Saturday, November 29, 2014

Black Friday do carvão


Em 2013, ativistas do Greenpeace protestam em frente ao Ministério 
de Minas e Energia, em Brasí­lia, contra o retorno das térmicas a 
carvão aos leilões de energia. (Imagem: Cristiano Costa/Greenpeace) 

Leilão de energia ocorrido hoje sinaliza a falta de prioridade dada às energias renováveis
Esta sexta-feira 28 de novembro poderia ser de comemoração, mas acabou sendo sombria para a matriz energética brasileira. Realizado hoje, o último leilão de energia do ano contratou 4.936 megawatts (MW) de energia elétrica para abastecer o mercado a partir de 2019. Mais de 65% do total de energia à venda no leilão era de solar, eólica e biomassa. No entanto, o resultado foi decepcionante. De toda a energia contratada, somente 19% virá de fonte eólica e 12%, de biomassa. As fontes que tiveram destaque foram os poluentes carvão e gás natural, frustrando as expectativas de um horizonte renovável e sustentável.
“O triste paradoxo é que, ao participar da COP no Peru, que começa na próxima semana, o governo brasileiro pretende referendar seu papel de líder global para redução de emissões de gases de efeito estufa. Mas não faz sua própria lição de casa”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, a respeito da Conferência do Clima que se inicia em Lima no próximo 1º de dezembro.
Mais de dois terços de toda a energia contratada foi de usinas térmicas a gás natural e carvão (equivalente a 3.399 MW). Já a energia eólica, infelizmente, teve somente 926 MW contratados, de um total ofertado de 14.155 MW. A energia solar, por sua vez, não teve um megawatt sequer contratado, resultado pífio para a mais promissora das fontes energéticas. Parte desse resultado deve-se ao preço definido pelo governo ser pouco atraente para investidores.
A volta do carvão como energia “contratável” representa um grande retrocesso para o futuro energético do Brasil e revela a falta de visão e responsabilidade do setor com o futuro do planeta. O carvão é uma fonte de energia do século XVIII, com alto impacto socioambiental, além de ser o maior emissor de gases de efeito estufa. Assim como o gás natural, que também é uma fonte fóssil e poluente. Retomar a oferta e, pior, contratar térmicas a carvão ou gás natural não faz sentido em um momento no qual o mundo negocia ações e metas para combater o aquecimento global.
A prioridade de investimento deve ser das energias renováveis e limpas. O Brasil precisa assumir compromissos globais em relação às suas emissões de gases de efeito estufa, inclusive no setor de energia. “É inaceitável que o Brasil, que, de acordo com o cenário traçado pelo Greenpeace, pode zerar a participação do carvão e de outros combustíveis fósseis até 2050, continue dando a mesma importância ou privilegiando fontes sujas de energia”, argumenta Baitelo.

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