Os Munduruku demarcam seu território com placas similares às utilizadas pelo governo brasileiro (©Anderson Barbosa/Greenpeace)
 
Eram cinco e meia da manhã na aldeia Sawré Muybu. A lua cheia e as poucas estrelas que teimavam em se demorar no céu iluminavam o local quando começamos a ouvir um canto suave de vozes masculinas vindo do barracão onde funciona a escola da aldeia.
As vozes foram aumentando de intensidade e se transformando num canto vigoroso, acompanhado de pisadas fortes que ajudavam a marcar o ritmo. Eram os jovens guerreiros Munduruku que comemoravam a instalação de 10 placas que sinalizam os limites de seu território. O trabalho está sendo feito com a ajuda de voluntários do Greenpeace.
Munduruku demarcam seu território com apoio dos voluntários do Greenpeace (©Anderson Barbosa/Greenpeace)
 
Até meados de julho, outras 40 serão instaladas. A Terra Indígena Sawré Muybu ocupa uma área de aproximadamente 178 mil quilômetros quadrados no município de Itaituba, no Estado do Pará. Chegar até seus limites é um trabalho duro, que muitas vezes inclui longas caminhadas por dentro da mata, viagens de barco, subir em árvores altas, atravessar igarapés com lama até a cintura, entre outros desafios. “A gente faz essa dança e esse canto para dar disposição para o dia. O objetivo é trazer alegria”, conta Emerson Saw Munduruku, guerreiro e professor.
Chegar aos limites do território é um trabalho duro e inclui viagens de barco e subir em árvores (©Anderson Barbosa/Greenpeace)
 
A colocação das placas faz parte de uma série de outras atividades importantes para a luta contra a construção de hidrelétricas no Tapajós que os ativistas do Greenpeace estão desenvolvendo com os Munduruku.
Se construída, a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós alagará cerca de 400 quilômetros quadrados de floresta e diversos lugares importantes - como lagoas, pedrais, ilhas e corredeiras - para a sobrevivência dos Munduruku e de outras populações tradicionais que habitam o vale do rio Tapajós.
Junte-se a essa luta e vamos juntos salvar o Rio Tapajós no <3 a="" amaz="" da="" nia=""> 
*Vânia Alves é jornalista do Greenpeace