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Sunday, September 30, 2012
Energia: pequenos avanços, grandes retrocessos
Ainda com alguns retrocessos, Ministério de Minas e Energia coloca em consulta pública novo Plano de Expansão de Energia para 2021
Novo Plano de Expansão de Energia contém avanços, mas ainda deixa a desejar quando se trata de priorizar fontes renováveis em sua matriz (© Markel Redondo / Greenpeace). O Ministério de Minas e Energia colocou em consulta pública nesta segunda-feira (24) a versão preliminar do Plano de Expansão Decenal de Energia de 2021. O plano, que é atualizado anualmente e que prevê os rumos energéticos do Brasil para os próximos dez anos, apresenta avanços em relação às edições anteriores, mas mantém outros tantos retrocessos.
Uma das constantes do plano nos últimos anos é a de superestimar o PIB médio para a década. Jogar o indicador para cima resulta em uma demanda energética inflada, superior ao que o país realmente necessitará no futuro. A cada ano, o plano tenta redimensionar as projeções energéticas do ano anterior, mas insiste em fazer previsões econômicas otimistas. O plano atual prevê que a demanda de eletricidade se espandirá em 52% na próxima década, por consequência de um PIB médio de 4,7% no período.
A expansão do sistema elétrico para atender a essa demanda projetada deve dividir-se entre grandes hidrelétricas (50,4%), termelétricas fósseis e nucleares (15,6%) e fontes renováveis como eólicas, PCHs e biomassa (34%). Em relação às primeiras, deverão ser construídos 33 mil MW em hidrelétricas, a maior parte delas na Amazônia. As consequências diretas são o alagamento de uma área de 6.456 km2 (afetando diretamente 62 mil pessoas), e a perda de 3.450 km2 de vegetação nativa, o que equivale a cerca de metade do que é desmatado por ano na Amazônia.
As novas energias renováveis (eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) têm sua participação aumentada na matriz elétrica em 2021 para 19,8% (contra 15,9% na edição anterior), com investimentos previstos acompanhando essa expansão – de R$ 62,1, no plano anterior, para R$82,1 bilhões.
Infelizmente, estas projeções e investimentos não incluem a energia solar, o que é um sinal ruim para um setor que se prepara para se desenvolver no Brasil, com o recente anúncio de uma regulamentação específica pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A fonte conta com um potencial energético dezenas de vezes maior do que qualquer opção, mas a EPE ainda usa o argumento dos altos custos para sequer considerá-la no horizonte de tempo de médio prazo.
Na parte das termelétricas, a boa notícia é que a projeção para térmicas a óleo combustível e diesel foi reduzida, por conta de usinas leiloadas que não se concretizaram. Mas a má noticia é que a usina nuclear de Angra 3 continua nos planos e outras novas plantas apenas não foram incluídas por conta do curto horizonte de tempo (dez anos é pouco para definir local e executar toda a construção).
A principal alternativa à expansão de usinas insustentáveis, a adoção de medidas de eficiência energética, foi novamente minimizada no plano. A ambição da redução do consumo energético como consequência da implementação de ações de eficiência é de 5,9% até 2021. O número poderia ser mais alto apenas com o aumento da participação de aquecimento solar em residências, sem contar com outras ações de substituição de equipamentos e revisão de hábitos de consumo.
No campo dos combustíveis, verifica-se algumas contas que não fecham. O governo usa o trunfo do etanol e dos biocombustíveis como uma das principais formas de reduzir as emissões do setor de transportes. Consequentemente, o plano segue a premissa de que a oferta do etanol aumentará e o tornará novamente competitivo frente à gasolina. O problema é que os investimentos previstos para tanto caíram sensivelmente em relação à cifra anterior (R$71 bilhões contra R$ 97 bilhões no plano anterior).
E os já elevados investimentos previstos para petróleo e gás natural aumentaram e a previsão é de que totalizem R$749 bilhões nos próximos dez anos (superior aos 686 bilhões do PDE anterior). Elevar os investimentos em combustíveis fósseis equivale a aumentar sua queima, uma das responsáveis pelas emissões de gases estufa que causam as mudanças climáticas.
O diagnóstico geral para o Plano de Expansão Decenal de Energia 2012-2021 é de que, apesar de alguns avanços em relação à versão anterior, boa parte de suas premissas e previsões, criticadas há anos pela academia e sociedade civil, continuarão a exercer altos impactos ao meio ambiente e à sociedade nos anos por vir.
O plano está disponível no site da EPE e aberto a consulta pública a todos os interessados até o dia 31 de outubro deste ano.,Fonte;Greenpeace
Friday, September 28, 2012
Rastro sujo do desmatamento
Em Santarém (PA), ativistas denunciam um pátio cheio de madeira ilegal. Foto: Greenpeace/Karla GacheUm relatório divulgado durante a Conferência Mundial sobre Florestas, em Roma, mostra que, frequentemente, a devastação florestal está envolvida com atividades criminosas. Segundo os dados do estudo, feito em parceria entre o Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Interpol, entre 50% a 90% da extração de madeireira nos principais países tropicais da Bacia Amazônica, África Central e Sudeste da Ásia vem sendo realizada pelo crime organizado.
No documento, a Interpol observa que a atividade madeireira está associada ao aumento de violência e assassinatos contra os habitantes da floresta. Ao redor do mundo, o desmatamento é responsável por cerca de 17% das emissões de CO2 causadas pelo ser humano – um número 50% maior que a proveniente do setor de transportes, incluindo aviação, navegação e transporte terrestre.
O rastro do desmatamento, como se vê, é largo. E é justamente por esses motivos que, no Brasil, está em andamento uma aliança pelo desmatamento zero. Mais de 500 mil brasileiros já assinaram pelo projeto de lei de iniciativa popular que pretende acabar com a devastação no Brasil,Fonte;Greenpeace
Thursday, September 27, 2012
Google privilegia energia eólica
Centro de informações do Google em Lenoir, Carolina do Norte. A empresa vai implantar energia eólica em sua central de Oklahoma (© Jason Miczek / Greenpeace) Uma boa notícia para o meio ambiente: o Google anunciou hoje que vai adquirir 48 megawatts em energia eólica para o seu centro de dados em Oklahoma, Estados Unidos. Essa é a mesma quantidade de energia limpa e renovável necessária para abastecer uma cidade de pequeno porte.
A empresa, que já tinha se comprometido em ter uma matriz energética mais limpa, dá um passo importante em direção a uma forma mais sustentável de armazenamento de dados. A tecnologia da “nuvem” vem crescendo rapidamente e se fosse um país, seria o quinto maior consumidor de eletricidade no mundo. A expectativa é de que essa demanda triplique até 2020.
A decisão do Google é um exemplo para outras empresas que insistem em usar energias sujas provenientes da queima de combustíveis fósseis e facilita a escolha de qual plataforma utilizar para fazer suas buscas e usar os serviços de e-mail. Atrair usuários preocupados com a questão do meio ambiente é mais uma razão para que outras empresas invistam em iniciativas como a do Google.
A Microsoft, por exemplo, defende uma política de neutralidade na emissão de carbono. Porém, ainda não investiu significativamente em energia limpa e tem utilizado carvão e usinas nucleares como principais fontes de energia para seus centros de dados.
Participe você também da campanha “Clean our cloud” que pede uma nuvem mais limpa e una-se às centenas de milhares de pessoas que veem a internet como um aliado à demanda de energia limpa. Mande sua mensagem para empresas que ainda usam fontes de energia sujas.Fonte;Greenpeace
Que energia queremos nos próximos dez anos?
Torres eólicas em Osório (RS). Assim como foi feito com a energia eólica, é possível aumentar a presença da energia solar na matriz elétrica brasileira (©Greenpeace/Rogério Reis/Tyba) O Ministério de Minas e Energia colocou em audiência pública a versão preliminar do Plano de Expansão Decenal de Energia de 2021. O plano, que é atualizado anualmente e que prevê os rumos energéticos do Brasil para os próximos dez anos, apresenta avanços em relação às edições anteriores, mas mantém outros tantos retrocessos.
Os já elevados investimentos previstos para petróleo e gás natural aumentaram e a previsão é de que totalizem R$749 bilhões nos próximos dez anos, sendo que eram de 686 bilhões no PDE anterior. Elevar os investimentos em combustíveis fósseis equivale a aumentar sua queima, uma das responsáveis pelas emissões de gases estufa que causam as mudanças climáticas. Pelo menos, os investimentos previstos para termelétricas fósseis e nucleares até 2021 foi reduzido de R$ 24,7 bilhões para R$22,9 bilhões também foi um anúncio positivo.
As hidrelétricas, por outro lado, tem seus planos de expansão mantidos. A previsão é de que metade da expansão da matriz elétrica venha dessas usinas e, apesar da diminuição da quantidade de hidrelétricas em relação ao que foi previsto no ano passado, devem crescer 57% em dez anos.
A nova versão aumenta a participação de novas energias renováveis (eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas) na matriz elétrica em 2021 para 19,8% (contra 15,9% na edição anterior) e o aumento dos investimentos nas mesmas de 62,1 para R$82,1 bilhões. São duas notícias positivas para etsas fontes renováveis, mas, como se pode perceber, nada foi dito ou previsto sobre a geração solar fotovoltaica.
O estudo foi inconclusivo sobre o futuro da energia nuclear no Brasil; Angra 3 seria a única usina com construção prevista até 2021, mas isto não significa necessariamente que os planos nucleares tenham sido interrompidos. Há menções sobre a prospecção de locais que poderiam receber novas usinas na próxima década.
Por fim, a ambição da redução do consumo como consequência da implementação de medidas de eficiência energética ainda é baixa - 5,9% até 2021- e poderia melhorar. Lembramos que o setor residencial já mostrou no passado que é capaz de reduzir seu consumo com mudanças de hábitos e uso de equipamentos mais eficientes.
De forma geral, a edição atual do Plano de Expansão Decenal de Energia 2012-2021 avançou em relação a versão anterior, mas ainda segue com algumas previsões negativas para o meio ambiente e para a sociedade. Uma análise detalhada do plano deve ser publicada em nosso site até o final da semana.Fonte;Greenpeace
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