Thursday, October 20, 2011

Couro manchado pelo desmatamento



Em praça pública, Greenpeace faz ensaio fotográfico com modelos na Itália para mostrar que indústria da pecuária continua botando no mercado couro vindo da devastação da Amazônia. Em praça pública na Itália, modelos alertam: o couro que vem da Amazônia ainda pode estar manchado com desmatamento.
Enquanto uma das maiores feiras de couro do mundo, a Linea Pelle, acontece na Itália, uma sessão de fotos organizada pelo Greenpeace na principal praça da cidade de Bolonha uniu modelos italianas para alertar que ainda há produtos da indústria mundial produzidos com couro proveniente do desmatamento da Amazônia. Ao lado das modelos, a mensagem era passada: “Você se importa com a Amazônia? Salve sua pele”.

Dois anos depois de os três maiores frigoríficos brasileiros jurarem de pé junto que não mais o fariam, pelo menos um deles falhou no intento. No relatório “Quebra de confiança”, o Greenpeace divulga informações sobre a compra de gado pela JBS, a maior produtora de carne e couro do Brasil, de 19 fazendas que estão ou dentro daTerra Indígena Maraiwatsede, no Mato Grosso, ou envolvidas com trabalho escravo ou com áreas embargadas.

A comercialização foi feita neste ano, entre janeiro e maio, quando o frigorífico em questão diz usar um sistema de monitoramento que permite identificar e excluir fazendas “sujas”.

A JBS descumpriu sua promessa duplamente. Em outubro de 2009, ela assinou um compromisso público que tiraria de sua lista de fornecedores quem produzisse em regiões recém-desmatadas, dentro de áreas protegidas e que usassem trabalho escravo. Em maio de 2010, assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Federal no Mato Grosso, que cortaria fazendas embargadas pelo Ibama, situadas dentro de áreas protegidas ou que fossem flagradas usando trabalho escravo da lista de fornecedores.
Uma investigação mostra que a JBS, maior frigorífico do mundo, continua colocando carne e couro de desmatamento no mercado.
Até quando uma empresa do porte da JBS incentivará o desmatamento da Amazônia e o uso de escravos? Já passou da hora de o frigorífico limpar sua lista de fornecedores, para garantir que seus consumidores não participem da destruição da maior floresta tropical do mundo”, afirma André Muggiati, da campanha Amazônia do Greenpeace.

A pecuária é o principal motor atualmente de destruição da floresta tropical. De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 61% das áreas já desmatadas na Amazônia são ocupadas por pasto. “Se a reforma do Código Florestal for aprovada do jeito que deseja a bancada ruralista no Congresso, a situação só vai piorar, com os incentivos à anistia e a mais desmatamento”, diz Muggiati. “É preciso avançar no registro das fazendas. Chega de escuridão sobre o que acontece na Amazônia.”
O que o Greenpeace pede:

Frigoríficos

Que o acordo “Critérios mínimos para operações com gado e produtos bovinos em escala industrial no bioma Amazônia”, firmado em 2009, seja inteiramente cumprido e implementado pela JBS e demais signatários;

• A suspensão imediata, pela JBS e pelos outros signatários do acordo de 2009, das relações comerciais com as fazendas expostas neste relatório;

• Que a JBS e os outros signatários produtores de carne e couro brasileiros, em colaboração com seus clientes, criem e implementem uma metodologia de monitoramento eficiente e transparente, e que esse processo seja auditado para a implementação dos compromissos;

• O apoio público da JBS e dos outros signatários do acordo de 2009 apoiem publicamente leis fortes que ajudem a eliminar o desmatamento pela pecuária no Brasil.

Empresas consumidoras:

• Precisam trabalhar com seus fornecedores para garantir maior transparência na comercialização de gado das fazendas para os frigoríficos, o que inclui colaborar nos Termos de Referência para as auditorias dos frigoríficos;

• Implementar políticas de compra que contemplem critérios ambientais;

• Devem apoiar a criação de leis no Brasil que legalizem/institucionalizem as conquistas do acordo assinado em 2009.

Governo brasileiro:

• Deve evitar mudanças no Código Florestal cujas consequências sejam permitir o aumento do desmatamento ou a concessão de anistia a quem desmatou ilegalmente no passado;

• Precisa tomar, imediatamente, medidas administrativas para aumentar o registro das fazendas e seu licenciamento ambiental;

• Adote medidas imediatas para remover fazendas ilegais da Terra Indígena Maraiwatsede.
Fonte;Greepeace

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