Saturday, August 9, 2014

Amazonas discute a crise do setor madeireiro na região

Os problemas apontados pelo Greenpeace sobre o sistema de controle de comércio de produtos florestais na Amazônia foram discutidos em Manaus, em evento realizado pela ONG Idesam


Debate sobre o setor madeireiro na Amazônia (©Rogerio Lima/Idesam)

A crise no licenciamento e exploração florestal na Amazônia, divulgada pelo Greenpeace na campanha Chega de Madeira Ilegal, foi tema de debate realizado ontem, dia 7, pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), em Manaus (AM), que contou com a participação de entidades como o Greenpeace, CEUC (Centro Estadual de Unidades de Comservação), Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas) e APEFEA (Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado do Amazonas).
A investigação de dois anos do Greenpeace expôs a fragilidade do sistema de controle de comércio de produtos florestais na Amazônia e expôs como suas falhas acabam alimentando a degradação florestal e o desmatamento. Segundo dados do Imazon, entre agosto de 2011 e julho de 2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará, maior produtor e exportador de madeira da Amazônia, não tinham autorização de exploração. No Mato Grosso, segundo maior produtor, essa proporção é de 54%.
O objetivo do evento, segundo André Vianna, coordenador de projetos do Programa Manejo Florestal do Idesam, foi trazer a problemática levantada pelo Greenpeace também para o estado do Amazonas: “A gente tem que discutir como o Amazonas vai se posicionar nessa questão. É preciso entender como garantir a redução da exploração ilegal e ao mesmo tempo fomentar a produção legal e de pequenos produtores”, afirmou ele. Para Vianna, a madeira ilegal é muito prejudicial para os planos de manejo de pequena escala, pois, entre outros problemas, diminui o preço da madeira e os torna menos competitivos. “Quem quer fazer ilegalmente consegue meios de fazer, mas quem quer fazer de forma legal, mas é um pequeno produtor, vai ter mais dificuldades de trabalhar com isso”.
A investigação do Greenpeace Brasil mostrou cinco casos de planos de manejo com indícios de fraudes comuns e que o sistema permite. Dentre as principais estão: inflação do número de árvores de espécies raras e do tamanho das árvores no inventário florestal, áreas autorizadas sem sinal de exploração (das quais os créditos obtidos são utilizados para documentar madeira extraída ilegalmente de outras áreas), exploração acima do limite autorizado pelo plano de manejo e corte de árvores protegidas por lei.
Esse vasto menu tem permitido a circulação de madeira com documentação limpa e origem suja. Os estudos de casos do Greenpeace indicam que os estados da Amazônia, responsáveis por administrar a extração e comércio da madeira que sai da floresta e entra nos mercados, não são capazes de provar ter controle sobre o setor. Dessa forma, o consumidor nunca terá certeza de que não está contribuindo com a destruição da Amazônia.
“Em 2006, a gestão florestal foi repassada aos estados, que infelizmente não estavam e não foram preparados para lidar com essa demanda. É por isso que discussões como essa que aconteceu no Amazonas são muito importantes para todos os estados da Amazônia e seu setor florestal, e precisam ser encaradas com seriedade. Os estados devem estar cientes de sua responsabilidade agora e tomar atitudes urgentes para resolver a situação”, disse Marina Lacôrte da Campanha Amazônia do Greenpeace.

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