Monday, November 3, 2014

Carro mais barato que o busão

Manifestações, Copa do Mundo e eleições. Em todos esses eventos, o Governo Federal encheu a boca para falar da necessidade de se investir em mobilidade urbana para melhorar a qualidade de vida da população. No entanto, na hora de dar a canetada e construir políticas públicas que reflitam tudo isso, essa convicção toda vai para o fundo do poço e acabamos tendo mais do mesmo: incentivos para o uso do automóvel e transporte coletivo de baixa qualidade, com preço elevado.

É isso que comprova pesquisa do IPEA: nos últimos 20 anos a tarifa do transporte coletivo subiu 685%, já o preço dos carros subiu só 158,36% - menos da metade da inflação acumulada no período (365,58%). E o aumento nas despesas penaliza mais os mais pobres: os 10% mais pobres da população comprometem 21,83% da renda com transporte, enquanto os 10% mais ricos comprometem 13,83%, revela o mesmo estudo.



Infográfico mostra evolução das tarifas do transporte público em comparação com o aumento dos preços dos carros. (Ilustração: Guilherme Munhoz)

Por outro lado, os carros obtêm outra grande vantagem na disputa de preferência com o transporte público: a desoneração da gasolina. Para segurar a inflação, o governo federal desonera a CIDE-Combustíveis, que inclusive torna seu preço mais competitivo em relação ao etanol, combustível menos poluente.

Além do mais, a CIDE era a única fonte permanente de financiamento de transporte público coletivo. Com a sua desoneração, aumenta o gasto das prefeituras com o financiamento dos sistemas de ônibus.

Já que o ônibus está ficando mais caro, o carro tem virado a opção preferencial de muita gente. O resultado dessa equação a gente já conhece: transporte público cada vez mais lotado e cidades paradas. É, minha gente, como já cantava Kátia, não está sendo fácil!

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