Wednesday, August 2, 2017

Ela perdeu a família para as mudanças climáticas. E hoje quer o fim da exploração de petróleo

Postado por Thaís Herrero

Joanna Sustento é uma filipina de 25 que sobreviveu ao maior tufão já registrado no mundo. Sua família não. Ela se tornou uma ativista para combater as mudanças climáticas, que irão aumentar a intensidade e o número de eventos extremos como o que destruiu sua casa e sua família.
Joanna, a bordo de um dos botes do Greenpeace para seu primeiro protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico (© Will Rose/ Greenpeace)
Quatro anos atrás, a filipina Joanna Sustento estava em sua cidade natal, Tacloban, enfrentando o momento mais difícil de sua vida. Ela tinha 22 anos quando o super-tufão Haiyan (também conhecido como Yolanda) abateu sua comunidade. Foi o tufão mais forte registrado até hoje, com ventos de até 315 km/h. Mais de 10 mil pessoas morreram e mais de 500 mil ficaram desabrigadas. Joanna perdeu seu pai, mãe, irmão mais velho, cunhada e o sobrinho de apenas 3 anos. Com ela, só restou um irmão.

Apesar de sua perda e dor, ela encontrou força para que sua voz ecoasse pelo mundo. Ela é escritora e hoje viaja compartilhando sua história. “Eu levo a minha história e a história da minha comunidade para outros lugares para que outros países e outras pessoas não sofram o que nós sofremos nas Filipinas anos atrás”, diz.

Duas semanas atrás, ela embarcou no navio do Greenpeace Arctic Sunrise para uma viagem muito distante de sua terra natal. Ela está no Círculo Polar Ártico, na região da Noruega. Daqui, pode ver com seus próprios olhos um dos culpados do desastre que mudou sua vida para sempre: a exploração de petróleo no Ártico. A atividade petrolífera, sabe-se é uma das principais fontes de gases de efeito estufa que estão aumentando as temperaturas do planeta. Com isso, eventos extremos como o tufão Haiyan estão cada vez mais fortes e mais frequentes.

“Eu estou aqui para colocar uma cara para o que significam as mudanças climáticas. Não são apenas estatísticas e números. São vidas perdidas ao redor do mundo”, diz. Joanna tem uma fala calma e suave. Mas que ganha muito poder quando quer se expressar.

“Parece mesmo um monstro”, foi como se expressou ao ver, da proa do Arctic Sunrise, a plataforma da empresa petrolífera Statoil, comandada pelo governo norueguês. Ela se preparava para sua primeira atividade junto ao Greenpeace: um protesto pacífico a 500 metros da plataforma. No bote a motor, ela e outros dez ativista da ONG carregaram banners para deixar claro que não aceitamos a presença dessa atividade aqui. 
"Escolha pessoas ao invés de petróleo" diz o banner de Joanna Sustento. A filipina de 25 anos perdeu quase a família toda em um super-tufão que devastou sua cidade. (Foto © Will Rose/Greenpeace)
Segundo Joanna, olhar aquela estrutura gigante em meio à vastidão do oceano Ártico a fez pensar em toda a sua perda e todas as perdas que já aconteceram e, ainda podem acontecer, em tufões como o que ela vivenciou.
A plataforma da Statoil está prestes a explorar petróleo do fundo do mar de Barents e, por isso, recebeu nossa inesperada visita. Esse mar é uma das novas fronteiras de petróleo no Ártico. Outras 12 companhias já têm autorização do governo norueguês para explorar o recurso submarino. “A atividade petrolífera é um jogo de ganho no curto prazo. E, geralmente, quem está ganhando são as empresas e governos, não as pessoas”, afirma.
A jornada no Arctic Sunrise pelas águas geladas do Ártico inspiraram Joanna a escrever uma carta aos seus pais, que também serve para dar mais um impulso à campanha e evitar que outros jovens como ela tenham suas famílias desmanteladas.
Ativistas e Joanna protestam contra a presença da plataforma de petróleo no Mar de Barents, que está prestes a explorar petróleo ali. Nos banners, lê-se as mensagens: "Mudanças climáticas movidas pelo governo norueguês" e "Pessoas X Petróleo no Ártico". (Foto: © Will Rose/Greenpeace)
Além das ações no mar, o Greenpeace está junto com a ONG Nature and Youth pressionando o governo da Noruega a desistir dos planos de explorar o Ártico por vias legais: estamos processando o governo norueguês. Nosso principal argumento é que a própria constituição da Noruega diz que o Estado deve assegurar às futuras gerações o direito a um ambiente seguro e saudável. Perfurar o Ártico, extrair e queimar petróleo é o oposto disso. E é uma violação à constituição. 
Quando o governo da Noruega permite exploração de petróleo no Ártico, permite a aceleração das mudanças climáticas e coloca em risco a vida de pessoas como Joanna, como sua família, como qualquer um de nós.

O Ártico e as Filipinas podem parecer distantes do Brasil, mas o planeta em que vivemos é o mesmo. E nós podemos agir de onde estivemos. Você pode assinar a petição e ser parte do processo contra o governo norueguês. Cada assinaturas será levada em conta como prova do tamanho do movimento de pessoas que preferem dizer sim à vida e não ao petróleo.

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