Wednesday, April 29, 2015

Incêndio ao redor de Chernobyl revive pesadelo nuclear

Fogo em floresta ameaça liberar radioatividade equivalente a do histórico acidente de 1986

 
Cidade abandonada de Pripyat, a 30km de Chernobyl (© Jan Grarup / Noor / Greenpeace)
 
Um incêndio florestal de grandes proporções chegou a apenas 20km da usina nuclear de Chernobyl. O fogo começou no domingo (26) – no mesmo dia em que o pior acidente nuclear da história completou 29 anos –, ameaçando lançar radioatividade no meio ambiente.
Se o fogo se espalhar para florestas e áreas altamente contaminadas ao redor da usina, a liberação de material radioativo na atmosfera é certa. A quantidade de radioatividade liberada poderia chegar à mesma magnitude de um grande acidente nuclear.
As florestas e o solo da região são grande fonte de radioatividade desde o acidente de 1986, quando uma enorme quantidade de substâncias foi depositada no local - incluindo estrôncio-90, plutônio-239 e césio-137 (este responsável pelo pior acidente radiológico da história do Brasil, em 1987, que matou dezenas de pessoas e contaminou milhares).
Com base em dados de satélite, especialistas do Greenpeace estimam que o fogo se espalhou por uma área de 13.300 hectares, dos quais 4.100 seguem em chamas. Os incêndios ainda não atingiram as zonas mais contaminadas em torno da usina de Chernobyl, mas estão atualmente a 15-20 km do local.
Em uma análise dos riscos de incêndio ao redor de Chernobyl realizada no início do ano, cientistas concluíram que o pior caso seria a liberação de radioatividade na atmosfera, que poderia ser equivalente a um acidente nuclear de Nível 6 na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES). O acidente de Chernobyl em 1986 e o acidente de Fukushima em 2011 foram eventos de Nível 7.
A radioatividade entra na atmosfera através das nuvens de fumaça e é dispersa de acordo com a direção do vento, altura e outros fatores climáticos. Durante os incêndios florestais anteriores, a radioatividade liberada chegou até a Turquia.
A comunidade internacional está construindo um novo abrigo ao redor do reator destruído em 1986, mas é impossível construir um “sarcófago” sobre as vastas florestas contaminadas da região. Mesmo depois de 29 anos, os riscos de radiação na região de Chernobyl não foram controlados e poderiam resultar em maior dispersão de radioatividade sobre a Europa.
Assim como na Ucrânia, uma grande quantidade de substâncias radioativas foi depositada nas florestas em Fukushima. Apesar dos esforços das autoridades japonesas para descontaminar aldeias e terras agrícolas, a floresta não pôde ser descontaminada e continuará a ser um estoque de radioatividade por um longo período de tempo. E o risco não vem só de incêndios, a radiação pode ser espalhada para outras áreas em razão de fortes chuvas e inundações.
O mundo e o Brasil não precisam dessa fonte perigosa e cujos custos são muito maiores que os divulgados. Já passou da hora de abandonarmos essa energia arriscada e investir no futuro, as energias solar e eólica.

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