Friday, January 31, 2020

O que os oceanos têm a ver com o clima?

por Greenpeace Brasil

O mar não está para peixe e essa é uma dura realidade dos tempos atuais. O ser humano produz lixo, pesca excessivamente, explora petróleo e ainda por cima descarta plástico nos oceanos. O que talvez algumas pessoas não saibam (ou simplesmente não querem ver) é que os mares são também responsáveis por equilibrar a temperatura da Terra e fundamentais para a continuidade da vida no planeta.
Entenda como tudo isso está conectado.

Fitoplâncton consumindo CO2

Os oceanos são surpreendentemente bons em tirar o dióxido de carbono (CO2) do ar e mantê-lo nas profundezas. Esse processo começa quando pequenas plantas flutuantes (chamadas de fitoplâncton) sugam dióxido de carbono do ar durante seu crescimento.
O processo funciona assim: animais (os krills, por exemplo, seres minúsculos que se parecem com o camarão) comem o fitoplâncton. Daí, outros animais (como as baleias) comem os animais que comem o fitoplâncton, e esse carbono se move pela cadeia alimentar até que um animal morra e vá para as profundezas do oceano.

As baleias jubarte nadando nas águas da Half Mood Island, Antártida. © Abbie Trayler-Smith / Greenpeace
Globalmente, eles absorvem bilhões de toneladas de CO2 por ano . Segundo os cientistas, mais de 90% do excesso de calor produzido pelos gases de efeito estufa tem sido absorvido pelos oceanos.  E é por isso que é tão importante termos os santuários oceânicos; são eles que vão garantir a continuidade do armazenamento desse carbono. Se todo esse carbono fosse lançado na atmosfera, o planeta estaria ainda muito mais quente.
E tem mais. Sob certas condições, o CO2 se dissolve naturalmente na água e é puxado para as profundezas pelas correntes oceânicas, mantendo-o fora da atmosfera a longo prazo.
Esse é um exemplo poderoso de como o relacionamento entre clima e oceanos é uma via de mão dupla: enfrentar as mudanças climáticas é fundamental para os oceanos, pois ao longo dos anos eles vêm absorvendo volumes cada vez maiores de dióxido de carbono e, por isso, a água tem se tornado mais ácida; e protegê-los também é fundamental para regular o clima no planeta.

O custo de todo esse cenário

O superaquecimento global já tem comprometido o trabalho dos oceanos. O aumento da temperatura do planeta e da quantidade de carbono já está afetando as criaturas marinhas e destruindo ecossistemas como os recifes de corais
. Além disso, mais calor significa também aumento do nível do mar, o que coloca em risco ilhas e cidades costeiras.

Os pinguins Gentoo na Antártida. © Abbie Trayler-Smith / Greenpeace
Muitos de nós estamos motivados a proteger os oceanos porque nos preocupamos com baleias, tartarugas, golfinhos e outros animais – e, é claro, com a nossa vida também, pois está tudo conectado.
Quer fazer a sua parte na proteção dos oceanos? Acesse nosso abaixo-assinado e apoie a criação de santuários oceânicos. 


O que os Corais em Pokémon e na vida real têm em comum?

Quando as mudanças climáticas afetam um mundo além da realidade, mais pessoas se importam?

Em algum momento você já deve ter ouvido falar de Pokémon, né? Para quem ainda não conhece, é uma franquia japonesa que engloba jogos, anime (desenho animado), mangá (quadrinho japonês) e várias histórias que acompanham as pessoas desde 1995. Pokémon são monstrinhos de bolso, literalmente, e muitos deles são inspirados em seres e objetos que podemos ver no mundo real também.
Por que eu estou falando de Pokémon se esse era um post sobre corais? Bem, eu vim aqui contar a história do Corsola, um Pokémon coral.
Imagem para ilustrar o Pokémon Corsola
Corsola @ Pokémon Company / Game Freak / Nintendo
Quando ele apareceu pela primeira vez, em 1999, podíamos ver um coral rosa e sorridente da região fictícia de Johto, uma área cheia de espaços verdes e solo rico. Se você quer ver um Corsola feliz, basta colocá-lo em seu habitat, as águas rasas.
Ano passado, no lançamento de Pokémon Sword and Shield, vimos que o Corsola da também fictícia região de Galar estava um pouco diferente, e triste. Ele estava branco e pálido, como um fantasma.
Imagem para ilustrar o Pokémon Corsola
Corsola @ Pokémon Company / Game Freak / Nintendo
Muito diferente de Johto, Galar é uma cidade em crescimento industrial e onde as mudanças climáticas já afetaram o local. Em alguns momentos a franquia Pokémon alerta que poluição ou sujeira fariam com que o Corsola migrasse para águas mais limpas, para que não perdesse sua cor nem se deteriorasse. No entanto,os da região de Galar não conseguiram migrar, sofrendo com o processo que conhecemos no mundo real como branqueamento de corais.
O branqueamento é um processo de morte desse ecossistema e acontece quando as algas que nele vivem, e que são essenciais para que os corais também fiquem vivos, são destruídas e/ou expulsas. Com isso, os compostos orgânicos que são responsáveis pela fotossíntese (aquela mesma das plantas) também acabam se deteriorando e deixam a estrutura do coral translúcida e sem vida, assim como o Corsola de Galar e sua evolução, o Cursola.
Esse branqueamento apresenta grande relação com variações ambientais, como o aumento da temperatura das águas dos oceanos. Isso pode ocorrer normalmente ao longo do ano ou em consequência do aquecimento global. E esse último, afeta desde o derretimento das geleiras dos polos até a morte dos corais.
Sue Thompson e 3 colônias do coral Pocillopora,  em Moorea, Polinésia Francesa.
Exemplo de corais branqueados © Greenpeace / Roger Grace
Precisamos cuidar dos corais reais do nosso planeta para que eles não acabem como os Corsolas de Galar. Algumas simples escolhas do nosso dia a dia podem colaborar para frear os avanços das mudanças climáticas (outro nome para aquecimento global) e garantir a vida dos oceanos. Quer ver duas delas?
  • Sabe a teoria do pum das vacas? Então, como a pecuária é uma das maiores fontes de emissão de carbono, podemos contribuir com o planeta (e melhorar nossa saúde) diminuindo o consumo de carne. Isso pode gerar uma reação em cadeia e, consequentemente, diminuir o frenesi da indústria, que pode diminuir o desmatamento e aumentar as áreas de floresta preservada.
  • Opte pelo transporte coletivo ou meios não poluentes. O uso de combustíveis fósseis, como diesel e gasolina, prejudica o meio ambiente porque são poluentes (emitindo gases na atmosfera) e a exploração para obtê-los destrói ecossistemas inteiros, como podemos ver na campanha dos Corais da Amazônia.
Essas são só algumas dicas do que você pode fazer para ajudar a vida dos oceanos e salvar outros Corsolas (:
PS: Há 4 anos celebramos a revelação das primeiras imagens dos Corais da Amazônia. Diferente dos Corsolas, eles estão vivendo em uma área onde não se imaginava ser possível existir: em grandes profundidades e em locais onde quase não chega luz. Leia mais sobre eles aqui.

sobre o(a) autor(a)

Responsável por Web Analytics e Business Intelligence no Greenpeace Brasil. Há quase 7 anos vivendo o ativismo dentro da organização. Gamer e druida nas horas vagas!
Roberta Ito


Dia Mundial dos Corais da Amazônia: a sociedade continua sendo fundamental para sua proteção

Voluntários de Macapá fazem ação para chamar atenção da importância desse ecossistema e para as ameaças que colocam em risco toda a vida existente ali

Voluntárias de Macapá em ação no Dia Mundial dos Corais da Amazônia . ® Nahiara Baddini
Hoje é o Dia Mundial dos Corais da Amazônia! Em comemoração à data, no último sábado, 25 de janeiro, o grupo de voluntários de Macapá (Amapá) fez uma ação para comemorar, relembrar e informar a população sobre o recém revelado Grande Sistema Recifal do Amazonas, um tesouro único e surpreendente que precisamos continuar protegendo.
Para dialogar com a população sobre as ações que temos feito para defender esse ecossistema, os voluntários montaram um ponto verde no Parque do Forte, um ponto turístico da cidade, e a artista local Moara se voluntariou a pintar um lindo mural com ilustrações de seres marinhos – hoje sabemos que esse ecossistema está repleto de vida e crescendo!
Enquanto as pessoas passavam pelo ponto verde, os voluntários informavam sobre a primeira vitória da intensa mobilização que reuniu a assinatura de mais de 2 milhões de pessoas em defesa dos Corais da Amazônia. A Campanha conseguiu barrar a exploração de petróleo pela empresa francesa Total, com a rejeição definitiva determinada pelo Ibama.
A “descoberta”
Em janeiro de 2017, o Greenpeace levou um de seus navios, equipado com um submarino, até o litoral norte do Brasil para obter as primeiras imagens que foram apresentadas ao mundo. O ecossistema é formado principalmente por esponjas-do-mar, corais e rodolitos (algas calcárias) e sobrevivem em uma área inóspita de águas profundas e com pouca luminosidade. Antes dessa expedição e das imagens e informações coletadas, os cientistas acreditavam que os recifes se estendiam por uma área de 9.500 km2. Após a expedição, a estimativa saltou para 56.000 km2. E isso antes do Greenpeace descobrir que o sistema recifal é ainda maior, se estendendo até a Guiana Francesa. Apesar da revelação ser considerada uma das mais importantes da biologia marinha da última década, o governo federal acabou de liberar lotes de venda para exploração de petróleo na região perto dos corais, ameaçando o bem-estar do sistema recifal, dos seres da região e de comunidades locais.
Por meio de atividades lúdicas como um jogo de quebra-cabeça gigante e de xadrez, todos feitos com imagens e mensagens em defesa dos Corais da Amazônia, os voluntários informavam a população sobre a importância desse ecossistema. Além disso, foi montada uma exposição fotográfica da primeira expedição realizada pelo Greenpeace.
Ainda dá tempo de participar do Dia Mundial dos Corais da Amazônia . Baixe banners, adesivos, imagens para compartilhar, materiais didáticos e compartilhe com mais pessoas os motivos para proteger esse ecossistema único! Acesse todos os materiais clicando aqui


“Essa luta não é apenas dos povos indígenas, mas de todos nós, é uma luta pela vida do Planeta”

A frase acima é do Manifesto do Piaraçu, no qual lideranças indígenas de diversos povos reafirmam a defesa de seus territórios e o repúdio à abertura das terras indígenas para a exploração

Imagem mostra floresta desmatada e destruída pela exploração garimpeira, com rio de cor turva e barrenta ao lado das árvores derrubadas.
Garimpo causa destruição em floresta protegida no Pará, em 2011. © Marizilda Cruppe/Greenpeace
O ano mal começou e as ameaças aos povos indígenas estão ainda mais graves. Entre o final de 2019 e o início de 2020, o governo Bolsonaro anunciou que tem um projeto pronto para encaminhar ao Congresso Nacional sobre a abertura das terras indígenas para exploração econômica.
Segundo reportagem do jornal O Globo
, o projeto, que ainda não foi divulgado, envolveria abrir as terras indígenas para diversos tipos de atividades predatórias, como, além da exploração mineral, a possibilidade de construção de hidrelétricas, a exploração de petróleo e gás e a agropecuária. Tudo isso seria feito sem permitir que os indígenas tenham poder de veto a essas atividades que ocorreriam dentro de suas próprias terras. A Constituição Federal garante aos povos indígenas o direito de viverem de acordo com seus costumes e tradições e é dever do governo garantir que este direito seja cumprido.
Entre 14 e 17 de janeiro, 450 lideranças indígenas de 45 povos já se mobilizaram contra essas ameaças e realizaram um encontro para manifestar seu repúdio a este projeto que pode ser apresentado a qualquer momento pelo governo Bolsonaro. Do encontro, eles divulgaram o Manifesto do Piaraçu, que revela a importância da defesa da floresta e de todos os povos que nela vivem:
“Não precisamos destruir para produzir. Não podem vender as nossas riquezas, o dinheiro não paga por elas. O nosso território é muito rico, não de dinheiro, somos ricos de diversidade e toda essa floresta depende da nossa cultura para ficar em pé. O que vale para nós é a nossa terra. Isso vale mais do que a vida. E quem pode sustentar a natureza somos nós, que nunca destruímos ou poluímos o nosso rio. Nós cuidamos da nossa terra, sabemos o valor que ela tem. Precisamos proteger aquilo que nossos antepassados deixaram para nós”, afirma o manifesto. (Leia a íntegra aqui
).
Mas por que a abertura das terras indígenas para a exploração é tão negativa?
A exploração econômica das terras indígenas por meio de atividades predatórias fere o direito constitucional dos povos indígenas de viver conforme seus costumes e tradições e agrava as ameaças à conservação da floresta e da biodiversidade, especialmente na Amazônia, onde se encontra a maior parte das terras indígenas, o maior interesse minerário e as maiores tensões e conflitos de terra.
“O governo está tentando vender uma imagem de que a exploração das Terras Indígenas traria progresso para os povos indígenas. Mas a verdade é que o dinheiro iria embora na mão de poucos. Para os indígenas, ficariam os impactos nos rios, na floresta e na sua organização social”, afirma Luiza Lima, da campanha de Políticas Públicas do Greenpeace. “Estes impactos, aliás, vão além dos próprios territórios, podendo contaminar recursos hídricos essenciais à manutenção da saúde pública dos brasileiros”.
Além disso, as terras indígenas protegem e asseguram a manutenção da floresta em pé, o que é fundamental no atual contexto de emergência climática e crise da biodiversidade que o mundo está presenciando. Já a exploração mineral  é uma atividade de altíssimo impacto, com grande potencial de contaminar solo e água, além dos animais.
Muitos povos indígenas já enfrentam esse tipo de situação em seus territórios e lidam cotidianamente com a violência trazida por essa exploração. Como se não bastasse, além de causar danos ambientais pela sua exploração em si, a exploração mineral muitas vezes vem acompanhada de outras atividades predatórias que causam pressão sobre a floresta, como a invasão ilegal para retirada de madeira ou o roubo de outras riquezas.
Segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA) publicados em reportagem da Repórter Brasil
, as áreas que atraem interesse das empresas de mineração equivalem a 28 milhões de campos de futebol e atingem 160 etnias, sendo 12 delas de povos isolados.
O Greenpeace Brasil defende que todas as terras indígenas sejam demarcadas e protegidas, conforme prevê a Constituição Brasileira. O Estado deve cumprir seu papel de proteger e promover os direitos indígenas, garantindo que os povos possam escolher livremente o seu modo de vida, sem comprometer sua sobrevivência física e cu

De volta à Antártida – Os últimos passos para o Tratado Global dos Oceanos

por Greenpeace Brasil

Não é de hoje que trabalhamos mundialmente para que líderes façam um Tratado Global dos Oceanos e tornem a proteção dos mares, algo obrigatório. 

No ano passado, junto a milhões de pessoas, fizemos uma campanha para um Santuário do Oceano Antártico, que teria sido a maior área protegida do planeta.
Foi um trabalho duro, mas conseguimos trazer um mundo conosco. Inclusive empresas de pesca e alguns governos decidiram aderir a essa visão.
Por um lado, foi uma grande vitória. Por outro, nem tanto. É que alguns países se aproveitaram de um sistema falho de tomada de decisão para bloquear o acordo e sabotar o sonho de uma Antártida saudável, próspera e protegida.
Aí é que entra a parte do “nosso mundo desabou”. Depois de tanto esforço, tanta informação, ainda tem gente que não entende o perigo que o local corre e continua ameaçando vidas marinhas e o clima do planeta. Mas não desistimos. Quando você coloca seu coração em algo, como essas milhões de pessoas colocaram no último ano, as coisas começam a caminhar novamente.
Pinguins na Ilha do Elefante, na Antártida. © Christian Åslund / Greenpeace
É por isso que hoje estamos escrevendo para pedir que você entre nessa conosco também. Milhões de pessoas já estão trabalhando juntas para vencer isso, mas a campanha pode ser muito mais forte com protetores originais como você. Posso contar com você?
Líderes mundiais estão nos últimos passos da negociação do Tratado Global dos Oceanos. Se seguir em frente, o plano criará dezenas de milhões de quilômetros de santuários oceânicos em todo o mundo e poderá ser o maior esforço de conservação da história da humanidade. Se feito, portas irão se abrir para diversos novos santuários oceânicos no mundo todo!
Ganhar um forte Tratado Global do Oceano é agora a nossa melhor chance de proteger e garantir um futuro melhor para o nosso planeta. Faça parte dessa jornada!


Sunday, January 26, 2020

Revelamos a hipocrisia do setor financeiro

por Greenpeace Brasil

Ao financiar energia suja em mais de um trilhão de dólares, bancos, seguradoras e fundos de pensão são tão culpados pela emergência climática quanto o setor de combustíveis fósseis, especialmente aqueles que vão para o Fórum de Davos, com a missão de “melhorar a situação do mundo”

Stop Funding Climate Emergency Action in Davos. © Greenpeace / Ex-Press / Flurin Bertschinger
Em Davos, na Suíça, nossos ativistas vestiram-se de banqueiros e carregaram um planeta em chamas para pedir que as principais lideranças econômicas parem de investir na indústria de combustíveis fósseis e de alimentar a EmergênciaClimática. © Greenpeace / Ex-Press / Flurin Bertschinger
Bancos e fundos de pensão com CEOs presentes na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, possuem relações financeiras com empresas de combustíveis fósseis no valor de US$ 1,4 trilhão. Cinco das piores companhias de seguros para cobertura do carvão também estão representadas no encontro dos mais poderosos do mundo. Essas são as constatações de um novo relatório do Greenpeace Internacional, que mostra os absurdos do setor financeiro.
O Greenpeace Internacional analisou quais bancos, fundos de pensão e seguradoras foram para Davos, mas não cumprem a meta do Fórum de “melhorar a
situação do mundo “, de uma perspectiva ambiental e econômica. O relatório e o site worldeconomicfailure.com também ilustram como lobistas e empresas de relações públicas são contratados por esses investidores e empresas de combustíveis fósseis para trabalhar contra o Acordo de Paris.
“Os bancos, seguradoras e fundos de pensão aqui em Davos são culpados pela emergência climática. Apesar dos alertas ambientais e econômicos, eles estão fomentando outra crise financeira global, sustentando o setor de combustíveis fósseis. Esses endinheirados presentes em Davos não passam de hipócritas, pois dizem que querem salvar o planeta, mas o estão matando ao terem como meta o lucro a curto prazo”, afirmou Jennifer Morgan, diretora executiva internacional do Greenpeace.
Vinte e quatro bancos que vieram a Davos financiaram o setor de combustíveis fósseis com aportes de US$ 1,4 trilhão desde o Acordo de Paris até o ano de 2018. US$ 1,4 trilhão é o mesmo que as 3,8 bilhões de pessoas mais pobres
do mundo tinham juntas em 2018.
Dentre esses 24 bancos, 10 são responsáveis por US$ 1 trilhão em financiamento dos combustíveis fósseis: JP Morgan Chase, Citi, Bank of America, RBC Royal Bank, Barclays, MUFG, TD Bank, Scotiabank, Mizuho e Morgan Stanley. US$ 1 trilhão é equivalente ao risco financeiro relatado por 215 das maiores empresas globais do mundo
devido a impactos climáticos que provavelmente ocorrerão nos próximos cinco anos. US$ 1 trilhão também pode comprar 640 GW de energia solar , que é mais do que a atual capacidade global.
Três fundos de pensão com vencimento este ano em Davos têm pelo menos US$ 26 bilhões em participações em combustíveis fósseis na Shell, Chevron e Exxon, entre outras, e nos bancos JP Morgan Chase, Bank of America e Royal Bank of Canada. US$ 26 bilhões equivale ao maior IPO do mundo até hoje, a da Saudi Aramco
. Esses três fundos de pensão são o Ontario Teachers’ Pension Plan, o Canada Pension Investment Board e o PensionDanmark.
Se um setor não é segurável, não é financiável. Cinco das piores companhias de seguro do mundo no que diz respeito à cobertura do carvão participaram da Reunião Anual de 2019 em Davos e provavelmente retornaram lá este ano. São elas: AIG, Prudential, Sompo, Tokio Marine e Lloyd’s. Quatro das cinco não adotaram nenhuma política pública para reduzir seu apoio a projetos de carvão. E também quatro das cinco não adotaram nenhuma política pública de desinvestimento no carvão e em outros combustíveis fósseis. A AIG, patrocinadora da seleção de rúgbi da Nova Zelândia, é considerada a pior seguradora, pois também não excluiu o apoio ao gigante projeto da mina de carvão Adani, na Austrália.
“O momento de conversas vazias e enganosas acabou. Os reguladores devem fazer seu trabalho antes que seja tarde demais. E os players financeiros devem parar de operar como se essa questão fosse algo habitual. Estamos em uma emergência climática e não haverá dinheiro em um planeta morto“, disse Morgan.

Friday, January 24, 2020

A resistência continua: encontro em Mato Grosso abre as mobilizações indígenas de 2020

por Greenpeace Brasil

Convocado pelo cacique Raoni, evento antecipa um ano de muita luta e o fortalecimento da aliança entre indígenas e comunidades tradicionais

O evento reuniu 450 lideranças, de 45 povos indígenas © Mídia Ninja
“Estamos juntos defendendo a proteção dos nossos territórios. Essa luta não á apenas dos povos indígenas, mas de todos nós, é uma luta pela proteção do planeta”. Este trecho do Manifesto do Piaraçu – documento final do encontro realizado na Terra Indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso – revela a real dimensão e importância da defesa da floresta e de todos os povos que nela vivem.
E, segundo as mais de 450 lideranças, dos 45 povos indígenas, que participaram do evento entre os dias 14 e 17 de janeiro, o planeta nunca esteve tão ameaçado. Por isso, os debates focaram, especialmente, nos riscos que a política, anti-indígena, antiambiental e genocida promovida pelo governo Bolsonaro impõe a eles.
O encontro foi convocado pelo cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó, que apesar de seu histórico de lutas pela Amazônia e pelos direitos indígenas foi atacado por Bolsonaro em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2019.
Afrontas à Constituição
Além do total desprezo pelo que determina a Constituição Federal em relação à obrigação de efetivar as demarcações das terras tradicionais, a gestão Bolsonaro pretende abrir os territórios indígenas para a exploração de minério, petróleo e gás, construção de hidrelétricas e instalação de agropecuária. E o que é mais chocante: o projeto de lei em elaboração pelo governo, a princípio, não dá poder de veto aos indígenas que, segundo a Carta Maior, têm usufruto exclusivo de seus territórios.
“A gente atendeu ao chamado do cacique Raoni compreendendo a urgência de já neste início de ano o movimento fortalecer suas bases para este necessário enfrentamento às graves ofensivas do governo. Foi nossa primeira ação de combate e contraponto à intenção de permitir que mineradoras e pecuaristas explorem nossas terras, assim como contra o arrendamento e todo este desmonte das políticas e direitos indígenas. Este encontro será seguido de muitas outras ações como esta, daqui até o final de 2020”, anunciou Sônia Guajajara, da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
No Manifesto do Piaraçu, as lideranças presentes afirmam que não aceitarão garimpo, mineração, arrendamento, madeireiros, pescadores ilegais ou hidrelétricas em suas terras. “Somos contra tudo aquilo que destrói nossas florestas e nossos rios”.
A liderança do sul do Pará, O-é Kaiapó, destacou dois aspectos que também foram ressaltados no documento final: “este encontro foi de suma importância porque tanto nossos jovens como nossas mulheres protagonizaram boa parte dos debates sobre educação, saúde, território e meio ambiente”.
Alianças necessárias
Sônia Guajajara considera que o atual contexto político exige o fortalecimento das alianças com ribeirinhos, quilombolas e outras comunidades tradicionais, assim como com o movimento negro, de estudantes, mulheres, LGBT. “Somente tendo unidade na luta é que vamos conseguir resistir porque a avalanche que vem por aí é enorme”.
O Greenpeace tem se posicionado ao lado dos povos indígenas e defende que a demarcação de seus territórios é uma maneira de assegurar seus direitos e modos de vida, garantidos pela Constituição. Além disso, as terras indígenas protegem e asseguram a manutenção da floresta em pé, o que é fundamental em um contexto de emergência climática e crise da biodiversidade que estamos atravessando.
Leia o Manifesto do Piaraçu


Wednesday, January 22, 2020

2020: acabou o prazo para que grandes empresas mudem sua forma de fazer negócios

por Rosana Villar

Passados dez anos do compromisso assumido com seus consumidores, fabricantes ainda não aumentaram esforços para banir o desmatamento de suas cadeias produtivas

Há 10 anos, algumas das maiores empresas do mundo prometeram parar de contribuir com o desmatamento até 2020, ou seja, até este ano. O tempo acabou e adivinhem? As florestas ainda estão sendo destruídas a um ritmo alarmante.
O compromisso foi assumido pelos membros do Fórum de Bens de Consumo (The Consumer Goods Forum – CGF) em 2010, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, sob forte pressão da sociedade civil e da comunidade científica, que já alertava para a crise climática que se aproximava e a necessidade de preservar as florestas. As companhias prometeram redobrar cuidados com fornecedores das commodities mais ligadas à destruição florestal: soja, gado, óleo de palma e papel e celulose. O que, obviamente, não aconteceu, como demonstramos com o relatório “Contagem Regressiva para a extinção”, que traz casos de envolvimento destas empresas com desmatamento, queimadas e violência no campo.
Entre 2010 e 2020, cerca de 50 milhões de hectares de florestas foram destruídos em todo o mundo para dar lugar à produção de commodities. Aproximadamente um milhão de espécies no mundo correm risco de extinção.
Mas empresas como Nestlé, Unilever e Mondelez, entre muitas outras, continuam colocando nas prateleiras produtos feitos com óleo de palma contaminado pela destruição das florestas da Indonésia, com soja de desmatamento do Cerrado e o gado dos incêndios florestais da Amazônia. Estamos cansados de promessas não cumpridas.
Em um momento em que o governo brasileiro afrouxa a proteção ambiental, numa tentativa de normalizar a destruição da floresta, é ainda mais importante que as empresas e a sociedade civil liderem o movimento pela proteção das florestas do mundo.
Sabemos que é possível produzir alimentos sem destruir o meio ambiente e ameaçar as pessoas. Por isso, exigimos que as empresas façam sua parte para que o desmatamento no Cerrado, na Amazônia e em outros ambientes naturais do mundo todo pare já!
Chegamos ao limite. É preciso segurar a linha do desmatamento, antes que ela passe por cima de tudo o que temos de mais precioso. Ajude a pressionar estas empresas para que:
  • parem de lucrar com a destruição ambiental imediatamente e se comprometam a proteger o Cerrado, a Amazônia e outros ambientes naturais;
  • coloquem em prática o compromisso firmado há anos de não comprarem soja, gado e outras matérias-primas oriundas do desmatamento e violações de direitos.

sobre o(a) autor(a)

Jornalista do Greenpeace Brasil em Manaus. Adora acampar e o cheiro da floresta depois da chuva. Ama sua filha, dormir, cozinhar e contar histórias, nessa ordem.

Tuesday, January 21, 2020

Agropecuária para europeu ver

Sunday, January 19, 2020

Tartarugas-marinhas sobreviveram à extinção dos dinossauros. Mas podem não sobreviver a nós.

por Greenpeace Brasil

Atividades econômicas, como  pesca e a exploração de petróleo, estão exercendo tanta pressão sobre as populações desses animais em todo o mundo que seis das sete espécies estão ameaçadas de extinção.

Uma das tartarugas-marinhas que rastreamos com um GPS para entender a rota de migração que elas fazem para se alimentar. Foto: © Jody Amiet / Greenpeace
A vida das tartarugas-marinhas está sob ameaça. É o que diz um novo estudo do Greenpeace “Tartarugas-marinhas sob ameaça: Por que as viajantes dos oceanos estão em risco” (em inglês, aqui). Por meses, rastreamos tartarugas-de-couro depois que elas deixaram seus ninhos na Guiana Francesa e constatamos que, agora, elas precisam viajar quase o dobro da distância para se alimentar em comparação com os grupos observados na década de 1990.

A mudança no comportamento é fruto do aumento rápido da temperatura dos oceanos e das alterações nas correntes, ambas causadas pelas mudanças climáticas. E, segundo o estudo, como estão tendo que viajar mais, a energia extra gasta pelas tartarugas-marinhas provavelmente reduzirá o número de ovos que elas vão depositar a cada estação, reduzindo ainda mais o tamanho da população.
No litoral da Guiana Francesa, o número de ovos postos pelas tartarugas-marinhas  é aproximadamente 100 vezes menor agora do que no estudo anterior: são menos de 200 ninhos por temporada. Nos anos 90 eram 50 mil.
As tartarugas-marinhas sobreviveram à extinção dos dinossauros, mas podem não sobreviver à presença dos seres humanos na Terra. Nossas atividades econômicas exerceram uma pressão tão severa sobre as populações desses animais em todo o mundo que seis das sete espécies estão ameaçadas de extinção.
Para o estudo, pesquisadores colocaram GPSs em dez tartarugas nas praias da Guiana Francesa, e rastrearam suas migrações pelo oceano Atlântico Norte. Para encontrar áreas de alimentação, algumas delas nadaram até o Canadá, outras até a França. Cada uma delas recebeu um nome e uma, a Frida, foi encontrada morta em uma praia no Suriname, a apenas 120 quilômetros de seu ponto de partida. Ela ficou presa em uma rede de pesca e morreu afogada.

Para proteger as tartarugas-marinhas e todas as formas de vida dos mares, o Greenpeace está em uma expedição do Polo Norte ao Polo Sul, defendendo a criação de um Tratado Global dos Oceanos. Este documento, acordado entre as nações do mundo abriria o caminho para uma rede global de santuários marinhos, que podem proteger as espécies. Segundo cientistas, precisamos de santuários em 30% dos oceanos do mundo até 2030. Isso daria a tartarugas marinhas, a todas as outras formas de vida marinha e aos próprios oceanos, o espaço necessário para se recuperar de atividades humanas prejudiciais.
A Jornada das Tartarugas
Junto aos criadores de “Fuga das Galinhas”, lançamos o curta-metragem “A Jornada das Tartarugas”, que conta a história de uma família que tenta chegar em casa em um oceano cheio de ameaças. A história é ficção, mas baseada nos riscos reais que esses animais correm. Assista!


“Jornada das tartarugas”: um filme sobre as ameaças aos oceanos

por Thaís Herrero

Greenpeace lança curta-metragem com a comovente história de uma família tentando chegar em casa em um oceano cheio de ameaças. O filme é do mesmo estúdio que Fuga das Galinhas

Uma viagem que poderia ser a de qualquer família: no carro, o pai dirige, o adolescente se irrita enquanto o caçula fala e apronta sem parar, a mãe tenta controlar a bagunça e a filha do meio grava tudo pelo celular.  Só que o filme lançado hoje pelo Greenpeace, a família é de tartarugas-marinhas que estão tentando chegar em casa. Pelo caminho, eles enfrentam várias ameaças, como a atividade petrolífera, derramamento de óleo e a pesca de arrasto.  O resultado é uma comovente história.
A animação foi produzida em parceria com o premiado estúdio Aardman, criador de A fuga das galinhas e  Wallace & Gromit. Os atores que dão voz aos personagens são renomados e ganhadores do Oscar: Helen Mirren e Jim Carter são os avós, David Harbour é o pai, Olivia Colman a mãe, Bella Ramsey a filha, Ahir Shah a adolescente e a estrela-do-mar é a atriz brasileira Giovanna Lancellotti.
Giovanna Lancellotti, embaixadora dos Oceanos pelo Greenpeace Brasil já esteve com o Greenpeace no navio Esperanza alerta: “Eu me sinto cada vez melhor em fazer parte de movimentos que pensam no nosso futuro, no futuro dos animais e principalmente do nosso planeta. O Greenpeace tem me abraçado muito nessa busca. E essa animação mostra, de forma simples e real, como os animais são subestimados e sujeitos a situações horríveis graças às ações humanas. Eu espero que essa consciência global continue crescendo e que possamos, juntos, proteger os oceanos e respeitar os animais como eles merecem.”

Ameaça de verdade

O filme é baseado na situação real dos animais pelos oceanos do mundo. Seis das sete espécies de tartarugas-marinhas estão em risco de extinção devido às pressões de atividades econômicas, como a pesca excessiva e a busca pelo petróleo, e pela poluição dos plásticos. Além disso, as mudanças climáticas estão causando a acidificação e o aquecimento dos oceanos. Isso está interrompendo o suprimento de alimentos para a vida marinha e danificando ecossistemas.

Proteger os oceanos e fornecer um lar seguro para a vida marinha é algo crucial no quebra-cabeça no combate à emergência climática e na garantia de um futuro mais seguro para todos nós.

Os cientistas já deixaram claro: precisamos proteger pelo menos 30% dos oceanos para que eles se recuperem mantenham a vida marinha a salvo. Se você concorda com a proteção dos oceanos, entre em nosso abaixo-assinado.


Tuesday, January 7, 2020

Incêndios na Austrália: tragédia incontrolável

por Greenpeace Brasil

A combinação de secas e ondas de calor recordes, efeitos das mudanças climáticas, foram o combustível que faltava para queimadas sem precedentes no país

A Austrália enfrenta, desde setembro, um evento de queimadas sem precedentes, que já consumiu 6,3 milhões de hectares, matou 23 pessoas e um número ainda incalculável de animais. Com focos especialmente concentrados na região leste da Austrália, onde a situação mais grave é no estado de Nova Gales do Sul, que fica no sudeste da ilha, o fogo já destruiu mais de 2.500 prédios em todo o país – sendo que 1.500 apenas em Nova Gales do Sul
Os incêndios florestais acontecem todos os anos, em todo o país – diferente do que acontece na Amazônia, o fogo faz parte da ecologia da Austrália. Mas o que têm tornado a situação deste ano tão catastrófica é a combinação de secas e calor recordes que, segundo pesquisadores, é um dos efeitos previstos das mudanças climáticas. E as notícias não são boas: as projeções mostram que esta pode ser a temporada de fogo mais longa do país.
O fogo na Austrália não é “causado” pelas mudanças climáticas. Mas as mudanças climáticas estão tornando esses eventos cada vez mais extremos e mortais. Estudos já apontavam que os incêndios florestais no país durariam mais e seriam mais severos e imprevisíveis, à medida que o planeta aquece. Isso já é uma realidade.
Muitas das áreas afetadas pelas queimadas, que começaram por volta de setembro, registraram um total de chuvas 50% abaixo da média, de janeiro a agosto de 2019.
A poluição do ar nas cidades de Sydney e Brisbane têm sido classificadas com frequência como as mais prejudiciais do mundo, causando graves problemas respiratórios para jovens, idosos e pessoas com condições pré-existentes, como asma. Por isso, e pelo risco de ter a casa queimada, muitas pessoas estão sendo evacuadas de seus lares.
O que o clima tem a ver com isso?
Um dos impactos das mudanças climáticas são os eventos climáticos extremos. A metade sul da Austrália experimentou um dos períodos mais secos de sua história, de janeiro a agosto. A seca, combinada à um inverno com recordes de calor, proporcionou o cenário ideal para que o fogo se alastrasse pela vegetação. Ou seja, o que vemos agora são alguns dos efeitos práticos das mudanças climáticas do mundo. É isso mesmo, o futuro já começou
As mudanças climáticas na Austrália significam que os incêndios florestais começam mais cedo, duram mais e são mais extremos.
Por isso, entre as principais demandas da sociedade civil australiana, estão que seu primeiro ministro, Scott Morrison, tome medidas de emergência para manter os australianos seguros – o que significa mais recursos para os serviços de combate a incêndios e ações urgentes de combate às mudanças climáticas, começando com a manutenção de combustíveis fósseis no solo.
Os serviços de emergência da Austrália estão na linha de frente da crise climática neste momento, muitos deles são voluntários. O Greenpeace reconhece a coragem, a resiliência e a dedicação daqueles que respondem ao agravamento dos eventos do clima e dos incêndios florestais da Austrália, impulsionados pelas mudanças climáticas.


Morre Ana Maria Primavesi, precursora da agroecologia no Brasil

por Mariana Campos

Exemplo de amor à natureza, cientista nos mostrou que é possível produzir alimentos saudáveis e sem veneno

Ana Maria Primavesi de pé com árvores ao fundo
Ana Maria Primavesi, que sempre espalhou sementes em defesa da agricultura respeitosa, continuará nos inspirando. © Virgínia Knabben
Ela nos ensinou que todas as formas de vida em nosso planeta dependem de um solo vivo. Precursora da agroecologia no Brasil e referência mundial sobre o tema, Ana Maria Primavesi morreu neste domingo, 5, aos 99 anos, deixando um legado valioso sobre práticas agrícolas verdadeiramente sustentáveis.
Professora e engenheira agrônoma nascida na Áustria, Primavesi mudou-se para o Brasil no final da década de 1940, pouco antes da chamada “Revolução Verde”, período em que se começavam a adotar técnicas agrícolas altamente impactantes. Na contramão do que, a partir daquele momento, seria bastante disseminado na agricultura, ela passou a maior parte de sua vida defendendo e ensinando o manejo ecológico do solo, com a aplicação de técnicas como adubação verde e controle biológico e sem o uso de adubação química e agrotóxicos.
Foi no Brasil que Primavesi compreendeu a importância de se preservar a rica biodiversidade do solo tropical e usá-la em nosso favor. Quem segue seus ensinamentos entende que não faz sentido a agricultura brasileira replicar cegamente práticas adotadas em lugares como Europa e Estados Unidos, como o agronegócio brasileiro insiste em fazer, desconsiderando as características diferentes de solo e clima.
Manter o solo vivo, sem veneno, faz com que a comida que colocamos no prato seja mais nutritiva e saborosa. Primavesi deixa o ensinamento de que práticas agroecológicas são melhores não apenas para o meio ambiente, como também para a nossa saúde.
Nós, do Greenpeace, continuaremos nos inspirando em Ana Maria Primavesi para lutar por uma agricultura que respeite quem planta, quem come e todas as formas de vida que dependem de solos vivos e saudáveis. Chega de veneno.

sobre o(a) autor(a)

Jornalista do Greenpeace Brasil em Brasília. Colabora na campanha contra agrotóxicos, é vegana e gosta de andar descalça na floresta. Começou a abraçar árvores ainda criança e não parou mais.