a colocar as mudanças climáticas como tema obrigatório nas escolas públicas, o Brasil ainda luta para defender a ciência de um governo composto por negacionistas do clima; o mesmo ainda insiste em defender a continuidade da exploração desenfreada dos recursos naturais e não mede esforços para fazer com que a população não apenas desacredite dos dados científicos como, a partir da falta de conhecimento do assunto, não ocupe o lugar que lhe é de direito de interferir em sua própria realidade.
“Se não entendermos do que o mundo está falando e o que estamos vivendo, e não aprendermos a lidar com as mudanças climáticas, estamos dando as costas à nossa própria existência. Se a escola não se renova, se não são feitas as transformações necessárias na cultura da construção do conhecimento, não há transformação social e efetiva, e a cultura – que reflete um jeito de ser e estar no mundo – junto com suas mazelas, continua se perpetuando na história da humanidade”, defende Gabriela.
Quando vimos milhões de jovens saindo às ruas, cobrando por ações imediatas e questionando o futuro que estamos construindo, não há mais dúvidas de que há uma geração disposta a reavaliar os próprios hábitos, a mudar o que supostamente encontraram como realidade construída (o que falsamente parece estar posto) e a fazer diferente.
Em vez de olharmos para as greves pelo clima como um dia em que esses jovens faltam às aulas, deveríamos olhar para essa ação de um outro jeito: a escola precisa ser o lugar de onde crianças e jovens saem seguras, com apoio e informação para colocar a mão na massa e recriar sua própria realidade, se assim quiserem.
Voluntários do Projeto Escola em Manaus. © Grupo de Voluntários de Manaus / Greenpeace
Projeto Escola
O Projeto Escola é uma das principais frentes de trabalho dos voluntários do Greenpeace Brasil. Procurados por escolas públicas e particulares, os voluntários fazem palestras e atividades sobre meio ambiente e as principais campanhas da Organização. O Projeto tem como objetivo aproximar crianças e jovens estudantes de questões que são fundamentais para a vida hoje, como é o caso da crise climática. 
Histórico de leis e acordos que conectam educação e clima
No final dos anos 90, foi criada a Política Nacional de Educação Ambiental, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. De lá pra cá, infelizmente, a Política foi deixada de lado e não existiu nenhuma intenção do governo de tornar o tema estratégico e promover ações, travando a entrada da educação ambiental e climática nas escolas.

Anos depois, em 2012, durante a Convenção de Clima da ONU, em Doha, o Brasil foi um dos signatários do Programa de Trabalho de Doha sobre o Artigo 6 da Convenção. O Artigo 6 também é conhecido como Ação Para o Empoderamento Climático (ACE). O documento, no que diz respeito à implementação, determina que os países signatários devem dar suporte técnico e financeiro para a pessoa responsável por estruturar as políticas de ACE desenvolver ações de empoderamento climático em nível nacional.

Ao se tornar signatário desse acordo, o Brasil concordou com um esforço de implementação de uma política nacional sobre ACE, ou Empoderamento Climático, que no contexto também envolve Educação Climática. O fato é que o governo muito pouco ou quase nada fez desde então no que diz respeito à educação climática no Brasil; nenhuma lei foi articulada com o Congresso, Senado ou Ministério da Educação.