Saturday, November 19, 2016

Mais respeito, senhor ministro!

“É só 50”, diz Blairo Maggi, ministro da Agricultura, sobre ambientalistas assassinados no Brasil; país é líder mundial na morte de defensores do meio ambiente zoom Dar bom dia a cavalo é o destino de quem fala demais, nos ensina o dito popular. Lição valiosa, ainda mais para falantes que vestem a camisa de representação do país. Mas parece que Blairo Maggi, atual ministro da Agricultura, não dá muita importância para tal ensinamento. Esta semana, na 22ª Conferência do Clima em Marrakech, o ministro desferiu uma série de “gafes” neste que é um dos encontros mais importante da ONU. Em uma delas, disse que no Brasil os rios são protegidos pela consciência dos agricultores, algo que para ele seria maior que a própria lei. Consciência esta, aliás, que faltou ao Senador Blairo quando, apenas alguns meses atrás, relatou uma emenda constitucional (PEC 65/2012) propondo a extinção do licenciamento ambiental no país. Um tapa na cara das vítimas do desastre promovido pela mineradora Samarco em Mariana. Mas nada do que disse o ministro pode ser comparado com a falta de respeito demonstrada em relação ao número de homicídios no campo no Brasil, que dão ao país o lamentável título de campeão mundial de assassinato de ambientalistas. Questionado sobre o assunto durante uma de suas palestras, Blairo afirmou que a morte dessas pessoas não passava de “problemas de relacionamento”, um incrível desrespeito às vítimas e suas famílias. E não parou por aí. Em outro evento, Maggi se superou quando, sem pudor e aos microfones abertos, disparou que ”morreram menos 150 ambientalistas de ontem pra hoje” ao fazer joguete com o número de assassinatos, citando que no dia anterior havia visto um dado que indicava que o número de mortes era de 200 pessoas e que “hoje é só 50 “. “Então, já melhorou bem o Brasil”, complementou. Lamentável. Ouça aqui o áudio com a fala do ministro Maggi Na matemática, o ministro confundiu o número mundial de assassinatos de ambientalistas, 200, com os casos brasileiros, que sozinhos somam 50. Mas, no caso, o erro não foi de cálculo, e sim de falta de respeito. A declaração ocorre às vésperas do julgamento do assassinato do casal de extrativistas Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo, cujo caso ainda está impune, assim como a grande maioria dos assassinatos da região Amazônica. Ocorre também 20 anos após a matança de 19 trabalhadores no massacre de Eldorado dos Carajás. O ministro viajou ao Marrocos, local da conferência, com despesas custeadas pelo dinheiro de impostos pagos pela população, incluindo o das famílias das vítimas que foram alvo de suas brincadeiras. Face à gravidade da violência que impera na disputa de terras no Brasil, o mínimo que se deseja receber das autoridades que ocupam cadeiras ministeriais é respeito ao tema. Blairo não teve. Melhor que tivesse ficado calado.

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