Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais (© Antonio Cruz/Agência Brasil)
O Greenpeace está acompanhando atentamente os acontecimentos que seguem o desastre ambiental e social que se abateu sobre diversas comunidades de Mariana (MG) após rompimento da barragem da empresa Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billington. A tragédia agora se estende por mais de 500 quilômetros e chega ao Espírito Santo pelo Rio Doce.
Prestamos nossa total solidariedade às vítimas, seus familiares e amigos. Também nos juntamos às organizações locais que acompanham a situação na exigência de que seja realizada uma investigação completa e independente das causas do desastre e que as populações afetadas recebam reparação financeira imediata, independente de qualquer ação legal civil que venha a ser instaurada. Só assim elas poderão tentar retomar suas vidas.
A empresa Samarco (repetimos: controlada pela Vale e pela BHP) vem agindo de forma desproporcional à absoluta gravidade desta tragédia. Tudo indica que não havia plano de contingência para uma situação como esta. As comunidades em risco não foram preparadas corretamente para uma situação como esta e os familiares das vítimas sequer estão sendo ouvidos pela empresa.
As autoridades, pelo seu lado, têm demonstrado uma subserviência inaceitável aos interesses corporativos. Houve quem no governo estadual chegasse a indicar que a empresa seria umas das vítimas desta tragédia, como se a Samarco não fosse diretamente responsável pelo que está acontecendo. Não existia ao menos uma sirena para avisar de eventuais emergências.

Percurso da lama até o litoral do Espírito Santo (Greenpeace)
Para completar este quadro de sobreposição de interesses entre governo e empresas, em 2015 o governo de Minas Gerais aprovou o Projeto de Lei 2946 para acelerar licenças ambientais no setor de mineração. O estado tem mais de 700 barragens de dejetos. Quantas mais terão de arrebentar deixando vítimas no seu caminho para as autoridades se darem conta de que são coniventes com este mar de lama?
Vale ressaltar que o Ministério Público Federal emitiu um parecer em 2013 alertando para os riscos da barragem. Segundo o documento produzido pelo promotor de Justiça do Meio Ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, “o contato entre a pilha de rejeitos e a barragem não é recomendado por causa do risco de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos”.
O Greenpeace abriu espaço para que seus apoiadores em Minas Gerais compartilhem histórias em forma de texto, vídeo e/ou fotos, de como estão sendo afetados pelo desastre e como estão atuando enfrentar este momento ou apoiar outras pessoas. Se você quiser compartilhar alguma história, também, envie para o email relacionamento@greenpeace.org, que vamos divulgar.
Com isso, queremos dar voz às pessoas diretamente afetadas e disseminar suas histórias, para que mais pessoas saibam o que está acontecendo a partir de quem está sofrendo na pele as consequências do desastre. Queremos ajudar a aumentar a rede de solidariedade e fortalecer as exigências por providências de investigação e punição dos responsáveis e reparação imediata às vítimas.
A vida de milhares de pessoas está sendo afetada de uma forma radical, enquanto o meio ambiente de uma grande região entre Minas e Espírito Santo sofre um impacto ainda não totalmente mensurável. Portanto, não há tempo a perder na reparação destra tragédia e na punição dos culpados.