Tuesday, April 17, 2012

Por uma nuvem mais limpa


Grandes empresas de TI alimentam com energia suja seus datacenters, usados para guardar informações dos internautas de todo o mundo, mostra relatório do GreenpeaceDatacenter da EvoSwitch que utiliza energia renovável. ©Frank van Biemen/ EvoSwitch/ GreenpeaceEnquanto cada vez mais pessoas se conectam à “nuvem”, como é chamado o ambiente virtual que armazena dados e arquivos dos internautas, a demanda por energia aumenta – muitas vezes suprida por fontes sujas.

As fontes sujas de energia, especialmente o carvão, estão no centro do problema que causam as mudanças climáticas. Isso porque, ao serem queimados, emitem grandes volumes de gás carbônico, o principal gás que causa do efeito estufa.

Portanto, quando um internauta sobe uma foto em uma rede social, por exemplo, ele pode piorar inadvertidamente o aquecimento global. É isso que mostra o novo relatório do Greenpeace, “How clean is your cloud?” (“Quão limpa é sua nuvem?”, em inglês), que avalia 14 empresas de TI e o abastecimento de eletricidade de mais de 80 datacenters.

“Quando as pessoas ao redor do mundo compartilham suas músicas ou fotos na nuvem, elas deveriam ter o direito de saber se esta é alimentada por energia limpa e segura”, afirma Pedro Torres, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.

Empresas como Google, Yahoo e Facebook estão tomando medidas para utilizar energia limpa para alimentar suas nuvens. Já outras, como Apple, Amazon e Microsoft, ficaram para trás, optando por construir seus datacenters movidos por carvão e energia nuclear. Mais da metade da demanda energética da Apple é abastecida por carvão e a energia nuclear é responsável por providenciar quase um terço do que a Amazon utiliza.

“Companhias altamente inovadoras e lucrativas estão construindo datacenters que utilizarão energia proveniente da queima de carvão, e agindo como se seus clientes não soubessem disso ou não se importassem. Eles estão errados”, entende Gary Cook, analista sênior de Políticas do Greenpeace Internacional. “Muitas empresas de TI têm feito grandes progressos em termos de eficiência energética, mas isso é apenas metade do que deve ser feito. Elas precisam ter certeza de que a energia que utilizam é proveniente de fontes limpas.”.

Quanto mais pessoas usam a nuvem para armazenar e compartilhar fotos, vídeos e documentos, mais datacenters as empresas de TI têm de construir. São edifícios tão grandes que muitas vezes podem ser vistos do espaço, e que abrigam milhares de computadores consumindo uma quantidade assustadora de energia elétrica.

Alguns datacenters usam a mesma energia necessária para abastecer 250 mil residências europeias. Se a nuvem fosse considerada um país, ela seria o quinto maior consumidor de eletricidade no mundo. A expectativa é de que essa demanda triplique até 2020. Como conseqüência do uso de matrizes energéticas sujas, os datacenters são responsáveis por uma grande emissão de gases de efeito estufa. Em 2007, eles emitiram 116 milhões de toneladas de gás carbônico.

Google, Yahoo e Facebook começam a investir em eficiência energética, priorizar energias renováveis e exigir melhores opções energéticas do governo. Tanto o Google quanto o Yahoo estão aumentando a participação das energias renováveis em suas instalações, inclusive em suas novas construções. Já o Facebook compartilha o OpenCompute, tecnologia de eficiência energética, e anunciou em dezembro uma nova política que prioriza o uso de energia limpa.

O Greenpeace convida todas as empresas de TI que utilizam tecnologia de nuvem para:

Serem mais transparentes sobre seu uso de energia e sua pegada de carbono e compartilharem soluções inovadoras para que o resto do setor possa melhorar;
Desenvolver uma política de escolha de local de instalação de seus datacenters que demonstre a preferência por áreas em que há energia limpa;
Comprar ou investir diretamente em energias renováveis;
Exigir que os governos e os usuários aumentem a quantidade de energia renovável disponível na rede.
Como o Brasil pode participar

O Brasil é um país privilegiado. Com enorme potencial ainda inexplorado de energia eólica, solar e de biomassa, pode planejar-se para utilizar as fontes renováveis da maneira mais eficiente possível. Empresas que buscam fontes de energia limpa podem se beneficiar com esse potencial.

“Nosso país já é um dos maiores consumidores de tecnologia digital no mundo, com 80 milhões de internautas. É preciso informá-los que essas empresas, ditas modernas, utilizam fontes energéticas do século passado em seus países”, afirma Pedro Torres, do Greenpeace Brasil.

Por outro lado, o Brasil, com o enorme potencial das novas fontes renováveis pode selar o casamento perfeito que nos colocaria na ponta da dita terceira Revolução Industrial. “Unir empresas de TI e novas fontes renováveis é gerar empregos verdes para o país, contribuir para o desenvolvimento sustentável e ajudar no combate aos gases poluentes que tanto prejudicam o equilíbrio do clima de nosso planeta.”

Acesse a página da petiçãoFonte;Greenpeace

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