No caso do Cerrado, este foi o pior resultado de toda a série histórica para o bioma. Dados reforçam o impacto das escolhas antiambientais e das eleições no avanço da destruição
Dados divulgados na noite desta terça-feira (31), pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), apontam que o mês de maio teve o pior número de focos de calor na Amazônia desde 2004, com 2.287 focos e bateu recorde histórico para o mês de maio no Cerrado, com 3.578 focos. Isso representa um aumento de 96% na Amazônia e de 35% no Cerrado de 35%, em relação a 2021.
“O verão Amazônico ainda nem começou e a estação seca do Cerrado está só no início e o Brasil já está batendo novos recordes na destruição ambiental. Infelizmente o ocorrido não pode ser considerado uma surpresa, tendo em vista que é resultado direto de uma política antiambiental aplicada por quase quatro anos”, comenta Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Os números mostram que as ações do governo Federal nos últimos anos, como o desmonte da fiscalização e dos órgãos ambientais, resultaram em uma elevação drástica do patamar da destruição ambiental no país.
Na bioma Amazônia os focos se concentraram em Mato Grosso (77,4%), que é o estado onde o verão Amazônico começa primeiro. Quando a floresta está mais seca é o momento em que o fogo é utilizado para renovação de áreas agrícolas e pastagens, para realizar o desmatamento ou queimar os restos da floresta derrubada, depois de seca ao sol. No caso do Cerrado, um pouco mais da metade dos focos se concentrou em Tocantins e Mato Grosso.
Com os números altos de queimadas e desmatamento que vêm sendo registrados nos primeiros meses deste ano, a previsão é de que o cenário se agrave com o fim do inverno amazônico – quando há a diminuição das chuvas em regiões da Amazônia. Outro fator crítico é o fato de este ser um ano eleitoral, quando a devastação ambiental historicamente se acentua.
“A tendência desse contexto é catastrófica, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia e adoecem com a fumaça, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais que além de sofrer com a fumaça, têm seus territórios invadidos e desmatados. Esses números reforçam o desafio de superarmos essa economia que se alimenta de floresta e que não desenvolve a região. É um ano decisivo para o Brasil, é preciso que o povo brasileiro reflita profundamente sobre o futuro que queremos para o nosso país”. Completa Mazzetti.
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