenta captar recursos de instituições que apoiem nossos projetos. Temos também nossas ações em parceria com a prefeitura, montamos bazar, comitês e eventos que ajudem a manter o nosso centro vivo”. O que Anna vende no bazar, realizado por ela todos os sábados, vai diretamente ao caixa do Centro Comunitário. As excursões também atraem os jovens e ajudam em sua formação: Anna organiza visitas à um sítio de Petrópolis de um colaborador, onde as crianças fazem atividades, se alimentam e dormem. “Lá é um sítio muito bonito. Tem café da manhã, tem as xícaras, eles ficam encantados de tomar café nas xícaras e almoçar na mesa, porque às vezes as casas são pequenas, não tem mesa pra fazer as refeições”. Segundo ela, eles investem muito em passeios para que as crianças saiam da comunidade e conheçam novos lugares, que talvez inspirem mudanças em suas vidas. Anna completa: “acredito que eles devem ter acesso ao lazer como todas as outras pessoas”. Com a pacificação, a comunidade está vivendo uma nova experiência em relação à luz, que passará a ser cobrada pela prefeitura. Como a maior parte da fiação funciona de maneira ilegal, os famosos “gatos”, muitos dos moradores não têm gastos com luz, o que permite o uso desenfreado de energia. “Quando não se paga, gasta a vontade. […] Este é um momento para as pessoas terem atenção no gasto excessivo e seu impacto no meio ambiente”, defende Anna. Com essa nova proposta da prefeitura, que tem como objetivo instalar medidores individuais em Vila Isabel para gerar contas de luz, o Centro Comunitário investe na conscientização do uso da energia elétrica. Portanto, para Anna, o projeto Juventude Solar chegou na hora certa, justamente no momento no qual é necessário economizar energia. Formar esses jovens, que por sua vez passarão conhecimento aos seus amigos e familiares, é uma maneira eficiente de conscientizar a comunidade dessas mudanças referentes ao uso de energia. “Apareceu esse projeto do Greenpeace que traz educação, que é o que mais a gente precisa aqui: educação. E o projeto mostra que na prática também podemos ser responsáveis com nosso planeta”. O Centro comemora trinta anos de trabalho e assistencialismo. Como diz Anna, “nem tudo são flores”, mas é inegável o sucesso alcançado pelo Centro Comunitário, que deixa como exemplo à todos os grandes resultados que um trabalho de formiga pode trazer. “Ontem foi a lanterninha, hoje a chaleira e a panela. Isso numa comunidade onde muitos cozinham à lenha por não terem um fogão ou dinheiro para o gás. Além da conscientização para o uso correto da energia. E isso, eu acho que vai ser uma revolução aqui na comunidade”.

Gás de xisto, um tema controverso

Gases que são liberados durante a exploração de gás de xisto prejudicam a respiração e podem contaminar seres humanos. (© Les Stone/Greenpeace) De umas semanas para cá, o assunto gás de xisto tem estado cada vez mais presente no noticiário. A nova “menina dos olhos” em termos energéticos no mundo, principalmente, nos Estados Unidos, país que desponta como um dos maiores exploradores e com um dos preços mais competitivos suscita debates e opiniões controversas. A possibilidade técnica de se usar o gás de xisto já é conhecida há muito tempo, mas o custo de exploração só a tornou viável nos últimos anos. Com novas descobertas e melhorias tecnológicas, o gás de xisto ganhou espaço nas matrizes energéticas nos últimos cinco anos e já vem substituindo derivados do petróleo tanto na indústria quanto no transporte. Seu preço cada vez mais competitivo é a razão para que este assunto e as consequências da exploração do gás estejam na pauta do dia. Um dos possíveis impactos econômicos é que com mais petróleo disponível, e com a queda do preço deste, projetos para a produção de petróleo que são muito caros se tornariam inviáveis. Até a exploração do pré-sal no Brasil poderia ser afetada por essa que de preços, segundo José Goldemberg, professor emérito da Universidade de São Paulo, em editorial no jornal O Estado de S. Paulo. Mas a questão aqui não é apenas econômica, não basta somente discutir como a exploração de gás afeta mercados e indústrias brasileiras e no mundo. Há um sério e grave problema ambiental envolvendo a exploração do gás de xisto: para fraturar as bacias sedimentares e extrair o gás, grandes quantidades de água tem de ser usada, misturada com areia e substâncias químicas que podem poluir lençóis freáticos. Além disso, o gás liberado não é metano puro, vem acompanhado de nitrogênio e de várias impurezas e outros componentes tóxicos. Outro agravante é o desconhecimento brasileiro sobre suas próprias bacias. A estimativa de reservas recuperáveis foi elaborada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos e pela Agência Internacional de Energia e coloca o Brasil entre os dez maiores possíveis produtores. Entre dúvidas sobre tecnologia a ser aplicada, a infraestrutura necessária, os impactos ambientais e tantos outros pontos de interrogação remanescentes, a única certeza que fica é a de que o Brasil deve ir com calma, não achando que o sucesso norte-americano será facilmente replicável.*Ricardo Baitelo é da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.

Ação ilegal e abuso de poder no MS

Mais uma ação equivocada da Polícia Federal envolvendo indígenas, organizações que os defendem ou simples comunicadores no exercício legal de sua profissão ocorreu na tarde do último sábado (18), no município de Sidrolândia, Estado do Mato Grosso do Sul. A investida dessa vez teve como protagonista o jornalista do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Ruy Sposati, durante a desocupação de uma fazenda por indígenas do povo Terena. Assim como outros profissionais, ele cobria a ação no local, mas teve seus equipamentos de trabalho apreendidos. Sem uma razão explícita, alegando apenas “não conhecer o Cimi”, o delegado da PF, Alcídio de Souza Araújo, confiscou um computador e um gravador de audio. De acordo com Ruy, o delegado se negou a protocolar a apreensão ou a dar qualquer justificativa legal do ato e, em nenhum momento, apresentou qualquer ordem da Justiça ou de órgão competente para busca e apreensão de equipamentos, que seguiriam em posse da PF.Segundo o jornalista, ele chegou à ocupação por volta das 13h acompanhando uma comitiva de observadores externos composta por Cimi, Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil, Comissão Pastoral da Terra, Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Mato Grosso do Sul e outras instituições, que foram ao local para verificar possíveis violações de direitos humanos. Ainda segundo Ruy, por volta das 16h30, a Policia Federal chegou para ajudar a negociar a saída dos indígenas da fazenda, que teria conseguido uma liminar de reintegração de posse concedida pela Justiça. Os profissionais da imprensa presentes se aproximaram para acompanhar a conversa, permanecendo a uma certa distância para fotografar o local. Foi quando Ruy foi chamado pelo delegado Araújo. “Ele pediu minha identificação e iniciou a revista da minha mochila. Sem justificativa, tomou meu computador e gravador. Ele só dizia que atuava no estado há vários anos e nunca tinha ouvido falar do Cimi, como se isso fosse alguma justificativa para pegar minhas coisas”, afirmou. O jornalista se identificou como membro da imprensa e protestou contra a apreensão, mas nada adiantou. Advogados consultados pelo Blog do Sakamoto, um dos primeiros a noticiar o caso, afirmam que a ação de Araújo foi ilegal, pois não havia ordem judicial de busca e apreensão, o jornalista não cometeu nenhum ato que justificasse interrogatório e não há nada no Código de Processo Penal que embase seu comportamento.Ao contrário, o artigo 3º, item J, da lei 4.898 (Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal), afirma que constitui abuso de autoridade “qualquer atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional”. Ações como essa têm sido corriqueiras nos últimos dias, desde que os direitos indígenas têm sido atacados de forma constante na capital, pelo Congresso Nacional, e no campo. Práticas ilegais e irresponsáveis são reflexo da opção por um modelo de desenvolvimento ultrapassado e excludente, que visa o lucro a curto prazo de uma pequena parcela da população, em detrimento de direitos constitucionais de cidadãos brasileiros como os povos indígenas e quem os defende.

Sunday, May 19, 2013

Desmatamento ameaça energia de Belo Monte

Se a perda de vegetação nativa atingir 40% da Amazônia, em 2050, a capacidade de produção de energia em Belo Monte cairá para 25% (© Daniel Beltrá / Greenpeace). Em plena mudança do clima global, o valor das florestas para o equilíbrio do planeta ainda é contestado. Mas um estudo publicado nesta semana por pesquisadores brasileiros na revista americana PNAS demonstra que, sem as matas tropicais, nem mesmo a produção de energia elétrica pode se sustentar. A pesquisa comprova que, quanto mais floresta, maior será o potencial de usinas hidrelétricas localizadas na região amazônica. Isso porque a relação entre as florestas e a chuva é dinâmica: as árvores liberam vapor d'água, aumentando a precipitação. Menos árvores, menos água para gerar energia. Focado na usina de Belo Monte, o trabalho considerou a influência que a floresta tem na produção de chuva e como o desmatamento pode reduzir esse potencial. Nos níveis atuais de perda florestal, o volume de chuva é entre 6 e 7% menor do que com a cobertura florestal completa. Num cenário ainda pior, onde a perda de vegetação nativa atinja 40% do bioma, em 2050, o volume de chuva seria reduzido de 11 a 15%, fazendo com que a capacidade de produção de energia em Belo Monte caia a 25% da capacidade máxima da planta ou a 40% das próprias projeções da usina. Por outro lado, se houvesse uma recuperação de tudo o que já foi desmatado na Amazônia, a produção de Belo Monte chegaria a sua capacidade máxima instalada, de 11,2 mil megawatts. Belo Monte foi projetada para ser a terceira maior usina do mundo e suprir 40% do crescimento do Brasil em produção de eletricidade até 2019. “Acabar com o desmatamento deveria ser visto como uma questão de segurança energética nacional”, afirmou ao jornal Folha de São Paulo um dos autores do trabalho, Daniel Nepstad, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Entre para a Liga das Florestas

Tempo é (mais do que) dinheiro

Banner de 10 metros de comprimento em passarela da Radial Leste, São Paulo, cobrou a implementação de corredor de ônibus no local (©Greenpeace/Otavio Almeida) Um ditado muito popular no Brasil é que tempo é dinheiro. E se isso é verdade em algum lugar, esse lugar é São Paulo. Cidade em que o trânsito caótico é responsável pela perda de uma quantia equivalente a 1% do PIB do país. No ano passado, os prejuízos acumulados chegaram a algo como R$40 bi, o equivalente a soma dos valores gastos com as externalidades do trânsito e do que a cidade deixou de produzir enquanto fica parada. Essa é a conclusão de um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para chegar a esse valor, a FGV considerou alguns fatores, como o tempo que o cidadão perde parado no congestionamento, o gasto adicional com combustíveis e o aumento das despesas com a saúde, em decorrência da crescente poluição e da maior exposição da população a ela. Ao colocarmos tudo isso na balança, notamos que o prejuízo, despercebido no dia-a-dia, é grande. Pensar que cerca de 1/3 do combustível utilizado para abastecer o automóvel é perdido nos congestionamentos, é uma forma de tornar os prejuízos mais mensuráveis. Mas, sem dúvidas, o prejuízo pior é a perda de tempo, cujo valor nem sempre consideramos na hora de fazer as contas. São Paulo é a capital brasileira na qual as pessoas gastam mais tempo para realizar o percurso casa-trabalho-casa: são aproximadamente 43 minutos em cada deslocamento, um tempo que poderia ser dedicado ao trabalho ou à vida pessoal. O Greenpeace incentiva que os cidadãos brasileiros, não apenas os paulistanos, acompanhem a elaboração do Plano de Mobilidade de suas cidades. Para saber mais, acesse o site da campanha. O estudo da FGV deixa claro que está na hora de repensarmos a forma como os deslocamentos acontecem em São Paulo. Esse repensar envolve, necessariamente, investimentos em transporte coletivo e no não-motorizado, ou os paulistanos continuarão a perder cada vez mais tempo, dinheiro e qualidade de vida.

Thursday, May 16, 2013

Controversos investimentos em petróleo

Arrecadação recorde em Rodada de Licitação deixa claro quais são as escolhas energéticas para o Brasil Mapa com os blocos licitados no Maranhão e no Piauí mostra a proximidade destes com Unidades de Conservação (©Greenpeace) A 11ª Rodada de Licitação da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) que estava prevista para acontecer nos dias 14 e 15 de maio (terça-feira e quarta-feira, respectivamente) terminou antes do imaginado. Ontem mesmo foi anunciado o resultado de arrecadação recorde de R$2,8 bi. Muitos devem estar comemorando o investimento que entra no país, mas um olhar mais atento revela que não serão apenas bons frutos que renderão deste dinheiro. Esse investimento bilionário foi utilizado, principalmente por grupos estrangeiros, para arrematar 143 blocos exploratórios em 11 bacias sedimentares no Brasil. A ANP estima que os blocos em terra e em mar, situados principalmente em território inexplorado no norte e nordeste do país, tem reservas estimadas em 9,1 bilhões de barris, pouco mais de 10% do que estima-se existir no pré-sal brasileiro, uma das maiores reservas mundiais. A gigante petroleira britânica BP, responsável pelo maior acidente da história no Golfo do México, venceu junto com a Petrobras, Total e Petrogal, seus sócios, as licitações de oito blocos em águas profundas na costa brasileira, incluindo vários na bacia da Foz do Amazonas. A região é uma das mais frágeis e desconhecidas da nossa costa. “Parece que o Brasil não aprendeu mesmo a lição de que a exploração de petróleo não é uma tarefa simples e segura”, afirma Renata Nitta, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. Ela ainda completa, “o país continua depositando suas esperanças econômicas no óleo negro que parece valer ser explorado a qualquer custo.” Em outra regiões do país, a situação não foi muito melhor. A filial da norueguesa Statoil arrematou os seis blocos oferecidos na bacia marítima do Espírito Santo. A região é área de influência para proteção do banco de Abrolhos, região que abriga rica biodiversidade marítima e local de reprodução das baleias jubarte. Dessa maneira a petroleira entra, junto com a Perenco, no clube das empresas que colocam os corais de Abrolhos e a área de reprodução de baleias do cone sul vulneráveis a acidentes e vazamentos. Em terra, a encrenca também é grande. Os blocos terrestres licitados nos estados do Piauí, Maranhão, Alagoas e Bahia estão sobrepostos a 76 assentamentos da reforma agrária. “Este novo leilão pode levar o Brasil para mais uma aventura em alto mar, em regiões sensíveis do nosso litoral”, diz Renata. Para piorar, o governo decide permitir a exploração com tecnologia do passado, parte das plataformas foram construídas há 30 ou mais anos, aumentando a probabilidade de termos acidentes, ela continua. Também seguimos sem um Plano Nacional de Contingência, instrumento que poderia nos ajudar a ter um maior controle do que acontece na exploração de petróleo, uma vez que o governo segue investindo em óleo e gás. Devido a todos esses problemas, o Greenpeace lançou o site Lataria, observatório que monitora as plataformas antigas da região do pré-sal e apresenta seus dados e histórico de acidentes. “O risco de acidentes deveria incentivar uma mudança para uma matriz energética mais limpa. Os investimentos em petróleo poderiam, por exemplo, ir para energia eólica e solar”, conclui Renata.

Wednesday, May 15, 2013

Mobilização pelo sol

Retze Koen, coordenador do projeto Jugendsolar, em workshop de cozinha solar em Recife, durante visita do navio Rainbow Warrior (©Greenpeace/RPCI/Rodrigo Paiva) Quando o assunto é energia solar, o Brasil tem um papel primordial no incentivo desta fonte. Seu imenso potencial inaproveitado poderia trazer muitos benefícios ao país, ao meio ambiente e à população. E não somos apenas nós, do Greenpeace Brasil, que enxergamos todas essas oportunidades, Retze Koen, do Greenpeace Suíça, também concorda que o Brasil pode e deve aproveitar o que o Sol tem para nos oferecer. Retze é coordenador do projeto Jugendsolar (Juventude Solar, em alemão) e é especialista em energia solar. Greenpeace: Qual a importância e qual o papel do Brasil no cenário da energia solar? Retze: O Brasil tem um papel central devido ao seu potencial imenso de energia solar. Incentivar e promover o uso de energia solar no país é uma maneira de criar muitos empregos locais, especialmente para os jovens. Também é uma excelente oportunidade quando comparada com a mão-de-obra altamente especializada exigida para construir termelétricas a carvão ou usinas nucleares. Fica claro que essa energia pode gerar muitas oportunidades para todos e em vários lugares do país. Outro aspecto que deve ser ressaltado no papel que o Brasil deve desempenhar é o de evitar grandes plantas centralizadas de energia, como novos reatores nucleares e usinas de gás e carvão, e tornar a produção de energia mais limpa e segura. GP: Hoje, no Brasil, o uso da energia solar e de microgeradores nas residências ainda é limitado devido aos custos ou ao conhecimento que a população tem dos benefícios da energia solar. Como podemos mudar essa situação? R: Uma boa maneira é mobilizando os jovens, possibilitando que eles instalem painéis em escolas, em centros comunitários e clubes esportivos para aumentar o interesse da população pelo assunto e ao mesmo tempo ensiná-los para que possam se tornar técnicos no assunto. Além disso, os bancos podem ser incentivados a promover financiamentos para as pessoas que queiram instalar painéis fotovoltaicos ou térmicos. Outra solução é pressionar o Ministério da Educação para que ele inclua energias renováveis e eficiência energética no programa escolar. GP: Pensando a longo prazo, a energia solar pode trazer malefícios ao meio ambiente? R: Não, uma vez que basicamente o material dos painéis que utilizamos é areia de quartzo, muito comum e que não apresenta problemas. O desafio é trabalhar com os paineis de filme finos, que geralmente contêm substâncias tóxicas, mas que uma vez selados corretamente podem ser reciclados, sem causar danos ao meio ambiente. GP: A matriz energética brasileira está baseada em hidrelétricas, que podem ter impactos ambientais irreversíveis. A energia solar pode ser um bom contraponto nessa questão? R: A energia solar pode ajudar a limpar a matriz energética brasileira sem causar muitos impactos. Plantas de energias renováveis descentralizadas e limpas trazem benefícios e possibilidades para muitas pessoas, então, acho que um bom caminho é o de implementar pequenos projetos nas comunidades menores. Dessa forma, estamos espalhando conhecimento, criando empregos e mostrando tanto aos políticos quanto à população que a energia solar é uma possiblidade. GP: O Brasil está se tornando a quinta maior economia mundial. Para você, porque é tão difícil conciliar crescimento econômico com preservação ambiental? Você acha que é mais difícil para o Brasil lidar com esse desequilíbrio? R: Eu acredito que é um desafio para todos os países. Claro que para os países que estão crescendo mais rapidamente – como Brasil, China, Índia, África do Sul e Rússia – é uma questão parece estar mais urgente do que nos antigos países industriais. Eles estão se desenvolvendo mais rapidamente e é difícil para o governo e para a sociedade civil acompanhar e providenciar proteção ambiental, direitos civis, boa educação, etc, tudo leva muito tempo para se desenvolver. Em países como o Brasil pode ser verdade que as pessoas não estão conscientes sobre os problemas da poluição, escassez de recursos e mudanças climáticas. Quando trabalhei na Rio+20, durante a vinda do Rainbow Warrior para o Brasil, com a cozinha solar, fiquei impressionado e surpreso pela reação do público e da imprensa. O fogão solar parecia ser algo novo para eles, eles estavam muito interessados.

Julgamento do caso irmã Dorothy é anulado

A irmã Dorothy Stang, de 74 anos, foi assassinada em 2005 em Anapu, por seu trabalho em defesa da floresta e de suas comunidades (© Greenpeace / Alberto Cesar Araújo). Já se passaram oito anos do assassinato da irmã Dorothy Stang, ocorrido em Anapu (PA), em 12 de fevereiro de 2005. De lá para cá, os casos de violência, abusos e morte na Amazônia Legal só aumentam. Ainda assim, a justiça pena para punir os verdadeiros culpados. Exemplo contundente foi a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular, nesta terça-feira (14), o julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura, condenado a 30 anos pelo homicídio da missionária norte-americana. O réu, no entanto, será mantido preso. A decisão foi tomada por três votos a dois durante a conclusão do julgamento do Habeas Corpus iniciado em 11 de dezembro de 2012. Na ocasião, o relator, ministro Gilmar Mendes, votou pela concessão parcial do Habeas Corpus, confirmada nesta terça. Ricardo Lewandowski acompanhou o voto do relator, pela anulação do julgamento realizado pelo Tribunal do Júri de Belém, mas mantendo a custódia cautelar de Vitalmiro Bastos. A decisão a favor do assassino se baseou no argumento de que o defensor público não teve tempo suficiente para defender adequadamente o réu. Já o ministro Celso de Mello e a ministra Cármen Lúcia votaram pela denegação do Habeas Corpus. Eles entenderam que a nomeação do defensor público só aconteceu em virtude de manobras de adiamento proposital por parte da defesa. O assassinato já havia sido julgado três outras vezes. A primeira foi em maio de 2007, na segunda, em maio de 2008, ele foi absolvido. “Bida”, como é mais conhecido, teve direito a novo júri pelo fato de a pena ter sido superior a 20 anos. Em 2009, a 1ª Câmara Criminal Isolada do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ-PA) anulou o último julgamento. O terceiro júri foi marcado para abril de 2010, quando Vitalmiro foi novamente condenado. Amazônia, quintal da violência no campo Casos como o de irmã Dorothy não são fatos isolados. De acordo com a última edição do caderno “Conflitos no Campo no Brasil”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Amazônia Legal concentra a maior parte dos casos de assassinato, ameaças de morte e outros abusos no meio rural brasileiro ocorridos em 2012. Compreendida entre os estados da região Norte do país, parte do Maranhão e do Mato Grosso, a área contabiliza 21 dos 36 casos de morte decorrentes da violência no campo. Do total de 1.364 episódios de disputa por terras, crises pela falta de água e ocorrências de trabalho escravo ou outras formas de violência registrados no ano passado pelo relatório, cerca de 46% ocorreram dentro dos limites amazônicos. O estado que registrou o maior número de assassinatos foi Rondônia, com oito mortes. No Pará, que foi o recordista no ano anterior (2011) e o segundo com mais homicídios em 2012, a CPT verificou seis vítimas. Os números demonstram como o modelo de desenvolvimento em vigor na região amazônica se baseia na violação dos direitos humanos e das leis ambientais. Danos causados a camponeses, indígenas, ribeirinhos e quilombolas por projetos de mineração, extração de madeira e megaempreendimentos, bem como a concentração de terras e os escassos avanços da reforma agrária no interior do país, são recorrentes na Amazônia hoje.

Liga das Florestas de cara nova

Nova versão do desafio online incentiva o aprendizado sobre a Amazônia e tem como objetivo coletar assinaturas para o projeto de lei do desmatamento zero Como forma de ampliar o conhecimento da sociedade sobre a Amazônia e os principais vetores do desmatamento, o Greenpeace lançou uma nova versão do desafio online Liga das Florestas. O objetivo é informar a população sobre a urgência de acabar com a devastação florestal no Brasil e, assim, coletar assinaturas para a lei do desmatamento zero. Cada fase apresenta um pouco da realidade da Amazônia, mostrando quem são os verdadeiros vilões que ameaçam a floresta, os animais e os povos que a habitam. Para avançar, o participante tem que responder a um quiz com perguntas relacionadas aos problemas e soluções possíveis para o desenvolvimento sustentável da região. Além de responder corretamente às questões, os participantes têm que realizar tarefas, como chamar amigos para participar da disputa ou divulgar a campanha em suas redes. Dessa forma, eles acumulam pontos que podem render recompensas e ainda ajudam a salvar as florestas brasileiras. Iniciativa popular Em parceria com outras organizações da sociedade civil, o Greenpeace lançou, em março de 2012, o projeto de lei de iniciativa popular pelo desmatamento zero. Em pouco mais de um ano, mais de 800 mil pessoas já aderiram à campanha online para acabar com a destruição florestal brasileira. Mas para que o projeto de lei seja votado pelo Congresso Nacional, mais heróis precisam engrossar esse coro. Por isso, a campanha segue firme e forte, mostrando que não é necessário desmatar novas áreas de floresta e transformar o que resta de mata nativa em pasto para gado, campos de soja ou canteiros de obras para grandes empreendimentos. Décadas atrás, a Amazônia era uma paisagem plena de fartura e beleza. Hoje, 18% dela já foi perdido. Mas o Brasil ainda pode mudar esse cenário. Floresta não é entrave ao desenvolvimento, ela é o caminho. Uma economia baseada nos produtos e na conservação florestal gera renda e emprego para comunidades tradicionais da Amazônia. Além de equilibrar o clima do planeta, as florestas são um poderoso diferencial para o país, que tem capacidade para se tornar a primeira potência econômica e ambiental do mundo. “Proteger as florestas é mais do que uma responsabilidade dos brasileiros, é um direito. Ao assinar a petição no site, estimulamos as pessoas a protegerem a nossa herança florestal. Através da disputa online, tentamos promover o exercício da cidadania de forma lúdica e informativa”, afirmou Elcio Figueiredo, coordenador web do Greenpeace Brasil. Participe dessa experiência inovadora e divertida. Você ainda pode brincar com seus amigos e passar os conhecimentos que adquiriu durante a disputa. Desafiamos você a embarcar com a gente nessa viagem virtual pela Amazônia! Você pode sair de lá como um herói. Não perca tempo, entre para a Liga das Florestas!

Omissão do governo e lobby ruralista: projeto floresta zero a todo vapor

© Karla Gachet / Panos / Greenpeace E a bancada ruralista do senado federal continua trabalhando freneticamente – ainda que em claro benefício próprio e de seus pares. Dessa vez, ao aprovar em decisão terminativa o projeto PLS 626/2011, por meio da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, eles miram um novo e gigantesco alvo: toda e qualquer área alterada da Amazônia e dos biomas Cerrado e Campos Gerais da Amazônia Legal. Ora, se utilizarmos a definição de áreas alteradas do IBAMA (instrução normativa número 4, de abril de 2011), concluímos que se tratam de áreas que, após o impacto sofrido, ainda mantém meios de regeneração biótica, ou seja, possuem capacidade de voltar a ser floresta naturalmente. E é justamente sobre estas áreas com capacidade regenerativa que os ruralistas lançam nova ofensiva. Sob o pretexto do desenvolvimento da região, estímulo a produção de etanol para o iminente aumento da demanda interna e externa por biocombustíveis, o autor da proposta, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), propõe basicamente que sejam reservados para o plantio da cana de açúcar locais que não passaram por desmatamento. Áreas de floresta afetadas, mas com plena capacidade de recuperação. Considerando que, segundo dados do IMAZON, da área total da Amazônia Legal 47% já sofreu algum tipo de alteração humana, ainda que mínima, temos um cenário sombrio com a perspectiva de aprovação em novas instâncias do referido projeto. Outro grande problema do PLS é que não houve preocupação em estabelecer a data das alteração provocadas, dando margem para que novas áreas sejam alteradas e até mesmo desmatadas para viabilizar o plantio da cana de açúcar. Depois de promover ofensivas sistemáticas contra unidades de conservação e órgãos ambientais, relegando populações nativas a um futuro de medo e incertezas e promovendo novos conflitos de consequências desoladoras pelo país afora, a bancada ruralista segue firme em seu propósito de benefício próprio a qualquer custo. Enquanto isso, mantendo a mesma postura que teve com o malfadado código florestal, o governo federal assiste, impávido, ao colosso conjunto de iniciativas do poderoso lobby que segue acumulando vitórias pessoais e retrocessos inaceitáveis para o país, que começam a tomar forma nos alertas de tendência de aumento do desmatamento do INPE, trabalhos em condições análogas à escravidão e no claro processo de fragilização de nossa legislação ambiental. Muita atenção aos senadores que, com apoio da poderosa bancada e omissão absoluta do governo validaram mais este importante passo rumo ao projeto floresta zero: Acir Gurgacz (PDT-RO); Ivo Cassol (PP-RO); Valdir Raupp (PMDB-RO); Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e Cícero Lucena (PSDB-PB). Dos decisores, apenas Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Ana Rita (PT-ES) votaram contra o projeto, enquanto Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) se absteve.

Tuesday, May 14, 2013

Perto de um caminho sem volta

Usina de carvão Marshall Steam Station, em Carolina do Norte, nos Estados Unidos. (© Les Stone / Greenpeace) Os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram pela primeira vez na história humana 400 partes por milhão (ppm). Na última vez em que os níveis estiveram altos, a temperatura média global aumentou entre 3 e 4°C, enquanto nas regiões polares o aumento foi de 10°C. Existem duas razões para se preocupar seriamente com a medição de CO2 deste ano. Estamos atingindo limite simbólico de 400 ppm, mostrando o quão longe chegamos desde os níveis pré-industruais de 280 ppm ou do valor máximo de segurança recomendado por cientistas em 350 ppm. Ainda mais alarmante é que este ano os níveis de concentração de CO2 aumentaram muito mais rápido do que nos outros anos. Alcançaremos o nível de 1000 ppm em apenas cem anos se as emissões continuarem no ritmo atual. Em mudanças climáticas pré-históricas, demorava-se 1000 anos para aumentar apenas 10 ppm, por exemplo. Estamos alterando as condições com as quais a civilização se desenvolveu, num ritmo que desafia nossa capacidade de adaptação e mudança. Os maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa são os combustíveis fósseis e o desmatamento. E não existe uma proposta de redução de emissão, pelo contrário, a existência de mega projetos de extração de carvão na Austrália, China e Estados Unidos e a exploração de pre-sal no Brasil, pode levar à aceleração do aquecimento global totalmente fora de controle.

Plataformas mais velhas concentram acidentes em alto mar

Cerca de 62% dos acidentes da exploração de petróleo offshore aconteceram em plataformas com mais de trinta anos. Novo site do Greenpeace vai monitorar ocorrências no pré-sal Após vazamento da plataformas Sedco 706, operada pela Chevron, barcos tentam conter o petróleo no mar (©Rogério Santana/Divulgação/Folha S.Paulo) Anunciado como uma nova fonte de riquezas para o país, o pré-sal está longe de ser um pote de ouro do outro lado do arco-íris. As dificuldades técnicas para extrair óleo a uma profundidade de sete quilômetros abaixo do nível do mar tornam a operação altamente arriscada. Mesmo assim, o governo entrou nessa empreitada com tecnologia do passado. Aproximadamente uma a cada três plataformas atualmente em operação no Brasil foram construídas há 30 anos ou mais e representam maior probabilidade de vazamentos. Dos 102 acidentes registrados no Brasil desde o ano 2000 na exploração petrolífera offshore, 62% aconteceram nas plataformas mais velhas. Essas são algumas das informações que o site “Lataria”, lançado nesta segunda-feira pelo Greenpeace Brasil, traz a público para romper a falta de transparência peculiar da indústria do petróleo. A proposta do site é monitorar as ocorrências nas plataformas mais velhas do pré-sal, facilitando a interpretação de dados sobre os acidentes. Riscos ignorados Uma das maiores empresas de serviços de perfuração marítima do mundo, a Transocean estima que a vida útil das plataformas é de 18 a 35 anos. Mesmo assim, uma de suas plataformas que operavam no pré-sal, a Sedco 706, já completou 37 anos de vida útil. Essa é a mesma plataforma que, operada pela Chevron, protagonizou em novembro de 2011 o maior vazamento de petróleo no mar brasileiro, na costa norte do Estado do Rio. “O acidente com a Sedco 706 expôs o óbvio: o Brasil deu largada à corrida maluca pelo pré-sal sem tecnologia adequada e sem capacidade de controlar um vazamento de grandes proporções”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace. Como se os acidentes que já aconteceram no país não bastassem e ignorando o enorme potencial brasileiro de energias renováveis ainda inexplorado, a ANP (Agência Nacional de Petróleo) realizará a 11a rodada de licitações de blocos exploratórios nos dias 14 e 15 de maio. Dos 289 blocos que serão oferecidos em 11 bacias sedimentares, 166 estão localizados no mar, sendo mais da metade em águas profundas. De acordo com Baitelo, o Brasil necessita urgentemente de um Plano Nacional de Contingência, que fiscalize e estabeleça as medidas necessárias a serem tomadas em caso de acidentes. “Desde 2010 o governo promete tirar o plano do papel, mas o Brasil segue explorando em águas profundas sem amparo técnico e sem a definição dos recursos humanos e materiais necessários para evitar novos desastres ambientais na costa do país”, finaliza Baitelo.

Botando a mão nas placas

á aprendi e quero continuar aprendendo”, esse foi um dos versos de mais uma música improvisada que ouvi do Gabriel Ferreira, o ‘Faísca’, durante o quarto encontro que tivemos com os jovens de Vila Isabel. Os jovens estavam muito animados com a ideia de montar uma lanterna solar, atividade programada para este sábado. Depois de já terem aprendido um pouco sobre energia elétrica e, especificamente, energia solar, foi o dia de por a mão na massa, quer dizer, nas placas. Foi bom colocar um pouco da teoria em prática para ninguém ficar duvidando de que o conteúdo das capacitações é invenção e ver que o Sol é capaz de gerar energia. Pequenos grupos se reuniram com os voluntários e depois de cortar, descascar fios, soldar, furar bambu, usar cola quente – ufa! – surgiram as tais lanternas solares, objetos pequenos e curiosos, mas extremamente úteis. Deu pra ver que cada um dos jovens estava interessado em participar e ver o resultado final do processo e que saíram satisfeitos após mais um encontro do Juventude Solar. Foi um dia divertido e de muito aprendizado. Os jovens tiveram até que mostrar o conhecimento matemático para responder a pergunta feita por Thomas: "de quantas placas de 0,6V eu preciso para gerar 3,6V?" Silêncio coletivo. Alguém se arrisca em tom de dúvida: "Duas? Quatro? Seis!" Ao final do encontro, eles já estavam falando de volts, diodo e curto circuito como verdadeiros engenheiros elétricos. É claro, sem esquecer da vontade de ser jogador de futebol, já que o papo nos corredores depois do lanche foi sobre a última partida que jogaram.

Friday, May 10, 2013

Índios desocupam Belo Monte, mas luta persiste

Indígenas desocuparam nesta quinta-feira o canteiro de obras de Belo Monte, mas mantêm sua luta em defesa dos direitos dos povos de todo o Brasil (©Ruy Sposati/Cimi). “Paz sem voz não é paz, é medo”, diz a música “Minha alma”, da banda O Rappa. Ultimamente, esse tem sido o lema dos povos indígenas brasileiros. Os Munduruku, que habitam as margens do rio Tapajós, não são da guerra, nem tampouco são do medo. Na sua luta silenciada, é justamente a paz que eles buscam. E foi em nome dela que, na noite desta quinta-feira (9), os cerca de 150 indígenas que ocupavam desde o dia 2 de maio o principal canteiro de obras de Belo Monte, no município de Vitória do Xingu (PA), desocuparam o local, atendendo à decisão judicial de reintegração de posse. Os indígenas saíram afirmando que, diferentemente do governo, eles cumprem as lei do Brasil. “Decidimos desocupar o canteiro para mostrar que somos de paz, e que o governo não precisa colocar a força policial para nos fazer cumprir as decisões da Justiça. Saímos de lá, mas a nossa luta continua, vamos persistir na defesa de nossos direitos. O governo está desrespeitando muito a nossa Constituição. Enquanto eles não nos procurarem para nos ouvir, nós não vamos parar. Vamos lutar até o fim”, bradou Cândido Waro, presidente da Associação Pusuru, do povo Munduruku. Após a saída do canteiro, os indígenas se dirigiram a Altamira, onde realizaram uma assembleia para avaliar os próximos passos. Ficou decidido que apenas parte do grupo voltará às aldeias, o restante continuará acampando nas dependências da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no município. Outras autoridades estiveram presentes no canteiro de obras para tentar conversar com os indígenas, como o deputado Padre Ton (PT-RO), que foi impedido de entrar por policiais da Força Nacional de Segurança. Os indígenas, por sua vez, se mantiveram firmes em sua posição e disseram que só irão dialogar com representantes do poder executivo. “Nós respeitamos e agradecemos todo o apoio que estamos tendo, mas queremos a presença de quem realmente pode resolver os nossos problemas. Por que eles podem mandar os policiais, mas não podem enviar seus representantes para falar com a gente. Só conversamos oficialmente com representantes da Presidência”, afirmou Cândido Waro.Além de defender o direito por suas terras já demarcadas, os indígenas também demandam um diálogo com o governo sobre normas que afrontam várias etnias de todo o país, como a Portaria 303 da AGU (Advocacia Geral da União) e a regulamentação do processo de consulta aos povos indígenas previsto na Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), da qual o Brasil é signatário. Sonia Guajajara, representante da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) e da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), afirmou que a saída foi uma ação estratégica que eles acharam para tentar se fortalecer ainda mais. Ela foi uma das lideranças indígenas nacionais que também foi barrada de entrar no canteiro pela Força Nacional. “O governo diz que não temos uma pauta de reivindicações para discussão, porque eles querem uma lista de bens materiais. Assim seria mais fácil. Eles chegariam com o dinheiro, comprariam o que nós pedíssemos e nos tirariam de lá. Mas nós reivindicamos nossos direitos. Para eles isso não é pauta, porque direito não se pode comprar no mercado”, concluiu.

Mais do mesmo

Mobilidade urbana: é preciso criar alternativas. (© Will Rose/Greenpeace) A cidade de Santos anunciou recentemente a retirada da ciclovia localizada no canteiro central da praia de José Menino, desativada desde fevereiro. Com 500 metros de extensão, a ciclovia é vista como uma das principais causas do intenso congestionamento na região e, assim sendo, acredita-se que sua retirada beneficiará o fluxo de automóveis. Será? De fato, a abertura de mais espaço para os veículos pode levar a uma melhora do trânsito local, mas por quanto tempo? A melhora no fluxo, aliada à falta de outras opções de deslocamento, incentiva mais pessoas a usarem o carro diariamente, e, por sua vez, a ida de mais carros para a rua lota as vias, gerando congestionamentos e a necessidade de expandir ainda mais as ruas. Só que na próxima vez em que for preciso realizar essa expansão, não haverá mais ciclovia. Se a lógica seguir a mesma, o próximo passo será partir para os imóveis que margeiam as ruas. A medida gera estranheza quando lembramos que há pouco mais de um ano foi estabelecida a Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujo objetivo principal é fazer com que as cidades repensem a forma como tem se dado os deslocamentos em seu território e planejem uma mobilidade urbana mais limpa, rápida, eficiente e universal. A Política não diz como isso vai ocorrer, mas dá dicas: diversificando as opções de transporte, priorizando os meios não motorizados e coletivos ao individual, ouvindo a população e, se for preciso, estabelecendo medidas que efetivamente desestimulem o uso do carro. Por trás disso tudo há a clara mensagem de que o modelo de mobilidade que alimentamos por muitos anos é insustentável: o carro não é mais a solução dos nossos problemas e as medidas tomadas no sentido de perpetuar esse modelo estão fadadas ao fracasso. Em meio a um ano em que o tema mobilidade urbana tem ganhado cada vez mais destaque e muito tem se ouvido, do governo e da população, sobre a necessidade de se construir cidades para pessoas e não para carros, escolhas como a da cidade de Santos deixam um amargo quê de retrocesso e a sensação de que, se nada for feito, corremos o risco de ter mais do mesmo. Só que, quando o assunto é mobilidade urbana, a gente já sabe que isso não funciona. É preciso diversificar. *Barbara Rubim é da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil

Planos setoriais? Ninguém sabe, ninguém viu

Em audiência na Câmara, organizações da sociedade civil cobraram mais uma vez uma postura de transparência por parte do governo (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados). Em audiência pública na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (9), organizações da sociedade civil, representadas pelo Observatório do Clima e Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS), redes das quais o Greenpeace faz parte, alertaram que o processo de revisão do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, iniciado pelo governo em março deste ano, está completamente prejudicado e fadado a um grande insucesso. As organizações lembraram que os planos setoriais, como de transporte e de indústria, previstos na Política Nacional sobre Mudança do Clima, sequer foram apresentados. Em carta, encaminhada nesta manhã à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, as organizações pediram imediatas providências para que este processo seja de fato transformado em um processo consistente de revisão do Plano. Na audiência, foi ressaltada a necessidade de que a revisão do Plano Nacional seja feita de forma a transformar o documento em um plano estratégico, com a inclusão de metas e ações envolvendo a postura do país com relação às mudanças no clima mundial. “O governo nunca divulgou uma avaliação do Plano Nacional ao longo destes anos. Não há como participar de um processo de revisão nestes termos”, afirmou a coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace, Renata Camargo. “O Brasil precisa de fato ter uma política de redução de emissões em todos os setores da sociedade. Reduzir emissão não é só reduzir taxa de desmatamento.” De acordo com a Política Nacional, os planos setoriais deveriam ter sido apresentados em abril de 2012. Na audiência, a diretora de Licenciamento e Avaliação Ambiental da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Karen Cope, justificou que os planos estão concluídos e aprovados, mas que a Presidência da República ainda não definiu quando divulgará os mesmos. Ignorando a necessidade de uma análise por parte da sociedade civil, a diretora afirmou ainda que o governo já tem avançado na implementação dos planos setoriais que ainda não foram divulgados. “De que valem planos no papel se ninguém tem acesso e não tem como acompanhar o que de fato está sendo feito?”, contesta Renata Camargo. As organizações exigem que o governo defina um novo processo, adequado e consistente, para a revisão do Plano; estabeleça uma metodologia clara de trabalho; disponibilize todos os documentos-base para a revisão; e divulgue as estimativas anuais das emissões de gases do efeito estufa. Estes últimos tratam-se de dados que o governo já possui, mas também não quer abrir para a sociedade.

Thursday, May 9, 2013

De bike é melhor!

Mês de maio é mês das noivas, mês das mães e também é mês de ir de bicicleta ao trabalho. Pouca gente sabe, mas o “Bike to Work Day” ocorre anualmente e teve início em 1956, nos Estados Unidos, por iniciativa da League of American Bicyclists. Desde então, várias cidades do mundo escolhem uma data para o evento, sempre com o objetivo de divulgar e incentivar o uso da bicicleta como um meio de transporte para o trabalho. Além de ir de bicicleta para o trabalho, existem várias formas de participar: desde divulgando o evento e estimulando a adesão de outras pessoas, até propondo a realização de diferentes tipos de atividades. Aqui no Brasil, a iniciativa recebeu o nome “De Bike ao Trabalho” e é realizada pelo Bike Anjo, em parceria com outras organizações e coletivos. Saiba mais sobre como participar e encontre dicas aqui. O Greenpeace apoia a realização desse evento, como uma opção para informação e proposta de mudança de atitudes da população. As cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes estão em período de elaboração de seus planos de mobilidade e essa é uma grande oportunidade para a construção de diretrizes que garantam a acessibilidade, a priorização do transporte não-motorizado e o transporte coletivo. Acompanhe o andamento dos planos em sua cidade e saiba como você pode participar desses processos. Não perca a chance de mudar sua atitude e se posicionar positivamente por cidades melhores e que respeitem mais seus cidadãos e o meio ambiente. Participe!

Wednesday, May 8, 2013

Mudanças Climáticas em pauta no Congresso

Governo revisa Plano Nacional de Mudanças Climáticas sem apresentar os planos setoriais. Sociedade civil cobra investimento em energias renováveis (© Greenpeace / Flavio Cannalonga). Nesta quinta-feira (9), a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados estará reunida para debater a revisão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC). Entretanto, em um processo lento, que se arrasta há mais de quatro anos, o Plano, que tem como objetivo reduzir as emissões de gases estufa no Brasil, até hoje não disponibilizou para consulta a maioria dos planos setoriais de mitigação e adaptação às mudança do clima. Os que existem, por sua vez, são pouco ambiciosos. Essa não é uma opinião isolada. O Observatório do Clima, rede que congrega cerca de 700 organizações e movimentos da sociedade civil, incluindo o Greenpeace, elaborou uma carta conjunta, a ser entregue à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, onde afirma que, da forma como está sendo conduzido, o processo de revisão do Plano encontra-se “completamente prejudicado e fadado a um grande insucesso.” O Decreto 7.390, de 9 de dezembro de 2010, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima, prevê a incorporação dos planos setoriais ao Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas. O texto determinava que os planos setoriais fossem elaborados até 15 de dezembro de 2011. Depois, esse prazo foi esticado para 16 de abril de 2012. Mesmo assim, em 2013 foi dado início ao processo de atualização do Plano sem que os planos setoriais tivessem sido concluídos. Até o momento, estão disponíveis para consulta apenas os planos de Energia, Agricultura e de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Outros cinco, ligados à Indústria, Mineração, Transporte, Saúde e Siderurgia, ainda não tiveram a versão final divulgada. Compromisso internacional O Plano Nacional é parte da estratégia do governo brasileiro para cumprir os compromissos voluntários firmados com a Organização das Nações Unidas (ONU), de reduzir entre 36,1% e 38,9% as emissões de gases estufa projetadas para o país até 2020. Pelo cronograma do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, a revisão do Plano deve ser concluída até outubro deste ano, após consulta pública. Entres as metas do plano, estão a diminuição do desmatamento da Amazônia em 80% até 2020; a ampliação em 11% do consumo de etanol até o fim da década; o aumento da participação de energia elétrica de cogeração, principalmente a partir do bagaço de cana, para 11,4% da oferta em 2030; e a redução das perdas na distribuição de energia elétrica. Entretanto, o governo tem dado sinais contraditórios no cumprimento dessas ações. “O Brasil comemora aos quatro ventos a redução das emissões provocadas pelo desmatamento da Amazônia. No entanto, em outros setores, como o de transportes, que tendem a puxar as emissões para si, temos avançado pouco ou até regredido. Não dá para fazer uma revisão do plano se nós sequer avançamos no que já estava previsto. Para que o processo de redução das emissões siga em frente, precisamos ter uma indicação clara do governo de que todos os setores estarão igualmente empenhados”, afirmou Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace.

Algemas nas mãos e correntes nos pés do MP

O estrategista sênior de Florestas do Greenpeace, Paulo Adario (à dir.), entrega ao procurador do MPF/PA, Ubiratan Cazetta, amostra proveniente do plano de manejo da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Gurupá (PA), atualmente sob concessão de uma madeireira (©Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE) Dentre várias Propostas de Emenda à Constituição que circulam em Brasília, uma das que mais preocupa é a que pretende algemar e passar uma corrente nos pés de todos os procuradores e promotores dos Ministérios Públicos Federal e Estaduais, tirando seus poderes de investigação. Estamos falando da PEC 37/2011, ou mais conhecida como a PEC da Impunidade. Tal proposta foi apresentada em junho de 2011 pelo deputado federal Lourival Mendes (PTdoB/MA) e propõe acrescentar ao parágrafo 10 do artigo 144 da Constituição Federal a exclusividade para a investigação criminal apenas pelas polícias federais e civis. “Retirar do Ministério Público o poder de investigar é garantir que criminosos fiquem impunes”, afirma Alexandre Camanho de Assis, procurador regional da República e presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Para ele, a aprovação da PEC 37/2011 representa um grande retrocesso para o Brasil também no que diz respeito à proteção da natureza e do meio ambiente. “O Ministério Público é responsável por diversas ações em casos de crimes ambientais. Em 2010, por exemplo, ocorreu a maior apreensão de madeira ilegal no Brasil. A Operação Arco de Fogo apreendeu 64,5 mil metros cúbicos de madeira, mais de 23 mil toras com valor estimado em R$10 milhões,” disse Camanho. “A presença de membros do Ministério Público nessa investigação foi fundamental para o sucesso da mesma. Se procuradores e promotores forem proibidos de investigar, os crimes ambientais certamente aumentarão e muitos casos ficarão impunes.” Se aprovada a PEC da Impunidade, outros órgãos importantes para a defesa do meio ambiente - como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) - também deixarão de investigar e fiscalizar.

Reforço vigoroso

Mais jovens se juntam ao projeto Juventude Solar que irá instalar placas fotovoltaicas no telhado do Centro Comunitário Lídia dos Santos (©Greenpeace) Assim que chegamos em Vila Isabel, encontramos alguns jovens aguardando por nós e vestindo a camisa Juventude Solar. Este foi o terceiro encontro e ficou ainda mais evidente a curiosidade de todos sobre o projeto. Risadas e olhares compenetrados em tudo que passávamos de conteúdo, mostraram a alegria e importância que estão dando ao Juventude Solar. Pudemos ver a alegria em seus olhares e que já estão mais conscientes, reconhecendo a responsabilidade que tem perante a sociedade em ser parte da solução do problema ambiental. Muitos também comentam o desejo que têm de passar o que estão aprendendo pra frente, serão verdadeiros multiplicadores do conhecimento que tem apreendido em nossos encontros. Para reforçar o time, recebemos três jovens do Instituto Bola pra Frente, um projeto de cunho social que visa promover a inclusão social de jovens do bairro de Guadalupe, tendo por base o futebol. Dessa vez falamos sobre energia elétrica e energia fotovoltaica. Agora é aguardar pelo próximo, onde teremos oficina para montar lanterninhas solares! Espero que todos estejam tão ansiosos quanto eu. *Thomas Mendel é do grupo de voluntários do Rio de Janeiro do Greenpeace Brasil

Monday, May 6, 2013

Montanha russa do desmatamento

Nos meses de março e abril de 2013, Mato Grosso liderou a lista do desmatamento na Amazônia, enquanto o Pará estava coberto por nuvens (© Karla Gachet / Panos / Greenpeace). Na coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira para apresentar os dados do desmatamento na Amazônia para março e abril, o governo voltou a se dizer confiante de que o Brasil vai zerar a destruição florestal até julho deste ano. No entanto, no acumulado de agosto de 2012 a abril de 2013, o que vemos é um aumento de 15% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Os índices do DETER, o sistema de detecção que indica a tendência do desmatamento no país, mostraram que as áreas de alerta de desmatamento e degradação somaram mais 175 quilômetros quadrados – área equivalente a 25 mil campos de futebol de floresta – somente nos últimos dois meses. Da área total apresentada para os últimos dois meses, 147.07 quilômetros quadrados foram detectados apenas no mês de abril, sendo a sua maioria (62,53 quilômetros quadrados) no Mato Grosso, Estado que lidera a lista dos maiores desmatadores. Logo atrás vem Rondônia, com 48,41 quilômetros quadrados. Entre novembro e abril, época de chuvas na Amazônia, a observação por satélites se torna mais difícil devido à intensidade de nuvens. Por isso, os alertas podem ficar menos visíveis. O Pará foi um exemplo disso. Considerado um dos que mais desmatam, o Estado não pôde ser analisado, pois apresentou 88% de cobertura de nuvens. De fato, esse número já foi mais expressivo em períodos anteriores, mesmo assim, continua demonstrando uma tendência de aumento. A pergunta é: por que será que voltou a crescer, depois da medição do menor índice histórico, no último mês de dezembro? A resposta está aparente aos olhos de quem quiser ver: o conjunto de ações que o governo federal tem bancado mostra de forma clara o modelo de desenvolvimento escolhido para o país, que ainda aceita o desmatamento. “O governo tem colecionado uma série de atitudes que passam o recado, para quem desmata a floresta, de que essa é uma prática aceitável”, afirmou Kenzo Jucá, da Campanha Amazônia do Greenpeace. Para ele, a posição que o governo federal tem tomado quanto à maior riqueza do país não deve ser aceita pela sociedade brasileira, verdadeira herdeira desse patrimônio florestal. “Temos um pacote contra as florestas que pode nos fazer perder a guerra contra o desmatamento: a aprovação do novo Código Florestal deixou de punir os criminosos ambientais, os poderes do Ibama foram enfraquecidos (por meio da Lei Complementar 140), Unidades de Conservação tiveram seus limites reduzidos e, não bastasse tudo isso, as Terras Indígenas estão sob forte ameaça da bancada ruralista no Congresso. E o governo assiste a isso tudo sem se pronunciar, sem frear todos esses retrocessos. Não podemos compactuar com isso.” De acordo com o Ibama, foram embargados 213 mil hectares de áreas desmatadas ilegalmente e arrecadados R$ 1,6 trilhão em multas de agosto de 2012 a abril de 2013. “Com esse valor, o governo já poderia ter investido em tecnologia para otimizar a produção em áreas já abertas. Não precisamos mais desmatar para produzir alimento. Se o governo não faz o que esperamos dele, então a sociedade precisa agir. A hora de zerar o desmatamento é agora”, frisou Kenzo Jucá.

Como mandam os bons costumes

Cacique-geral do povo Munduruku, Arnaldo Kaba - ou Kabaremuybu, na língua Munduruku - fala em nome de todas as lideranças: "nós queremos o Tapajós limpo" (©Greenpeace/Eliza Capai). Não se entra na casa dos outros sem pedir licença. Pelo menos é assim que manda a educação e os bons costumes. Quanto a isso, o Estado brasileiro, supostamente o responsável por educar a sua população, tem dado um péssimo exemplo. Além de deixar que sejam desrespeitados direitos constitucionalmente adquiridos pelos povos indígenas – cidadãos brasileiros como eu e você –, o governo federal ainda tem empenhado uma “forcinha” a mais para conseguir passar, a qualquer custo, seu projeto megalômano para uma Amazônia já naturalmente grandiosa. Tradicionalmente habitando as margens do rio Tapajós, o povo Munduruku foi a cobaia do governo para sua mais nova empreitada. Para realizar os estudos de impacto ambiental da Hidrelétrica São Luís do Tapajós e outras dentro de territórios indígenas e sem qualquer consulta prévia às comunidades afetadas, a presidente Dilma Rousseff aprovou o decreto 7.957, que autoriza a Força Nacional de Segurança a atuar em caráter “preventino ou repressivo”, para garantir “a lei e a ordem em operações de proteção ambiental”. E foi assim que, no dia 25 de março, sem qualquer aviso ou pedido, cerca de 250 homens da tropa de choque nacional adentraram o território Munduruku, deflagrando a chamada Operação Tapajós e assustando os indígenas e suas famílias. Um mês depois, no dia 25 de abril, foi realizada uma reunião na aldeia Sai Cinza, com a presença de todas as lideranças, que aguardavam para receber o governo e, pela primeira vez, serem ouvidos. Mas isso não aconteceu. O governo falhou novamente e faltou ao encontro, mesmo estando a apenas 12km de distância, na cidade de Jacareacanga (PA).O povo Munduruku é contra a construção da Hidrelétrica São Luís do Tapajós. Mas é a favor do diálogo. Desde que seu território foi invadido, eles aguardam uma conversa franca com o governo. Enquanto isso não acontece, o batalhão da Força Nacional se mantém na região e os planos de instalação do empreendimento seguem a todo vapor. Ignorandos e desrespeitados, os 13 mil indígenas do povo Munduruku não fogem à luta. Se o governo não quer falar com eles, eles fazem barulho para que o Brasil os ouça. Neste momento, eles ocupam, junto com cerca de 150 representantes de outros sete povos indígenas, o principal canteiro de obras da usina de Belo Monte, no município de Vitória do Xingu (PA). Eles reivindicam a regulamentação da consulta prévia e a suspensão imediata de todas as obras e estudos relacionados às barragens nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires. A repressão tem sido forte. Jornalistas já foram expulsos do local e proibidos de documentar a ocupação. Mas os indígenas resistem. Em uníssono, eles saúdam uns aos outros, e nós repetimos: “Saweh”! (saudação em apoio ao povo Munduruku).