Wednesday, March 13, 2013

Gucci toma a dianteira no Duelo da Moda

Na semana de moda em Milão e Paris, ativistas pediram às grandes marcadas mundiais para limparem suas cadeias de produção (© Nicolas Chauveau / Greenpeace). Depois da pressão na semana de moda de Milão, as grandes marcas começaram a entender a importância de adequar suas políticas de produção e compra aos princípios ambientalmente corretos. Esta semana, os consumidores já poderão ver nas vitrines o mais novo produto sustentável da Gucci. A grife saiu na frente de suas parceiras italianas e não só decidiu colocar em prática todas as medidas necessárias para evitar que sua cadeia esteja ligada à destruição da Amazônia, mas também acaba de lançar uma minicoleção de bolsas chamada “Gucci para o Desafio da Moda Verde”, que seguem a política do Desmatamento Zero. A coleção é composta de três das bolsas icônicas da Gucci, incluindo a nova Jackie Hobo, recriada em uma versão feita com couro livre de desmatamento, proveniente de fazendas de gado localizadas na região amazônica. Para proporcionar maior transparência, as bolsas vêm com um pequeno passaporte que detalha de onde o couro veio, ajudando a lançar luz sobre um processo anteriormente obscuro e pouco confiável. Com esses novos produtos, a Gucci mostra que a produção sustentável a partir de matérias-primas procedentes da Amazônia não é apenas possível, mas também desejável. O couro é apenas um segmento da complexa cadeia de fornecimento global da Gucci, mas acreditamos que não há razão para que este passo em busca da sustentabilidade não seja também aplicado com relação a outros materiais. Investigações do Greenpeace revelam que o setor de pecuária na Amazônia brasileira é um dos maiores vetores mundiais de desmatamento. Seguindo nossas demandas para o setor de couro, algumas das maiores empresas frigoríficas se comprometeram a fazer parte do Acordo de gado, que visa monitorar as cadeias de fornecimento de carne bovina, garantindo que não sejam comercialiados animais que venham de fazendas que invadam áreas protegidas, que utilizem mão de obra escrava ou que tenham áreas embargadas pelo Ibama. Mas esses não são problemas apenas da Amazônia. Grandes áreas de florestas ao redor do mundo estão sendo descartadas e transformadas em bens de consumo a cada dia. Florestas tropicias de valor insubstituível como as do Congo e Indonésia também se tornam papel ou óleo de palma. A mesma história se repete com sistemas que dão suporte à vida terrestre: nossos grandes rios e lagos. Atualmente, eles estão recebendo grandes quantidades de poluição tóxica, que vem principalmente do uso indiscriminado e de liberação irregular de produtos químicos perigosos da indústria têxtil. Assim como acontece com as florestas, grande parte desta destruição é alimentada por uma demanda incessante de produtos e embalagens, com a produção de nossas roupas sendo um dos principais contribuintes para o coquetel tóxico encontrado em muitos dos nossos lagos, rios e mares. Sem tal demanda, essas atividades cessariam, e é por isso que lançamos o Duelo da Moda, para convencer as grandes empresas multinacionais a operar de forma sustentável, dando a esses ecossistemas preciosos uma chance de sobreviver. Hora de liderar Mesmo com a iniciativa da Gucci, a grife Valentino continua liderado o ranking até o momento. Ela figura no topo da lista por ser a única marca a ter assumido compromissos confiáveis para o uso e comercialização de celulose, couro e papel, bem como para a utilização de produtos químicos perigosos. A Gucci agora ocupa o quarto lugar, ainda um pouco distante de ser uma empresa líder, reconhecida publicamente em todas as questões. Mas reconhecer a necessidade de mudança já é um grande passo. Esperamos mais novidades verdes em breve. Como uma das marcas mais famosas do mundo, a Gucci tem agora uma oportunidade de usar o seu poder e influência para ajudar a desencadear uma das transformações mais importantes e necessárias na indústria da moda. Os consumidores têm o direito de saber o que está na sua água, e exigir que as roupas e os produtos que compram sejam livres de produtos químicos perigosos ou do desmatamento. Agora é a chance de todas essas grandes marcas se tornarem verdadeiras embaixadoras da moda limpa, elegante e consciente.

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