Monday, April 27, 2015

Leilão alternativo

Governo promove primeiro leilão exclusivo para energias renováveis do ano; pouco mais de 10% da potência habilitada é contratada

 
Parque Eólico de Osório, RS. (© Rogério Reis / Tyba)

Na manhã de hoje foi realizado o primeiro Leilão de Energia de Fontes Alternativas de 2015 para a contratação de energia para suprir a demanda do país para os próximos anos. Realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), além de ser o primeiro, o leilão foi pensado especialmente para projetos de fontes alternativas, como a energia dos ventos e usinas termelétricas que funcionam com biomassa.
Ao todo, foram habilitados 200 projetos, totalizando 4.253 megawatts (MW). Destes, 173 eram para a geração eólica. No entanto, apenas três empreendimentos eólicos negociaram energia no leilão e poderão somar 90 MW ao sistema em 2017, quando as usinas serão entregues, com um preço médio de contratação de R$ 177,47/MWh.
Oito usinas termelétricas de biomassa das 23 habilitadas negociaram energia, e somarão 389,43 MW ao sistema a partir do ano que vem, com um preço médio de contratação de R$ 209,91/MWh. Outros seis projetos para novas usinas a biomassa que haviam se habilitado para serem entregues em 2017 não tiveram lances.
De acordo com Larissa Rodrigues, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, “é positivo que tenhamos leilões específicos para fontes alternativas de energia, mas o resultado ficou aquém do que esperávamos, já que dos 4.253 MW habilitados, somente pouco mais de 10% foi de fato contratado”.
Ainda, de acordo com Rodrigues, houve uma participação relevante das usinas a biomassa e isso deve ser reconhecido. “A baixa contratação do leilão, de modo geral, foi um reflexo das alterações nas regras, que deixaram mais restritiva a contratação das usinas eólicas”, defende ela. Espera-se que a fonte eólica tenha melhores resultados nos próximos leilões marcados para esse ano, que darão maior prazo de entrega para as novas usinas e que já contam com muitos projetos cadastrados.
Independente do resultado do leilão de hoje, o setor de energias renováveis tem dado sinais positivos ao redor do mundo. Cerca de $ 270 bilhões de dólares foram investidos no setor em 2014 – 17% a mais do que em 2013. A China ocupou o primeiro lugar no ranking dos investidores, seguida de Estados Unidos e Japão. O Brasil ficou em sétimo lugar, com cerca de $ 7,4 bilhões de dólares investidos. Grande parte dos investimentos foi puxada por projetos de energia solar e eólica. No caso brasileiro, mais de 80% do valor investido foi direcionado para a energia dos ventos.
Os números são de um relatório publicado recentemente pelo PNUMA (Programa das Nações para o Meio Ambiente), em cooperação com a Frankfurt School (acesse o relatório na íntegra em inglês aqui).
Os números mundiais mostram que investimentos em energia solar e eólica são uma tendência e essas são fontes com grande potencial no Brasil. Por isso, é necessário apoiar o desenvolvimento da energia eólica e também criar incentivos para a inserção da fonte solar. Em tempos de crise, com reservatórios hidrelétricos baixos e com a utilização de usinas térmicas caras e poluentes, a diversificação da matriz energética aparece como ainda mais crucial e é importante que ela seja feita a partir de fontes de energia limpas, seguras e que respeitem o meio ambiente e a sociedade.

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