Quando o assunto é desmatamento, o governo é quem gera notícia, na grande maioria das vezes. São os anúncios oficiais que atraem a atenção, ao passo que a iniciativa privada raramente é consultada pelos jornalistas.
A conclusão é da Análise de Mídia “Imprensa e desmatamento na Amazônia”, realizado pela Andi Comunicação e direitos com apoio da CLUA (Climate and Land Use Alliance) e colaboração de profissionais de diversas organizações ambientais, entre elas o Greenpeace Brasil.

Lançado nesta semana, o trabalho é fruto do monitoramento da cobertura do tema na grande mídia entre janeiro de 2007 e dezembro de 2012. Neste período, foram observados 44 jornais, dois deles de viés econômico, quatro de circulação nacional e o restante, regionais. Também foram incluídas quatro grandes revistas semanais do país.

O resultado do estudo é um diagnóstico ‘quanti-qualitativo’ que responde à perguntas além do título deste texto, levando em conta frequência e qualidade de conteúdos publicados que tenham alguma relação com o tema. A baixa cobertura – média geral de uma matéria por semana, que sobe para três quando considerados apenas os veículos nacionais – ainda é explicada basicamente pelo desafio logístico da Amazônia e o alto investimento que um trabalho jornalístico continuado na região exige.

Apesar de ‘honrosas exceções’ citadas pelos pesquisadores, apenas 3,5% do material jornalístico analisado foi considerado altamente contextualizado. Oito de cada dez matérias não definem desmatamento. E as que o fazem tratam o conceito como sinônimo de queimada, exploração madeireira, degradação florestal e corte raso. A mesma proporção, de oito em cada dez (cerca de 78% do total) não distingue desmatamento legal de ilegal.

Um dos indicativos mais preocupantes são as pautas geradas por iniciativa da própria imprensa, que representam apenas 14% do total do material analisado, sendo que 1% deste universo pode ser considerado jornalismo investigativo. O restante são basicamente opinativos e reações a anúncios oficiais ou medidas governamentais.

“Quando o desmatamento aumenta ou cai é um fato forte. O problema é fugir do factual. O IBGE mostra que grandes cidades amazônicas sofrem muitas e diferentes pressões, o desafio é tornar a Amazônia interessante para quem não a conhece”, sugeriu a jornalista Daniela Chiaretti, durante debate que ocorreu com o lançamento da análise.

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