Friday, March 16, 2018

Nessa festa não entra veneno

Lançada em 2017 para promover a redução de agrotóxicos, petição completa um ano e conta com mais de 80 mil assinaturas de pessoas que não aguentam mais engolir tanto veneno
Com um ano, ainda é uma mudinha. Mas se esperar, ela cresce, cresce até dar seus frutos. Esse é o espírito da PNARA: um dia no futuro, ninguém mais vai precisar comer veneno. (© Alonso Crespo / Greenpeace)
 
Hoje (16), em meio à semana do consumidor, o lançamento da plataforma digital Chega de Agrotóxicos faz aniversário. São quase 100 mil pessoas apoiando a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNARA, que foi acolhida ainda em 2016 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), e virou o Projeto de Lei 6670/2016.
Em conversa com as organizações, Maia chegou a prometer a instalação de uma Comissão Especial para analisar a proposta. Porém, mais de um ano se passou e os compromissos não foram cumpridos.
petição #ChegadeAgrotóxicos é uma iniciativa coletiva e o primeiro passo para pararmos de engolir tanto veneno. O objetivo, além de reduzir o uso de agrotóxicos e proporcionar uma alimentação mais saudável à todos, é fazer um contraponto ao Pacote do Veneno, como é o conhecido o Projeto de Lei 6299/02. Estamos falando de um texto de autoria ruralista que pretende detonar a lei atual dos agrotóxicos e facilitar ainda mais o uso de veneno nas lavouras do Brasil, um dos países campeões no uso de pesticidas.
Aluisio Stolarczk, de Santa Catarina, tem plantação de uva e não faz uso de uma gota de veneno. Mas nem todo produtor, infelizmente, tem essa opção. Muitos dependem daquilo que lhe é demandado a ofertar, cooptados pelo agronegócio e seu pacotão químico. (© Peter Caton / Greenpeace)
 
A aplicação intensiva de agrotóxicos é a base de um modelo que não se sustentará no longo prazo e que reforça e intensifica as desigualdades do nosso país já tão desigual, além de impactar sua saúde e o meio ambiente.
No final do ano passado, o Greenpeace expôs essa situação por meio de dois relatórios – um deles traz os resultados alarmantes de testes toxicológicos realizados pelo Greenpeace em alimentos comuns da dieta do brasileiro, confira.
O trabalho foi intenso e ao longo desse ano conseguimos juntar mais de 80 mil assinaturas de pessoas que não aguentam mais engolir tanto agrotóxico. São mães e pais preocupados com a alimentação da sua família, jovens questionando o que comem, enfim toda sociedade  cansada de tanto veneno.
Tente sempre dar preferência a alimentos produzidos perto de onde você mora, por pequenos produtores que usem práticas ecológicas, sem aplicar agrotóxicos. (© Peter Caton / Greenpeace)
 
Segundo pesquisa IBOPE, 81% dos brasileiros consideram que a quantidade de agrotóxicos aplicada nas lavouras é “alta” ou “muito alta” e 82% acreditam ser “muito importante” um político apresentar propostas para merenda escolar sem agrotóxicos na rede pública de ensino, o que seria um enorme passo rumo à um futuro mais agroecológico e saudável.
Precisamos continuar promovendo a redução de agrotóxicos e fazer essa iniciativa, tão importante para a saúde de todos, crescer e ir em frente no Congresso Nacional. Neste dia, aproveite o aniversário da plataforma #ChegadeAgrotóxicos e assine agora a petição pela PNARA! Pelo direito de comer direito! Compartilhe este blog com seus amigos e familiares e ajude a espalhar essa mensagem.
E o Pacote do Veneno continua aí
O PL 6299/02 é uma iniciativa que irá enfraquecer a atual legislação de agrotóxicos, liberando o uso de ainda mais substâncias perigosas. O texto quer alterar o termo “agrotóxico” para “defensivo fitossanitário” reduzir o papel de órgãos fundamentais no processo de avaliação e aprovação dessas substâncias, como o Ministério do Meio Ambiente e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e permitir à aprovação de substâncias cancerígenas.
Seria um marco histórico para os ruralistas aprovar essa medida e segundo informações, o deputado ruralista Luiz Nishimori (PP/PR), relator do Pacote do Veneno, prometeu apresentar o texto da lei até março para votação. Vale lembrar que todo esse conteúdo ainda pode ser acelerado por meio de uma Medida Provisória, prometida pelo governo aos ruralistas em troca de apoio parlamentar –  e em ano de eleições a barganha pode ficar ainda mais intensa!

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