Escolher alimentos agroecológicos é, além de cultivar hábitos mais saudáveis, marcar território para o novo normal que queremos
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Hoje, 03 de dezembro, é comemorado o Dia Mundial de Luta contra os Agrotóxicos. Você conhece a história por trás da data? Neste mesmo dia em 1984, 8 mil pessoas morreram e outras 150 mil ficaram intoxicadas devido a um vazamento em um tanque subterrâneo de uma fábrica de agrotóxicos na cidade de Bhopal, na Índia.
Após quase quatro décadas, além de lembrar com respeito das vítimas dessa tragédia, a data nos convida a refletir sobre escolhas. Em nossa vida diária, fazemos escolhas a todo momento: o que vamos preparar para o almoço, a roupa que iremos vestir, para qual projeto daremos mais atenção no trabalho, como equilibrar vida pessoal e profissional. Na política também é assim. Nossos representantes passam boa parte de seus dias – e de seus mandatos – fazendo escolhas que afetam e afetarão diretamente nossas vidas.
A comida que colocamos em nosso prato é um exemplo. Do preço do arroz à quantidade de agrotóxico presente nas frutas e legumes nas prateleiras do supermercado, quase tudo depende das canetadas de nossos governantes. Infelizmente, nos últimos anos, a maioria tem optado por colocar interesses pessoais na frente da saúde e do bem-estar da população brasileira. Os agrotóxicos são comprovadamente uma ameaça para as pessoas e para o ambiente e, por isso, uma agricultura sem veneno não é somente possível, mas necessária.
A boa notícia é que essa outra agricultura já existe e tem nome: é a agroecologia! Se esta é uma palavra nova para você, eu explico: a produção agroecológica de alimentos é um verdadeiro pacotão do bem: além de não usar agrotóxicos (o controle de pragas é feito de forma ecológica), ela respeita os processos da natureza e não provoca danos à água, ao solo e aos animais. Ela também leva a sério as relações de trabalho no campo, de forma que agricultoras e agricultores sejam remunerados de forma justa. A agroecologia tem ainda outros princípios valiosos, como o incentivo à biodiversidade e a soberania alimentar, ou seja, o direito que os povos têm de decidir sobre o que irão plantar e comercializar, levando em consideração hábitos e cultura locais.
Se nossos governantes têm feito escolhas erradas sobre a alimentação da população brasileira, é fundamental que a gente cobre deles políticas públicas que incentivem a produção e o consumo de alimentos de qualidade, sem veneno, a preços justos e que promovam hábitos alimentares mais saudáveis. Queremos que a agroecologia seja o novo normal!
A demanda por alimentos agroecológicos vem crescendo nos últimos anos, mas ainda representa muito pouco em termos de produção total. Para você ter uma ideia, hoje, a agricultura familiar, a maior responsável pela produção agroecológica, ocupa menos de um quarto
das terras usadas para a agricultura no Brasil, apesar de produzir cerca de 70% da nossa comida e representar 67% dos empregosda agropecuária do país, segundo o último Censo Agropecuário Brasileiro, de 2017.
Por isso, é essencial que o governo inverta essa balança: você sabia, por exemplo, que o Brasil deixa de arrecadar R$ 10 bilhões em impostos por ano porque concede isenções fiscais na comercialização de agrotóxicos? Imagina se esses recursos fossem investidos na agricultura familiar?
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Comida de verdade para todas as pessoas, já!
Então você já sabe: a hora de construirmos juntos esse novo normal é agora. Ao mesmo tempo em que seguimos pressionando empresas e nossos representantes (deputados, prefeitos, governadores, ministros, presidente…) para que priorizem a produção e a oferta de comida de verdade para pessoas de todas as classes sociais e a saúde da população do campo e da cidade, as escolhas nossas de cada dia também sinalizam esse novo normal que queremos. Então, se você pode, prefira comprar alimentos agroecológicos.
Quando você prioriza o alimento ecológico, também alimenta o bolso de muitos agricultores familiares. E se você tem ouvido por aí que comida sem agrotóxico é muito cara, calma que não é bem assim: ao comprar diretamente do produtor, você elimina intermediários, como os supermercados, e a chance de gastar a mesma coisa ou até menos que com produtos com veneno é bem grande. Além disso, ao se alimentar de forma saudável, a probabilidade de usar seu dinheiro com remédios e perder tempo e energia ficando doente diminui.
Há muitas iniciativas por aí que permitem acesso mais barato a alimentos mais saudáveis. Uma delas é a lista de comercialização direta que o Greenpeace organizou no início da quarentena, quando as feiras livres foram proibidas devido à Covid-19. Há contatos em diversas cidades brasileiras e você pode falar diretamente com o produtor. Olha que bacana: as mãos que cultivam o seu combustível diário podem ganhar um rosto de verdade.
ACESSE A LISTA DA AGROECOLOGIA AQUI
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