Thursday, June 23, 2016

Lideranças do povo Munduruku iniciam mapeamento da TI Sawré Muybu

Mundurukus da Terra Indígena Sawré Muybu dão início ao mapeamento participativo do seu território no Rio Tapajós e fazem levantamento dos locais importantes para sua sobrevivência física e cultural. 

Munduruku durante mapeamento participativo na aldeia Sawré Muybu, no Rio Tapajós (©Marizilda Cruppe/Greenpeace)

Debruçados ao redor de uma grande folha de papel em branco, os Munduruku da Terra Indígena Sawré Muybu iniciaram, esta semana, o mapeamento participativo do seu território no Rio Tapajós. O objetivo dessa iniciativa é fazer um levantamento dos lugares importantes para a sobrevivência física e cultural do povo, especialmente aqueles que estão ameaçados pela construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós.
O mapeamento é baseado nos conhecimentos ecológicos dos Munduruku e de suas tradições e faz parte da série de atividades que estão sendo desenvolvidas pelos Mundurukus, na aldeia, com a participação de ativistas do Greenpeace.
“Além de documentar o uso e sua relação com o território, a iniciativa também busca se constituir como um instrumento político de diálogo com a sociedade, garantindo as informações necessárias para que esta exija do governo federal o respeito ao direito originário do povo Munduruku sobre seu território”, explica Renata Nitta, coordenadora de pesquisa do Greenpeace Brasil e coordenadora desse projeto.
Após um amplo processo de pactuação, as lideranças Munduruku decidiram que os homens farão o mapeamento dos locais onde eles desenvolvem atividades como pesca, caça e extrativismo na floresta, enquanto as mulheres farão o levantamento das casas com seus quintais e roças ricas em agrobiodiversidade, evidenciando os impactos que as hidrelétricas trariam a região e ao modo de vida do povo.

Munduruku durante mapeamento participativo na aldeia Sawré Muybu, no Rio Tapajós (©Marizilda Cruppe/Greenpeace)
Hoje (23/06), por exemplo, elas vão mostrar onde coletam as formigas saúva, registrando suas práticas e conhecimentos tradicionais sobre esta espécie.
O antropólogo Thiago Cardoso, que faz parte do grupo de profissionais que acompanha o trabalho, diz que com o mapeamento será possível entender melhor as ligações entre todos os elementos da floresta. “O Tapajós não é um vazio, existem pessoas, animais e plantas que vivem nesse local e tudo está interligado. Não existe destruir só 7% da floresta no território indigena, como querem fazer acreditar os relatórios do EIA-Rima para a construção da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, a destruição de uma parte da floresta afeta todos os seus habitantes.”
As 43 hidrelétricas planejadas para serem construídas na bacia do Rio Tapajós são hoje a maior ameaça para os povos que vivem ao longo dos mais de 490 mil quilômetros quadrados da bacia. Se construída, a maior delas, São Luiz do Tapajós alagará perto de 400 quilômetros quadrados de floresta e uma série de outros ecossistemas importantes para a sobrevivência dos Munduruku e de outras populações tradicionais que habitam o vale do rio Tapajós – como lagos, pedrais, ilhas e corredeiras.
O mapeamento se estende pelas próximas três semanas.

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