Wednesday, August 29, 2012

Mãos geladas, corações firmesQuando conversei com meus amigos e família no final de semana fui repreendido por todos. Depois da ocupação que durou 15 horas na sexta-feira, dia 24, na plataforma Prirazlomnaya da Gazprom no mar Pechora, todos me disseram “você está ficando muito velho para isso!”. Com as mãos e pés azuis de tanto frio e enquanto era tratado de hipotermia pelo Marcelo, o médico a bordo, pensei por um momento que eles poderiam estar certos. No entanto, quando eu voltei para o ânimo do navio vi os rostos ansiosos dos meus companheiros ativistas Sini, Jens, Lars, Basil e Terry, a determinação do Capitão Vlad, e o comprometimento de todos da tripulação que estavam defendendo o que eles acreditam ser certo. Pensando nisso eu soube que os riscos tinham valido a pena. Para mim, uma ação como a que nós acabamos de fazer no Ártico é o que melhor define o Greenpeace. Times unidos com um único objetivo, tomando riscos para confrontar as perigosas indústrias que agem na linha de frente da destruição e mostrando ao mundo os crimes ambientais que acontecem longe das vistas da maior parte das pessoas normais. Eu tenho sido um ativista desde os 15 anos. Eu já vi o interior de uma cela de prisão por defender causas, mas ninguém – mesmo com experiência – pode dizer honestamente que não sente medo quando você está em uma ação que envolve riscos para sua segurança pessoal ou o risco de ser preso. Nós estávamos nos sentindo assim nos dias que precederam a ação enquanto traçávamos diferentes cenários e planos. Mas eu me sentia encorajado, nós nos dávamos confiança. E então o momento chegou. Nós velejamos cedo pela manhã em direção à plataforma da Gazprom e logo um dos meus piores medos se tornou realidade. Durante a minha primeira tentativa de escalar, eu fui derrubado por uma onda gigantesca e não consegui subir. Passei vários minutos na água congelante lutando com a corda. Derrotado e lutando contra o frio, tive que retornar ao barco. Meus companheiros ativistas estavam agora 15 metros acima de mim e eu sentando ali, com a confiança abalada. Jono, um escalador experiente e membro do Arctic Sunrise, veio ao bote para conversar comigo. Ele checou todo meu equipamento e garantiu que tudo estava em seu devido lugar e disse: “Não tenha pressa. Leve o tempo que precisar, você vai ficar bem”. E enquanto conversávamos eu pensei sobre a tarefa que tinha que executar e retomei forças. A tripulação da plataforma já havia começado a chacoalhar as cordas e a jogar jatos d’água gelados, mas eu tinha que chegar lá. Enquanto escalava, eu mantinha meus olhos fixos em Basil e Terry, eles ficavam dizendo “Você está quase lá. Um passo de cada vez, é isso aí”. Finalmente, eu consegui. Eu olhei em direção ao Arctic Sunrie, há umas três milhas de distância, depois olhei para cima de mim e enxerguei a monstruosa plataforma. De repente, fui surpreendido pelo objetivo do que estava fazendo ali, a razão pela qual estávamos lá. O futuro das nossas crianças está em jogo. Nós temos a responsabilidade das futuras gerações em nossas mãos. Nós precisamos de pessoas que assumam a responsabilidade pelo nosso planeta. Eu pensei nos povos indígenas ao norte da Rússia, com quem eu conversei na semana anterior. Pensei em como suas terras, cultura e modo de vida já haviam sido afetados negativamente pela indústria do petróleo. Isso me motivou a falar com eles e pude sentir o desamparo que eles devem sentir. Em muitas maneiras, já é tarde demais, especialmente com a notícias de ontem sobre a taxa de degelo no Ártico. O tempo está realmente correndo. Outra coisa sobre encarar uma monstruosa plataforma de petróleo é perceber a força humana. Antes de mais nada, essas construções são incríveis façanhas da engenharia e se você parar para pensar nos recursos humanos e financeiros que são direcionados para elas não podemos parar de pensar no que poderia ser feito caso essa energia fosse utilizada em um empreendimento limpo, como energias renováveis. Olhando para os operários na plataforma, ficou claro que muitos deles concordavam conosco. Muitos deles passam semanas longe de suas famílias e entes queridos fazendo um trabalho arriscado apenas para poder ganhar seus salários e sobreviver. Eles nos mostraram muitos sinais de ‘positivo’ e de paz. Um deles, que (provavelmente) recebeu a ordem para jogar água nos ativistas, parou em um determinado momento para perguntarmos se estávamos bem. Alguns jogaram objetos, mas eles não eram a maioria. Assim como nós, eles também são reféns da indústria de combustíveis fósseis. Assim como nós, eles não têm outras opções e é isso que nós queremos mudar. O nível de arrogância e a negação da ciência por parte do governo e da indústria me surpreenderam. E então eu escrevo para vocês, não como o dietor-executivo do Greenpeace Internacional, mas como um dos ativistas do time que agiu para dizer ‘não’ para a Gazprom, gigante do petróleo que está determinada a destruir o frágil Ártico. A nossa campanha está longe de terminar e nós nos fortalecemos depois dessa experiência. Eu fui inspirado pela tenacidade que me cercou esta semana, a resistência em face da adversidade, e a vontade de pessoas decentes para colocar seus corpos no caminho da destruição como um ato de rebeldia. A próxima parada do Arctic Sunrise será o topo do mar do Ártico para documentar o desaparecimento do gelo. Lá, vamos continuar a testemunhar as injustiças ambientais enquanto mobilizamos o mundo para que se juntem a nós. Até o momento, cerca de 2 milhões de pessoas se comprometeram a lutar a batalha do Ártico conosco e nós encorajamos muitos outros milhões a fazerem o mesmo. Eu agradeço o apoio contínuo que recebemos. Sem vocês nós não poderíamos fazer nosso trabalho e estou ansioso para trabalhar novamente com vocês no futuro, juntos. Se vocês tem dúvidas ou comentários sobre esta ação, o Greenpeace adoraria ouvir. O que você faria para proteger o Ártico?Fonte;Greenpeace

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