Thursday, October 6, 2011

Urânio de Caetité viola Direitos Humanos


Protesto do Greenpeace em Caetité (BA), diante das Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
As atividades de mineração de urânio em Caetité, município baiano distante 757 km de Salvador, viola direitos fundamentais dos cidadãos e tem forte impacto à saúde, ao meio ambiente e à economia da região.

Esta é a conclusão do documento “Relatório da Missão Caetité: Violações de Direitos Humanos no Ciclo do Nuclear”, lançado na manhã de hoje em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente da Câmara.

Produzido pela Plataforma Dhesca Brasil (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), o documento é resultado de dois anos de investigação sobre as contradições que envolvem a mineração de urânio em Caetité, cidade onde se localizam instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Estas unidades são responsáveis pela mineração e transformação do urânio mineral em concentrado de urânio – o chamado yellow cake, que é a principal matéria prima do combustível nuclear.

De acordo com o relatório, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) se vale de argumentos de segredos militares para impedir o acesso às informações sobre as atividades nucleares na região. Exemplo disso foi a liberação de poços contaminados sob “circunstâncias administrativas pouco claras”. “Seria apenas um dos indícios mais evidentes dos graves riscos para a saúde a que está sujeita, em princípio, a população rural de Caetité e dos municípios vizinhos [...]”, destaca o documento.

Segundo os autores do relatório, as ameaças à saúde dos trabalhadores e da população local são graves e urgentes. A contaminação radioativa pode ter atingido um número maior de pessoas em função do fluxo hidrográfico da bacia do Rio das Contas, da toxicidade das substâncias, da persistência ambiental dos contaminantes e dos riscos associados ao transporte do yellow cake.

Além das dúvidas que pairam sobre os riscos à saúde, os moradores relatam as dificuldades de vender sua produção agrícola devido às suspeitas de contaminação radioativa. Também seu acesso à água tem sido prejudicado, uma vez que existem indícios de que a captação de água para as atividades mineradoras tem secado os poços da região.

Em 2008, uma investigação do Greenpeace revelou que a água de poços do município de Juazeiro, a 8 km do centro minerador, continha uma concentração de urânio sete vezes maior que a permitida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa denúncia resultou na interdição de três poços em novembro de 2009, medida que foi suspensa posteriormente sem justificativas convincentes.
Fonte;Greenpeace

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