Há 28 anos, o Brasil sofria o maior acidente radiológico da história. No dia 13 de setembro de 1987, catadores de ferro-velho da cidade de Goiânia, capital de Goiás, trabalhavam em um prédio desativado de uma clínica de radiologia quando acharam um objeto diferente, que causava curiosidade. Então os trabalhadores do local começaram a desmanchar o que seria um aparelho de radioterapia. A data é lembrada como o dia em que se perfurou a cápsula interna do aparelho, que continha césio-137, substância altamente radioativa.
Vendida para um ferro-velho e desmontada a marretadas, a cápsula liberou e fragmentou o elemento no ambiente. O proprietário do ferro-velho, encantado com o brilho azulado emitido pelo césio-137, levou o material para casa, distribuindo-o entre familiares e amigos.

A partir desse dia, a substância foi se espalhando. Em seu caminho, o césio contaminou milhares de pessoas, inclusive as que trabalharam na descontaminação, além do ar e do solo da região. Hoje, quase três décadas após o acidente, as vítimas ainda sofrem com os efeitos da contaminação. Muitas precisam tomar medicamentos e fazer um acompanhamento constante de sua situação de saúde.
O caso lançou um alerta no Brasil e no mundo sobre os impactos da liberação de materiais radioativos e, consequentemente, sobre os perigos da utilização de fontes de energia nuclear. Os problemas causados por uma pequena quantidade de substância com radioatividade expõem os riscos oferecidos pelos dejetos produzidos em grandes usinas.
Ao invés de seguir com a construção da terceira usina nuclear brasileira, Angra 3, com valor estimado em 15 bilhões de reais, o Greenpeace defende direcionar esses recursos para as fontes de energia renovável, como solar e eólica. As graves consequências do contato de material radioativo com seres humanos são claras e inquestionáveis: Chernobyl, Fukushima e Goiânia sabem disso.
* Thiago Almeida é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace