Está na agenda oficial do Ministro de Minas e Energia (MME): hoje, às 16:00, ele estará com a petrolífera francesa Total para discutir os projetos da empresa no Brasil. A Total pretende explorar petróleo perto dos Corais da Amazônia e já teve seu Estudo de Impacto Ambiental (EIA) rejeitado quatro vezes pelo Ibama.
Ativistas do Greenpeace protestam com uma mancha de óleo gigante em frente ao escritório da Total, no Rio de Janeiro. A empresa pretende explorar petróleo perto dos Corais da Amazônia, no norte do Brasil. O protesto deixou claro aos funcionários da petrolífera que o risco de derramamento é alto - e a empresa não está preparada para lidar com isso. É necessário que a Total desista do projeto. Foto: João Laet/Greenpeace
Desde janeiro de 2017 o Greenpeace faz uma campanha internacional para que a Total fique longe dos Corais da Amazônia. Esse novo ecossistema, único, pouco conhecido e recém revelado ao mundo já está ameaçado pela ganância de empresas petrolíferas como a Total. Um derramamento de petróleo na área poderia causar danos irreversíveis a esse sistema recifal.
A Total insiste em dizer que pode retirar petróleo de maneira segura na área, o que não é verdade. O mar na região tem algumas das correntes mais fortes do mundo: ⅓ das tentativas de perfuração no passado foram frustradas por acidentes mecânicos. O processo de licenciamento ambiental deve ser baseado em estudos, informações e dados técnicos. Porém, a petrolífera entregou dados incorretos e incompletos ao Ibama para tentar conseguir a licença. As informações sobre os possíveis impactos do projeto são mais do que suficientes para negar a licença ambiental para a Total, mas o Ibama deu à empresa uma quinta chance de aprovar o projeto.
Ficam as questões: o que o MME e a Total estão discutindo nesse encontro? Vão falar sobre licenciamento ambiental, que é uma atribuição do Ibama, que responde ao Ministério do Meio Ambiente? Vão discutir sobre como favorecer ainda mais as petrolíferas estrangeiras que atuam no Brasil? O MME sabe o que está em jogo na bacia da Foz do Amazonas ou conhece somente os argumentos da Total?
O processo de licenciamento ambiental, feito pelo Ibama, é público e pode ser consultado na internet. Cobramos transparência do Ministério de Minas e Energia e da Total em relação a esse encontro. Queremos saber o que foi discutido e quais os reais objetivos da reunião. No lugar de ceder às pressões da petrolífera, o ministro deveria cobrar da Total mais investimentos em novas energias renováveis.
O movimento pela defesa dos Corais da Amazônia já tem mais de 2 milhões de pessoas - governo e petrolíferas deveriam ouví-las.