Friday, November 7, 2014

Má notícia vira pesadelo

Últimos dados do sistema de alerta Deter confirmam tendência de crescimento do desmatamento da Amazônia 

 
Flagra de área desmatada próxima a Santarém, no Pará.
 (Imagem: ©Otavio Almeida/Greenpeace) 

O que foi má notícia no ano passado se anuncia antecipadamente como pesadelo para 2015: o aumento no desmatamento da Amazônia, depois de vários anos de queda, deve se confirmar com tendência em 2014 (assim que a taxa oficial anual da derrubada de árvores na região este ano for divulgada). Hoje, o INPE informou que os alertas de desmatamento na região aumentaram 122% em agosto e setembro, comparados com o mesmo período do ano passado. Segundo o Deter, foram desmatados 1.626 km² de florestas nesse período.
Agosto e setembro são os dois primeiros meses que comporão a taxa oficial de desmatamento em 2015. Por razões técnicas, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) monitora desmatamento entre agosto de um ano e julho do próximo, – o chamado “ano fiscal do desmatamento”.  Os alertas são baseados em imagens de satélite que permitem análise rápida por serem mais leves, dada a baixa resolução das imagens, e compõem o Deter – o sistema de monitoramento em tempo real passado ao Ibama para auxiliar no combate a ilegalidades na floresta. Sendo assim, os meses de agosto e setembro de 2014 comporão os dois primeiros do “ano fiscal” de 2015.
Apesar de o sistema Deter ter um grau de imprecisão na medição, o crescimento  nesses dois primeiros meses de apuração da taxa de desmatamento a ser considerada em 2015 é motivo para séria preocupação, explica Paulo Adario, estrategista sênior do Greenpeace para florestas. “O aumento dos números do Deter confirma uma tendência já apontada pelos dados da ONG Imazon e acende a luz vermelha. Não há mais dúvidas: o dragão do desmatamento acordou.”
“Essa é uma má notícia para o governo, que vinha se beneficiando da imagem positiva criada pela queda no desmatamento, mas é acima de tudo um pesadelo para a Amazônia e para o mundo. O desmatamento da Amazônia é a principal contribuição do Brasil para a mudança climática. A floresta perde cada vez mais cobertura e nós sentimos a consequência dessa destruição para muito além das fronteiras da Amazônia, como na forte estiagem que seca as torneiras no Sudeste.”

No comments:

Post a Comment

Note: Only a member of this blog may post a comment.